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terça-feira, janeiro 29, 2008

Quase Famosos



# A melhor música de dois mil e oito (até agora), é do ano passado. O nome dela é Control Freak, e está no melhor disco desse ano (que também é do ano passado), por enquanto. O Newbees, quinteto inspiradíssimo lá dos EUA (o Myspace diz que é do Kentucky, já o site oficial garante que é de Ohio), lançou Famous há alguns poucos meses, mas só agora fui ouvir esse que é o segundo disco da curta carreira da banda da Sharon Udoh, Misty Perholtz e de seus amigos.


Famous não inventa moda, mas mistura quase-tudo numa combinação tão arejada e habilidosa, que empolga. Desde o power pop guitarreiro e ganchudo de I Stole You Vallet (The Hummer Song), passando pela delicadeza do alt-country elegante de Baby Bird, chegando até as melodias “ingênuas” e dançantes do novo-rock, tipo Down The Line e Why Again, eles sabem como encaixar cada coisa uma dentro da outra, invadindo e deixando-se invadir, sem grandes premeditações. Como toda boa música, a do Newbees é guiada pelo instinto, se permite qualquer invencionice, e peida alto para qualquer tipo de patrulha estética.


O Newbees lança outro disco em breve, Amsterdan, que já tem algumas canções disponíveis no Myspace. Mas por enquanto a melhor música desse ano é mesmo a indie-soul-gospel Control Freak, que aí embaixo você pode conferir numa versão desplugada - só com violão, piano e voz –, mas não menos saborosa. E se você, amigo leitor, gostou e quer guardar uma pasta com o disco todo no seu agá-dê, basta clicar com o botão direito do seu mouse aqui, e ajeitar o vosso download



# Há quase dois anos, durante uma entrevista que fiz com o Sandro Belo, diretor artístico da Allegro Discos, ganhei um cedê-erre com algumas músicas de um garoto de apenas dezesseis anos, lá de de Porto Alegre. O Sandro me contou, na época, que ele – o garoto, se suicidara há alguns meses e que depois dos funerais sua família descobrira dezenas de canções, gravadas em seu computador, registradas ali mesmo dentro do quarto. YõnLu (pseudônimo para Vinicius Gageiro Marques) era muito ativo na internet, publicava suas músicas online (algumas até com participações internacionais via web), participava de fóruns sobre os mais variados assuntos, inclusive sobre suicídio (onde, especula-se, tomou lições das “melhores” maneiras para se matar). Algum tempo depois do acontecido, o Sandro entrou em negociação com os pais de YõnLu, para lançar algumas daquelas músicas, num suposto cedê que poderia, ou não, sair pela etiqueta goiana.


Soltei uma pequena matéria sobre essas gravações no antigo e extinto Cybergoiás, ainda em dois mil e seis, mas com o passar das semanas, meses e anos, o disco do YõnLu acabou soterrado por uma tonelada de outros, que surgiram por cima dele nas prateleiras aqui de casa. Mas agora para dois mil e oito a Allegro confirmou o lançamento da estréia póstuma do menino-prodígio gaúcho.


Não ouvi a peça acabada ainda (já, já), mas desenterrei o velho cedê-erre das pilhas de discos, e me lembrei de como as canções de YõnLu são cinzentas e deprimidas, tão sutis quanto tristes. Minimalistas e sobrecarregadas na agonia.


Se você não tem medo de fantasma e quer saber quão melancólico conseguia ser o rapaz, pegue algumas das músicas dele aqui.




# Logo depois de anunciar que um sucessor para o ótimo Libertad daria as caras esse ano, o Velvet Revolver se viu preocupado com mais uma possível volta dos mortos-vivos. É que o vocalista Scott Weiland confirmou, dia desses, que o Stone Temple Pilots vai mesmo tirar as chuteiras do gancho e voltar aos palcos, onde não subia desde dois mil e três.


Não tenho problemas em admitir que o Velvet Revolver é uma banda melhor que o Stone Temple Pilots, como muitas viúvas do grunge não se permitem fazer, mas caso os dois grupos corram em paralelo, sem nunca se chocarem (o que é quase impossível), por mim tudo bem.


Mas caso a agenda do STP passe a concorrer com a do Velvet Revolver, e ameace atrasar ou atravessar os possíveis grandes discos que o grupo possa vir a lançar, aí é bom o Scott botar a mão na consciência e perceber rápido que já é hora de aposentar seu "hobby" novamente. Ok Scott?




# Tá todo mundo falando da tal Mallu Magalhães, a garota-prodígio, que aos quinze anos dá um banho de criatividade nos marmanjos metidos a Bob Dylan que carregam violões por aí. Já ouviu? Então clica correndo aqui e me diga se é ou não é uma gracinha.


As canções, as canções!




# A Redenção dos Corpos, disco que o Violins lança em fins de março, pode surpreender uma meia-dúzia de desavisados. A primeira metade do track list é uma profusão de cordas acústicas, divididas por beats sintéticos e cobertas com a voz frágil e lirismo duro de Beto Cupertino. A eterna associação com o Radiohead volta a fazer sentido, encontrando eco na engenhosa mistura de delicadeza melódica, percussão eletrônica e temática apocalíptica.


Já a segunda metade do disco tem uma cara mais reconhecível, ainda que as conexões que guarda com os álbuns anteriores não se revelem, assim, de cara. As melodias cândidas do Aurora Prisma até estão lá, mas inseparavelmente embaralhadas no vigor satírico das guitarras e temáticas sujas do Tribunal Surdo e na insolência cínica do Grandes Infiéis.


