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domingo, janeiro 28, 2007

E a ressaca?


Olhodepeixe
Foto de divulgação



Olá!



# Na quinta feira passada, dia 25, a Olhodepeixe se apresentou novamente no palco do Bolshoi. A banda, que agora no carnaval embarca suas guitarras para o Tocantins, onde fecha a noite do Grito Rock Palmas (ao lado da também goiana Goldfish Memories), ocupou o pub com suas guitarras volumosas e a intensidade lírica das canções do primeiro disco e das novas, Plasmando, Ponto de Cruz, Baygon e X-31. Antes do (quase) sempre ótimo show da Olhodepeixe, a dupla electro (?) Ctrl Z, perfilou sua mistura indigesta de scratchs, bips e tóins com regionalismos ocos e forçação de barra, tudo “apreciado” pelo blogueiro aqui devidamente posicionado lá do lado de fora, cultivando uma futura e poderosa ressaca.

# # Por falar em Bolshoi e em electro...

# # # Segundo Rodrigo Carrilho, o proprietário do Pub, o tão falado Montage (cujo show o amigo aqui perdeu por minutos, no último Goiânia Noise), ocupa-se das atenções dos freqüentadores do lugar no dia 15 de fevereiro, ao lado da discotecagem sempre muito divertida do coletivo Meninas do Rock, da amiga Bebel Roriz.

# # # # Sentado no sofá da entrada e trocando umas idéias com o blogueiro (novidades em breve), o Rodrigo ainda deixou escapar que a probabilidade do Digitaria (grupo que se apresentou no Campari Rock do ano passado ao lado do Supergrass e do próprio Montage), dar as caras por lá em breve, é grande. O quarteto mais cool da eletrônica rock tupiniquim lançou seu primeiro disco no primeiro semestre do ano passado, pelo selo alemão Gigolo Records (em parceria com o selo paulista Lado Z), mas foi o single Anti, lançado em 2004 e que contém as ótimas Anti (em dois remixes diferentes, um por Roger Moore e outro por U-Point From France) e Dogon, que o Digitaria começou a chamar atenção nacional e caiu nas graças dos formadores de opinião.

# # # # # Sem dúvida alguma o electro nacional está (re)vivendo os melhores dos seus dias. Não acha?


# Aconteceu ontem, ali no pátio da Redrum, em frente ao bosque do Goiânia Shopping, a segunda edição do Decibélica Rock n’ Rum, parceria da revista com a loja de moda rock. A festa contou com shows de Jhonny Suxx e seus Fucking Boys, Rockfellers, Bang Bang Babies, Réu e Condenado, Chapéu Cerveja e Frustrações, Bipolar Blues e Pétala Mecânica.

# # O blogueiro aqui aterrissou seu par de tênis lá pouco antes das oito da noite, e três bandas já haviam se apresentado. Surpreso com a multidão que se aglomerou para prestigiar o mini-festival (a primeira edição foi bem mais modesta, em termos de público), confraternizei com os amigos, e juntos fechamos a van que levará as duas bandas goianas – Bang Bang Babies e Technicolor –, este blog e o Beto Wilson, editor da revista Decibélica, para o Grito Rock Cuiabá, realizado durante os festejos do carnaval.


# A banda com o show de som pesado (e brutal) mais legal da cidade, o Ressonância Mórfica, disponibilizou em sua página no My Space, três novas músicas (ainda em versão demo) que estarão no track list do próximo disco, intitulado Morficaos. As canções, que atendem pelas singelas alcunhas de Cacofagia, Éretro e Opróbio, seguem o mesmo caminho trilhado em Agregados Onímodos Malditos: guitarras selvagens e ultra velozes, andamento violento e vocais monstruosos num português incompreensível. Ou seja, novidade nenhuma, mas o show do quarteto é tão divertido, que originalidade (e olha que eles ainda tem alguma) fica em segundo plano.

# Pelo terceiro ano consecutivo, a sua, a minha, a nossa Monstro Discos (hehehe) leva o laurel de melhor gravadora independente no Prêmio London Burning 2006. Ainda que nenhuma das bandas do cast do selo tenha sido premiada (o que não significa que não tenham sido lembradas), os Monstros “monopolistas” levaram o tri.

# # Parabéns pra Monstro, nénão?

# O Udora (que em 2005 lançou o espetacular Liberty Square), de volta ao Brasil já há algum tempo, entrou recentemente em estúdio para registrar mais algumas canções do que será seu terceiro disco, batizado de Goodbye Alô. Sempre gostei muito da música dos mineiros, mas ao optarem por abandonar o inglês e adotar o português, sua receita parece ter desandado. O instrumental continua impecável (apesar das alterações na formação), mas a voz de Gustavo Drumond não exala aquela mesma carga de emoção na nossa língua pátria, e a banda acaba soando como um conjunto menor. Ainda é cedo pra dizer, então o negócio é esperar o disco oficial – cuidadosamente gravado e co-produzido pelo Henrique Portugal, tecladista do Skank –, pra entender qual é a do cara que outrora compôs maravilhas como 4D e Beautiful Game. Espero sinceramente queimar a língua (sem trocadilhos).


# Viu o Lúcio Ribeiro comendo mosca nessa semana que passou? Pois é, o titular da coluna e blog Popload, do portal IG, anunciou sua parceria com o reverendo Fábio Massari numa rádio online, batizada pelos dois de Loaded.

# # Acontece, como o atento leitor já deve saber há pelo menos um ano, que já existe um programa online com o mesmo nome e voltado para o mesmo rock independente, capitaneado pelos bródis do E-Loaded, site paulista dos mais bacanas. Sem querer causar polêmica desnecessária, o jornalista e dublê de DJ se retratou e já tratou de renomear seu programa como Poploaded.

# # # Nada como o bom senso, não é mesmo?



No fim das contas, é isso. Vejo vocês por aí.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

"A intenção é fazer música bizarra!"

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Como apalavrado por aqui no último post, segue agora mais um trecho do entrevistão com o Violins – que virá completo na próxima edição da revista Decibélica – onde, entre tantos outros assuntos legais, o vocalista Beto Cupertino e sua trupe dissertam sobre os conceitos atribuídos a cada uma de suas obras. Puxa uma cadeira, senta e segue o papo aí:





Hígor – O Grandes Infiéis seguia um conceito, o da infildelidade. O Tribunal Surdo também tem um conceito fechado?
Beto Cupertino –
(Pensativo) Tem uma diferença de letras, que é clara com relação aos outros discos. As letras desse disco estão menos abstratas, menos elucubrativas, mais diretas e narrativas, contando histórias até um pouco bizarras. Então o próprio fato dessas letras serem um pouco mais despojadas, marca uma diferença grande com relação aos outros discos. Acho que essa diferença lírica, e também o fato de a banda agora ser um quarteto, enfim, todo esse contingente de coisas aí já modifica bastante a sonoridade. Como o próprio nome do disco já diz, é uma série de narrativas, contando uma série de estórias que, às vezes, até acontecem freqüentemente e a gente não se dá conta. Mas é justamente pra mostrar como essas estórias podem ser, apesar de comuns, até um pouco patéticas. A gente estava gravando e tentando definir o disco em uma expressão, aí saiu: ‘A arte do patético’!

