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quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Uma Tarde na Fruteira



Afastado de teclados e logins desde a semana passada, já que o pecê que edita esta tela resolveu se internar para uma merecida manutenção, volto hoje teclando de uma “agradável” lan house, que oferece música ambiente (ruim) e ar-condicionado na capacidade mínima. Já estou com saudades do pecê, que ainda reluta em voltar ao trabalho, relaxado em seu retiro de conservação. Mesmo assim, vai lendo aí:




# O primeiro “anti-herói” do rock brasileiro do novo milênio já tem nome e obra. Flávio Basso, aquele que dividia o cachê com o TNT e o Cascavelletes nos anos oitenta, não é o mesmo Júpiter Maçã de hoje em dia. Nem o Júpiter Maçã de A Sétima Efervescência – aquela gema do escárnio multi-colorido – é o mesmo de Uma Tarde na Fruteira.


Durante o último Goiânia Noise Festival tentei entrevistar o artista (que deve se confundir tanto com o personagem dentro daquela mente psicótica...) e dei com a cara na porta. A entrevista acabou acontecendo, mas foi a conferência mais estranha e silenciosa de todos os tempos. Ele, a cada pergunta simples sobre o disco, passeava demoradamente o olhar pelo teto do camarim, e depois de um longo tempo em silêncio, me olhava novamente e respondia com duas ou três palavras que não faziam sentido algum. Ainda insisti por umas duas ou três vezes, mas quando ele se inclinou na poltrona, depois de girar os olhos pelo teto, aproximou-se do microfone, o segurou delicadamente com apenas três dedos (o mindinho levantado) e pediu, revirando as pupilas, que as pessoas se masturbassem mais, dei por encerrada a nossa conversa.


O estranho é que, enquanto ajudava a Andréa Miklos (a cinegrafista) a enrolar o cabo da câmera, ele se injetou de uma lucidez instantânea e levantou-se perguntando o que eu tinha achado do papo, sugerindo “inocentemente” que gravássemos de novo. Tarde demais.



Uma Tarde na Fruteira é o disco de um anti-herói em seu melhor momento. Foi gravado há mais de três anos, lançado apenas na Espanha (no Brasil só haviam saído três músicas, em compactos em vinil), e só agora ganha uma caprichada edição nacional, pelas mãos da Monstro Discos.


Num caleidoscópio multi-cor de elegância psicodélica – disfarçada astutamente com pitadas de escracho popular, Uma Tarde... se revela a obra-prima da pretensão degenerada e espontânea de um artista tão verdadeiro quanto irregular. É a simbiose perfeita entre a piada explícita e berrante de A Sétima Efervescência, e a sutileza blasé de Plastic Soda – seus melhores momentos em disco.


No encarte generoso, não há letra de nenhuma das canções, só o básico da ficha técnica. O resto do bolo de páginas é dedicado a um ensaio fotográfico com um Júpiter Maçã pretensamente camaleônico, compondo com uma idéia “glamourosa” de decadência bukowskiana, em cenários cheios de rachaduras, remendos e escadas estreitas e descascadas.


Uma Tarde na Fruteira é o disco definitivo de um Júpiter Maçã envelhecido, maduro mas ainda capaz de um insuspeito e mortiço frescor mofado, hábil o bastante para combinar o primitivismo corporal do suíngue alinhado daquele Jorge Ben de outros tempos, com as pirações mais profundas do psicodelismo, citando textualmente, em meio ao caos polifônico, Woody Allen, Tom Zé, Aldous Huxley e Mutantes, além de emprestar de Bob Dylan, Arnaldo Baptista e de seu próprio passado, a inspiração para alguns dos melhores momentos do rock brasileiro contemporâneo.




Júpiter Maçã
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# Na última sexta feira fui até o CETE (Centro de Tecnologias do Espetáculo), atrás da festa de re-inauguração da Mostra Oito pras Onze, que costuma exibir cult movies nas madrugadas que separam o sábado do domingo, lá no Cine Goiânia Ouro.

