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segunda-feira, abril 13, 2009

Bullshit!

Depois do comentadíssimo Dub Side Of the Moon (2003) e do não menos popular Radiodread (2006) – além de sua primeira incursão autoral, Until That Day, o coletivo nova-iorquino Easy Stars All Stars volta à tona, ainda bulindo perigosamente com os clássicos. E dessa vez o clássico em questão não poderia ser mais... clássico.


Transmutar o cânone máximo da música pop em versões enfumaçadas e sonolentas, entremeando a psicodelia sessentista com o andamento preguiçoso e sincopado do reggae soaria, para os puristas, como uma provocação inaceitável (como deve ter sido para a ala geriátrica dos fãs de Pink Floyd quando do lançamento de Dub Side Of the Moon), mas o tratamento minucioso e reverente que o grupo dá às canções de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band é capaz de desarmar até o beatlemaníaco mais xiita.


Para Easy Star's Lonely Hearts Dub Band, o Easy Star All Stars, como de praxe, convidou os “amigos” para compartilhar sua glória surrupiada e mutante. Legendas do reggae como U Roy (que já trabalhou com Lee Perry, Dennis Alcapone, Dunbar Sly, e King Tubby entre outros), Max Romeo (“War Inna Babylon”) e The Mighty Diamonds, entre outros, emprestaram suas habilidades para terem seus nomes incluídos nos créditos, e o resultado, até para mim que nunca fui um apreciador do gênero (aliás, muito pelo contrário), é bem digno.









# Criptomnesia é o nome do primeiro disco do El Nuevo Grupo de Omar Rodriguez. Omar Rodriguez (que ficou famoso com o pós-proto-punk de pronúncia new-metal do At the Drive In) é o nome por trás do Mars Volta – grupo que tem pelo menos dois títulos obrigatórios em sua discografia (De Loused In Comatorium e Frances the Mute), e nesse primeiro lançamento de seu recém-inaugurado selo, Rodriguez Lopes Productions, extrapola o frenetismo obsessivo de sua banda oficial, dando ainda mais corda às pirações sobrecarregadas e radicais de sua singular versão para o rock progressivo.


A profusão e velocidade do turbilhão interminável de notas são pouco indicadas para a maioria dos humanos normais, e mesmo entre aqueles que toleram piruetas instrumentais pouco convencionais, Criptomnesia não deve fazer muito sucesso. É um disco que mira nos extremos, incrivelmente sem soar pedante ou virtuoso demais, e se não ficar recluso às conversas de conservatório e/ou ser adotado pelas “vanguardas” como modelo de pós-modernidade musical, está no lucro. Eu, que não me dou bem com conservatórios e acho que as vanguardas auto-proclamadas são tão vazias quanto minha conta bancária no fim do mês, juro que vou tentar ouvir Criptomnesia pela segunda vez sem sentir tontura e náuseas. Depois te digo se consegui.






# E a polêmica instaurada pelo diretor de teatro e vizinho reclamão Marcos Fayad continua rendendo frutos. Depois da reação à carta lida na abertura do Fórum de Cultura, Fayad enviou uma outra carta ao jornal O Popular ratificando sua posição e acrescentando um tanto mais de asneiras acerca da indumentária do que ele enxerga como roqueiro colonizado, imitativo e sem conexão com sua realidade. Enfim, abusou tanto de clichês tão desgastados e já largamente refutados, que suas próprias palavras depõem muito bem contra ele mesmo.

A molecada da comunidade do Orkut Goiânia Rock City se encarregou de dar ao diretor o tratamento que ele, aparentemente, tem solicitado, e de idiota-da-terceira-idade pra cima, tudo parece lhe cair como uma luva. Mas volto ao assunto apenas para esclarecer algo que, aparentemente, não foi compreendido por alguns dos leitores disso aqui, no texto que publiquei alguns posts atrás, com o título de Vá ao Teatro, Mas não me convide. O Eduardo Mesquita, vizinho blogueiro – do Inimigo do Rei, disse por aí:


“Hígor, dessa vez você falou besteira, compadre (...) Desde sua inauguração o centro cultural é famoso, respeitado, admirado e - porque não - invejado por gente do país todo, e isso no meio teatral. Falar que o centro cultural ficou famoso só por causa do rock é míope (...)



Só pra avisar, nunca disse o contrário :


Quem deu relevância, orgânica, verdadeira e genuína ao Martim Cererê foram os festivais e shows de rock, que, além de tudo, alçaram o Centro Cultural à categoria de legenda cultural goiana. Mesmo que restrito a um nicho, de norte a sul do Brasil o Martim é tido, tanto por produtores quanto pelo público, como referência no quesito espaço ideal para shows de médio-porte. Se o teatro goiano, com todo o pioneirismo arrogado para si, não conseguiu chegar nem perto de dar tamanha projeção ao M.C., que descubra outro meio de capitalizar sua própria irrelevância.



Agora convenhamos, notoriedade, respeito e admiração são uma coisa e relevância é outra. Só não sabe disso quem faz questão de não saber. O Centro Cultural Martim Cererê é famoso, respeitado e admirado pelo meio teatral sim, desde sua criação (me lembro do burburinho na imprensa causado acerca de sua inauguração), mas nunca atingiu a relevância cultural que os shows e festivais de rock lhe proporcionaram. Nem com essa massa disforme que um e outro apelidou de “teatro goiano”, nem com nenhuma outra manifestação. Podem ter admirado, respeitado e invejado, mas isso nunca foi traduzido, na proporção que a música independente conseguiu, num diálogo tão orgânico e genuíno com a cidade. E antes de acusar alguém de postar besteiras, o manual do humano inteligente recomenda uma leitura mais atenta e menos passional.







Tchau!

2 comentários:

Kaos Kotidiano disse...

Esse cd do Easy ficou muito bom e muito digno como os "tributos" anteriores, tem os prós e os contras, eu sou do pró...

Anônimo disse...

hahahahaahahhahahaha. Boa!