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quarta-feira, maio 30, 2007

Banana Com Canela!

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Sábado:

Um pagode no Bananada! Eu não tava acreditando, mas em algum lugar estava rolando uma roda de pagode. No meio da barulheira elétrica que escapava do teatro dava para distinguir o baticum afro-decadente. Me levantei da mureta, dei o último gole na coca-cola, joguei longe a lata e fui investigar. Atravessei o pátio lotado de adolescentes de preto e, seguindo o som, fui parar no bar. Pablo Kossa, crooner dramático do Chapéu, Cerveja e Frustrações, puxava o samba que reunia algumas dúzias de humanos empolgados pelo nonsense e pela birita. Entendi tudo.


Enquanto isso, dentro do teatro Yguá, o Mestre Laurentino – o tiozinho de 82 anos do Coletivo Rádio Cipó – invadia o palco e roubava as atenções no show da Motherfish. A platéia, até então apática, porém atenciosa, passou à ovação zoológica, se divertindo com a performance do pop-star octogenário e relegando a apresentação do Motherfish à condição de coadjuvante do freak-show.

Depois desse mashup involuntário (pelo menos pra Motherfish), a pernambucana Vamoz! me deu um descanso pro mistão de hamburger da noite: Vocês não conseguiram um baixista? Ok, quando arranjarem um, (não) me avisem.

Já o show do Udora foi o protagonista do primeiro daqueles temas que martelavam minha cabeça lá no post passado, lembra?


Udora
Foto: www.e-mitocondria.com.br

A nova (terceira) fase da banda, que soa como uma tentativa de emplacar na trilha-sonora da próxima temporada de Malhação, não poderia ficar mais deslocada e vulgar, espremida nos mesmos quarenta minutos em que as músicas dos maravilhosos primeiros discos, ainda em inglês e sem apelações desonestas.

Abriram a apresentação espertamente com Fade Away, primeiro single do amado Liberty Square, e colaram Pieces bem na seqüência. Com a platéia conquistada, começaram a enumerar os excrementos que essa nova formação quer que engulamos. Se o Gustavo Drummond quer mesmo impor seu novo, err, “repertório”, devia abandonar seu passado, por que enquanto misturar coisas chulas como Guerrilheiro Só e Por que Não Tentar de Novo, com glórias pretéritas da categoria de Burn My Hand e Drain (encadeadas maravilhosamente no show), 4D e Beautiful Game, vai estar sujeito às comparações desfavoráveis que tanto o incomodam.

Portanto, diante de tanta contradição decretei: o Udora fez o melhor e o pior show do festival. Parecia duas bandas diferentes ocupando os mesmos corpos, mesmos instrumentos e mesmo palco. Impressionante!


Lá atrás, no começo da noite, já haviam se apresentado as locais Chapéu Cerveja e Frustrações, e Envy Hearts, além da amazonense Mezatrio.

O quarto show da noite foi da 2Fuzz – velha conhecida do blog –, que está lançando seu segundo disco, Límen, e desembarcou em Goiânia pela primeira vez. Misturando as novas canções com outras da sua estréia em disco, Amousía de 2005, os cearenses tramaram bem suas explosões guitarreiras, inspiradas no grunge e no pós-tudo desse novo milênio (que começou em 1997), arrancando aplausos entusiasmados da multidão que começava a se formar.


Seguindo, a Black Drawing Chalks sacudiu suas cabeleiras no palco do teatro Pyguá, antes da Pública despertar sua receita bretã de rock com pianos. O quinteto que chamou a atenção de boa parte da crítica no ano passado com Polaris, primeiro disco dos guris, fez com que centenas se enternecessem com as melodias tristemente juvenis, carregadas de uma lisergia branda e amistosa. Destaque para o ótimo single Long Plays, que evoca Arnaldo Baptista, Brian Wilson e John Lennon. Com sotaque gaúcho!


Antes de o Mestre Laurentino roubar a cena no show do Motherfish (lembra?), a carioca Rockz se valia de toda a modernidade roqueira dos novos tempos e botava o povo pra dançar com suas canções frenéticas e inspiradas no rock fashionista de Franz Ferdinand e Arctic Monkeys.



Born A Lion

Voltando lá pro fim da noite, era a vez dos Born A Lion. Se valendo, involuntariamente e a priori, da curiosidade gratuita e idiota que os brasileiros nutrem por estrangeiros, os colegas lotaram a arena do Yguá. Poderia emendar aqui uma piadinha de português, para ilustrar o meu estado de espírito, e dizer que o caldo psicodélico negro dos lusitanos não justificou tamanha atenção antecipada. Mas não, não vou dizer. Estão falando por aí que o trio joaquim é a última bolacha do pacote e eu, que acho o contrário, vou ficar mesmo é calado.