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Pois bem, pra começo de conversa a fila para entrar dava umas boas voltas no estacionamento do lugar, que é um antigo prédio da prefeitura, com vários andares quase sem paredes internas e com janelões que dão uma visão privilegiada da avenida anhangüera, via que atravessa Goiânia quase de ponta a ponta. Grandes galpões empilhados um em cima do outro. Uma vez lá dentro, de chopp na mão, subi até a segunda pista (eram duas, no primeiro e segundo andares), e me instalei lá com os meus amigos, no meio do zoológico urbano que se espremia ao redor de um sofá quadrado. Depois de engolir dois ou três chopps, e experimentar alguns goles do uísque que o Diogo (da Monstro Discos) carregava a tiracolo, me vi dependurado em velhos hits "cafonas" que tanto tem feito sucesso de novo, nas mais variadas freguesias.

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Amaciado pelo álcool eu suportei bem até a empolgação estéril da curta apresentação da Madame Mim, que pulando feito um macaco rebelde e anfetaminado, em cima do sofá – que acabou fazendo papel de palco, satisfez a sanha dançarina dos coloridos moderninhos de plantão.


A pista de baixo, ainda que com menor audiência, ganhava na escolha dos repertórios, e desfilava jóias do soul, funk e afins, servindo de trilha sonora pra quem estava mais interessado em bater um papo, dançar sem afetação e não se esfregar no suor alheio. Grande festa, num lugar que DEVIA ser aproveitado mais vezes para eventos do gênero. Mas como em Goiânia a ordem-do-dia é sempre reclamar, vi gente criticando a falta de um elevador (!), para conduzir os humanos de uma pista para outra.



# Navega pelo web quatro músicas que seriam sobras de estúdio da gravação dos ótimos Tim Maia Racional – de setenta e quatro (volume um) e setenta e cinco (volume dois). Recentemente Tim Maia voltou a ser pauta no mondo pop nacional, por causa do recém lançado livro do Nelson Motta, Vale Tudo, que biografa a vida desregrada, genial e contraditória do maior dos nossos soulmen.

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Racional foi o ápice criativo da carreira do síndico, parido na metade de uma década de incrível fertilidade para sua discografia - que depois do nascer dos anos oitenta nunca mais conseguiu restabelecer o viço poderoso desse período, e caiu numa irregularidade artística que o acompanharia pelo resto de sua vida, assim como seu comportamento polêmico e politicamente incorreto até o osso.

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Se você ficou curioso com essas peças “esquecidas”, clique aqui e bom download.



# Nascido como lista de discussão na internet, o festival Nordeste Independente conseguiu romper a barreira das mail-box no ano passado, e em dois mil e oito realiza sua segunda edição como festa da vida real, espalhando o melhor da produção local para dialogar com seu próprio público, conversar com as platéias vizinhas e, além de tudo, integrar o Nordeste numa imensa folia roqueira anual. O festival itinerante vai percorrer seis cidades (Alagoinhas, Camaçari, João Pessoa, Natal, Recife e Salvador), em cinco estados (Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Pernambuco), e canções sem aquele sotaque tão característico, só mesmo as do Lafusa, de Brasília, e do Rock Rocket, de São Paulo (e da cearense O Garfo, que se exime do sotaque por ser um trio instrumental). As bandas que vão compor os vários line up’s do Nordeste Independente são essas aí embaixo:


DOMBEN, PEIXE COCO, DISTRO, O GARFO (CE), LAFUSA, OS REIS DA COCADA PRETA (PB), BARBIEKILL, ORQUESTRA BOCA SECA, THE VOLTA, CALISTOGA, CAMARONES ORQUESTRA GUITARRÍSTICA, BON VIVANT (PE), THE SINKS, GEORGE BELASCO E O CÃO ANDALUZ (CE), ROCK ROCKET (SP), MADALENA MOOG, SWEET FANNY ADAMS, AMP, THE DEAD SUPERSTARS, MORMAÇO, NUDA, DJ ANDRÉ, INVENTURA, KHARMA, MATIZ, OS IRMÃOS DA BAILARINA, DEMOISELLE, A FÁBRICA, DECLINIUM, LADRÕES ENGRAVATADOS, PSICOPOP, HOMEM METEORO

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# A notícia quem deu foi o portal de música do UOL, e é mais ou menos assim:


A revista americana "Maxim" pediu desculpas
aos leitores depois de ter criticado o último disco
da banda Black Crowes, sem que o crítico tenha
ouvido o CD inteiro.