Pra quem ainda não percebeu, o Violins está, disco a disco, construindo algo que poucas bandas do independente nacional já conseguiram: uma obra decente. Se o primeiro registro da banda, Wake Up and Dream – em inglês e ainda atendendo pelo nome de Violins and Old Books, não é comparável ao que viria depois, pelo menos já dava pistas de que havia muito mais música ali do que na maioria esmagadora dos grupos “concorrentes”.


Quando Aurora Prisma foi apresentado ao mundo, num Teatro Goiânia completamente ocupado (e com fila de dezenas de pessoas sem ingresso na porta, amaldiçoando a lotação de “apenas” novecentos lugares), o povo rock da cidade se rendeu. Todo aquele romantismo onírico e nublado botou o Violins no rol dos artistas-a-se-prestar-atenção.


Pouco depois o grupo abandona a cara de nerd-triste-trancado-no-quarto e assume um cinismo adulto e afiado, em Grandes Infiéis, disco que chamou a atenção do circuito rock independente de todo o país, e alçou a banda à condição de revelação do indie nacional.


No ano passado Tribunal Surdo vem à tona. Um mosaico fosco de narrativas exageradas e irônicas. Violentas e despudoradas, as músicas do disco testam limites morais e brincam com o verdade/mentira daquilo que é (é?) pra ser entendido como deboche. Tudo debaixo de uma tempestade elétrica de guitarras distorcidas.


E agora, com A Redenção dos Corpos, o Violins confirma, mais uma vez, sua vaga no olimpo das melhores bandas do rock brasileiro, ao lado de umas duas ou três que, eu aposto, você sabe bem quais são... Vai vendo.




# O MqN botou em seu site mais uma edição das suas Fuck CD Sessions. Electrify, foi gravada nos estúdios da Trama, em São Paulo, e também será lançada em vinilzinho colorido, dividindo atenções com God’s Trash Can, dos Forgotten Boys.


Acontece que os vinilzinhos estão “entupidos” na Polysom – única fábrica de vinis em atividade na América do Sul, e corre o risco da entrega atrasar bastante (ou até, na pior das hipóteses, simplesmente não rolar), e por isso o MqN decidiu liberar Electrify (e God’s Can Trash, dos FB), para download antes da bolacha aparecer, já que a bandeira maior das Fuck CD Sessions é a liberdade de formatos (ainda que a banda seja fetichista ao extremo por disquinhos de vinil).


Você pode puxar tudo pro seu pecê lá no site do MqN.





PROMOÇÃO DE CARNAVAL

O carnaval está chegando. Você, amigo leitor folião, vai fazer o quê?


No sábado, dia dois de fevereiro, acontece lá no Martim o baile de carnaval mais roqueiro da região, na segunda edição do Grito Rock Goiânia.


Montage(CE), Mugo, Super Hi-Fi (RJ), Hacienda (SP), Espíritos Zombeteiros (PR), Chili Mostarda (MT), entre vários outras bandas se encarregarão do barulho das guitarras.


E você, amigo leitor, pode levar um ingresso da festa e aproveitar o sábado de carnaval na faixa. É só anotar seu nome e e-mail ali na caixa de comentários, me dizendo também qual será o melhor show do Grito Rock Goiânia, na sua opinião. Vai lá!


O resultado do sorteio sai na noite de sexta, aqui na tela do blog.





Tchau

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Dancin' Drama

Bo$$ in Drama



# O madame Saatan, grupo lá de Belém do Pará liderado pela Sammliz, vocalista loura, tatuada e dona de uma voz poderosa e nada suave, entregou ao mercado sua estréia em disco no fim do ano passado. O lançamento foi resultado da parceria de selo goiano Fósforo Records com o coletivo cuiabano Espaço Cubo, em associação com a produtora paraense Roquenrou Beibe.


Comecei a ouvir o cedê outro dia, e nessas primeiras experimentadas saltaram aos olhos a precisão cirúrgica da tonelada e meia de riffs que, se soam pouco originais, ganham um sabor agridoce no diálogo com a voz feminina – porém definida e feroz, de Sammliz. O álbum conta com dez faixas e, por enquanto, a que mais tem girado nos players aqui do blog, é a acelerada Cine Trash, que numa combinação de velocidade e fúria pop, re-processam aquelas guitarras típicas do Slayer, acertadas com aquela cadência nervosa do Pantera da época do Vulgar Display of Power.



# Depois me lembra de falar aqui sobre outro disco dos mais pesados de dois mil e sete, e que passou batido aqui na tela do blog (apesar de repousar tranqüilo sobre uma das minhas pilhas de cedês desde setembro). É Modelo de Prova, da paulista de Americana MagueRbes, velha conhecida de Goiânia e do blogueiro aqui (o primeiro show que vi do grupo, foi em mil novecentos e noventa e sete, no quarto Goiânia Noise, lá no cine-pornô Santa Maria). O desespero hardcore, a urgência rap, e a vontade de soar diferente do resto, unidas na convulsão, na gritaria e no suor. Depois falo mais.


Vou ouvindo aqui.



# O Grito Rock Cuiabá, sede do festival que se espalhou como um vírus e hoje é realizado quase que simultaneamente em quatro países (Brasil, Argentina, Uruguai e Bolívia), divulgou a programação de sua edição dois mil e oito. Priorizando a região Norte (com bandas do Acre, Rondônia, Tocantins, Roraima e Amazonas) a festa que acontece nos dias um, dois, três e quatro de fevereiro soube espelhar boa parte do melhor do novo rock espalhado pelo território nacional.