Antes do MqN novamente incendiar a massa, os Trissônicos tentaram despentear a poesia e fizeram o show inofensivo de sempre.


Depois do MqN novamente incendiar a massa, a “headliner” Valentina não conseguiu segurar a grande maioria dos exaustos, e fez a última apresentação da noite entornando seu mix de guitarras furiosas com androginia performática para uma platéia esquálida, enquanto eu procurava pelas chaves de casa na mochila, angustiado por algumas horas de sono.


Pra você, boa noite.

sábado, maio 26, 2007

"Rock n' Roll é Bom pra Mim!"

Diego de Moraes
fotos: e-mitocondria.com.br


Na madrugada do domingo, voltando para casa depois de finda mais uma edição do Bananada, fumando o último cigarro e pensando no que havia acontecido nas noites dos últimos três dias, alguns temas dominavam meus pensamentos.

O primeiro deles: o melhor e o pior show do festival haviam sido, pasmem, o mesmo! Misturados pela mesma banda em quarenta minutos de extremos opostos.

Segundo: se no Bananada do ano passado o sucesso do novo formato, que coloca bandas locais como headliners, foi retumbante, esse ano a coisa não foi assim tão boa. Os teatros ainda receberam um público razoável no último show de cada noite, mas nada comparado àquela apoteose hiperbólica de MqN, Violins e Rollin Chamas, que fecharam os três dias da edição 2006.

E ano que vem? Quem vai ter cacife para fechar o Bananada? Ou o jeito vai ser mesmo - solução pra lá de razoável - repetir figurinha?


Terceiro: caralho, como é bom aquele misto gigante! Principalmente o de hamburger (de hamburger!!) – que era servido com duas carnes e uma boa porção de queijo –, devorado perto do final da noite, acompanhado da onipresente coca-cola (que no caso era pepsi mesmo), e, após ingerido, coberto com um belo e reconfortante capuccino quente com chantilly. Esperava ansiosamente por uma banda ruim no final da noite, para gastar meia hora tranqüila na barraca do Café Não-Sei-O-Quê.


Joguei o cigarro fora enquanto enfiava a chave na porta de casa, dei duas voltas, entrei e joguei a mochila no sofá, rastejei até o quarto e me deitei quase ouvindo a voz da mamãe (que morreu há dez anos) me mandando levantar e escovar os dentes antes de dormir.


***** **** *** ** *


Entrei no Martim Cererê depois de ser revistado com desconfiança pelo trio de (in)seguranças, e descobri que pela primeira vez na vida havia chegado no festival antes dele começar de fato. Fui conversar com o pessoal, tomar uma cerveja e esperar pelo show do Diego de Moraes, que eu já havia visto numa festa da revista Decibélica e nuns vídeos do Youtube.

Duas latinhas e muitas risadas depois, as portas do teatro Pyguá foram descerradas, abrindo oficialmente, com discurso do Fabrício Nobre, o Bananada 2007.

O Diego de Moraes, dessa vez ancorado por uma banda (da outra vez era apenas ele e seu violão), engatou seu espetáculo estrambótico de jovem-guarda de protesto e rock punk involuntariamente concretista para uma sala bem freqüentada, mas não cheia. Muita gente “importante” tem falado no Diego, desde os últimos meses do ano passado, e o garoto tem mesmo muita coisa pra dizer, ainda que aparentemente esteja meio perdido dentro desse “novo mundo”. Já dizia o Décio Pignatari:

A novidade, novidade do material

e do procedimento, é indispensável

a toda obra poética.

E se o trovador-caipira-indie de Senador Canedo tem um viço lírico forte, e uma verve musical das mais viscerais (na falta de um adjetivo melhorzinho), tem que tomar muito cuidado para não se prender ao panfletarismo discursivo chato e minimalista, que ocupou praticamente todos os intervalos das músicas do show. De resto, as boas canções, cheias de peçonha e intenção, ainda precisam se entender com a tosquidão dos vocais.


