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terça-feira, junho 30, 2009

It Don't Matter If You're Black or White!

O Michael da esquerda você conhece bem, e tem visto essa carranca delicadamente bizarra (na tv, no pc ou em qualquer outra sigla de sua preferência) desde que o cantor esticou as canelas, na última quinta feira. Já esse o da sua direita foi, err, esboçado pelo tablóide britânico Daily Mail numa tentativa de descobrir como se pareceria o pára-choque do rei do pop caso não tivesse descolorido o negrume do couro e não tivesse retalhado tanto a lataria na mesa de cirurgia.


Sinceramente? Eu fico com o primeiro. Wacko Jacko não fica mesmo bem de homem.


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sexta-feira, junho 26, 2009

The Historical Line of Ipod









Vi no Véio Tarado.

Jacko Já Elvis!

A notícia da morte de Michael Jackson deu várias voltas no planeta pelo Twitter (que confirmou a notícia antes da mídia oficial - obviamente) - e que caiu durante cerca de 10 minutos ontem, tamanho era o inimaginável fluxo de mensagens sobre o assunto trafegando no site.

Mas fora os posts de R.I.P. e as costumeiras lamentações genéricas de ocasião, o bom humor do pop prevaleceu até na hora do óbito de seu monarca, e para cada nota seriamente fúnebre, uma twitada correspondente já tirava um sarro (des)respeitoso com a passagem do Jacko pro lado de lá.

Follow the light Michael, follow the light:



@jotapedg: Who's dead?

@jotapedg: Falaram de Madonna, de Lisa Presley, e Britney Spears, mas e a viúva Macaulay Culkin, o que disse?

@lucianorlima: RT@jotapedg Disse: "Esqueceram de mim!!".

@jotapedg: Se a música pop é feita de ícones, Michael Jackson era o ícone "Iniciar".

@saviopalim: RT@jotapedg Ou o ícone do Photoshop (beta).

@riqfreire : Michael Jackson morreu no Twitter, mas ainda está hospitalizado na CNN...

@mateuspotumati: E o exame médico do Michael, vai ser na área 51?

@TelioNavega: Para mim Michael Jackson já estava morto desde o Thriller.

@lapeña: Grande perda! Tô vestido de branco como forma de luto por Michael.

@danceinthebox: Most significant death of the week? You decide: Ed McMahon, Farrah Fawcett, Michael Jackson, Neda Agha Soltan ...





@lack: A cada morte de celebridade se confirma uma certeza: Niemeyer enterrará todos nós. (Ele e o Sílvio..)

@moonwalker: Confirmado! Michael morreu engasgado com um pé de moleque...

@pedroso: Sarney filho da puta mandou matar o Michael Jackson. Malandro.

@sound3vision: Comunidade Adeus Michael no Orkut: descrição: morreu hoje, Michael Jackson, um musico, compositor, estuprador e ex-negro.

@pablomiyazawa: O 11 de setembro do pop. hj foi a primeira vez que ouvi o grito "parem as rotativas" numa redação. Ainda que meio de brincadeira, mas rolou.

@snipernews: "Veja": Suspeita-se que Lula e o PT estejam envolvidos na morte de Michael / "Folha": leia o infográfico de artistas enfartados.

@soapmusic: "O que o Michael Jackson disse pro coração?" "Beat it"!

@carlosmacedo: Jacko chega ao céu e diz: vinde a mim as criancinhas...

@justagirl: Michael Jackson: Rei do pop, da cirurgia plástica e dos baixinhos.

@aomirante: Jornal: "Michael Jackson internado". Blog: "Michael Jackson morre". Twitter: "Parece que vem aí o Thriller 2".

@trabalhosujo: Claramente há uma conspiração de xiitas radicais para tirar o Irã do noticiário. Dúvida: como eles conseguiram matar FF & MJ no mesmo dia?



@trabalhosujo: FOTO DO MICHAEL JACKSON NA HORA DA MORTE - http://migre.me/2Qb6

@lapena: Estará Michael Jackson nesse momento com @ocriador ou com @ocapeta?

@allsounds: Alguém me diz o que eu faço com a Promoção Michael Jackson em Londres? Levo o vencedor pro enterro?

@casseta: Michael Jackson chega aos céus e pergunta pelo menino Jesus.