Em sua edição de Março, a revista deu nota cinco (duas estrelas e meia, em cinco possíveis), para Warpaint, o esperado disco novo do fabuloso grupo dos irmãos Robinson. Acontece que a banda garante que não há copias finalizadas disponíveis e que, portanto, o jornalista que assinou a crítica só poderia estar, simplesmente, mentindo. A assessoria do Black Crowes garante ainda que apenas uma música, o single Goodbye Daughters of the Revolution, foi ouvida pelo autor do texto e sua editoria, assim como por qualquer humano interessado no conjunto e munido de uma conexão à Internet.



A revista reconheceu que sua política de resenhar apenas discos que tenham sido ouvidos na íntegra foi desprespeitada, mas nada disse a respeito de apenas uma das canções do track list estar disponível para audição.


A agonia pelo furo de notícia levada aos limites da burrice cega.

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Depois dessa, eu vou nessa.
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Beijo pra você


terça-feira, fevereiro 19, 2008

The Colagens
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# Mais uma vez o Orkut, esse mar de diversão adoravelmente inútil. Amanheceu ontem, na comunidade Goiânia Rock City, um tópico absolutamente hilário, que trazia um link para uma foto do Segundo, dono da Two Beers Or Not Twoo Beers – selo especializado em metal/agacê, enchendo um copo de coca cola nas máquinas de refil do Burger King, em um shopping da cidade. O negócio é que o Segundo sempre latiu alto contra as mega-corporações e seus supostos efeitos malévolos dentro do mundo capitalista, e até dividiu o rock goiano entre esquerda (ele e sua turma) e direita (todo o resto).


Entre a enxurrada de posts seguintes, manifestação dos decepcionados com a conduta anti-agacê do rapaz, “barulho” da turma que quer ver o circo pegar fogo, o tripudiar satisfeito dos opositores, e até uma justificativa do próprio Segundo, que alegou, num post incrivelmente curto, ter se apoderado de um copo vazio esquecido em uma das mesas e roubado a coca cola da fotografia, eximindo-se da “culpa” de ter pago qualquer quantia ao Burger King, não sem antes ironizar a ação do que ele chamou de “paparazzis indie sem mais o que fazer”.


Pois bem, na seqüência da justificativa, Daniel Drehmer (autor da foto e metade do duo humorista indie Réu e Condenado), afirmou ter testemunhado o Segundo comprando sanduíche e batata frita no balcão do fast food, e que só bateu a foto quando o proprietário da Two Beers voltou para encher de novo o copo, confrontando a história do roubo dos refrigerantes mega-corporativos. Depois mais gente também alegou ter testemunhado o ocorrido.


Daí pra frente o tópico deve render, no mínimo, algumas centenas de postagens, e até agora o Segundo não apareceu para admitir o “erro” perante seus seguidores patrulheiros de comportamento, nem para desmentir o desmentido, e publicar uma de suas quilométricas respostas furiosas. Até um incrível fake de fake apareceu para confundir o “julgamento” do pessoal sem noção que participa da comunidade, tumultuando ainda mais uma das discussões mais descabidas de um fórum quase absurdo.


Mas que está muito engraçado, isso está!




# Nessas últimas semanas a internet brasileira foi novamente bombardeada com alguns google bombs dos mais espertos. Google bomb é um artifício usado por internautas “ativistas” e blogueiros, além de todo tipo de nerd-que-não-sai-do-quarto, para forjar a classificação de buscas no Google, criando referências falsas nos primeiros lugares, sempre maquinadas para o humor, ou para o protesto. Perto do fim do ano passado, uma google bomb levava o navegante incauto que digitasse “vergonha nacional” direto para a página do Senado Federal (se você clicasse no “Estou Com Sorte”). Uma retaliação da comunidade internética brasileira à absolvição do então presidente do Senado, Renan Calheiros.