Hígor - E o Aurora Prisma e o Grandes Infiéis, como você definiria em uma expressão?
Beto –
Nossa! Agora você vai ter que me dar um tempo pra pensar sobre isso... não sei cara... fala aí Pierre, você que é um livre pensador. O Aurora Prisma é um disco romântico, é uma espécie de poesia romântica, até um pouco... como é o termo que a gente usa para o sonho?
Thiago Ricco – Onírico.
Beto – Onírico, exatamente! É um disco muito onírico. Até um pouco progressivo em algumas partes, na construção. Tem músicas lá com dez mudanças de andamento, era a maior confusão pra gravar. É mais ‘firulento’, no sentido instrumental, tinha as cordas, os metais. Acabei que não defini numa palavra né? É difícil...
Pierre Alcanfor - Romântico!
Beto – É! É um disco onírico-romântico (risos). Agora o Grandes Infiéis é um disco mais de rock. Mais direto que o Aurora Prisma e menos que O Tribunal Surdo. É um meio termo, uma ponte, entre esses dois. O Thiago teria uma expressão pro Grandes Infiéis.
Thiago – Não, não tenho (risos).
Beto – Você também não tem né? Então é um disco que não tem a expressão pra defini-lo. Mas é um disco muito sincero, a gente gosta muito ainda. até estava conversando sobre isso. Desde o primeiro disco até esse, eu acho que foi ficando cada vez mais confortável pra gente, pra mostrar para os outros, como coisa que a gente fez. Do Aurora Prisma a gente já tem um pouco mais de orgulho do que do Wake Up and Dream, do Grandes Infiéis mais do que do Aurora..., e eu acho que desse agora mais do que o Grandes Infiéis. Sem nenhuma forçação de barra, sinceramente mesmo. Pelo menos pra mim é assim, acho que pra banda também é.


Hígor – No Aurora Prisma, o Violins soava calmo, triste e fleumático; no Grandes Infiéis tudo ficou mais pesado e cínico. E agora?
Beto –
Cara, eu acho que esse disco é uma extensão do Grandes Infiéis. É um disco calcado em guitarras, bem cru, muito mais visceral do que os anteriores. Porquê muda a composição também. Antes a gente compunha pra duas guitarras, é diferente, eu fazia a guitarra pensando também no que o Léo ia fazer. Fazer as guitarras conversarem e tal. Agora o modo de compor com uma guitarra só é diferente, porquê é mais simples, mais cru mesmo, então a sonoridade reflete isso também. Assim como as letras, a sonoridade está bem mais direta. Acho que é direto e cru, não tem muito adjetivo pra usar nesse caso não.

Hígor – Então o Violins segue uma “linha evolutiva”?
Beto –
É... é sempre meio clichezão dizer isso, mas talvez seja...
Pierre – Mais no sentido de timbres de guitarra, de pegada.
Beto – É, por que você vai aprendendo né?
Pierre – Pegada de bateria, timbre de guitarra, isso tudo foi uma evolução. Agora não digo evolução no sentido da concepção da música. Aí eu acho que não! Eu gosto muito do Aurora... . Acho que nesse disco a gente chegou no auge do que conseguimos fazer em termos de beleza, de melodia. Mas de lá pra cá a gente cresceu como músicos mesmo. O Beto já aprendeu muito de lá pra cá, timbrar guitarra, tirar sons mais pesados, então por isso a gente foi fazendo álbuns diferentes, mas não melhores... quer dizer, melhores tecnicamente eles são, mas não em termos de concepção.
Beto – No Aurora Prisma a preocupação principal era a beleza, o objetivo era fazer música bonita. Acho que no Grandes Infiéis, o objetivo era fazer música intensa. E talvez no Tribunal Surdo a intenção seja fazer música bizarra.

Hígor – E no Wake Up and Dream?
Beto –
Acho que a preocupação também era a beleza.
Pierre – Mesmo sem condição nenhuma de gravar...
Beto – É, o Wake Up... é uma tosqueira né? Eu morro de vergonha da gravação, é muito horrível!
Pierre – Guitarra Jackson com pedaleira (risos).
Beto – É, o Léo tinha uma guitarra Jackson, com uma pedaleirinha ‘Boss ME8’, com uns timbres de plástico...
Pierre – Como é o nome daquele setor cara? Do estúdio que a gente gravou o Wake Up...?
Beto – Parque Amazônia? É meio que lá no fundo da Serrinha, numa chácara...
Pierre – Acho que a gente devia tomar todas as cópias que estão circulando (risos).
Beto – Ainda bem que está esgotado né?
Pierre – Aqui no nosso estudiozinho a gente grava melhor.
Beto – É, a pré-produção que a gente gravou pra o Tribunal Surdo aqui no nosso estúdio, com dois microfones, ficou melhor que o Wake Up and Dream.
Pedro Saddi – Gravada em trinta minutos.
Beto – Se a gente gravasse hoje de novo, o Wake Up... ia ficar bem mais legal de ouvir.


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Te vejo lá no Bolshoi Pub hoje à noite, no show do Olhodepeixe?

Inté...



segunda-feira, janeiro 22, 2007

Saudade Boa!


O Grande Passeio do StereoScope


# Oi.

# # Então, estive relapso com a atualização disso aqui durante a última semana, por conta de várias coisas (tá certo, por um pouco de desleixo também, eu confesso), mas a coisa vai continuar andando no seu ritmo normal daqui pra frente. Pode acreditar.

# # # Aí embaixo você confere uma pá de novidades, umas boas (como a formulação do portal Fora do Eixo), umas nem tanto (como o disco novo do Stereoscope), outras horríveis (como a violência maluca e bestial que levou mais uma pessoa do bem), além das lembranças gostosas que uma conversa ocasional pelo msn pode proprocionar.