A Pata de Elefante é, ao lado do Macaco Bong, um dos melhores motivos para você ir até Cuiabá no carnaval. Mas o show da Monno também é altamente recomendável. A banda mineira é dona de um dos disquinhos que mais girou nos meus tocadores de música, no ano passado. O EP auto-intitulado é recheado de canções que pintam com cores exageradas as mazelas do coração, debaixo de uma tempestade de guitarras melodiosas e muito bem encaixadas no pulso cardíaco de baixo e bateria. Ao vivo tudo fica ainda mais intenso, e quase dá pra enxergar o vocalista/guitarrista Bruno Miari derramar uma ou duas lágrimas discretas, por debaixo da lente dos óculos.


O line up é esse aí:



01/02/2008 (SEXTA)

03:30 Pata de Elefante (RS)

02:50 Chilli Mostarda (MT)

02:10 Question (SP)

01:30 Venial (MT)

00:50 Mandala Soul (MT)

00:10 Mister Lúdico e os Morféticos (SP)

22:50 Anhangá (MT)

22:10 Tocandira(MT)

21:30 Apostasia (MT)

02/02/2008 (SÁBADO)

03:40 Ludovic (SP)

03:00 Strauss(MT)

02:20 Garotas Suecas (SP)

01:40 Bando do Velho Jack (MS)

01:00 Decoy (MT)

00:20 Lopes(MT)

23:40 Juanna Barbera (MG)

23:00 Snorks (MT) 22:20 Revoult (PR)

21:40 Skarros (MT)

21:00 Lufordi(MT)

03/02/2008 (DOMINGO)

02:00 Charme Chulo (PR)

01:20 Macaco Bong (MT)

00:40 Blush Azul(Ac)

23:50 The Melt(MT)

23:10 Mr Jungle (RR)

22:30 Mata-Burro(TO)

21:50 Aoxin (MT)

21:10 TETRIS (AM)

20:30 Bicho do Lodo (RO)

20:00 Banda das Prévias

04/02/2008 (SEGUNDA-FEIRA)

03:30 Vanguart (MT)

02:50 Montage (CE) 02:10

Monno (MG) 01:30

Branco ou Tinto (MT) 00:50

Marlton(AC)

00:10 Yglo (GO)

23:30 Rhox(MT)

22:50 Survive (AC)

22:10 Maldição de Sara (MT)

21:30 Banda das Prévias



# O Moleque curitibano (des)conhecido como Bo$$ in Drama, “deixou escapar” para a web, uma música que garantia estar guardando para lançar junto com seu primeiro disco. O autor da fuga da canção para a internet foi o Paulo Terron, editor do blog With Lasers.


All the Love é a filha terceiro-mundista de uma colisão chapada entre o Simian Mobile Disco e o Justice, pronta para a empolgação eléctrica (e química) das pistas mais coloridas do país. No myspace do chefe dramático, você pode baixar seis peças, incluindo os remixes de Contaminada do inútil e bombadíssimo Bonde do Rolê e de Kryptonite Pussy, do duo electro-club-rap Yo Majesty.


Dá pra ouvir All the Love apertando o play aí embaixo, e caso você goste bastante e a queira para si, é só baixar aqui:






*** *** ***



Nevilton, o Diego-de-Moraes-deles, afina e toca sua guitarra lá em Curitiba e, meses atrás, trouxe seus amigos para um show divertido aqui em Goiânia, no palco do Martim Cererê. Despreocupado e “jovem-guardiano”, o rapaz foi outro que respondeu atrasado à enquete Goiânia Rock News sobre os melhores discos de dois mil e sete, num e-mail que chegou há alguns dias na minha mail-box. Mas, fazendo valer a máxima do antes-tarde-do-que-nunca, aí embaixo dá pra ler mais uma opinião sobre o melhor do pop no ano que terminou outro dia. Vai lendo:


Kings of Leon – Because of the Times
"Bom, adorei o In Rainbows do Radiohead e também gostei muito do Young Modern do Silverchair, mas os discos que mais me agradaram em 2007 foram We're dead before the ship even sank, do Modest Mouse e, especialmente, o Because of the times do Kings of Leon. Aquele vocal do Caleb Followill continua impossível de descrever sem usar a palavra "bizarro". A bateria está muito bem arranjada e em conjunto com o baixo "matador" compõem uma cozinha dançante, bem humorada e colorida de timbres e efeitos. A guitarra se aproveita bem disso colaborando na exploração dessa dinâmica, suas referências vão desde U2 até a praia de Black Oak Arkansas e Uriah Heep. Já abrem o disco com o melodrama de um jovem casal que vai ter um bebê, numa música de 7 minutos. E não é qualquer um que é "parrudo" o bastante para abrir um disco assim e não soar chato desde o início. Charmer vem logo após, trazendo referências de Pixies e Blur, num som pancada e de vocal "auto-destrutivo". Suprem os necessitados de baladas com The Runner e Fans, mostrando que ainda fazem bonito quando querem soar folk. Sobre o "ooooohhh" de Trunk ou a cozinha em McFearless eu nem sei o que falar, só que me emocionam demais! On Call, Black Thumbnail e My Party resumem tudo: timbrões gordos e saturados que não soam como a maioria da meninada "retrô" de hoje, pois misturam efeitos, delays (em baixo e batera inclusive!), muita dinâmica e ritmos dançantes fazendo uma das pérolas do rock atual. Isso tudo e as letras sujinhas desses rockeiros marotos colocam o Because of the Times no topo dos meus favoritos de 2007.