Monno

Depois do rock grave do Golsfish Memories e dos candangos sensíveis do Watson, a mineira Monno ocupou o tablado do teatro Yguá e fez o melhor show da noite. As melodias derramadas, os porres instrumentais, a tristeza escondida por entre as camadas de guitarra, enfim, todos os adoráveis clichês que quando associados com talento nunca erram, estavam lá e aglomeraram o público que começava a crescer. Qualquer comparação com os conterrâneos do Valv, não é mera coincidência. O único EP do grupo, que conta com sete canções, dentre elas as prediletas #1, e Lugar Algum, está inteiro disponível no site da turma: www.monno.com.br

Avançando algumas horas noite adentro, o Coletivo Rádio Cipó pôs abaixo a cúpula acústica do teatro Pyguá, onde a massa disforme de carne suada se debatia satisfeita sob regência de Mestre Laurentino e Ruy Montalvão. O mistifório de dub, rock e regionalismos nortenhos pode soar, assim descrito, como tantos engodos de “resgate cultural moderninho” espalhados pelo território nacional, mas a receita dos paraenses, incrivelmente, funciona. É claro que muita da atenção dispensada ao grupo é culpa da excentricidade de Mestre Laurentino, que aos oitenta e dois anos, ocupa o tablado com uma presença de palco tão alcoólica e elétrica que causaria arrepios de inveja da grossa em Keef Richards.



Mestre Laurentino

Depois do show, fui falar com o tio. Deu pra sacar que ele já está escolado nessa de popstar, de impressionar as massas, por que foi só ligar o gravador que ele tomou a "entrevista" para si, engatou o piloto automático e, entre um gole e outro de vinho barato, declamou em alto e bom som o release decorado:

Meu nome verdadeiro é João Laurentino da Silva, mas na música sou conhecido como Mestre Laurentino. Sou reconhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil e do mundo. Em São Paulo , no Ibirapuera, eu já me apresentei com a minha banda, a Coletivo Rádio Cipó, onde estou desde o começo. Fui sucesso , me apresentei no Acre, na França, Goiânia, Rio Grande do Norte, Martinica, Ceará. Fizemos agora outra filmagem pra Inglaterra e fomos convidados pra Espanha e pra Portugal. Agora o pessoal da América quer me levar pra lá, mas eu tô escabrunhado porque aquela música ‘Lourinha Americana’, eu fiz pra sacanear com os americanos. O americano não gosta do negro né? E agora querem me levar pra lá pra gravar música comigo (risos).

Achei a rapaziada de Goiânia bacana. Me acolheram muito bem, é uma recordação que eu guardo dentro do meu coração. Em todo lugar que vou, eu sou muito bem recebido, com todo amor e carinho.

A minha bebida é vinho, meu filho. O vinho me dá saúde e a felicidade que eu tenho pra todos vocês. Sigam o caminho de vocês na música, pra vocês serem feliz (sic).


Lá atrás no relógio, já haviam se apresentado o punk cru do Sangue Seco, a barulheira pretensiosa e diáfana do Dell O Max, o show de humor sem graça da Dimitri Pellz, a expiação sanitizada do Barfly, a inventividade estéril da carioca Super Hi-Fi e o hardcore telúrico dos pernambucanos quase, do Devotos.

Depois do Coletivo Rádio Cipó calar suas rimas, blips e tóins, a Shakemakers acendeu a massa na sala ao lado, transformando o teatro Yguá em pista de dança. O rock clássico, básico e desbundado do quarteto de veteranos, ainda contou com participação especial de Lucas Cão, guitarrista da perna quebrada, e explodiu em êxtase no hit local Rock n’ Roll É Bom pra Mim!. Suor, muito suor.



Violins



Na seqüência veio o Violins com o show que divulga o ótimo e recém-lançado Tribunal Surdo. A luz mortiça que agasalhava a banda de frente para a arena lotada, combinou bem com as atmosferas noturnas e nefastas que permeiam as canções do novo disco, repletas de violência, insanidade e bizarrice. Depois de Anti-Herói pt.1 e Grupo de Extermínio de Aberrações, presentearam os fãs mais veteranos com Perfume, do primeiro EP, Wake Up and Dream, e com a nova versão de Glória (do track list de Grandes Infiéis) presente nas Rocklab Sessions, registradas no estúdio de mesmo nome e de propriedade do alardeado coffe master Gustavo Vasquez, baixista do MqN.


E para dar um fim ao começo, a apresentação caótica (no bom e no mau sentido) dos Mechanics, que agruparam as últimas centenas de exauridos e obstinados humanos, prolongando os decibéis até mais tarde, mas...

Nessa, eu já tava em outra!

Boa noite.

***** **** *** ** *

Depois falo mais.