# # #Lê aí:


***** **** *** ** *

Stereoscope
O Grande Passeio do StereoScope
Senhor F Discos - 2006


A StereoScope, banda lá de Belém do Pará, lançou recentemente seu segundo disco, intitulado O Grande Passeio do StereoScope, pelo selo brasiliense Senhor F Discos. Sucedendo Rádio 2000, esse passeio dos nortistas percorre as vias adocicadas dos mega reverenciados anos sessenta, onde bebem goles satisfeitos daquela inocência tapada da nossa jovem guarda, acrescentando à mistura porções comedidas de psicodelia hippie, salpicada com borrifadas discretas de country music e rock moderninho. Conseguem até empolgar em alguns momentos, como em O Super Sabor de Chocolate, O Grande Passeio ou Este Lado da Vida, ou ainda em Surf das Possibilidades, mas não alcançam aquela “liga” conferida aos grandes discos de rock, e acabam ficando no meio do caminho. Não é uma bolacha de se jogar fora, mas está longe de garantir titularidade nos tocadores de música do blog. Mais sorte da próxima vez.

***** **** *** ** *


# Eu ainda me surpreendo com certos episódios dessa vida pós-moderna. Vocês já devem conhecer a mais nova “vítima” desses tempos de correnteza líquida das informações, alçada à condição de celebridade instantânea nesse fim de semana que acabou de passar, por causa de uma brincadeira boba entre amigas adolescentes e que, sabe-se lá como (amigas, muy amigas), foi parar no YouTube. Pra quem ainda não se ligou, trata-se da Naiara, a agora famosa “Gatinha [que] Fala os Preços da Transa”, filminho que virou coqueluche no site de vídeos do Google. Aparentemente desde sábado, a página de recados da moça no Orkut está sendo rapidamente entupida de impropérios (e elogios) dos mais variados, todos referentes ao preço camarada que a ela, entre risadinhas juvenis, anuncia no filme.

# # Quem deve estar agradecendo a notoriedade repentina e involuntária da pobre garotinha paulistana, é a apresentadora praieira Daniela Cicarelli, que havia voltado à berlinda com a tentativa inglória de seu parceiro espanhol de barrar o acesso dos brasileiros ao YouTube, por causa daquela cópula indiscreta e litorânea, muito bem documentada e que todos conhecemos bem.

# # # Esse mundo está ficando cada vez mais estranho. Quase todos os dias tenho a sensação de coadjuvar anonimamente, ao lado de bilhões de humanos também anônimos, um infinito e bizarro longa-metragem de ficção científica. Nunca sentiu isso não? Nem depois de assistir O Show de Trumman?


# O Circuito Fora do Eixo, que engloba a produção cultural brasileira associada ao rock independente, em breve vai ter o seu lugar virtual na descomunal rede planetária de computadores. Esse espaço vai concentrar toda a produção de conteúdo informativo e de entretenimento relativo a essa crescente ebulição musical, que se desdobrará em textos jornalísticos, reportagens, contos, novelas e crônicas, críticas de música e cinema, além de cobertura de shows e festivais espalhados pelo país. Notícias em tempo real e todas essas coisas legais que a internet nos permite realizar.

# # Por enquanto, o portal está em fase de formulação, sendo pensado e discutido por vários dos articulistas integrados, que prevêem o lançamento do site para março, mês em que será realizado o festival Fora do Eixo em São Paulo.

# # # De Goiânia Rock City, os publicistas engajados nessa empreitada que promete desencadear uma nova etapa do jornalismo musical brasileiro, são: o bróder e Inimigo do Rei, Eduardo Mesquita – colunista do site da Dynamite e da revista Decibélica–, o companheiro Pedro Reator – produtor do programa de rádio e TV, Reator –, além do blogueiro aqui, que também enfileira letras e palavras para a revista Decibélica.

# # # # Assim que as deliberações forem surgindo, o distinto leitor será prontamente informado, aqui na escrita branca desse ambiente negro. Aguardem...


* Mudando de assunto...


# Se o mundo está pirando na violência, Goiânia está entrando forte nessa onda. Já aturdido e chocado com a morte do querido Ari Rosa – poeta, compositor e instrumentista dos melhores, que emprestava seu talento para o ótimo grupo goianiense Umbando –, assassinado com 5 tiros nos últimos dias de 2006, recebo no finde a notícia do homicídio da arquiteta e professora Marisa Soares Roriz, mãe do ex-vocalista da extinta Dominus Tecum, conhecido como Yurim, colega do blogueiro dos tempos de colegial. O ocorrido se deu durante uma tentativa de assalto no escritório da vítima, onde Thiago Roriz – outro dos filhos dela – tentou evitar a entrada do marginal e acabou levando um tiro no braço, antes de sua mãe ser atingida mortalmente no abdome.

# # Marisa era professora do departamento de arquitetura da universidade Católica – no mesmo prédio onde cursei 2 anos de design gráfico – e foi enterrada na sexta feira passada, dia 19. O blogueiro aqui só pode desejar que os culpados sejam presos e apodreçam na cadeia, remoendo dolorosamente e durante muitos anos a bestialidade que cometeram.

# # # E que a professora Marisa vá em paz!

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# Fechando este post que agora você lê, começo um papo com a amiga e diretora do longa-metragem sobre o rio São Francisco Muitchareia (laureado em Portugal pelo 12º Festival Internacional Cine’Eco, com o Prêmio Vídeo Não Profissional), Uliana Duarte, que está perambulando pelo mundo e no momento se encontra na base que fixou em Nova Iorque. Me disse que assistiu ontem a uma apresentação do Lenine (em papos passados, ela já me confessou ter perdido um show gratuito do Belle & Sebastian!!), que está muuito frio por lá e várias outras adoráveis trivialidades. Já quase há um ano viajando, a Uli despertou no blogueiro aqui uma saudade gostosa, daquelas boas de ficar cultivando. Um beijo procê Uli! Um dia, quando aquele texto que estou te devendo estiver decente, eu te envio. Palavra de escoteiro!


# No próximo post entra aqui mais um trecho do entrevistão com o Violins, que será publicado integralmente na próxima edição da revista Decibélica. Certo?

terça-feira, janeiro 16, 2007

Eu Acho Tudo Isso Tão Retrô!


808Sex
Foto divulgação



Olá, como vai você?


# A Cine Capri, banda goianiense que veio ao mundo em 2005 e que de lá pra cá fez uma porção de shows e músicas legais (além de botar a melhor delas, Eu Tô no Centro, na coletânea Goiânia Rock City, da Monstro Discos), está prestes a entrar no estúdio para gravar seu primeiro disco. O debut deve ser registrado lá na Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, aonde o próprio guitarrista, Thiago Calegari, vai se encarregar também da produção musical.

