Num inferninho escuro, tão cheio quanto barulhento, a Girlie Hell anotou mais alguns pontinhos na sua curta carreira de "revelação" do novo rock goiano. Nem a forte chuva que resolveu lavar a noite de sexta-feira atrapalhou a farra marcada para acontecer lá no Metropolis, o mais novo clubinho rock da cidade.
Se a Girlie Hell ainda precisa de muitas e muitas horas de ensaio exaustivo para ajustar verdadeiramente suas guitarras, e se habilitar ao jogo de gente grande que, felizmente, se tornou a música independente brasileira, no palco as garotas compensam tudo com aquela tímida (e sacana) energia adolescente, que empresta às suas músicas um vigor tão charmoso quanto excitante.
Não fosse um grupo formado apenas por lolitas que fazem de tudo para anexar uma carga de deboche sexual (e, por que não, sensual), ao seu rock agri-doce de vocais provocativos, certamente (ainda?) não teria sido alçado à condição de hype local, mas quem pode culpar ninfetas-com-guitarras pela sua juventude e bom gosto musical?
Mas, mesmo descontados a imaturidade instrumental e os ecos fetichistas no imaginário masculino (e, por que não, feminino), o grupo merece, por sua música, os louros dessa insuspeita e repentina popularidade. Se as garotas levarem sua música a sério de verdade, talento para esticar, e aumentar, essa pequena celebridade, elas têm. Resta saber, (1) se o hype se aguenta até lá, e (2) se elas se aguentam sem o hype.
Daqui dois ou três anos a gente conversa.
3 comentários:
Muito boa indagação. Acho que isso deve ser refletido em cima de cerca de pelo menos 80% das bandas que surgem hoje em dia.
Mesmo porque, a frase "tive uma banda" é tão ou mais comum quanto a "tenho uma banda" no cenário atual.
e daí, música é pra se divertir, pra esculachar, coisa de adolescente e debiloide mesmo cara...
esses caras querem transformar tudo numa coisa séria, que gere empregos e renda, circule grana, se profissionalize, etc!
e é engraçado como esse tipo de crítica é contraditória. contraditória porque é forçada, e por isso também é vazia.
o rock das minas pode ser cópia, modinha, pouco autêntico, mas é espontâneo cara, e é isso que importa e sempre importou, o instante.
esse tipo de crítica é vazia porque não constroi nem destrói nada.
como todo post desse blog, tenta vender a idéia forjada de uma cena rock em goiania, cena essa que será pensada e produzida por gente como você!
os caras querem apenas gerir a espontâneidade e o lazer das pessoas. todo mundo que frequenta esse lixo aqui acha que isso é realmente possível?
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