# A melhor música de dois mil e oito (até agora), é do ano passado. O nome dela é Control Freak, e está no melhor disco desse ano (que também é do ano passado), por enquanto. O Newbees, quinteto inspiradíssimo lá dos EUA (o Myspace diz que é do Kentucky, já o site oficial garante que é de Ohio), lançou Famous há alguns poucos meses, mas só agora fui ouvir esse que é o segundo disco da curta carreira da banda da Sharon Udoh, Misty Perholtz e de seus amigos.
# Há quase dois anos, durante uma entrevista que fiz com o Sandro Belo, diretor artístico da Allegro Discos, ganhei um cedê-erre com algumas músicas de um garoto de apenas dezesseis anos, lá de de Porto Alegre. O Sandro me contou, na época, que ele – o garoto, se suicidara há alguns meses e que depois dos funerais sua família descobrira dezenas de canções, gravadas em seu computador, registradas ali mesmo dentro do quarto. YõnLu (pseudônimo para Vinicius Gageiro Marques) era muito ativo na internet, publicava suas músicas online (algumas até com participações internacionais via web), participava de fóruns sobre os mais variados assuntos, inclusive sobre suicídio (onde, especula-se, tomou lições das “melhores” maneiras para se matar). Algum tempo depois do acontecido, o Sandro entrou em negociação com os pais de YõnLu, para lançar algumas daquelas músicas, num suposto cedê que poderia, ou não, sair pela etiqueta goiana.
Soltei uma pequena matéria sobre essas gravações no antigo e extinto Cybergoiás, ainda em dois mil e seis, mas com o passar das semanas, meses e anos, o disco do YõnLu acabou soterrado por uma tonelada de outros, que surgiram por cima dele nas prateleiras aqui de casa. Mas agora para dois mil e oito a Allegro confirmou o lançamento da estréia póstuma do menino-prodígio gaúcho.
Não ouvi a peça acabada ainda (já, já), mas desenterrei o velho cedê-erre das pilhas de discos, e me lembrei de como as canções de YõnLu são cinzentas e deprimidas, tão sutis quanto tristes. Minimalistas e sobrecarregadas na agonia.
Se você não tem medo de fantasma e quer saber quão melancólico conseguia ser o rapaz, pegue algumas das músicas dele aqui.
# Logo depois de anunciar que um sucessor para o ótimo Libertad daria as caras esse ano, o Velvet Revolver se viu preocupado com mais uma possível volta dos mortos-vivos. É que o vocalista Scott Weiland confirmou, dia desses, que o Stone Temple Pilots vai mesmo tirar as chuteiras do gancho e voltar aos palcos, onde não subia desde dois mil e três.
Não tenho problemas em admitir que o Velvet Revolver é uma banda melhor que o Stone Temple Pilots, como muitas viúvas do grunge não se permitem fazer, mas caso os dois grupos corram em paralelo, sem nunca se chocarem (o que é quase impossível), por mim tudo bem.
Mas caso a agenda do STP passe a concorrer com a do Velvet Revolver, e ameace atrasar ou atravessar os possíveis grandes discos que o grupo possa vir a lançar, aí é bom o Scott botar a mão na consciência e perceber rápido que já é hora de aposentar seu "hobby" novamente. Ok Scott?
# Tá todo mundo falando da tal Mallu Magalhães, a garota-prodígio, que aos quinze anos dá um banho de criatividade nos marmanjos metidos a Bob Dylan que carregam violões por aí. Já ouviu? Então clica correndo aqui e me diga se é ou não é uma gracinha.
As canções, as canções!
# A Redenção dos Corpos, disco que o Violins lança em fins de março, pode surpreender uma meia-dúzia de desavisados. A primeira metade do track list é uma profusão de cordas acústicas, divididas por beats sintéticos e cobertas com a voz frágil e lirismo duro de Beto Cupertino. A eterna associação com o Radiohead volta a fazer sentido, encontrando eco na engenhosa mistura de delicadeza melódica, percussão eletrônica e temática apocalíptica.
Já a segunda metade do disco tem uma cara mais reconhecível, ainda que as conexões que guarda com os álbuns anteriores não se revelem, assim, de cara. As melodias cândidas do Aurora Prisma até estão lá, mas inseparavelmente embaralhadas no vigor satírico das guitarras e temáticas sujas do Tribunal Surdo e na insolência cínica do Grandes Infiéis.
Pra quem ainda não percebeu, o Violins está, disco a disco, construindo algo que poucas bandas do independente nacional já conseguiram: uma obra decente. Se o primeiro registro da banda, Wake Up and Dream – em inglês e ainda atendendo pelo nome de Violins and Old Books, não é comparável ao que viria depois, pelo menos já dava pistas de que havia muito mais música ali do que na maioria esmagadora dos grupos “concorrentes”.
Quando Aurora Prisma foi apresentado ao mundo, num Teatro Goiânia completamente ocupado (e com fila de dezenas de pessoas sem ingresso na porta, amaldiçoando a lotação de “apenas” novecentos lugares), o povo rock da cidade se rendeu. Todo aquele romantismo onírico e nublado botou o Violins no rol dos artistas-a-se-prestar-atenção.
Pouco depois o grupo abandona a cara de nerd-triste-trancado-no-quarto e assume um cinismo adulto e afiado,
No ano passado Tribunal Surdo vem à tona. Um mosaico fosco de narrativas exageradas e irônicas. Violentas e despudoradas, as músicas do disco testam limites morais e brincam com o verdade/mentira daquilo que é (é?) pra ser entendido como deboche. Tudo debaixo de uma tempestade elétrica de guitarras distorcidas.
E agora, com A Redenção dos Corpos, o Violins confirma, mais uma vez, sua vaga no olimpo das melhores bandas do rock brasileiro, ao lado de umas duas ou três que, eu aposto, você sabe bem quais são... Vai vendo.
# O MqN botou em seu site mais uma edição das suas Fuck CD Sessions. Electrify, foi gravada nos estúdios da Trama,
Acontece que os vinilzinhos estão “entupidos” na Polysom – única fábrica de vinis em atividade na América do Sul, e corre o risco da entrega atrasar bastante (ou até, na pior das hipóteses, simplesmente não rolar), e por isso o MqN decidiu liberar Electrify (e God’s Can Trash, dos FB), para download antes da bolacha aparecer, já que a bandeira maior das Fuck CD Sessions é a liberdade de formatos (ainda que a banda seja fetichista ao extremo por disquinhos de vinil).
Você pode puxar tudo pro seu pecê lá no site do MqN.
PROMOÇÃO DE CARNAVAL
O carnaval está chegando. Você, amigo leitor folião, vai fazer o quê?
No sábado, dia dois de fevereiro, acontece lá no Martim o baile de carnaval mais roqueiro da região, na segunda edição do Grito Rock Goiânia.
Montage(CE), Mugo, Super Hi-Fi (RJ), Hacienda (SP), Espíritos Zombeteiros (PR), Chili Mostarda (MT), entre vários outras bandas se encarregarão do barulho das guitarras.
E você, amigo leitor, pode levar um ingresso da festa e aproveitar o sábado de carnaval na faixa. É só anotar seu nome e e-mail ali na caixa de comentários, me dizendo também qual será o melhor show do Grito Rock Goiânia, na sua opinião. Vai lá!
O resultado do sorteio sai na noite de sexta, aqui na tela do blog.
Tchau