# # Com uma incomum e concorrida trajetória (mesmo antes dos primeiros shows, a banda já causava burburinho em jornais e sites da cidade), a Cine Capri nasceu junto com seu público, que acompanha a banda desde sua pré-estréia no Martim Cererê, em meados de 2005. Pouco depois esse mesmo público lotava a Jump Alternative Club numa quinta-feira, antes de encher o teatro Pyguá, durante o Bananada 2006. Sempre muito elogiado, o grupo seguiu fazendo seu rock simples e duro, mas colorido com pinceladas generosas de candura e delicadeza. No meio de 2006, a banda passou por um período de inatividade compulsória por causa da troca de guitarristas, e voltaram recentemente à cena, com algumas cicatrizes e muitas boas idéias, prometendo para breve seu primeiro disco cheio. Tãotá, estamos esperando.

# Fui ontem, a convite do guitarrista Léo Raposo, acompanhar um ensaio do NEM, conjunto que se reformulou completamente, enxugou e modificou a formação, abandonou o repertório do primeiro disco (gravado com o mutante Sérgio Dias), e cunhou uma outra sonoridade. A banda gravou recentemente 4 músicas que são a cara dessa nova fase, todas produzidas pelo gaúcho Iuri Freidberger, e que logo serão disponibilizadas para o público. Dentre as canções, ganham destaque a doce e juvenil Aventura, que exala frescor e sinceridade entre guitarras felizes e movimento festivo, enquanto a inquieta Retrô chicoteia riffs adoravelmente dançantes. Assim que as músicas estiverem prontas o blog comenta aqui com você.

# Conhece a 808Sex, banda que faz um electro-rock de gente grande lá em Porto Alegre? Pois é, eu também não conhecia, mas o bróder, colunista do site da revista Dynamite e produtor do Grito Rock Florianópolis, Luciano Carioca, apresentou os beats espertíssimos dos gaúchos ao blogueiro aqui, que ouviu, se agradou e agora passa a bola ao amigo leitor aí do outro lado, que com o bom gosto que lhe é peculiar, vai saber apreciar também. Dá uma olhada lá na página deles na Trama Virtual, ouça She Said Rock, e me diga se ela não é tiro certo em qualquer festa roqueira decente. Enquanto isso, vai se divertindo com o vídeo-clipe classudo de #26, que entrega o gosto dos sulistas por fetiches sadomasô, guitarras flying V, maquiagem carregada, garotas calientes e provadores de roupa. Dá play aí malandro:



# A Allegro Discos prepara o lançamento de Eu Não Sou Cachorro Mesmo, tributo pop aos cantores da nossa emepebê cafona dos anos setenta, que segue a trilha deixada pelo relativo sucesso de Vou Tirar Você Desse Lugar, lançado no início de 2006 e que reunia recriações de músicas do Odair José, cometidas por várias boas bandas, como Pato Fu e Mundo Livre S/A. Comecei as audições de Eu Não Sou Cachorro Mesmo há pouco, mas já dá pra pinçar algumas pérolas, daquelas boas de botar pro povo moderninho inocentemente se acabar na pista de dança, ignorando que se trata de um mega-hit do Reginaldo Rossi que a empregada “lá de casa” adora. Nos próximos posts, mais sobre essa bolachinha e Allegro Discos.

# Cuiabá, mãe e matriz do Grito Rock Integrado, divulgou ontem a extensa programação de sua edição local. Serão 4 dias de celebração roqueira em plena festa de momo, onde mais de 40 shows – de bandas de todos os cantos do país, inclusive duas goianienses – se revezarão para animar a folia. O blogueiro vai se locomover alegremente até Hell City para participar do baile, e de lá reporta tudo para os distintos leitores que acompanham isso aqui. O Grito Rock Integrado vai ser realizado em 20 cidades, de 15 estados diferentes que se associam no maior festival independente do Brasil. Saca só:

Grito Rock Cuiabá
17/02

02:30 Forgotten Boys(SP)
01:50 Pleyades(MT)
01:10 A Sexta Geração da Familia Paim do Norte da Turquia(PR)
00:30 Vanguart (MT)
23:50 Technicollor(GO)
23:10 Lazy Moon (MT)
22:30 Nicles(AC)
21:50 Dead Smurfs(MG)
21:10 Asthenia(MT)
20:30 Stereovitrola(AP)
19:50 The Stoned Sensation(PR)
19:20 Snorks(MT)

18/02

02:30 Ecos Falsos(SP)
01:50 Macaco Bong(MT)
01:10 A Euterpia (PA)
00:30 Dragsters(MT)
23:50 Os Patrões(Jaú)
23:10 Aoxin(MT)
22:30 Somos(SP)
21:50 TOA TOA (RJ)
21:10 Zen Finn(MT)
20:30 Mamelucos(AC)
19:50 Wasted Nation(SP)
19:20 Bucefalo Alquimia(MT)

19/02
02:30 Faichecleres(PR)
01:50 Lord Crossroad(MT)
01:10 Bang Bang Babies(GO)
00:30 Claudias Parachute(MT)
23:50 Ultimato(RO)
23:10 Rhox(MT)
22:30 Publica(RS)
21:50 Banzé (SP)
21:10 The Melt(MT)
20:30 Boodah de Ciro(TO)
19:50 Marguerita anteporcus(Mogi)
19:20 Fantoche(MT)

24/02
Enterro dos Ossos com shows das 8 bandas
mais votadas pelo júri popular durantes os
três primeiros dias!

# # O Grito Rock Vilhena, em Rondônia, também divulgou hoje seu line up. Confere aí como a coisa toda vai acontecer lá perto da floresta:

Grito Rock Vilhena
17/02

Blush Azul (AC)
Ciclo (RO)
One Weak (RO)
Rádio ao Vivo(RO)
Fábrica Civil (SP)
Enmou (RO)
C4 (RO)
Strutura 6 (RO)



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Então, segura meu lugar aí que eu volto já.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Nós somos delinqüentes belos em mundos possíveis


Violins num momento micareta
Foto: Dani Acrux



# O Violins disponibilizou no site da banda ( www.violins.com.br ) mais uma pré-master do vindouro e muito aguardado Tribunal Surdo, agendado para conhecer a luz do mercado no final de fevereiro. Trata-se de Delinqüentes Belos, canção bonita, de melodia compassiva, letra perturbadora e que rivaliza com qualquer outra das excelentes músicas do álbum já antecipadas pelo grupo. Ao que parece, esse será o último aperitivo antes do lançamento do disco, que muito provavelmente vai garantir um lugar confortável nas futuras listas classificatórias de melhor disco de 2007. Confere aí um trecho da letra dessa balada doentia:

se ninguém vir eu nunca peço perdão
sim cada um é um assassino sem coração
esperando pra rir dentro de um camburão
com sangue nas mãos

nós somos delinqüentes belos em mundos possíveis
nós somos imperadores sérios em quartos de hospício
nós somos assassinos ébrios em frente seus filhos


# # Na primeira edição de 2007 da revista Decibélica, o blogueiro aqui publica aquele prometido entrevistão com a banda, realizado em novembro passado na aprazível residência do Beto Cupertino - vocalista, guitarrista e compositor –, ocasião em que o assunto principal foi o disco novo, mas que acabou rendendo bem mais do que isso. Mais um fragmento saboroso da entrevista entra aqui na tela do blog antes da próxima edição da revista sair da gráfica e ganhar o país. Palavra de escoteiro.