@cornucopia: Amanhã tem flashmob em homenagem a Michael Jackson em frente ao Masp. 117 integrantes do movimento negro vão embranquecer a partir das 17 hrs.

@heloá: Com essas mortes, o universo tá dando seu recado. Os anos 80 finalmente acabaram.

@heloá: Adeus Michael Jackson. Adeus Farrah Fawcett. Caramba Sarney vai embora pelo menos do Senado.

@viniciusaguiari: Michael Jackson vende ingresso e não vai ao show. É o novo Tim Maia!

@bimyhead: Entrei na Trama no dia em que as torres gêmeas caíram. Saí no dia em o MJ morreu. Deve significar alguma coisa.

@danilogentilli: Uma dúvida e prometo que não toco mais no assunto: O Fantasma dele será preto ou branco?

@odisseu: Então Farrah Fawcett estava tão em baixa, mas tão em baixa que nem quando morreu a notícia durou muito.

@brunodias: Fãs homenageiam o Michael Jackson errado em Hollywood http://tinyurl.com/m4k3wl

@marcelohessel: A Farrah Fawcett e o Michael Jackson eclipsaram o aniversário do Paulo Tiefenthaler.

@rafinhabastos: Anjinhos... ponham a roupa!!! AGORA!!!

@holyjoker: O pior é que nem dá pra dizer que isso é humor negro. Hahahahahahahaha!!








Rest In Peace Jacko!


Goiânia, 1º de janeiro de 0001 / d.J.


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Urgent update - O que está acontecendo com a Trama? Por enquanto só os subterrâneos do independente brasileiro estão convulsionados com a história, mas será que a notícia será mesmo tão ruim quando chegar à superfície?

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quinta-feira, junho 25, 2009

Se Joga!

Semana passada botei um texto sobre o João Brasil, arauto da faceta mais bem-humorada dessa enxurrada alucinada e instantânea do pop atual, lá no Goiânia Rock City. E agora, pra encher linguiça, botei aí embaixo.

(A repetição do vídeo de "Hey Ho Let's Go Bahia", publicado originalmente alguns posts abaixo, é brinde.)


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O Crème de la Crème do Pop Instantâneo

Se o idioma do pop pós-moderno é mesmo tão dinâmico, frenético e multifacetado quanto um caleidoscópio no liquidificador, a melhor tradução brasileira do tema atende pelo nome de João Brasil.





Viciado em música eletrônica, o carioca estudou publicidade no Brasil antes de se mudar para Boston e se graduar também na prestigiada Berklee College of Music. Chegou à “fama” através do dublê de galã e apresentador-humorista Marcos Mion, no extinto Mucho Macho, programa que ia ao ar pela Mtv. “Baranga” foi seu primeiro sucesso, justamente como música-tema da campanha "Faça uma encalhada feliz", um dos esquetes do programa.



Laranjas fresquinhas, funk carioca e uma pitada de bom-humor:
Esse foi parar até no blog do Kanye West.


Depois disso, já famoso, João Brasil virou web-hit entre a turma dos teclados e logins: roqueiros coloridos, indies não-ortodoxos, e bem humorados em geral espalharam a febre disparando milhares de links com o Big Forbidden Dance, sua mixtape recheada com mashups adoravelmente venenosos e meticulosamente toscos, capazes de impor uma improvável convivência pacífica entre, por exemplo, “Every Body Dance Now” do C & C Music Factory, a versão do Sepultura para “Orgasmatron”, o neo-disco D.A.N.C.E.,do duo francês Justice, "Don't Stop 'till You Get Enough", do Michael Jackson, “Feira de Acari”, do MC Batata, “Alala”, do CSS, e “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana, além de Salt-N-Pepa, Justin Timberlake, Offspring e Snoop Dog. Tudo bem temperado com um fortíssimo e inconfundível sotaque funk-carioca e, incrivelmente, espremido numa única faixa! E ele tem muitas outras.