Inté!

terça-feira, maio 22, 2007

Extremos Opostos


Udora
Foto: http://www.e-mitocondria.com.br/



# Nos últimos dois dias o Bananada seguiu dos mais saudáveis e vigorosos. No sábado as dependências do Martim Cererê ficaram abarrotadas de humanos urbanos de todas as espécies. No domingo a coisa não foi tão selvagem, mas ainda assim algumas boas centenas de insistentes se divertiram bastante com o barulho ininterrupto.

# # Os shows mais legais do sábado ficaram por conta da cearense 2Fuzz, da gaúcha Pública e da carioca Rockz, cada uma situada num espectro musical beeem diferente da outra. Mas ainda deu pra gostar da psicodelia noturna e pesada dos colegas lusos do Born a Lion e da sempre catártica apresentação do MqN.

# # # Fora isso teve o Udora. Esse show me deixou confuso, saí do teatro com a impressão de ter visto o melhor e o pior show do festival, misturado pela mesma banda em quarenta minutos de extremos opostos. No texto que em breve entra aqui eu explico direito.

# # # # No domingo a coisa já começou fina, com os grooves roqueiros do Dom Casamata & a Comunidade, trio instrumental que carrega nas tintas do psicodelismo e da música brasileira, descambou bem pra desgraceira engraçadinha do Galinha Preta, passeou frenética pelo instrumental agressivo e exato da Elma, e pelo rock humorista do Graforréia Xilarmônica.


# Vou ter que mudar um pouco de assunto pra dizer que já estão abertas, a partir de hoje, as inscrições de bandas para o Compacto ReC, projeto da Fora do Eixo que tem como objetivo integrar as várias partes do país numa rede de comunicação independente, forte e atuante. O negócio é o seguinte: são quase quarenta sites especializados em cultura pop espalhados pelo País, cobrindo suas cenas e tal, um pessoal tipo o blog aqui, o Urbanaque, o Coletivo Palafita do Amapá, a Dynamite, a Popload do Lúcio Ribeiro, os loucos do Loaded E-Zine, o colega Eduardo Mesquita, enfim, uma pá de gente boa . A idéia maluca dos bródis cuiabanos é de integrar esse pessoal todo em ações conjuntas. O Compacto ReC é a primeira dessas ações, e vai passar a disponibilizar quinzenalmente e simultaneamente nos quase quarenta portais, um single virtual das mais representativas bandas dessa nova música brasileira. A manobra teve seu momento de experimentação no mês passado, com o lançamento nacional de Gotas em Caos, da paraense Madame Saatan, que teve lugar também aqui no blog.

# # Para as bandas interessadas em participar, é só enviar proposta para compactorec@gmail.com. A curadoria está nas mãos de jornalistas e produtores espalhados pelo Brasil, e no final do ano será lançada uma compilação com os grupos participantes do projeto.



# Tem muita coisa pra contar ainda, mas por hoje é só.


Vou ali e volto já.

sábado, maio 19, 2007

Depois te conto...

# Passada rápida, antes de retornar ao cenário clássico da segunda noite de mais um Bananada. O texto largo e detalhado sobre o festival entra aqui em breve.

# # Ontem, na noite de abertura da festa, quem chamou mais a atenção mesmo foi a Monno, lá de Bê-Agá, que chora suas melodias delicadas, porém barulhentas, alternando a docilidade com intensas explosões instrumentais, bem à moda do rock dos adorados anos noventa, tudo temperado com borrifadas discretas daquele post rock europeu de Sigur Rós e afins.

# # # O Coletivo Rádio Cipó, banda que nasceu de um núcleo de pesquisa de sonoridades com equipamentos caseiros lá em Belém do Pará, arrancou a reação mais insanamente acalorada do público dessa primeira noite de festival, culpa da presença de palco alcoólica e saltitante de Mestre Laurentino, um dos vocalistas do grupo, que conta exatos oitenta e dois verões na certidão de nascimento. Nenhum a menos. O blog conversou com o ancião e já já bota tudo aqui na tela.

# # # # Ah, o CRC faz uma mistureira louca de ragga, rock, carimbó e groove, com flertes fortes com o dub. E Funciona!!


# Abrindo a noite, a revelação de Senador Canedo, interior de Goiás, Diego de Moraes ganhou aplausos entusiasmados do teatro que se enchia aos poucos. Com um lirismo corrosivo e referências de responsa (dá pra sacar um apreço especial por Sérgio Sampaio e Walter Franco nas canções do rapaz), o nosso Raul Seixas indie provou que pode ser muito mais do que isso. Com a banda de apoio de escolta, o garoto se revelou mais à vontade, se ocupando do palco e das atenções e, apesar de uma certa tosquidão vocal que ainda deve ser polida, conseguiu manter o teatro cheio até o final. E Viva o Canedão!