# O bróder e Inimigo do Mesquita, Eduardo do Rei (hehehe), publicou essa semana na coluna que assina no portal da revista Dynamite, algumas pequenas entrevistas onde o assunto abordado foi o universo do rock goianiense em 2006. Fabrício Nobre (Monstro Discos), Wander Segundo (Two Beers Or Not Two Beers), Pablo Kossa (Fósforo Records), Carlos Brandão (ex diretor do Martim Cererê e atual responsável pelo Cine Goiânia Ouro), e até o amigo aqui, dissertaram brevemente acerca do que aconteceu ano passado e sobre o que deve acontecer com o nosso rock nesse ano que se inicia. Quer ler? O link pra coluna é esse aqui ó:
http://www.dynamite.com.br/portal/view_coluna_action.cfm?id_colunista=44&id_show=1057

# O inspirado e Maquinado guitarrista Lúcio Maia, da Nação Zumbi, em breve vai lançar seu primeiro vôo solo. Curioso para experimentar a produção solitária, onde não tenha a obrigatoriedade de consultar e negociar outras opiniões, o músico se apresentou ao vivo com esse projeto no último Abril pro Rock, acompanhado pelo Cidadão instigado, que fazia as vezes de banda de apoio. A julgar pelo excelente trabalho ao lado dos Zumbis (que parece ter melhorado depois da morte de Chico Science), e pelo currículo do rapaz (são deles as monstruosas e atordoantes guitarras do essencial Soulfly, primeiro disco da então nova banda de Max Cavalera, lançado pouco depois de o vocalista abandonar o Sepultura, em meados dos anos 90), Maquinado tem muito para agradar.


# o Grito Rock integrado, festival que nasceu em Cuiabá e que agora ganha o país com ares de mega evento indie, com festividades roqueiras acontecendo simultâneamente em 20 cidades de 15 estados diferentes – tudo durante a época mais profícua para os baticuns afro-decadentes: o carnaval – , já começa a divulgar suas programações. Quem saiu na frente foram as cidades de Goiânia, Jaú e Natal. Olha só:

GRITO ROCK GOIÂNIA
17/02 - sábado de carnaval

14h – Dupp (GO)
14h45 – Obesos (GO)
15h30 – Macacos Gordos (Inhumas-GO)
16h15 – Demosonic (GO)
17h – Ultimato (RO)
17h45 – Críticos Loucos (TO)
18h30 – Claudia's Parachute (MT)
19h15 – Lord Crossroad (MT)
20h – Seven (GO)
20h45 – Rollin' Chamas (GO)
21h30 – Lucy and the Popsonics (DF)
22h15 – Motherfish (GO)
23h – HC-137 (GO)
23h45 – Porcas Borboletas (MG)
0h30 – Móveis Coloniais de Acaju (DF)

Local: Martim Cererê
Preço: 10 reais o antecipado e 15 reais na hora

GRITO JAÚ
15/02 – Quinta Feira

21h00 - Lady Jane (SP)
21h45- Gato Carteiro (SP)
22h30 - Yglo (GO)
23h15 - Monno (MG)
00h00 - Rotor (SP)
00h45 - Mandrake (SP)
01h30 - Luxúria (RJ)

16/02 – Sexta Feira
21h00 - Overjoy (SP)
21h45- Chilli Mostarda (MT)
22h30 - Charme Chulo (PR)
23h15 - Move Over (SP)
00h00 - Banzé (SP)
00h45 - Os Patrões (SP)
01h30 - Forgotten Boys (SP)
Local: General Bar

GRITO NATAL
19/02 – Segunda Feira

18h - Vitrola (RN)
18h40 - Fliperama (RN)
19h20 - Zero8quatro (RN)
20h - Allface (RN)
10h40 - Seu Zé (RN)


***

Vou ali levar minha vózinha na musculação e já volto.
Bomfinde procê!

terça-feira, janeiro 09, 2007

É mais fácil tirar a Cicarelli do sério que o YouTube do ar!




# Oi!

# # Há quanto tempo né?

# # # Lá embaixo, o distinto leitor disso aqui confere algumas linhas sobre Reino Fungi e o Clube do Chá Dançante, o disco novo da Reino Fungi, banda lá dos lados de Joinville – Santa Catarina, e que lança esse seu segundo álbum por um selo goiano. Vai lendo aí que você chega lá rapidinho, confia em mim!


# Fim da temporada das famosas listas de melhor disso e daquilo? Ainda não. Não sem antes Goiânia Rock News divulgar sua última classificação: a de melhores músicas desse ano que passou.

# # Depois das tabelas de melhores discos internacionais/nacionais, melhores shows em Goiânia Rock City e banda revelação, todos postados aqui mesmo nos últimos e moribundos suspiros do ano passado, segue o ranking das canções que fizeram de 2006 um ano melhor:

1º - Anna Molly – Light Grenades / Incubus
2° - Black Swan – The Eraser / Thom Yorke
3º - Hump the Bump – Stadium Arcadium / Red Hot Chili Peppers
4º - Supermassive Black Hole - Black Holes and Revelations / Muse
5º - Original Fire – Revelations / Audioslave
6º - Grupo de Extermínio de Aberrações – Tribunal Surdo / Violins
7º - Grass Is Greener - Enemies Like This / Radio 4
8º - Soraya By Starsex – EP Promo / Macaco Bong
9º - Don’t Feel Like Dancin’ – Tah Dah / Scissor Sisters
10º - Dance, Dance – From Under the Cork Three / Fall Out Boy
11º - Fluxo Beligerante –Estado Natural / Casa Bizantina
12º - Vivir En La Montaña – PicaSeso / Vudú
13º - Viscera Eyes – Amputechture / Mars Volta
14º - 99th Floor - Riot City Blues – Primal Scream
15º - Até o Amor Virar Poeira – Carrossel / Skank
16º - Ódio – Luxúria / Luxúria
17º - Mas Que Nada – Timeless / Sérgio Mendes & Black Eyed Peas
18º - Gueto – Meu Samba é Assim / Marcelo D2
19º - Rocks – Cê / Caetano Veloso
20º - Véio Máximo – Superguidis / Superguidis
21º - Deceit - Steep Trails / Ankla


# # # E antes que alguém pergunte: Não! Eu não acho Crazy, do Gnarls Barkley, grandes coisas (ela é até legalzinha, mas não girou mais que duas vezes no player aqui do pecê em 2006), e ainda que ocupe grande parte das melhores colocações nas listas descoladas da internet, ela não tem lugar nem nas 50 melhores do ano para o amigo aqui. Falei.