Baile Parangolé


Comparado pela imprensa especializada ao produtor norte-americano Gregg Michael Gillis – mais conhecido no pop como Girl Talk, Brasil provou seu interesse genuíno no cancioneiro nacional ao regurgitar toda a sua brasilidade no pancadão pós-tropicalista “Baile Parangolé”, que, segundo o próprio, é uma “baile-funk homenagem a Caetano Veloso, seu livro ‘Verdade Tropical’ e todo o movimento tropicalista”, misturando a própria música “Tropicália”, de autoria do homenageado, com “Nega do Cabelo Duro”, do Luiz Caldas, “Swing da cor”, da Daniela Mercury, “Biotech is Godzilla”, na versão do Ratos de Porão e “Panis et circenses”, d’Os Mutantes, além de Edu Lobo, Guinga, Calypso, João Donato, Vinicius de Moraes e Baden Powell. Seu último feito, porém, envolve novamente a banda Calypso, o punk pós-moderno do Passion Pit, o clichê maior do Ramones, o sex appeal da Britney Spears, e se chama “Hey Ho Let’s Go Bahia”:



Calypso+Passion Pit+Ramones+Britney Spears


A lista é longa, e João Brasil não dá pistas de que vá diminuir o ritmo. Sempre prestes a lançar seu próximo “disco” – que tem como título proclamado o singelo epíteto Tropical Baile Tech, e acumulando mais de 1 milhão de views – contando todos os vídeos relacionados, no Youtube e mais de 140 mil acessos em sua página no Myspace, o músico há muito deixou a sombra de Marcos Mion e caminha, na velocidade de quem respira a internet, rumo a lugar nenhum, já que o crème de la crème do pop pós-moderno é o instante.


Se suas músicas autorais não passam de curiosas bobagens descartáveis, é bem possível que mesmo cada um dos seus mashups não faça nenhum sentido amanhã (e isso não é demérito algum para quem entende a efemeridade acelerada da era dos downloads “livres”, sempre borbulhante de novidades, como uma nova realidade já instaurada), mas enquanto a febre não cede, faz todo o sentido você aproveitar a carona, desencanar de qualquer convencionalismo e, como diz a moderna juventude eletrônica, aproveitar pra se jogar na pista.



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College Rock

"She's A Genius" é o primeiro single do disco novo do Jet, intitulado Shaka Rock, que apesar da decepção provocada por Shine On - seu último álbum, será sempre lembrado por dourar a pílula da melhor música de 2003, o mega-hit "Are You Gonna Be My Girl", que elevou Get Born, seu disco de estreia, à categoria de maior blockbuster australiano do ano.





Eu até que gostei da garagice safada de "She's A Genius" (além dela o grupo disponibilizou, em sua página no Myspace, outra faixa de Shaka Rock: "K.I.A. (Killed In Action)" insinua um tímido suíngue funk em meio à rifferama), mas acho difícil o álbum ser bem recebido pela crítica se o baterista Chris Cester seguir inflando as expectativas de maneira tão pretensiosa. Segundo nota divulgada à imprensa internacional em abril passado, publicada no Alt Sounds, o músico diz que "Shaka Rock se compara a quando a TV começou a ter cores. " oO




Veremos.



* Viu que a primeira turma da Faculdade do Rock está se formando? A graduação, coordenada pelo ex-Cascavelettes e atual Graforréia Xilarmônica Frank Jorge, que já foi (e obviamente ainda é) motivo de piada está apresentando seus primeiros resultados, e os alunos-cobaia do Curso de Formação de Músicos e Produtores de Rock da Unisinos, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, vão, finalmente, poder esfregar o diploma na cara dos incrédulos. Vi lá no G1.


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quarta-feira, junho 24, 2009

Você não sabe, mas...

You probably didn't know that
David Bowie is very disappointed in you,
but...now you do. And no, we don't know why.



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terça-feira, junho 23, 2009

Jeca Tattoo - I


Clique na imagem para ampliar.



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segunda-feira, junho 22, 2009

Geração Think Pink

" Eu sou uma putinha. Daquelas mais insuportáveis; da pior espécie. Meu credo: seja bela e consumista."

Lolita Pille


Todos os amigos alfabetizados pra quem eu mostrei, empolgado, Hell Paris – 75016, depois de passearem o olhar pela capa obviamente viraram o livro pra ler a sinopse acima. Depois de um ou dois segundos TODOS levantaram a cabeça com um olhar confuso e inquisidor, ao que eu me obrigava a responder: “Não, não tem nada a ver com a Bruna Surfistinha.”