# # Enquanto não descolo os vídeos dos shows do festival, vou deixar aqui um filminho do Diego de Moraes se apresentando no Festival de MPB do Sesi, em que foi classificado em terceiro lugar com a Música Todo Dia, que procura irritar profundamente todo mundo que a ouve. Play aí você também:



Vou ali no Bananada ver o Udora, o 2Fuzz, o Pública, o Born a Lion e o MqN. Depois te conto.

quinta-feira, maio 17, 2007

Vídeos Incríveis!

Bananada: Goiânia é Rock!

# Post total vídeo, bem didático:

# # Amanhã, como todos sabem, será o primeiro dia do Bananada 2007, a melhor festa rock de Goiânia da primeira metade do ano. Como comentado fartamente nesses últimos dias, estou curioso pra ver algumas bandas pela primeira vez, louco para rever outras e apostando em qual será a revelação desta edição do festival.

# # Erga-te, o filme representado pelo seu digníssimo trailer aí embaixo e dirigido pelo Felipe Ferreira, conta a história do Graforréia Xilarmônica, clássica formação gaúcha daquele rock inteligente e humorista do fim dos anos oitenta. A banda acabou no ano dois mil, mas em dois mil e cinco ressurgiu das cinzas, gravou um álbum pelo Senhor F Discos, passeou por festivais País afora – inclusive pelo Calango, em Cuiabá –, e no próximo domingo protagonizará a apresentação mais concorrida do dia.

# # # Para assistir ao filme na íntegra, que está dividido em sete partes, você clica no link e se ajeita na cadeira: http://youtube.com/results?search_query=%22Erga-te%2C+Graforr%C3%A9ia+Xilarm%C3%B4nica%22&search=Search

# Nesse outro filminho, o amigo leitor pode dar uma olhada (ou lembrada) em como foi o show do Johnny Suxxx n’ the Fucking Boys no Goiânia Noise do ano passado, e se preparar para a farra dominical. Qual é mesmo o nome da música Lombardi???

# # E nesse outro aqui dá pra sentir um pouquinho da descomunal catarse que foi o show dos Rollin’ Chamas que fechou gloriosamente o Bananada do ano passado. Com direito à apresentação pelo Fabrício Nobre, coro da massa suada e palco com a lotação esgotadíssima.


# # # Em singela homenagem do blog à visita do santo padre do Vaticano ao Brasil, a canção escolhida não poderia ser outra: O Papa tá com aids (?!)



Já volto com mais videozinhos legais como esses.

sábado, maio 12, 2007

Carnaval da farofa!




# Post rápido de sábado pré-churrasco com os amigos.


# # Duas bandas, tão díspares quanto ótimas, ocuparam a titularidade dos music players do blog durante essa semana que termina:

# # # A primeira é a Primal Scream, que (re)balançou os neurônios do amigo aqui com os beats e noises insanos do chapanteXTRMNTR, lançado no começo do ano dois mil. Dele, vai aí embaixo o vídeo-clipe neo-psicodélico do balaço Kill All Hippies, que ordena movimento às articulações de qualquer humano esperto. Desse disco cheio de coisa boa, ainda dá pra destacar a bailarina e hipnótica Accelerator e a frenética Swastika Eyes, confere? Então aperte o play e ensaie uma requebrada psycho você também, aí na cadeira, vai:




# # # # E pra fechar o boteco e e rumar para uma tarde agradável no campo, na companhia dos amigos e dos meus discos, deixo procês aí embaixo um trechinho do Carnival of Sins, devedê supimpa dos farofeiros mais legais da história (depois do Aerosmith, é claro!). Trata-se do clássico Dr. Feelgood, do grande Motley Crue, que embalou momentos bem divertidos do blogueiro nesses últimos dias. Deixe a vergonha de lado, afaste os móveis e capricha na coreografia:




# Gostou?


# # Ah, e mudando de assunto, atenção para o prodígio indie local chamado Diego de Moraes, oriundo lá de Senador Canedo, "interior" de Goiás e que tem o Raul Seixas, o Jorge Ben e o Bob Dylan correndo nas veias. Conhece né?

# # # # Não?

# # # # Falo mais sobre o rapaz aqui no blog na semana que vem, combinado?


Vou ali e volto na segunda!

terça-feira, maio 08, 2007

I’ve Got The Power!!