# Grupo de Extermínio de Aberrações, canção de Tribunal Surdo, próximo disco do Violins que será lançado depois do carnaval, já começa a causar polêmica. Quem conta a estória é o próprio Beto Cupertino – vocalista da banda – na comunidade da banda no Orkut:

Uma rádio de Goiânia se recusou a tocar Grupo de Extermínio após ouvir a canção.Ela estava no playlist pra ser tocada em um programa da rádio 97FM, mas quando os produtores ouviram a baixaria se recusaram a tocar, com medo de represálias.

Já nasceu sucesso.

Um viva ao ‘Grupo de Extermínio de Aberrações’,
colocando as rádios de cabelo em pé.


# # O tal programa, muito provavelmente, é o 97 Noise, apresentado pelo Fabrício Nobre e pelo Léo Razuk (ambos da Monstro Discos). A coisa toda, para quem não conhece a música, acontece por causa da ironia afiada e pontiaguda da letra, que afiança repetidas vezes na extensão de seus três minutos e pouco:

E eu garanto que seus filhos agradecem por crescer/
Sem ter que conviver/ Com bichas e michês/
Pretos na tevê/ Discípulos de Che/ E putas com HIV!


# # # Eu também garanto, viu...

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# Reino Fungi
Reino Fungi e o Clube do Chá Dançante

Allegro Discos – 2006

Bem à moda do rock sulista brasileiro, o Reino Fungi – grupo que abotoa seus terninhos lá em Joinville, Santa Catarina –, em O Clube do Chá Dançante, deita confortavelmente sua mistura de jovem guarda romântica com doses doces de uma psicodelia roqueira e ingênua, tudo temperado com versinhos bobos e pueris, mas que no contexto acabam funcionando muito bem. Não é pra quem procura novidade, é um talentoso re-processamento de todas aquelas coisas legais dos anos sessenta: Beatles, Kinks, Stones, Who, Roberto Carlos, Fevers, Os Incríveis, etc. Nos melhores momentos lembram a grande e extinta Vídeo Hits (a melhor das neo-jovemguardianas), e dão pistas de rock progressivo em Fechadura Sem Trinco, que combina referências como uma centrífuga louca, ecoando lembranças do prog bem humorado de Tudo Foi Feito Pelo Sol, dos Mutantes, com reminiscências do britpop adulto do Supergrass. Reino Fungi e o Clube do Chá Dançante foi lançado no final de 2006 pelo selo goiano Allegro Discos, e é distribuído nacionalmente pela Trama.

# # Curioso? Dá uma olhada aqui ó: http://www.reinofungi.com.br/


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# Pois então, como eu previa, Pinball, romance saboroso do polonês Jerzy Kosinski, correu rápido na frente dos olhos atentos e intrigados do blogueiro aqui. Patrick Domostroy, um decadente e outrora bem sucedido compositor erudito, e Andréa, uma jovem e atraente estudante de música, se associam para tentar descobrir a identidade de Goddard, um astro do rock que, a despeito do sucesso estrondoso, faz questão de permanecer incógnita. Domostroy passa a enviar cartas intrigantes e instigadoras endereçadas a Goddard, sempre assinadas por Andréa e postadas num envelope da Casa Branca. A trama, permeada por sutis e muito bem colocadas referências à música e ao mundo pop, se desenrola, presumidamente, no começo dos anos oitenta e faz várias referências à então recente maravilha tecnológica dos sintetizadores, que emulavam com “perfeição” a sonoridade de instrumentos de verdade, permitindo a um único músico apresentar-se com uma “banda completa”.

# # É uma muitíssimo bem elaborada estória sobre devoção à música, e a partir dela ensaia divagações acerca dos benefícios e prejuízos ocasionados pelo sucesso e pela celebridade. Pra quem, como o amigo aqui, é apaixonado por melodias e adora desperdiçar horas na frente de um livro, é uma ótima pedida.

# # # Toque do bróder e Inimigo do Rei, Eduardo Mesquita, que o blogueiro lesado aqui deixou passar em branco: Pinball – e todas as suas divertidíssimas 332 páginas –, encontra-se à venda por míseros dez dinheiros nas lojas do Carrefour, mais precisamente, segundo o colunista goiano da Dynamite, na loja sudoeste (é aquela da T-9? Se for, foi lá mesmo que eu adquiri minha cópia).

# # # # Falando no Eduardo, preciso dar mais uma dica aos leitores amigos: em seu blog (http://ogritodoinimigo.blogspot.com), sob o título: “Quem está certo é o Homero. Eu sou um idiota. Ainda sobre política.”, e com extensões estratégicas no Orkut, ele tem travado um debate acalorado com o povo rock da cidade sobre a possibilidade de um representante político, eleito pela mobilização dessa gente que trabalha e vive a cena independente em Goiânia. Lá tem tudo muito bem explicadinho: desde a primeiro querela oficial sobre o tema, nas plenárias que aconteceram no auditório da faculdade de direito da UFG, dentro da programação do último Bananada, onde o Segundo (chefão do selo Two Beers Or Not Two Beers) se posicionou radicalmente contra o envolvimento da cena em política partidária e representação política oficial, confrontando saudavelmente opiniões de gente como Pablo Kossa (jornalista e membro da cúpula da Fósforo Records), Márcio Júnior (Monstro Discos e nome cogitado para uma futura candidatura) e muitos outros. De lá pra cá a discussão está amadurecendo (apesar da reação feroz e vazia de alguns idiotas), e textos como o do Inimigo do Rei só ajudam a ilustrar que temos sim que ocupar espaços políticos, entender que estamos num momento em que a História cobra um passo mais largo e arriscado e que a compensação por tamanha ousadia pode ser aproveitada por todos, inclusive pela parcela dos indívíduos ocos e reclamões. Vai lá, dá uma lida com atenção e poste sua opinião nos comentários. Participe do debate, os resultados dele vão te atingir, podes crer.


# o grande LCD Soundsystem já tem um disco novo. O nome da obra é Sound of Silver e tem previsão de lançamento para março, mas já circula com desenvoltura pela rede mundial de computadores. Mesmo sem nenhum hit blockbuster da potência arrasadora de Daft Punk At Playing In My House, (do disco anterior, um apanhado de singles lançados na internet), Sound of Silver consegue equilibrar o LCD na lista dos notáveis do rock eletrônico (ou da eletrônica rock?). Mantras de pista, como Us vs Them e All My Friends , experimentos eletrônicos como Get Innocuous e a geográfica declaração de amor New Yorque I Love You – todos recheados de psicodelia contemporânea, beats espertíssimos e texturas espaciais –, vão garantir a vaga dessa bolachinha nos melhores clubes noturnos do ocidente – e no player do blogueiro – por um bom tempo.