Apesar de Hell... não ser novidade nenhuma mais, e de que minhas últimas lembranças sobre o assunto terem sido causadas pelo ensaio fotográfico/entrevista que sua autora, a francesinha Lollita Pille, fez para a revista Trip em 2005 (e por ter assistido, e até gostado, da adaptação do livro para cinema), só no mês passado é que me vi tentado a comprar o pequeno tomo.


“Eu escrevo para mim. Depois para os banqueiros. Depois para os leitores”
Lolita Pille, sobre suas motivações literárias.


É claro que não fui à livraria atrás de Hell.... “Claro” porque até então eu, mergulhado na minha costumeira soberba de almanaque, tinha certeza de que se uma ninfeta parisiense milionária não poderia ter muita coisa a dizer, teria menos ainda a escrever. Na verdade estava procurando ou o Conversas com Woody Allen, do Eric Lax (que, como não achei, deixei pra comprar depois – o que só aconteceu na semana passada), ou qualquer um do Nick Hornby que ainda me faltasse.


Depois de botar o Frenesi Polissilábico debaixo do braço estava praticamente decidido a levar também o Seis Contos da Era do Jazz, do Franz Scott Fitzgerald, mas, não sei explicar bem porquê, enxerguei um brilho fosco num volume na prateleira ao lado. Demorei alguns segundos para acionar a memória e me lembrar do que se tratava. Olhei para o Fitzgerald e me envergonhei por cogitar desprezar os clássicos por causa de uma coqueluche pop tardia. Convencido ao contrário pela minha própria patrulha besta, botei o Fitzgerald de volta na prateleira e levei a Lolita pra casa.


Sou o símbolo manifesto da persistência do esquema marxista, a encarnação dos privilégios, os eflúvios inebriantes do Capitalismo. Como digna herdeira de gerações de mulheres da sociedade, passo muito tempo na boa vida cobrindo de esmalte as minhas unhas; folgada tomando banho de sol; com a bunda sentada numa poltrona com a cabeça entregue às mãos de Alexandre Zouari, ou olhando vitrines na rue du Faubourg-Saint-Honoré, enquanto vocês passam o tempo todo trabalhando para pagar as porcariazinhas de que precisam.

Sou o mais belo produto da geração Think Pink: meu credo: seja bela e consumista.

Mergulhada na loucura policefálica das tentações ostentatórias, sou a musa da deusa Aparência, em cujo altar imolo alegremente todo mês o equivalente ao que você recebe como salário. Sou francesa e parisiense, estou me lixando para o resto; pertenço a uma única comunidade, a mui cosmopolita e controversa tribo Gucci Prada – a grife é meu distintivo.

Sou um pouquinho caricatural. Confesse que você me acha uma tremenda babacona com meu visual Gucci, o sorriso branco de louça de banheiro e os cílios de borboleta. Mas é engano seu me subestimar, essas são armas ameaçadoras e é graças a elas que vou descolar mais tarde um marido que seja pelo menos tão rico quanto papai, condição sine qua non desta minha existência tão deliciosa e exclusivamente fútil.

Visto que trabalhar não faz parte da longa lista de meus talentos. Quero me divertir com eles, e basta. Da mesma forma que mamãe e vovó antes de mim.



É dentro desse panorama adoravelmente detestável que a narrativa se desenvolve, sem trama, substituída pela descrição habilidosa de um eterno presente de prazer sem limites, onde aparentemente a única saída é servir-se de sexo banal e abusar do poder ilimitado do dinheiro: seguir saboreando o doce vazio do excesso.


A juventude dourada parisiense, sustentada pela genética financeira dos mais tradicionais clãs franceses, pelo tráfico de armas e de prostitutas do leste europeu, ou até mesmo pelo triunfo idealizado do capitalismo – o sucesso do trabalho duro, é descrita como um exclusivo clube de niilistas petulantes, que mesmo não conseguindo ignorar suas próprias e bizarras contradições internas agem como se o mundo e a humanidade fossem o playground de suas existências ocas, enxergados do alto de seus reluzentes Porsches e Ferraris.


"O que chamamos de amor é apenas o álibi consolador da união de um perverso com uma puta!"