Gente bonita e clima de paquera na pista de dança do show do Pedra 70
Foto: Érika Teka



# No dia 10 de junho, Goiânia Rock News ocupa as dependências do Bolshoi, e oferece o palco do Pub para o Violins e para a Olhodepeixe comandarem a festa. Nessa noitada o blog mais rock do Brasil Central completa oito meses de atividade, reportando para o mundo o quê de melhor acontece em Goiânia Rock City, sempre atento à intensa movimentação musical que ocorre no Brasil e em todo o ocidente.

# # Na folia serão bem vindos todos os leitores e seus distintos acompanhantes, que poderão conferir as apresentações sempre especiais de duas das melhores e mais promissoras bandas da cidade, além de rebolar o rabinho ao som dos maiores hits do verão, no DJ Set deste amigo digitador aqui. Tudo isso pela módica quantia de dez notas de um real, ou cinco de dois, ou duas de cinco, ou ainda umazinha só de R$10,00.

# # # Logo, logo os flyers da farra estarão passando de mão em mão e poluindo o chão dos eventos mais bacanas que acontecem de hoje até lá, em Goiânia. No mais, as novidades vão aparecendo aqui na tela do blog.


# Daqui a pouco (duas semaninhas) começa o Bananada, festival goiano dos mais legais e que desde o ano passado passou a dar mais atenção à produção roqueira local. Pra ir esquentando as turbinas do pessoal que conta os dias para o início dos festejos, e para conceder um consolo mínimo para quem não poderá se fazer presente no Martim Cererê a partir do dia dezoito, o blog vai postar aqui alguns bons momentos das bandas que farão a alegria das milhares de almas sedentas por barulho, que sempre lotam aquelas duas cúpulas de concreto.

# # Para abrir os trabalhos, segue mais uma das Fora da Lei Sessions, que, como você sabe, são recortes áudio-visuais do quê de mais interessante passa pelos palcos da cidade. Aí embaixo você assiste um pouquinho do show do Dom Casamata e a Comunidade, o incrível trio instrumental composto pelo Zé Junqueira (baterista da Olhodepeixe), pelo Caio Stuart (músico que sabe abusar dos efeitos psicodélicos em sua guitarra e que perambulava por bandas de reggae da capital) e pelo John Walter (antigo baixista da Murder, extinta banda de rap-core da cidade). Play aí!



# No sábado passado aconteceu no palco do Martim Cererê a prévia do Calango, evento que selecionou algumas das bandas que integrarão o line up do festival cuiabano. O resualtado final está listado aí embaixo, e em agosto as bandas vencedoras embarcam suas guitarras e cabeleiras para apavorar na capital do Mato-Grosso. Segue aí:

Unchronics - 60 votos
Johnny e Alfredo e seus
Neurônios Mongóis - 54 votos
Pelúcias - 40 votos
Perfect Violence - 39 votos
Woolloonggabbas - 38 votos
Milena - 37 votos
Suckmind - 35 votos
Goldfish Memories - 31 votos
Magna Vis - 28 votos
Actemia - 7 votos



Pedra 70 private em ação
Foto: Érika Teka


# # Também no sábado passado, o grande Pedra 70 regeu uma festa temática private lá no setor Jaó, repleta de humanos fantasiados de hippies e hippies fantasiados de humanos. Antes de seguir pra lá, o blogueiro aqui cumpriu uma missão de amigo véio, e teve que aportar na casa do Gabriel Lyra, bróder de longa data que encanou de fazer uma festona justamente no mesmo dia que tanta coisa legal acontecia na cidade. Pois bem, entre uma cerveja e outra, juro que degustei umas boas centenas de gramas da maciez sanguinolenta da picanha mal passada (o Gabriel cometeu a hipérbole insana de adquirir TRINTA QUILOS da iguaria) que era oferecida aos convidados.

# # # Depois da orgia gastronômica, rumei para o show mais bicho-grilo da noite, onde estavam os tais humanos e hippies. Antes que as guitarras começassem a falar, o Ângelo Martorelli, dos White Funky Boys, comandava os cdjs, balançando a pista com doses fartas de samba-rock e grooves correlatos. Perto das duas da manhã a banda ocupa o tablado e palheta suas releituras psicodélicas de gemas do nosso rock de outros tempos, mesclando as versões às suas primeiras composições próprias, feitas do mesmo material de seus inspiradores: um olhar atual por sobre a estética adorável daquele rock básico tão característico dos anos setenta.