Nevílton (PR) – Cantor, compositor e guitarrista






Tchau.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Discos para 2008

Cavalera

# Em dois mil e oito, muita gente ilustre promete acrescentar mais um Nome em suas respectivas discografias. O Lenny Kravitz tá dizendo por aí que o negócio é “pegar pesado no amor”, e tenta fazer sua parte no próximo It Is Time For A Love Revolution. Se for pra levar em conta seu último disco de estúdio, Baptism (que não se parecia em nada com o rock retrô vigoroso e renovado de seu passado irretocável, de Let Love Rule, Mama Said, Are You Gonna Go My Way, Circus e até de 5), essa revolução vai ser feita só de tentativas.



Baptism se pinta como caricatura moderninha e preguiçosa de tempos outrora gloriosos, geniais naquele re-processamento direcional que fez de Kravitz o príncipe pop que é hoje. Direcional por que ele, em seus melhores momentos, aponta as intenções e timbres de suas combinações instrumentais de modo a recriar aquilo que poderia ser uma canção do repertório de Jimi Hendrix, num momento, Led Zeppelin em outro, ou ainda dos Rolling Stones e do Stevie Wonder, numa ode genial aos maiores. E tudo isso, incrivelmente, sem soar como apropriação indébita, ou derivativo demais. É como se os talentos superlativos se permitissem esse tipo de “invasão”.


Love, Love, Love, e I'll be waiting, os primeiro singles de It Is Time For A Love Revolution, até que dão uma pista boa. Love, Love, Love é um rock manhoso, com pegada setentista e suíngue cafageste, e I'll be waiting um soul arrasa-quarteirão, na melhor tradição de Marvin Gaye e Curtis Mayfield.



# O Franz Ferdinand, que explodiu de vez com seu segundo disco, You Could Have It So Much Better – lançado alguns anos atrás, diz que volta em dois mil e oito pronto para as pistas (o que não é lá nenhuma grande novidade). O grande lance é que estão espalhando em entrevistas desde o meio do ano passado, que será um disco mais dance do que rock (o que também não é surpresa). O pop colorido e absurdamente dançante de seus últimos hits não dá espaço para nenhuma cara de assombro. Parece que andaram mergulhando os ouvidos nas discografias de fim dos oitenta/começo dos noventa, daquela famosa cena de Manchester (Madchester), cidade industrial britânica que ribombava, debaixo de sua paisagem nublada, ao som de Happy Mondays, Charlatans UK e Stone Roses.




# Os irmãos Cavalera finalmente se reuniram para registrar aquele que pode ser um dos grandes momentos do rock mundial em dois mil e oito. No site do Cavalera Conspiracy – nome do projeto que assumiram juntos – já dá pra ouvir uma mínima parte do que deve fazer parte do prometido disco da reunião. Na web é possível encontrar faixas soltas, ao vivo, de possíveis constantes do track list.


Mentiria se dissesse que não tenho boas expectativas, mas também confesso que um dos meus pés insiste em ficar lá atrás, me lembrando que o MixHell (projeto de discotecagem live P.A. de Iggor e sua esposa) é uma jaca podre, e que os últimos discos do Soulfly são pra lá de irregulares.


Black Crowes


# Já o grande Black Crowes também deixou uma música nova (inteira) disponível em seu site. Warpaint é o nome do disco que deve chegar ao mercado (físico, em cedê) no começo de março, e que traz Goodbye Daughters of the Revolution, o primeiro single. O grupo, que não lançava nada inédito desde Lions, de dois mil e um, ainda carrega na sensualidade retrô das guitarras de andamento manhoso, ajustadas perfeitamente com uma desambição hedonista, despreocupada e imersa em fumaça.


Para Warpaint, que conta com dois novos integrantes, Luther Dickinson e Adam MacDougall - guitarrista e tecladista, respectivamente, o grupo promete uma versão de God's God It, blues gospel de Charlie Jackson, reverendo bluesman mestre do primitivismo rural do gênero.




# E até o Sebastian Bach (lembra dele?), ex front-man andrógino do sempre espinafrado Skid Row, está de disco novo na praça, gabando-se da participação especial que o amigo Axl Rose (lembra dele?) gentilmente fez em três das faixas do álbum. Ainda não ouvi (nem procurei) nada dessa bolacha. Você já?



# Estreando em disco, o trio Cuiabano Macaco Bong vai surpreender ainda mais gente nesse ano que se estende a frente. Artista Igual Pedreiro é o nome mais cogitado para o batismo da bolacha, e dá nome ao feixe de dez peças gravadas em Goiânia, no Rock Lab Studio. Macaco Bong – como já foi extensamente comentado nesta mesma tela – é o que de mais potente e verdadeiramente inventivo há no rock independente nacional. É claro que divide as honras de tão nobre posição com alguns dois ou três outros grupos, mas o destaque aqui é a pouca idade de seus integrantes, que aos vinte e um anos de idade já lideram um ranking indie nunca antes tão bem disputado.


Sem um vocalista, as atenções são todas voltadas para a guitarra instintiva e absurdamente voluptuosa de Bruno Kayapy, que não se deixa seduzir por piruetas instrumentais sem sentido, e se vale de sua intimidade com o instrumento para criar cenários maquinais e fluidos de jazz, prog rock, fusion, rock (e até hardcore e death metal). Tudo suavizado e enfeitado com um artifício inimitável chamado talento nato. Será um dos grandes discos do ano. Em dezembro a gente conversa.