E foi impressionado que descobri em Hell – Paris 75016 algum misterioso parentesco estilístico com um dos meus livros favoritos, o fantástico Um Copo de Cólera, do Raduan Nassar, que é de uma elegância verborrágica, cáustica e cínica, tão envolvente quanto sobrecarregada. Os poucos parágrafos transcritos ali em cima dão uma pequena idéia do que estou falando. A franqueza crua que Lollita Pille empresta a Hell/Ella, sua protagonista semibiográfica, é de uma sofisticação literária que antes eu só conseguia atribuir aos, como o próprio Raduan nomeou, “Grandes Indiferentes”: quase sempre homens, invariavelmente inteligentíssimos e adultos há muito tempo.


Porém, outra comparação, essa quase obrigatória, traz à superfície da memória o 100 Escovadas Antes de Dormir, da italianinha Melissa Panarello, que foi lançado na mesma época de Hell... e tira o jet set teen parisiense do foco, mas choca igualmente pela sinceridade brutal de um texto assumidamente confessional. Ainda que não possua o mesmo requinte cruel e desesperado de Lolita, dona de um lirismo convulsivo bem mais charmoso.

"Temos um cartão de crédito no lugar do cérebro, um aspirador no lugar do nariz e nada no lugar do coração!"


Mas antes de admitir que Hell... é mesmo uma história muito bem contada, quis disfarçar um certo despeito, desconfiando da autoria da obra e especulando se uma adolescente de dezenove anos poderia mesmo ter escrito um texto tão convincente, mas cruzei a internet inteira atrás de alguma suspeita parecida, fucei em revistas de literatura da época do lançamento do livro e até pensei em inventar alguma teoria conspiratória maluca, mas tive que reconhecer a nobreza da escrita de Lollita Pille, tão bem traduzida em sua precoce, elaborada e venenosa estreia.


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quarta-feira, junho 17, 2009

Um Sorriso no Olhar...

O melhor é o hair-style Chitão & Xororó.
Ou , vai ver, é uma fã do Fresno...

segunda-feira, junho 15, 2009

Hey Ho Let's go Bahia

Calypso+Passion Pit+Ramones+Britney Spears






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quarta-feira, junho 10, 2009

On the Road!

Viajo amanhã. Vou até Palmas acompanhar a quinta edição do PMW Rock Festival (uma espécie de Goiânia Noise tocantinense), atendendo ao gentil convite que o Gustavo Andrade, um dos produtores da festa, novamente fez ao Goiânia Rock News. Ano passado estive lá e, como já disse setecentas vezes, não gostei de muita coisa do que ouvi. Se a escalação das bandas locais do festival representava o melhor do pop feito no Tocantins, então o estado ainda precisaria de muita paciência e milhares de horas de ensaio para revelar pelo menos um grupo decente. Os nomes locais do line up de 2008 não passavam de imitações baratas e desconexas e/ou eram bandas de fim de semana, mais interessadas em “barulho e diversão” do que em música. E olha que eu até sou bem chegado num barulho, mas gosto dele bem feito.





É claro que também teve coisas legais. Me reconciliei com os Móveis Coloniais de Acaju, que até então estavam encostados num canto escuro do meu interesse – culpa da pouca inspiração (deles e minha) dos seus, então, últimos shows ; soube reconhecer que a insuspeita popularidade do Cachorro Grande é produto do pé-no-freio na porra-louquice acelerada que fez a fama de seus shows do início de carreira e que, “incrivelmente”, isso fez bem à música deles; me diverti com o desbunde bêbado e psicodélico do Zefirina Bomba e presenciei, talvez, o primeiro mal-estar entre os integrantes da mais nova promessa do rock goiano: depois de um show decepcionante, tive que sair de fininho do camarim do Mugo, debaixo de um clima tão tenso quanto pode ter uma discussão, entre músicos, que envolve acusações de imperícia e descompromisso.


Esse ano vou lá ver duas das minhas bandas nacionais prediletas: Pato Fu e Ratos de Porão. É claro que também tem o Mundo Livre S/A – a minha formação favorita daquilo que ainda chamamos de Mangue Beat (gosto dos shows da Nação Zumbi, mas não tenho paciência para ouvir seus discos mais de uma vez) e o BNegão & Seletores de Frequência, já que, por um motivo ou outro, dispensei cada um dos duzentos shows que fizeram em Goiânia nos últimos meses. Além disso, tem também o Nevílton, trio paranaense dono de um show quase tão divertido quanto seu hit em potencial “A Máscara”, musiquinha esperta que é velha conhecida dos meus fones de ouvido. E de Goiânia vai o Mechanics, mais uma legenda do rock goiano que nunca teve lugar nas minhas preferências.


