Teatro Pyguá: vista interna
Foto: Alessandro Ferro
No começo da noite de sexta feira o Shakemakers empilhou, mais uma vez, TODOS os clichês do classic-rock, embutindo neles um orgulhoso sotaque “caipira”. Porém, a despeito desta parecer uma combinação duvidosa, no palco a coisa funcionou a ponto de convencer a pequena multidão a entoar em coro o refrão cafajeste de “Rock n’ Roll é Bom Pra Mim”, pouco antes de Beto Cupertino desvendar toda a sonolência, romântica e melódica, de seu projeto entre-safra, batizado de Perito Moreno.Foto: Alessandro Ferro
A escalação do Bananada 2009 foi, de longe, a mais anêmica de suas últimas edições, mas se a promessa de novidade vale o risco de tantos shows medíocres, o “equívoco” não pode ser apontado: é resultado de uma aposta que, assim como foi desastrosa, poderia ter revelado boas novas, como aconteceu em tantas edições passadas. Infelizmente não foi o caso desta.
Mas se nem o experimentalismo krautwave da única atração internacional do festival, O ex-Can Damo Suzuki, serviu de alento numa noite que perdeu tempo com a algazarra maçante e pretensiosa do Technicolor, aplaudiu o minimalismo estéril e ingênuo do Multiplex e reservou seu horário nobre para um Black Drawing Chalks pouco inspirado, o MqN salvou o line-up da chatice soberana com aquele mesmo show alcoolizado, arrogante e provocativo de sempre. Rotina de guitarras que, em meio à profusão acelerada de rock inofensivo, soou como tábua de salvação da programação de sábado.
Mas se nem o experimentalismo krautwave da única atração internacional do festival, O ex-Can Damo Suzuki, serviu de alento numa noite que perdeu tempo com a algazarra maçante e pretensiosa do Technicolor, aplaudiu o minimalismo estéril e ingênuo do Multiplex e reservou seu horário nobre para um Black Drawing Chalks pouco inspirado, o MqN salvou o line-up da chatice soberana com aquele mesmo show alcoolizado, arrogante e provocativo de sempre. Rotina de guitarras que, em meio à profusão acelerada de rock inofensivo, soou como tábua de salvação da programação de sábado.
Ainda na sexta, o que quase me animou os sentidos foi a dobradinha involuntária de Filomedusa e Rubinho Jacobina. Apesar do aparente nervosismo da vocalista Carol Freitas, a banda acreana Filomedusa fez a melhor apresentação da noite, toda baseada no feeling suado do guitarrista Saulinho que, embaralhando referências nacionais e importadas, brilhou num mar de monotonia. Na sequência, a despretensão pop do carioca Rubinho Jacobina coloriu a arena de verde-amarelo e transformou o teatro Yguá em baile de carnaval, dispensando por instantes a superabundância de distorção café-com-leite.
Filomedusa
Foto: Alessandro Ferro
Foto: Alessandro Ferro
Os domingos carregam, tradicionalmente, uma espécie de depressão pós-coito, que embaça as cores do dia com os matizes acinzentados da segunda-feira que acena, logo ali. Nesse cenário desolador para a maioria que levanta cedo e move a engrenagem do mundo, menos gente se dispôs a sair de casa e enfrentar o desfecho de uma festa que não empolgou. O Mugo foi o destaque óbvio: talvez seja a banda mais jovem que já enfrentou a posição de headliner do festival (com exceção da formação mutante conhecida Banda da Eline, que é tão jovem quanto permite suas recentes aparições esporádicas), enfrenta um ótimo momento em sua curta carreira de shows sempre lotados e está prestes a estrear em disco e vídeo-clipe.
Mugo
Foto: Marina Marques
Foto: Marina Marques
O Bananada se pretende a vitrine do rock goiano que quer atravessar as fronteiras do Estado, e se essa travessia tem acontecido com a freqüência que a cena da cidade merece é por que Goiânia se transformou no núcleo charmoso do novo rock brasileiro, e a idéia do festival é que as atrações convidadas coadjuvem alegremente com a produção local. Mas em 2009 alguma coisa saiu errada, e os artistas que vieram nos visitar não conseguiram deixar nenhuma marca significativa por aqui, como, pra citar apenas alguns exemplos, o Curumin e o Cérebro Eletrônico na edição do ano passado, ou o Monno e o Galinha preta em 2007. Mas apesar da programação raquítica de 2009 o Bananada ainda goza de um crédito confortável, alcançado depois de antecipar, em edições passadas, alguns dos melhores shows do pop brasileiro recente. Afinal, não se pode ganhar todas.