# O Violins lança no final de março seu quinto registro em disco, intitulado A Redenção dos Corpos, lá no palco de veludo do Bolshoi Pub. O álbum – explicado pela banda como uma volta à melodia, um retorno ao Aurora Prisma –, submerge um discurso poderosamente delicado em consonâncias graves e noturnas, flertando com um cinismo desbocado, o que confere uma aura ainda mais verdadeira aos painéis de pessimismo ilustrado e cinzento que compõe o track list.


O grupo promete liberar todas as faixas de A Redenção dos Corpos para download gratuito a qualquer momento – assim que o disco voltar da masterização. Mas o processo vai se dar em etapas: cada faixa será disponibilizada num único dia, apenas durante vinte e quatro horas. No dia seguinte ela some e dá lugar à canção seguinte, na seqüência do disco físico (só disponível em março), e assim sucessivamente durante duas semanas (são catorze faixas).


Portanto, se você quiser A Redenção dos Porcos completo antes de poder comprar a peça acabada, com encarte e tudo mais, fique atento ao site do Violins, a partir do fim da próxima semana.




# Chegou na minha caixa de e-mails um texto atrasado, que responde à enquete Goiânia Rock News dos Melhores de dois mil e sete, publicada posts atrás. O dono da missiva retardatária atende pelo nome de John Arthur Hansen, um dos mentores do Harry, grupo legendário do underground paulista anos oitenta adentro, e que ostenta o título ilustre de banda-seminal-da-eletrônica-nacional. Adorador de synthpop e orgulhoso por odiar tudo o que seja amado pela maioria, Hansen ensina aí embaixo a sua versão para o caminho das pedras. Vai lendo:


Melhores de 2007, uma visão alternativa


A proposta aqui é abrir uma pequena lista que não seja xerocada das Rolling Stone, Spin ou NME´s da vida. Já que a mídia só tem demonstrado interesse por armações (pequenas ou grandes), fica difícil ter acesso a coisas realmente relevantes (e essa relevância nem sempre se traduz em vendas, visto que Bob Dylan ou Kratwerk, artistas de influência imensurável, não são grandes vendedores, se comparados aos seus colegas de panteão).


Isto posto, vamos a um pequeno Top 5 de 2007, formado por 3 bandas estrangeiras e duas brasileiras, sem ordem em particular:

Ashbury Heights - Three cheers for the newly dead

Segundo álbum dessa banda alemã, que não esqueceu o conceito de melodia, como a maioria das atuais bandas inglesas parece ter feito. Nada do que eu possa descrever aqui comparar-se-ia a uma audição da faixa Waste of love. Para aqueles que pensam que o bom gosto dos 80s acabou, rejubilem-se, ele está intacto aqui

Celluloide- Naphtaline EP

Embora essa banda francesa tenha lançado o excelente cd duplo Passion & excitements também este ano, escolhi este álbum (de EP só o nome, são 13 faixas) de covers (Cure, Dead Can Dance, Lush, Depeche Mode, entre outros) que conseguiu o impossível: superou o clássico Pin ups, do outrora mestre Bowie, no sentido de que todas as versões superaram seus originais. Lights from a dead star, do Lush é o aperitivo recomendado

Homicide Division- No tears to war

Esse duo paulista é virtualmente ignorado pela nossa crítica, o que é compreensível, visto que elevaram demais os padrões da musica feita aqui, abdicando de quaisquer misturas com inúteis culturas primitivas, que parece ser o hype atual das bandas de nenhum ou pouco talento. Experimentem Dust to dust.

The 3 cold men - Piktogramm

Esta é a grande banda brasileira do momento (ainda que seu vocalista seja francês, egresso do Opera Multi Steel), e se não atingiu o brilhantismo de Truth, seu primeiro álbum, ainda dá para encarar a competição olhando para baixo

James D. Stark - Hell Maxi CD

E a grande surpresa do ano, descobri ontem esse americano (!!!) do Oregon (!!!!!!) que se auto define como Romantic Synth Pop Artist, que desde 2002 já lançou 4 álbums e agora esse maxi de 8 faixas. A faixa título dá uma excelente idéia do altíssimo potencial desse verdadeiro genio. Já baixei toda a discografia dele, e Need do seu segundo álbum Fortress of solitude é uma das melhores coisas que já ouvi na vida.




Concluindo: não se atenham a esses críticos desorientados, façam suas próprias pesquisas ( o soulseek, é uma verdadeira embaixada do paraíso na Terra, e com certeza garimparão obras primas que julgavam não existir mais.)



John Arthur Hansen






* O ingresso para os shows de Black Drawing Chalks e Envy Hearts, hoje a noite lá no palco do Omelete Rock Club vai para o Sérgio Henrique. Já o SoFun Hits, disco que compila várias bandas legais em uma embalagem digi-pack bem charmosa, pode ser resgatado pelaMaria Clara Dunk.


Os ganhadores já receberam e-mail confirmando seus prêmios.



Fui.


sexta-feira, janeiro 11, 2008

Primal Scream!

GRITO ROCK AMÉRICA DO SUL


# As movimentações para o Grito Rock América do Sul (é, América do Sul) estão a pleno vapor. O festival que integrou, no carnaval passado, mais de cinqüenta cidades espalhadas por vinte estados de todo o território nacional em uma farra de guitarras, em dois mil e oito expandiu seus domínios para além das fronteiras brasileiras e, durante a próxima festa de Momo, promete sacudir também Buenos Aires – Argentina, Montevidéu – Uruguai, e Santa Cruz – Bolívia, numa conexão roqueira nunca antes vista abaixo do Equador.