# A Weekend In The City, novo do Bloc Party (prestes a ser ‘lançado’), não andava agradando os ouvidos do digitador aqui, mas tem melhorado alguns centímetros a cada nova audição. Deu pra descobrir algumas canções bem legais lá: The Prayer, que incrivelmente passaria fácil como um lado B dos novaiorquinos esquisitões do TV On The Radio, enquanto Hunting For Witches entrega um Bloc Party pronto para bombar pistas eletrônicas moderninhas planeta terra afora. É, ainda que beeem gradualmente, A Weekend In The City está conseguindo mais atenção do que a primeira ouvida sugeria.


# Viu que o corpo jurídico que assessora a musa Daniela Cicarelli conseguiu o que parecia impossível? Pois é, eles conseguiram bloquear o acesso de provedores brasileiros a um dos sites mais visitados de 2006, o essencial You Tube, que pertence ao grupo do poderoso Google. Tudo por causa daquele videoclipe indecente – que, eu bem sei, você assistiu esses tempos –, em que a longilínea apresentadora do Beija Sapo Mtv copulava despreocupadamente com seu namorado em uma das belas praias do país de Almodóvar.

# # Com era esperado, o bloqueio não foi longe, e às 14 horas de hoje, 09 de janeiro, o acesso já está novamente normalizado. Resta saber se a apresentadora vai continuar insistindo nessa luta agreste pela interdição do site de vídeos mais legal do planeta.

# # # De qualquer forma, pra quem acha que a ex do Ronaldo está se excedendo e deseja que ela sofra represálias por querer barrar o ingresso de todo um país a um sítio tão bacana, você não está só. Um site (na verdade um blog) se dispôs a ser arauto da indignação coletiva contra o repentino pudor da modelo. Vai lá e se junte a essa rede (hehehe): http://boicoteacicarelli.com/Esta


# Na quinta feira, dia 11 de janeiro, acontece no Omelete Rock Club a Noite do Vinil, evento realizado pelo DJ Öric com participação do blogueiro aqui, que vai se ocupar das picapes e botar o melhor do rock em bolachões pro povo dançar. Além da discotecagem do dono destas linhas brancas, e do fino set de black music do DJ Öric, o Ivan (ex-NEM) e o Zé (batera da Olhodepeixe) também prometem exigir muito dos músculos dançantes dos humanos que se fizerem presentes. Te vejo lá?

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Quem precisa dos Arctic Monkeys?


Macaco Bong
Foto Divulgação



Revelação da música independente em 2006, o trio cuiabano Macaco Bong – que percorreu grande parte do País, arrancando elogios com sua inventiva combinação de jazz e rock – acabou virando bróder do titular deste sítio escuro escrito com tinta branca, lá em Londrina, em novembro passado. Foi lá também que, depois de um almoço farturento, Bruno Cayapi, Ynaiã Bertholdo e Ney Hugo, mais o blogueiro aqui – que se encontravam hospedados no mesmo hotel – reuniram-se no quarto dos símios para um bate papo pra lá de descontraído. Um resumão da conversa está transcrito aí embaixo, me acompanha?


Hígor – Como começou a aventura instrumental do Macaco Bong?
Ynaiã Berthold –
Isso foi há dois anos. O Macaco derivou de uma outra banda que a gente tinha, chamada Dona Lua... eu conheci o Bruno [Cayapi, guitarrista do Macaco] num curso internacional de verão lá em Brasília, e foi lá que tivemos nosso primeiro contato com música instrumental. De tocar, de ouvir, de conhecer mais artistas.

Hígor – Que curso era esse?
Bruno Cayapi –
Era um curso da Escola de Música de Brasília, EMB. E é um curso voltado tanto pra música popular quanto pra erudita. A gente estudou, é claro, o popular. Não temos muito embasamento em música erudita, formação clássica... e é nêgo do mundo inteiro, estudando desde a viola caipira, todos os tipos de instrumento de metal, harpa, piano, guitarra... é tudo! Então você tem uma troca de tecnologia muito foda.

Hígor – Tiveram shows também?
Ynaiã –
Sim! Inclusive da vez que estudamos lá, nossos professores eram o Kiko Freitas [N. do E.: baterista gaúcho que já acompanhou gente como Nico Assumpção, Frank Gambale, João Bosco e Michel Legrand], Ney Conceição [baixista paraense, que já tocou com Sebastião Tapajós, Robertinho Silva e João Bosco], e o Nélson Faria [guitarrista mineiro, que emprestou seu talento para Tim Maia, João Bosco e Cássia Eller], todos eles do Nosso Trio. Mas já teve Arthur Maia, Toninho Horta...

Hígor – Mas e depois disso?
Ynaiã –
Voltando pra Cuiabá, eu já conhecia o trabalho do espaço Cubo, do qual o Cayapi já fazia parte. Aí, coincidentemente, o batera da Dona Lua estava vazando e o Cayapi me ligou e formamos o Macaco.

Hígor – A intenção estética inicial já era instrumental?
Cayapi –
Era! O Macaco começou a surgir no meio de um show do Dona Lua, onde a gente tocava Rancho e Soraya By Starsex. O Fabrício, do Chili Mostarda, tentou fazer parte cantando, mas foi uma catástrofe...
Ynaiã – Foi horrível! Fizemos um show com vocalista e nunca mais!
Cayapi – Na verdade, foi num show do Mechanics lá em Cuiabá. O primeiro show do Macaco.
Ynaiã – Depois desse show limamos o vocal de primeira. E era um quarteto também, com duas guitarras. Mas depois do festival Calango de 2005, o outro guitarrista e o baixista, que hoje são do Chilli Mostarda, saíram da banda e ficou só eu e o Bruno. Aí um mês antes de irmos pro Goiânia Noise (o Fabrício Nobre viu nosso show no Calango e gostou), conhecemos o Ney. Aí foram trinta dias de ensaios intensivos. Três dias antes de irmos pra Goiânia, a gente gravou a nossa promo, com três faixas que estão disponíveis na internet.
Ney Hugo – Nas prévias de 2005 me apresentei com uma banda extremamente forfun, que se reunia de vez em quando. Mas um cara muito louco, de uma outra banda, disse que uma das nossas músicas era plágio. E era uma música minha, que eu tinha passado pros caras da banda no final de semana anterior, num único ensaio. Aí fizeram uma matéria sobre a coisa toda, que saiu no site do festival. Mas contaram a estória deturpada e eu fiquei noiado. Como eu já gostava de escrever e tinha um blog, gastei uma tarde desconstruindo a matéria. Dei umas espetadas e tal. Daí um tempo, vi nos comments assim: “Pô véio, do caralho o seu texto! Quer vir trabalhar aqui no Cubo? Preciso de escritores. Pablo Capilé” (risos gerais)! E eu já estava bem antenado com o circuito independente, fiz questão de ir nos três dias de Calango, e escrevi sobre tudo aquilo que eu assiti. Passei a fazer matérias semanais sobre as bandas que se apresentavam no Calango Rock Bar e isso coincidiu com a saída dos outros dois integrantes do Macaco Bong, daí com a proximidade passamos a fazer um som. De tanto fazer um som, passamos a ensaiar. E o primeiro show foi no Goiânia Noise, com um baixo emprestado.
Ynaiã – O que eu vejo no Macaco com o Ney como baixista, é que se a gente exercer uma função dentro da música instrumental próxima daquele lance do Jaco [Pastorius], vai nos descaracterizar. Por que a gente já tem uma batera meio que imprevisível... A música pode estar em 4x4 e a batera em 6x8 na moral! A guitarra tem a função da voz, mistura a harmonia com a melodia consecutiva. No nosso caso, o baixo está mais pra Stu Hamn [baixista que já trabalhou com Steve Vai, Frank Gambale e Joe Satriani.] do que pra Jaco Pastorius. É mais o lance da condução, da respiração, porquê o resto já é muito solto. Mas sem acrobatismos, é um lance mais pensado em imagens e climas do que na música em si: desde o ambiente que está fechado e desmoronou, ao sexo que você está fazendo...