Gosto do PMW, ao contrário do que podem pensar alguns dos leitores disso aqui. Acho mesmo que é a grande vitrine da música independente de lá, e que assim que surgir um produto pop tocantinense à altura de dialogar de igual para igual com o super-nutrido indie nacional, o festival será apontado como um dos culpados. Quando voltar de lá te digo se foi dessa vez.





• Como deixo Goiânia amanhã, vou perder mais uma vez um dos shows que mais estou curioso pra ver. Desde que o Terra Celta fez sua primeira apresentação na cidade, que quase todo mundo que eu conheço (e que esteve presente num de seus shows, óbvio) tece comentários empolgados sobre a banda. Ouvindo no My Space a banda soa das mais simpáticas, mas acho que só quando assistir ao show do que muita gente chamou de Móveis–Coloniais–irlandês é que vou entender – ou não – tamanho entusiasmo. Um dia eu descubro.




Monuments And Melodies


# O Incubus, uma das melhores bandas do rock afastado do hype, lança disco novo, oficialmente, na semana que vem. Trata-se de Monuments And Melodies – o primeiro Greatest Hits do conjunto de Brandon Boyd. Obviamente o precioso conteúdo do disco-duplo já bóia fartamente pela web, e além dos hits dos seis álbuns de estúdio, o pacote também traz alguns b-sides, a regravação de “Let’s Go Crazy”, do Prince, e duas músicas inéditas – “Black Heart Inertia”, primeiro single do álbum, e “Midnight Swin”. A turnê do disco começa no dia 9 de julho em San Diego, mas ainda não há nenhum indício de que passará pelo Brasil.


“Black Heart Inertia”



Sempre gostei muito de Incubus. O ápice criativo da banda foi em A Crow Left Of The Murder, disco que entra fácil no futuro top 10 de melhores discos da década que termina ano que vem, mas acho que, em maior ou menos grau, gosto de quase tudo que o grupo lançou desde sua estréia em 1995, com Fungus Amungus. Mesmo que nesses primeiros anos o grupo ainda fizesse tanta questão de provar que era fã de Faith No More.





Na volta te digo como fui capaz de deixar passar, ano passado, o Distance and Comfort, discão solo do Ben Kenney – o baixista do Incubus, que agora ribomba sem parar nos fones do amigo aqui.


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segunda-feira, junho 08, 2009

Macaco Vê, Macaco Faz!

Roletando pela web já há algum tempo, esse vídeo do Tim Maia experimentando, em 1974, as primeiras pepitas de sua fase Racional caiu no meu monitor só nesse fim-de-semana que passou. Desde que foi redescoberto, no alvorecer do século, esse repertório Racional já foi tão abusado e insultado quanto possível, mas ainda assim não perde seu charme:





Mudando de assunto: Pelo que parece, o ressurgido Faith No More deve dar o ar de sua graça em território brasileiro no fim do ano, provavelmente dentro do line up do festival Planeta Terra. A banda mais famosa de Mike Patton já tem datas agendadas no Chile, segundo confirma o tecladista Roddy Bottum pelo Twitter.





# E pra descontrair o começo da semana, observe como uma tarde ensolarada, uma música da Santigold e um sem-noção aditivado quimicamente podem animar a sua festa: macaco vê, macaco faz!







Tchau.

quinta-feira, junho 04, 2009

In A Frozen Ground...

Dia desses esbarrei, de novo, com o último episódio da quarta temporada de House. É um dos melhores. Aliás, a sequência final dessa temporada é qualquer coisa de incrível. A Amber morre; House quase vai também, tentando salvá-la; Wilson, consternado pela morte repentina da namorada, dá as costas ao melhor amigo, que acaba de arriscar sua vida tentando defender Amber da morte...