Agora a bola da vez é a Preta Gil, que tenta processar o google por que uma busca de imagens por “atriz gorda”, oferece no “Experimente Também” o nome da cantora/atriz/filha-de-ministro (essa GB, pelo jeito, já caiu), e também o Presidente Lula, que, numa busca por “Maior mentiroso do Brasil”, tem sua biografia no Wikipédia como resultado imediato.

Se você buscar imagens com a palavra “calcinha”, ou “crack”, o google também tem sugestões educativas pra você. O mais divertido, porém, é a busca por “Find Chuck Norris”. Vai lá!




# Já tem um tempo que eu quero comentar aqui sobre o The Colagens, que lançou um disquinho coisa-fina, no meio do segundo semestre de dois mil e sete. Na verdade eu até já falei sobre o duo nessa mesma tela, quando botaram suas primeiras quatro músicas na web, em meados do ano passado. O textinho curto que elogiava as quatro peças acabou publicado junto às músicas, na página deles no Myspace, e durante a semana de debates que antecedeu o último Goiânia Noise Festival, em novembro passado, o guitarrista Front Júnior me entregou o disco fechado, com encarte de coletânea-em-promoção, mas recheado com quatorze músicas que desculpam totalmente a capa genérica.


Enquanto Sidmund Falou!!! vai te lembrar a trilha de Snatch – Porcos e Diamantes (vestida com um requinte jazzístico), em Movimento Variando o preciosismo guitarreiro do convidado especial Fridinho (Olhodepeixe) não vai te lembrar nada.


Em Groove Armado, ao lado do baixista thiago Ricco (Violins), a dupla cadencia um psicodelismo abrasivo e sincopado, e Visão Eletrônica é uma paródia elegante da enormidade de possibilidades que a tecnologia, felizmente, trouxe para a música pop.


The Colagens é o projeto pessoal de dois dos caras mais habilidosos dessa nova música brasileira, o baterista Fred Valle e o guitarrista Font Jr., músicos profissionais que integram bandas de apoio de um monte de “artistas” que a gente ama odiar. Desses que se apresentam na praça cívica na festa de reveillon, confundem lobby político com “sucesso”, e que adorariam ter metade do talento dos dois.




# A Monstro Discos completa dez anos em dois mil e oito, e para celebrar seu aniversário promete um cardápio de eventos que vai rechear os meses de abril a novembro. Além dos shows, festas e mostra de cinema, a etiqueta promete uma box-set de luxo, ao estilo da charmosa Rhino Records, que vai compilar músicas de todos os discos que a gravadora botou no mercado com sua chancela.


A agenda é essa aí embaixo, e você pode ir preparando o bolso, por que os shows de lançamento dos novos álbuns de Violins e Macaco Bong são imperdíveis, assim como, a Mostra de Cinema Trash, o retorno do Anti Música Rock Festival, os já tradicionais Bananada e Goiânia Noise (com a visita do Mudhoney), e até a apresentação sempre nonsense de Flavio Basso, o tiozinho-de-meia-idade por trás do Júpiter Maçã.Acompanha aí:



Calendário Oficial - Monstro 10 Anos

27 de março - quinta feira
LANÇAMENTO CD VIOLINS - "REDENÇÃO DOS CORPOS"local: Bolshoi - Goiânia - GO

10 de abril - quinta feira
LANÇAMENTO CD JUPITER MAÇÃ - "UMA TARDE NA FRUTEIRA"local: Bolshoi - Goiânia - GO

18 de abril - quinta feira
LANÇAMENTO CD MECHANICS - "MUSIC FOR ANTROPOMORPHICS"local: Centro Cultural Goiânia Ouro - Goiânia - GO

08 de maio - quinta feira
LANÇAMENTO CD MACACO BONG - "ARTISTA IGUAL PEDREIRO"local: Bolshoi - Goiânia - GO

23 a 25 de maio - sexta a domingo
FESTIVAL BANANADA 2008 (X Edição)local: Centro Cultural Martim Cererê - Goiânia - GO

19 de junho - quinta feira
LANÇAMENTO CD SICK SICK SINNERS - "ROAD TO SIN"local: Bolshoi - Goiânia - GO

