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terça-feira, abril 10, 2007

Ando Meio Desligado...

Violins recebe o Goiânia Rock News e a Decibélica em Casa
Foto LuiZ Antena


# Em primeiro lugar uma reclamação pública: o blogueiro está sem internet em casa há dias, e se encontra deveras insatisfeito com o serviço de banda larga da Net Virtua, que não se empenha em resolver o problema, atrasando uma série de compromissos somente possíveis com uma conexão minimamente decente.


# # Atualizar essas linhas rubras é um desses compromissos, que foi protelado até o limite da paciência (minha e dos leitores), e que agora cumpro numa lan-house do setor Sul, que tem um som até ok (já rolou All My Life do Foo Fighters e Mil Acasos, do último (e bom) disco do Skank), mas deve estar economizando no ar-condicionado. Odeio suor!



# No feriado, a páscoa foi familiar: a fazenda (e seus fartos quitutes) na sexta feira, casa de vó (e seus fartos quitutes) no sábado e repouso lo-fi no domingo. Tudo sem internet. Acredita?


# # Nada de noitadas. Perdi o lançamento do disco novo do Mechanics, Antropomorphics, no Ziggy Box Club, e nem fiz questão de saber das outras coisas. O bróder e antigo colega de Cybergoiás Ulisses, ainda deu o toque da Mostra 8 pras 11, que exibiria lá na sala do Goiânia Ouro, A Vida de Bryan (clááássica alternativa cinematográfica à vida do Jesus histórico), Jesus Camp (doc sobre a lavagem cerebral evangélica nos EUA) e Jesus Cristo Caçador de Vampiros (trash movie em que o salvador volta dos céus para afugentar campiros malvados), antes do domingo amanhecer, mas nem isso foi capaz de tirar o blogueiro do claustro auto-imposto.


# # # No sábado, a boa foi mesmo ficar em casa e saborear a apresentação d’Os Mutantes no Altas Horas, programa do Serginho Groisman, e gargalhar com a imensíssima gafe que a Fernanda Torres cometeu, tentando passar por entendida da carreira do grupo dos irmãos Baptista. Depois de tocar Technicollor, numa interrupção carregada de espontaneidade, a atriz se vira para a banda e solta: “Estou montando uma peça maravilhosa, e que tem uma música de vocês que eu procuro, mas nunca acho o cogumelo de zebu!”. Segundos tensos e troca de olhares silenciosos se seguem, até que, da forma mais polida possível, Zélia Duncan explica para a moça que essa não era uma canção d’Os Mutantes, e sim da Rita Lee com a Tutti-Frutti, banda do admirável guitarrista Luiz Carlini. Engolindo seco, a filha da Fernanda Montenegro utilizou-se de todo o seu rebolado para não deixar a peteca cair, e tentar “manter a classe”. Hilário.


# # # # A música em questão atende por nome de Ando Jururu, e está registrada justamente no primeiro disco de Rita Lee após sua polêmica saída (expulsão?) dos Mutantes, o Atrás do Porto Tem Uma Cidade, e talvez explique o momentâneo mal estar que a banda enfrentou com o questionamento infeliz e equivocado da Fani (hehehe).


# # # # Depois dos hits Ando Meio Desligado e Balada do Louco, o conjunto se despediu com Top Top, música em que Zélia Duncan e sua voz grave se perderam, e não conseguiram mais se achar. Ainda bem que era a última.



# Por falar em tevê (eu adoro!), já viu aquele comercial que tem passado no Discovery Channel, e que te convida para assistir a um documentário sobre terras geladas? Pois é, nem sei que dia vai passar o tal doc, mas a trilha sonora da propaganda é nada menos que Hoppípolla, grandiosa e dilacerante canção do essencial Takk, obra-prima dos islandeses do Sigur Rós, e quase toda vez que esbarro com ela (a propaganda) dá uma vontade de deitar e ouvir o Takk de ponta a ponta...



# Presentes de páscoa da minha querida irmã, a Walkíria Coutinho, Disparos no Front da Cultura Pop, do inglês Tony Parsons e Almanaque Anos 70, da talentosa Anna Maria Bahiana, aterrissaram nas mãos do amigo aqui nesse fim de semana caseiro. Disparos... foi lançado no fim de 2005 pela editora Barracuda, e reúne ensaios e críticas do jornalista britânico publicadas entre 1976 e 1994, em veículos diversos, como o emblemático semanário New Musical Express, o influente The Guardian, o famoso Daily Telegraph além da revista Elle, Arena e Literary Review.


# # Já o saboroso Almanaque Anos 70 reúne num compêndio gordo e cheio de fotos, ícones de toda sorte daquela década alucinada, numa espécie de documento comportamental, que revela a ótica de quem viveu intensamente o desbunde daqueles anos loucos, no caso a própria Ana Maria Bahiana, que assinou pela primeira vez sua carteira de trabalho como assistente de redação da lendária edição brasileira da Rolling Stone norte-americana (A nossa RS de então, era pirata e freqüentou as bancas somente durante o ano de 1972, extinguindo-se logo depois).