# # # # Depois de findo o espetáculo revivalista, a Bebel Roriz (Meninas do Rock) assumiu o gerência do som, comandando a pista por cerca de uma hora, logo antes desse amigo escriba aqui (a essa altura já completamente embriagado) tomar a frente e cometer o set mais despreocupado (bêbado?) da noite, que fez sair das caixas de som incríveis misturas: Oingo Boingo com Gossip, Guns N’ Roses com A-Ha, Scissor Sisters com Duran Duran, e até Van Halen com Snap. Pode?


# # # # # I’ve Got The Power!!

quinta-feira, maio 03, 2007

Apenas mais quatro dias...

Johnny Suxxx & the Fucking Boys
Foto: Bernardo Borghetti


Feriado prolongado caseiro, com visitas amigas, peixe e churrasco, cerveja belga, nenhuma badalação e, quase no fim da folga, uma péssima notícia. Dona Benedita, minha avó, morreu.

****** **** *** ** *

# O Johnny Suxxx & the Fucking Boys disponibilizou uma prévia de Make Up and Dream, disco que faz comédia com o nome primeiro EP do Violins, o Wake Up and Dream, e deve conhecer a luz do mercado em brevíssimo. Essa amostra é composta por quatro canções das boas, cheias de guitarras rascantes, canalhice hard-rock e feeling auto-destrutivo. As quatro músicas você pode escutar e adquirir na página do grupo no MySpace. Essa aqui ó: http://myspace.com/johnnysuxxx


# O MqN, que na segunda feira passada ocupou, aqui em Goiânia, o palco da Hora do Rock, ao lado da Bang Bang Babies, lá no República Studio, está de saída para um rolé pelo Brasil. A partir de amanhã o quarteto mais candente do novo rock nacional inicia uma série de shows pelo nordeste. Depois de 4 apresentações voltam pra Goiânia, para o Bananada, em seguida fogem para o sudeste, retornam ao centro-oeste e , por fim, sobem para o norte do país. Em Goiânia, Bê-Agá e São Paulo, o MqN se acompanhará do grupo lusitano Born A Lion. Confere aí:

"NEM TENTE FUGIR, BABY! EU ESMAGAREI SEUS OSSOS!"
04/05 - Superdrive - órbita bar - Fortaleza - CE
04/05 - Prévia Ponto.CE - Hey Ho Rock Bar - Fortaleza - CE
05/05 - Festival MADA 2007 - Arena do Imirá - Natal - RN
06/05 - Lançamento do CD da Vamoz - Down Town Pub - Recife - PE
19/05 - Festival BANANADA 2007 - Martim Cererê - Goiânia - GO
23/05 - Tour MQN + Born A Lion - Bolshoi Pub - Goiânia - GO
24/05 - Tour MQN + Born A Lion - A Obra - Belo Horizonte - MG
25/05 - Tour MQN + Born A Lion - CB Bar - São Paulo - SP
26/05 - Tour MQN + Born A Lion - Inferno Club - São Paulo - SP
09/06 - Festa Fora do Eixo - Casa Fora do Eixo - Cuiabá - MT
28/06 - Noitada Monstro com Relespública - Bolshoi Pub - Goiânia - GO
06/07 - PMW Festival - Parque Cesamar - Palmas - TO
28/07 - Festa do Casarão - Casarão - Porto Velho - RO


# # E por falar em MqN, a versão em vinil do último single das Fuck CD Sessions, Cobra, está encartado na última edição da revista Decibélica e pode ser adquirido em qualquer banca de revista de Goiânia. Nesse sexto, e comemorativo, número da revista, o MqN é a estrela da capa e de uma extensa matéria assinada pelo mítico Fernando Rosa, jornalista editor do site/selo/agência de notícias Senhor F.

# # # Pra quem não é de Goiânia e quer o vinilzinho na sua coleção, vai lá no site da Monstro Discos que eles ajeitam a coisa pra você: www.monstrodiscos.com.br

# # # # Nessa mesma edição da Decibélica, como já cansei de escrever aqui, tem também uma longa e saborosa entrevista que fiz com o Violins, no apagar das luzes da gravação do disco novo, o empolgante Tribunal Surdo. Se você não tem a revista em mãos e quer conferir o papo, clica no link aí embaixo que ele te leva pra coluna que assino no portal da Dynamite, a Fora do Eixo. A entrevista está dividida em duas partes, nas últimas colunas.
http://www.dynamite.com.br/portal/view_coluna_action.cfm?id_colunista=32&id_show=1228