# # Várias cidades já confirmaram data e line-up de suas respectivas edições (plurais, em termos de formato e adaptação à realidade local). O Grito Goiânia, entre outras, vai (re)apresentar o bombado (e barrado) Montage, além da banda do ex-Violins Léo Alcanfor, a ótima revelação local, Mugo. Na versão Curitibana da festa, os conhecidos Ovos Presley e Sick Sick Sinners, se acompanham das internacionais Motorama (Argentina), Voodoo Zombies (Chile), Mad Sin (Alemanha), Chuck and the Brazil Crack Pipes (Inglaterra) e The Howdlers (EUA).



# # # O Rio de Janeiro apresenta a mini lenda noventista Sex Noise, o Jason, o Mustang (grupo do sempre Carlos “Vândalo”, ex-líder da Dorsal Atlântica), e até o Piu Piu e Sua Banda, que já protagonizou seu pequeno show de bizarrices em alguma remota edição do Goiânia Noise, perdida em meados dos anos noventa. Em Brasília as bandas goianas vão garantir maioria: Motherfish, BlackDrawing Chalks, Goldfish Memories e Envy Hearts, além do barulho poderoso da anfitriã Lesto!. Em Sorocaba, o nome mais interessante é mesmo o da pérola gótica The Name, que fez um dos melhores shows do ano passado.



# # # # O trio cuiabano Macaco Bong está escalado para fazer bonito, representando o rock verde-amarelo na edição portenha, lá em Buenos Aires, no dia nove de fevereiro. O grupo toca na sede do festival, em Cuiabá (Pata de Elefante, Montage, Diego de Moraes), no começo do mês, e depois desceria para Goiânia, onde se apresentaria num desejado palco rock instrumental, dentro da terceira edição do Goyaz Jazz Festival – que também acontece durante o carnaval. Porém parece que a coisa desandou, e o tal palco rock instrumental ficou pro ano que vem. Sendo assim, os três devem voar de Cuiabá, sem escalas em Goiânia, para a capital argentina, onde vão, com certeza, impressionar nossos pouco impressionáveis hermanos “europeus”.




# A Monstro Discos prepara para Abril, mês de seu décimo aniversário, o lançamento de um box comemorativo que celebra, tanto sua primeira década de vida, quanto a chegada à marca histórica do centésimo título lançado. A caixa deve abarcar todas as apostas que o selo fez nesses dez anos de atividade, numa prometida compilação de luxo, digna de figurar nas melhores coleções.



# Depois do mergulho prog de Amputechture, o Mars Volta não dá descanso para suas experimentações radicais e no disco novo, Bedlam In Goliath (para ser lançado a qualquer momento), não deixa pistas de qualquer “amaciada” na costumeira profusão de notas e piruetas instrumentais (que passam longe da chatice burocrática dos progressivos “comuns”). É acelerado, urgente e orgânico, apesar da virtuose asséptica de suas estruturas. É convulso, frenético e surpreendente, sutilmente recheado com um improvável suíngue psicodélico. Desde já entre os melhores de dois mil e oito.



# O Myspace listou, dia desses, dez apostas do site para o indie nacional. Entre elas, alguns nomes coincidem com preferências do blogueiro aqui, como o Violins e o Macaco Bong. Mas não dá pra entender como resolveram apostar no Udora justo agora, que está em franca decadência criativa. O Los Porongas fez um show que me impressionou demais, num Bananada desses, mas quando fui escutar o segundo disco (do primeiro eu já não gostava, mas como o próprio grupo desqualificou a bolacha, em entrevista ao Goiânia Rock News, dizendo que aquela gravação não mais representava o espírito da banda, me convenci a esperar coisa boa para a segunda chance), não me decepcionei de todo, mas rolou aquela brochada que desempolgou minha curiosidade, antes ávida. O UDR é aquela dupla nerd, que zoa com os aleijados, com o Serguei e com qualquer coisa que valha a pena. Eu acho legal (embora sirva basicamente para mostrar aos amigos, nas em festinhas em casa). Além desses, as outras apostas são para Terminal Guadalupe, Ana Canãs, Stuart, Granada e Instiga.



# O chapa Pedro Fernandes, que comanda o programa Reator na Rádio Mídia, manda avisar que a diversão indie web-radiofônica retoma suas atividades amanhã, sábado (12/01), com uma novidade: o Reator vai ficar disponível no pod cast do site, esperando vinte e quatro horas pelo vosso play. Agora não tem mais desculpa.


# # hehehe




A promoção dos ingressos para os shows de Black Drawing Chalks e Envy Hearts lá no Omelete Rock Club continua valendo. Deixe nome, e-mail e me diga qual show gostaria de ver em Goiânia em dois mil e oito. Quem sabe algum produtor amigo veja no seu desejo, uma boa idéia.


Também está para jogo uma cópia oficial em digi-pack da compilação SoFun Hits, que reúne várias bandas legais, daqui e de outros lugares do país. Tem Violins, Black Drawing Chalks, Moldest, Redlight, Monno, Enne, Mugo, e um tantod e outras.


Deixa tudo anotado ali na caixa de comentários.



Tchau.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

(Ainda) Os Melhores do Ano

Lisa Kekaula, do Bellrays


Voltando à normalidade letiva (o que inclui um retorno à periodicidade costumeira, abandonada por culpa d’As Festas), Goiânia Rock News fecha a temporada anual das listas com as últimas tabelas de Melhores de dois mil e sete. Além disso tem mais um porção de textos curtos, assinados por gente que entende do riscado e que revelou, a convite deste blog, suas predileções musicais do ano que terminou na semana passada.