# # # Vou lendo e depois falo mais.



# E finalmente chegou ao mercado o esperado quarto disco do Violins. Tribunal Surdo já está a venda no site da Monstro Discos (monstrodiscos.com.br), e o show de lançamento está agendado para dia quinze de abril, lá no palco charmoso do recém reformado Bolshoi Pub.


# # Essa última edição da revista Decibélica (MqN na capa), traz uma extensa entrevista com os rapazes do grupo, onde revelam como enxergam a própria discografia e como esperam que esse novo disco seja recebido. A entrevista foi feita na casa do vocalista Beto Cupertino, no apagar das luzes da gravação do álbum, pelo amigo que aqui vos digita, com fotos do bróder LuiZ Antena.



# O selo goiano Allegro Discos, que estreou no mercado no início de 2006 com Vou Tirar Você Desse Lugar, tributo pop à Odair José, disco que rendeu prêmios e elogios da crítica especializada nacional, prepara mais alguns lançamentos especiais para 2007.


# # A novidade mais próxima é uma outra homenagem, que dessa vez recorda aquela música que mantinha, nos anos setenta, o sucesso das rádios populares e que sempre foi condenada ao título de cafona. Trata-se de Eu Não Sou Cachorro Mesmo, que coliga artistas e bandas das mais distintas, como a paulistano Clube do Balanço, a brasiliense Móveis Coloniais de Acaju, a carioca Ramirez, o pernambucano Silvério Pessoa, o alagoano Wado, o gaúcho Frank Jorge, e até o conjunto português Clã, entre vários outros.


# # # Essa turma reunida relê pílulas da obra de nomes outrora aclamados, como Benito de Paula (Retalhos de Cetim), Waldick Soriano (Tortura de Amor e A Dama de Vermelho), Reginaldo Rossi (Borogodá e Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme), Evaldo Braga (Sorria), Wando (Moça), Lindomar Castilho (Você é Doida Demais), e até o Jessé, com Porto Solidão. O álbum deve estar ao alcance das mãos e dos cliques, ainda no segundo semestre.


# # # # Outra novidade do selo, mas que ainda não tem previsão de lançamento, é o disco do gaúcho Yon Lu, compositor que se suicidou em Porto Alegre aos dezesseis anos. O gentil Sandro Belo, proprietário da Allegro Discos, ofereceu para esse blog algumas das gravações caseiras que supostamente entrarão no track list do álbum. São experiências que misturam, ao piano, polcas tradicionais com atmosferas indie, synths e programações radioheadianas com experimentos vocais delicados, e violões toscos com melodias ternas e melancólicas.


# # # # # Sem dúvida Youn Lu era um garoto de talento e sensibilidade acima da média, o que talvez explique sua tamanha tormenta, que o levou a se despedir da vida antes de completar a maioridade.



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Macaco Bong

Objeto Perdida - 2007


Todo mundo já sabe que a cuiabana Macaco Bong deu uma boa volta pelo país em 2006, exibindo sua música poderosa e envolvente, e conquistando cada vez mais admiradores. A receita mágica de seus shows – que carrega nas tintas inversas do improviso jazzístico, sem perder de vista aquele feeling suado do rock –, deixou muita gente de boca aberta. E isso, quando tudo o que tinham registrado em estúdio não passava de três canções, com gravações cruas e disponíveis no MySpace e no Trama Virtual.


Em fevereiro passado o grupo deu a luz ao seu segundo registro, o EP Objeto Perdida, que apesar de aparentemente cerebral, não se intimida em convidar o ouvinte para dançar, ainda que poucos compassos depois o bailado se desfaça em quebras inesperadas e alce vôos instrumentais atávicos.


Bananas For You experimenta os climas psicodélicos do fusion, em viagens fluidas e escuras. Belleza passeia entre dissonâncias tortas, enquanto Black’s Fuck é pura lascívia melódica, com frenéticos e violentos orgasmos rítmicos. Noise James retoma a lisergia, mas ajusta as cores com guitarras pesadas e ambientação compassiva. E por fim, a já conhecida Rancho combina climatizações hipnóticas com ecos do jazz-rock de Jeff Beck e seu Blow By Blow.


Com a melhor performance do rock instrumental nacional (lado lado com a gaúcha Pata de Elefante), o trio cuiabano está apenas iniciando seu plano de dominação mundial, mas que só ganhará força de verdade no dia em que jogarem no mercado um disco cheio, com produção profissional (Objeto Perdida é ótimo no tangente às composições, mas deixa bastaaante a desejar nas timbragens, mixagem e "perfumarias"), que pode ter tudo para ultrapassar o limite charmoso do underground e alcançar novos horizontes.


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Tchau!


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