# No próximo sábado, lá no Refúgio, o Pedra 70 oferece mais um de seus shows repletos de nostalgia roqueira nacional, onde recria com muita personalidade os clássicos do rock brasileiro feito nas décadas de sessenta e setenta. Coisas tipo Mutantes, Tutti-Frutti, Gal Costa (daquela adorável e radicalíssima fase psicodélica), Casa das Máquinas, Som Nosso de Cada Dia, enfim, todas aquelas bandas que incendiavam os humanos loucos de ácido aqui no Brasil. A festa é temática (exige-se traje característico dos anos 70, aquela coisa hippie, você bem sabe) e só existem cento e cinqüenta ingressos disponíveis para a noitada. Se você quiser “colar” lá, clica nesse link aí embaixo e se organize.
http://orefugiojao.spaces.live.com/

# # Além do sempre empolgante show do Pedra, a pista de dança fica por conta das discotecagens espertas da Bebel Roriz (Meninas do Rock) e do Ângelo Martorelli (White Funky Boys), que dividem as atenções com o dj set deste blogueiro amigo aqui, que promete botar o povo pra dançar com os melhores rocks da história. Vamo lá?

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Abri a porta e enxerguei a velhinha lá dentro, com um sorriso fraco nos lábios, a cabeça recostada no travesseiro e um olhar cansado. Uma tia, dois tios e dois primos ocupavam todos os lugares do sofá e quase todas as poltronas. Beijei minha avó, que deixou escapar fraquinho um “Deus te abençoe”. Beijei os tios e tias e cumprimentei os primos com piadinhas sobre a barba (a minha e a deles). Todo mundo voltou para as amenidades que ocupavam o papo. Sem muito interesse na frivolidade forçada da conversa, alternava meu olhar entre os anúncios na tevê, de automóveis que garantem não te deixar com cara de tiozão (ou os de iogurte, que prometem regular o intestino da mulher moderna), e a figura frágil e flácida da outrora poderosa matriarca do meu clã, deitada pesadamente naquela cama de hospital.

Já havia quase dois anos que todos esperavam pelo pior, mas sempre que ele ameaçava, a velhinha dava um jeito de espantar ele pra lá, e sucessivamente voltava “saudável” pra casa, depois de uma temporada internada. Silenciosamente todos aguardavam que fosse assim mais uma vez.

Mais gente na porta. Outra tia, uma prima e um primo. Depois dos beijos e abraços remodelamos a configuração dos assentos ocupados, privilegiando as senhoras e deixando os mais jovens de pé, respeitando a inquebrável hierarquia gênero-etária da minha família (acho que de qualquer família, na verdade).

Logo os homens se agruparam e começaram as piadas, que abaixavam de volume conforme aumentavam seu teor de pornografia. Menos um dos meus tios, que ao lado da cama da vovó, examinava uns papéis, com um olhar concentrado, e de minuto em minuto tentava afrouxar a gravata. Parece que nunca conseguia, por que sempre tentava de novo, levantando a sobrancelha esquerda e coçando a testa perto das entradas avançadas da, antigamente, vasta cabeleira. Ninguém queria pensar muito na situação, e ocupava a cabeça com qualquer outra coisa.

Batidas na porta. Minha vó foi quem percebeu, já que uns riam e outros faziam rir. Só eu e a velhinha não estávamos envolvidos na rodinha de anedotas, ou mergulhado em papéis cheios de números. Eu ainda ficava de olho nos comercias do shampoo restaurador que reduz a queda de cabelo em até setenta e sete por cento, esperando minha vozinha olhar pro outro lado, pra admirar constrangido e incógnita a degradação física do fim da vida, que vem junto com tantas manias e um bocado de sabedoria.

Fui atender a porta, mas resolveram não esperar e antes que eu alcançasse a maçaneta, mais um casal de tios, outro primo, e mais duas primas entraram alegremente no quarto lotado. Beijaram minha avó, que tinha desistido de dizer qualquer coisa, contemplando solene e feliz os seus ao redor, que não poderiam defendê-la para sempre da morte, mas que a protegeriam da solidão fria de um hospital, nos últimos dias. Dava pra ler nos olhos da minha vozinha que esse era o único consolo de que ela precisava agora: da família reunida à sua volta, “feliz” e fingindo que nada de grave estava acontecendo. Dava pra sentir que era uma despedida!

Quase chorei quando meu olhar cheio de juventude e “inocência” cruzou com a intensidade vítrea daquele par de olhos de oitenta e um anos, repletos de reflexão, contemplação e memória. Exatamente o triplo da idade que minha certidão de nascimento registra hoje.

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Na manhã seguinte o organismo da velhinha se rende ao tempo e os aparatos tecnológicos da Unidade de Terapia Intensiva são postos em campo para garantir mais uns dias para minha vozinha. Apenas mais quatro dias...


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