Melhores Shows de dois mil e sete:

Os argentinos do Vudú (que vi pela primeira vez em dois mil e seis, no festival Demo Sul, lá no Paraná), fizeram o melhor show do ano, olhando de cá. Mas os californianos do Bellrays estão ali, disputando nariz a nariz, a liderança da lista. O Sepultura deixou os indies sem jeito, arrematando para si a posição de melhor show do maior dos festivais deles, e a molecada que se estapeia pelo Matanza perdeu a chance de aprender a lição no “baile” que o Deceivers deu nos cariocas – no quesito Músicas para Beber e Brigar –, lá nas dependências apertadas do Clube Social Feminino.


No mais, teve o Violins em show emocionante, ocupando o palco charmoso do Bolshoi Pub para lançar o Tribunal Surdo; o Macaco Bong impressionando mais gente, lá na capital federal; teve também a candura lacrimosa dos mineiros do Monno e do Pato Fu (de show e disco novos); a violência etílica do MqN e a ferocidade dominada do Mugo, além do “suínge” goth-pop dos paulistanos da The Name, que fizeram da sua, uma das melhores meias-hora do Goiânia Noise. Isso sem contar todo o resto, vai lendo aí:




Vudú no Ziggy Box Club

Bellrays no Porão do Rock (Brasília – DF)

Sepultura no Goiânia Noise

Deceivers no Clube Social Feminino

Violins no Bolshoi Pub, Lançamento do Tribunal Surdo

Macaco Bong no Porão do Rock (Brasília –DF)

Monno no Bananada

Pato Fu no Goiânia Noise

MqN na inauguração do Ziggy Box Club

Mugo no Martim Cererê

The Name no Goiânia Noise

Patife Band no Festival Calango (Cuiabá – MT)

Móveis Coloniais de Acaju no Goiânia Noise

Debate no festival Calango (Cuiabá – MT)

Cordel do Fogo Encantado no Goiânia Noise

Battles no Goiânia Noise

Forgotten Boys na festa de aniversário da extinta revista Decibélica

Seven no Ziggy Box Club

Lesto! no Release Alternativo

Galinha Preta no Bananada




Dispensáveis e/ou não recomendáveis

Born A Lion, tanto no Bananada quanto no Porão do Rock (Brasília – DF)

Kassin+2 no Goiânia Noise

Moptop no Porão do Rock (Brasília – DF)

Matanza no Clube Social Feminino

Thuata de Danam no Porão do Rock (Brasília – DF)

Lord Crossroad no Festival Calango (Cuiabá – MT)

Control Z no Goiânia Noise

Valentina - Tanto no Bananada quanto no Goiânia Noise

Woolloonggabbas - Tanto no Bananada quanto no Goiânia Noise

Lenore no Ziggy Box Club




Lista dos melhores shows de dois mil e seis (publicada em 31/12/06)


Melhores Shows - Goiânia Rock News
1º - Ratos de Porão fechando o Goiânia Noise Festival.
2º - Pata de Elefante no teatro Zabriskie.
3º - Mundo Livre S/A no Caverna Rock Club.
4º - Violins no Bananada.
5º - Los Porongas no Bananada.
6º - Casa Bizantina no circo Laheto, lançando Estado Natural .
7º - Fossil no Goiânia Noise Festival.
8º - Rollin’ Chamas fechando o Bananada.
9º - MqN no Zabriskie, lançando o single Buzz In My Head
10º - Pedra 70 no Omelete Rock Club


Honra ao mérito: Satanique Samba Trio no Bananada; Olhodepeixe no Bolshoi Pub; Patrulha do Espaço no Goiânia Noise; Snooze no Goiânia Noise Festival; Debate no Goiânia Noise.






Aí embaixo mais um bocado de opiniões sobre qual o melhor disco lançado em dois mil e sete. Siga as letrinhas:



Radiohead – In Rainbows

In Rainbows –
que já apareceu no ranking dos melhores cd’s segundo o Goiânia Rock News – provocou burburinho em todos os meios de comunicação relacionados à música, ao mesmo tempo em que era tão esperado pelos fãs. O Radiohead destaca-se mais uma vez não só pelo trabalho de qualidade, com tudo o que se espera de uma banda desse porte, mas também pela atitude quanto à distribuição de música em rede. Dando ao público a opção de não só baixar as músicas diretamente do site, mas também de escolher quanto pagar por elas, mostrou que a internet é sim um instrumento poderoso e possível de ser usado por todas as bandas, sejam elas independentes ou não.


Bruna Cruz – Produtora do Festival Beradeiros (RO)



Paralaxe – Under Pop pulp Fiction
Rock eletrônico (?) dos mais psicodélicos e inventivos no Brasil atualmente.
o vocalista/letrista fred hc é capaz de misturar numa mesma estrofe – sem soar pretensioso ou pedante –, referências que vão de Tarantino à Haroldo de Campos e Zé do Caixão, passando pelo e.t. de varginha e a mítica loura do Bonfim, entre outros personagens do folclore urbano mineiro.
Radiohead – In Rainbowns: resumo perfeito de todas as fases da banda, e de lambuja uma nova polêmica no mundo musical do século XXI adicionando mais pimenta à velha discussão da música free via internet.


César Gilcevi – Baterista da Carolina Diz (MG)




Vários
Em 2007 ouvi mais coisas antigas e lançadas em 2006, gostei muito do experimentalismo poderoso e das letras do Fome de Tudo, da Nação Zumbi, além do clipe de animação foda de Bossa Nostra, embora não esteja entre os meus favoritos da Nação. De Mpb curti Estação Melodia, do Luis Melodia (que tinha visto em um show no Flamboyant e fui escutar o disco), que tem a ver com essa volta dos que não foram (o samba), embora Melodia fale que já tenha esse projeto há muito tempo... e achei muito bom o Rodopio do Luiz Tatit (que é sempre genial!), gravado ao vivo e dá uma noção geral da obra do compositor.