Justin Vernon


Tudo bem, isso tudo escrito aqui na tela do blog não traduz (e nem poderia) o assombroso efeito dramático que essa série de eventos causou, à época, nos espectadores costumeiros da trama, mas quem sabe do que falo, sei que já conhece. House, me perdoem o lugar comum, é a melhor série em exibição do momento. E até sua mãe, a empregada da sua casa ou aquele cara de cabelo engraçado que subiu junto com você no elevador, sabe disso. É, virou carne-de-vaca, mas ao contrário de você, eu não me importo com o sucesso. Portanto “apesar” da super-popularidade, House não deixou de ser a melhor (e olha que eu acompanho bem uma meia-dúzia de outras séries)


Mas não comecei este texto para falar o óbvio. O que me pegou dessa vez foi a, sempre ótima, trilha sonora do seriado. Depois de confirmada a morte iminente de Amber, abalados pela notícia, seus ex-colegas de estetoscópio resolvem se despedir, e para jogar a dramaticidade da cena nas alturas, Katie Jacobs (diretora do episódio) não poderia ter escolhido música melhor.





Em 2006/2007 a vida de Justin Vernon não deve ter sido das mais divertidas. Despedido de sua banda e abandonado pela mulher, o músico se impôs um auto-exílio criativo e isolou-se em uma cabana de caça no interior do Wisconsin. Sozinho e cercado por toneladas de neve, Justin caçava sua própria comida enquanto assobiava canções tristes. Nesse cenário primitivo e inóspito, entre o corte da lenha e a nevasca do dia, Vernon assumiu o pseudônimo de Bon Iver (corruptela derivada do francês bon hiver. Em português claro, bom inverno) e compôs For Emma, Forever Ago.


Amber e Wilson


Como escrevi aqui nesta mesma tela em outubro do ano passado (quando descobri o disco), For Emma... é praticamente só violão e voz, e tem 9 canções tão simples quanto intensas. É caprichoso nos silêncios, gelado nos climas e poderosamente intimista nos modos.


As melodias, magoadas e esvoaçantes, ficam a cargo dos vocais (quase sempre dobrados), enquanto os violões repetem acordes singelos como num mantra sentimentalista. E se a delicadeza rústica de “Flume” te embargar a voz, não estranhe se tudo piorar no country-gospel, moroso e dolorido, “The Wolves (Act I and II)” , nem se uma desesperança opaca acenar por entre o dedilhado mortiço de “Skinny Love” ou “Re: Stacks”, emprestando alguma dignidade à idéia de suicídio.


Além de Bon Iver e fora o Massive Atack da música-tema, as cinco temporadas de House foram sempre cheias de pop de primeira. Já passaram por lá notáveis como David Bowie, Rolling Stones, The Who, Frank Sinatra, Dave Matthews, Ryan Adams, Al Green, Solomon Burke, Hot Hot Heat, Alanis Morissette, White Stripes, Roy Hargrove, The Verve, Gorillaz, Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Zero 7, Curtis Mayfield, Wolfmother, AC/DC, Marvin Gaye, Sly & the Family Stone, Diana Ross & the Supremes, Beta Band e Iron & Wine, entre tantos outros. Além, é claro, dos improvisos ao piano/violão/guitarra que Hugh Laurie (o próprio Dr. House) “inventa” vez ou outra – até uma parceria musical do ator com o Dave Matthews, no episódio 15 da terceira temporada, já serviu de pano de fundo para a história.


Ao colocar “Re: Stacks” (que também já apareceu em Grey’s Anatomy) como trilha sonora para a despedida de Amber da vida, Katie Jacobs não poderia ter sido mais feliz. A cadência dolente e desesperadamente sensível da canção emprestou ao drama o genuíno nó-na-garganta de que precisava para atingir um impacto cênico tão dilacerante. E se você ainda não chegou até aqui, sinto dizer, está mais de uma temporada atrasado. A sexta temporada de House MD, provavelmente, vai acenar de trás do vidro do aquário qualquer dia desses. Não sei você, mas eu estou ansioso.



terça-feira, junho 02, 2009

Dois Momentos

Houve um tempo, lá no começo do século, em que os Los Hermanos gastavam um trecho de seus shows para "homenagear" Ivete Sangalo, repaginando (com certo ar de deboche, disfarçado de respeito genuíno) "A Flor do Reggae", o então sucesso da cantora:





Pois é, depois que Marcelo Camelo se despediu dos Hermanos e se descobriu uma espécie de versão indie do Dorival Caymmi, não dá para se assustar com isso:




E você, já tem uma opinião formada sobre o tema?