Hígor – Vocês disseram que conheceram a música instrumental nesse curso de verão em Brasília. Quais as referências que vocês tiraram desse curso?
Cayapi –
Ouvíamos muito Tribal Tech, essa vertente do rock e do metal progressivo. Dream Theater, Pain of Salvation, e algumas coisas do Liquid Tension Experiment. Chegando em Brasília nos deparamos com a música instrumental brasileira, que vem do frevo, do baião. Eu não tinha contato com isso. Desde pequeno que eu tive contato com violão, minha família sempre me influenciou com música brasileira, em casa sempre teve discos do Chico, Djavan, João Bosco, mas não era a minha onda. Depois que eu voltei de Brasília é que eu comecei a dar umas fuçadas nos vinis lá de casa e vi que só tinha pérola. Comecei a ouvir mais, e foi uma coisa que se caracterizou dentro do Macaco: a mistura de música brasileira em termos da harmonia dissonante, da melodia cromática, junto com a estética rock n’ roll. Vamos dizer que nós somos bi-sexuais da música (risos).

Hígor – E o que essa esponja musical bi-curious chamada Macaco Bong tem ouvido hoje em dia?
Ynaiã –
Como a gente também trabalha com produção de algumas bandas, a gente ouve muita coisa pra fazer os trabalhos. Mas como pesquisa pro Macaco, eu tenho procurado ouvir bastante música eletrônica – a gente tem essa vontade de transpor a eletrônica pro instrumento orgânico –, e jazz, que é a parada em que eu estou buscando mais referências, na concepção das linhas de bateria. Ornette Coleman, Art Blakey, Herbie Hancock... putz, é muita coisa. Eu tenho umas coleções de jazz e blues em casa, herança do meu pai, que são fonte de inspiração pro resto da minha vida (risos).

Hígor – E de rock?
Ynaiã –
Cara, e de rock eu só tenho escutado os trampos que a gente vem produzindo. Mas Pantera é uma banda que eu gosto muito; o Death eu também acho do caralho, às vezes tenho que fazer uns trampos pedreira lá em Cuiabá e coloco uns discos do Death no som e fico o dia inteiro ralando.
Cayapi – A minha estória com o rock começou no grunge: Pearl Jam Alice in Chains, Nirvana – que eu considero punk, e não grunge... acho uma das bandas mais foda que já existiu... O Kurt foi o cara que me fez sentir vontade de tocar guitarra. Ele estava muito à frente dessa coisa de técnica e feeling... é como se [a guitarra dele] fosse um vocalista.
Ynaiã – A gente veio de lados diferentes , mas caminhando junto no tempo, e fomos nos encontrar num ponto em que estávamos mudando esse nosso conceito musical. Foi Brasília que nos mostrou esse outro lado da música.
Cayapi – Depois teve a safra né, Metallica, Pantera e Sepultura, quando tinha uns 12 anos. Aí conheci Slayer e fudeu tudo! Daí só as podreiras: Obituary, Nuclear Assault... foi aí que tudo começou na verdade. Nos ensaios do Dona Lua a gente sempre passava umas músicas do Deicide, do Death... Depois, já envolvido com o Espaço Cubo, conheci o Douglas Godói, batera do Vanguart, que na época tinha uma banda de acid jazz chamada Papo Amarelo, que era na onda do Jamiroquai, Ed Motta, essas coisas. Assim comecei a me inserir nesse meio do jazz, música brasileira. Nesse processo conheci o Ebinho Cardoso [N. do E.:músico cuiabano, reconhecido mundialmente como revelação do contra-baixo] também, que criou um método de aplicação de harmonia para baixo de seis cordas. Com ele comecei a entender mais como compor, como arranjar, como timbrar...

Hígor – E dessa cena de rock independente em que vocês estão inseridos, tem alguma – ou algumas – banda que vocês realmente gostam, gastam tempo escutando e se emocionam?
Ynaiã –
Tem muita banda foda cara! Uma é a Madame Saatan. Ontem eu escutei uma banda do caralho aqui [em Londrina, no festival Demo Sul] que é a Mudcracks. Pô e de Goiânia né, MqN é muito bom! Superguidis, Los Porongas... cara, tem muita banda.
Cayapi – Los Porongas, Mezatrio... De Goiânia, o MqN, Violins, Rockfellers... Gosto de umas bandas que a gente está produzindo lá em Cuiabá, o Asthenia, o Cláudia’s Parachute, as meninas do Lazy Moon tem umas coisas bem legais. O Nicles lá do Acre, que é uma coisa meio Doors...
Ney – Escutar com prazer mesmo? Superguidis... Los Porongas, até pelo trabalho com as letras, que trata poeticamente o lance da floresta. Na Bahia tem o Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta; tem o Parafusa, de Recife; o Vanguart de Cuiabá... com certeza tem outras várias, mas eu não vou conseguir lembrar agora. Se eu pegasse os festivais que a gente viu, daria pra fazer uma lista legal.

*

# Já se passaram as todas as adoráveis festas de fim de ano. A pergunta que não quer calar agora, passa a ser: “E no carnaval, vai fazer o quê?”

# # Grito Rock?

# # # Então, inté!