Ah! Não podia esquecer de falar do esperado disco do Vanguart, que só me fez sentir orgulho de ter nascido em Cuiabá (rsrs). Muita gente já sabia do potencial da banda e isso foi complementado com a excelente produção do disco. De Goiânia o que mais me tocou (do que ouvi) foi o do Motherfish, que tem belos momentos! O rock garageiro de Bitter do Júpiter Apple é, no mínimo, interessante por mostrar outra faceta dessa Maçã camaleônica (Uma Tarde na fruteira deve ter sido o disco que descobri em 2007 que mais ouvi, e é, não apenas interessante, mas IMPRESSIONANTE!)


Internacional não ouvi muita coisa, mas achei muito massa a iniciativa do Radiohead – In Rainbows (É sempre bom escutar uma banda boa inovando sem perder a qualidade)- e o Battles (que conheci no showzaço no Noise), que deu um nó na minha cabeça com o Mirrored. Curti o sintetizador de Icky Thump do White Stripes, que é um disco que está aí pra mostrar Jack White se consolidando como um dos melhores compositores dessa geração e uma das mentes mais criativas e inquietas. Acho que é isso.


Diego de Moraes – Cantor, compositor e líder d’Os Imoraes



Violins – Tribunal Surdo
E pensar que tudo isso (tudo inclui os shows, o cd lançado em 2007 e o próximo álbum, já gravado, Redenção dos Corpos) se torna possível graças à mobilização dos fãs diante do anunciado fim da banda que mais vale a pena em Goiás. Ao escolher Tribunal Surdo como o álbum do ano, preciso agradecer muito a todos os que reclamaram, e choraram, e espernearam, e conseguiram convencer o Violins a seguir firme e cada vez mais forte. Apesar de eu ainda preferir escutar bandas da velha guarda, Violins faz valer a vontade de ouvir repetidas vezes canções como Grupo de Extermínio de Aberrações e Campeão Mundial de Bater Carteira, especialmente se esse desejo vier acompanhado de um again dos já clássicos Grandes Infiéis e Aurora Prisma. Que venha a próxima criança!


Túlio Moreira – Repórter Cultural Rádio Universitária



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# A paulista The Name, que goza de um bom lugar na lista lá em cima, e é dona do ótimo Gone – EP que reza com devoção na cartilha do rock gótico oitentista, e que está entre os lançamentos mais interessantes de dois mil e sete -, entregou ao mercado, dia desses, mais um aperitivo. Trata-se do single Older, que traz a faixa título (em duas versões: a oficial e outra ao vivo nos estúdios da Trama), e I Wish, as duas carregadas de um vocabulário pop apurado, cheio de referências dançantes do lado mais escuro e enfumaçado das pistas exageradas dos anos oitenta.


# # Gone, por sua vez, foi lançado no apagar das luzes de dois mil e seis e traz cinco canções que escondem uma linguagem própria, apesar da aparente derivação obrigatória do gênero. Numa receita que se utiliza da estética gótica para embalar canções genuinamente pop, Gone é capaz de despertar tanto o saudosismo dos grisalhos que se deixaram seduzir pelo rock inglês de outros tempos, quanto a curiosidade dos novos descobridores de sons, afogados num mar de “next big things”, tão passageiras quanto inofensivas.


# # # Gone e Older estão disponíveis para o vosso download no site do trio. Vai lá.




# Outra banda bacana que está com disco novo na praça é a Revoltz. Beijo no Escuro, estréia dos porto-alegrenses/cuiabanos, é o resultado festivo da fusão entre a alegria chapada da new wave com a ingenuidade sedutora da jovem-guarda, sintetizada sob a forma de pop songs guitarreiras, divertidas e disfarçadas com a suspeita despretensão das melhores garage bands.



# # Hey You não esconde a ousadia rebelde que rima, citando o guitarrista dos Chili Peppers: “A vida toda é uma festa/ E a minha acaba na floresta/ Simplesmente dois amantes/ Como a guitarra e o Frusciante”, enquanto Ina carrega numa ambigüidade malandrinha para declarar: “A pior cegueira que existe é não ter paz no coração/ Ina, ina você mudou minha razão/ Ina, ina, seu gosto esperto, reto direto no meu coração.”




# # # Beijo no Escuro está integralmente disponível para download, no site do grupo. Se eu fosse você eu dava uma olhada.




E pra começar bem o ano novo Goiânia Rock News leva a sorteio, entre sua honrada audiência, dois ingressos para o show recomendadíssimo da Black Drawing Chalks, que se acompanha do Envy Hearts para fazer barulho no palco do Omelete Club, dia dezessete agora, o que dá numa quinta-feira.


Além das entradas free, quem quiser pode pedir uma cópia oficial em digi-pack da SoFun Hits, compilação grã-fina que o pessoal do coletivo de design e rock n’ roll botou no mercado no fim do ano passado. Tem uma porção de coisas legais, como as mineiras Enne e Monno, além de Violins, Mugo, Black Drawing Chalks, Grape Storms, Rollin Chamas, Motherfish, Bang Bang Babies, Redlight, Moldest e o George Belasco & O Cão Andaluz, entre outros.


Pra ganhar é só dizer qual show você gostaria de ver em Goiânia nesse ano que começa, anotando também seu nome e um e-mail válido para contato, tudo ali na caixa de comentários. O Resultado sai na véspera dos shows.


Fui