05 de julho - sábado
FESTA MONSTRO 10 ANOS NA AMBIENTElocal: Ambiente - Goiânia - GO

01 e 02 de agosto - sexta feira e sábado
ANTI MUSICA ROCK FESTIVALlocal: Centro Cultural Martim Cererê - Goiânia - GO

19 a 21 de setembro - sexta feira a domingo
TRASH - IV Monstra Goiânia de Video Independentelocal: Centro Cultural Goiânia Ouro - Goiânia - GO

18 de outubro - sábado
LANÇAMENTO OFICIAL XIV GOIÂNIA NOISE FESTIVAL c/ MUDHONEY (US)local: Centro Cultural Oscar Niemeyer - Goiânia - GO

21 a 23 de novembro - sexta a domingo
XIV GOIÂNIA NOISE FESTIVALlocal: Centro Cultural Oscar Niemeyer - Goiânia - GO





É isso aí, vou ali no Youtube procurar mais vídeos de Nome Próprio, filme do Murilo Salles estrelado pela Leandra Leal e que conta a história da Clara Averbuck (conhece?)




Tchau

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Sorte!

MqN
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# Depois de lançar, junto com os Forgotten Boys, mais uma edição das Fuck CD Sessions, o MqN parte em uma mini-turnê nacional a partir do dia dezesseis. A primeira parada é no interior de minas, Uberlândia, de onde o grupo segue para dois shows em São Paulo. Depois volta para uma apresentação em Brasília, antes de retornar a Goiânia para preparar uma “esticada” até os EUA, onde se apresentam no renomado South By South West, festival texano realizado em Austin. Em território “ianque”, a banda permanece por dez dias, gastando o tempo entre um show e outro (mini-tour tio sam) com mais networking casca-grossa, o que tem rendido ótimos frutos para os freqüentadores do rock em Goiânia (e no Brasil).


O SbSW deste ano, aliás, está dos mais receptivos ao pop decente feito no Brasil. São mais de dez nomes brasileiros confirmados no descomunal line up do festival, que se espalha pór vários clubs da cidade. Os escolhidos são Alexia Bomtempo (Rio de Janeiro), Curumin (São Paulo), Debate (São Paulo), Fruet & Os Cozinheiros (Porto Alegre), Lucy & The Popsonics (Brasília), Marcelo D2 (Rio de Janeiro), MQN (Goiânia), Nancy (Brasília), O Quarto das Cinzas (Fortaleza), Pata de Elefante (Porto Alegre), Pierre Aderne (Rio de Janeiro), Telerama (Fortaleza), Tita Lima (São Paulo) e Vamoz (Recife). E aí, vai lá?


Hehehe



# Já o Grito Rock Uruguai, que aconteceu em Montevidéu, foi sucesso absoluto. Quem garante é o amigo uruguaio Aldus, que em conversa pelo msn disse que o show do Autoramas foi apoteótico, diante de quatro mil almas elétricas A imprensa Grito Rock falou com o Gabriel Thomaz sobre esse show:


Queria que você começasse contando um pouco de como foi a chegada de vocês, o que tava previsto pela produção local e o que encontraram quando chegaram.

Gabriel Thomaz - Já foi a quarta vez q fomos Montevidéu. A última vez tinha sido num grande festival chamado Fiesta de La X, vários palcos diferentes, público total de 80 mil pessoas.Isso foi quando?Final de 2006. Sempre vendemos muitos discos pro Uruguai, mas faltava fazer um show q o Autoramas seria a banda principal. Chegamos lá com um monte de compromissos marcados, Rádio, imprensa, estava passando anúncio na tv, até tenho o link no Youtube, vê aí q é a maior comédia



E o Supersônicos (banda produtora do festival), qual é a deles?
Eles são apenas a melhor banda do Uruguai.


Que bandas hoje do nosso cenário você acha que seriam bem recebidas lá? Você tem alguma aposta?

Canastra, Nervoso, Jumbo Elektro, Chucrobilly, Macaco Bong, The Feitos, Móveis... As mais originais, as cópias eles também tem as deles...




# O Violins começou a disponibilizar seu novo disco, A Redenção dos Corpos, no site da banda. O disco, que chega ao mercado no formato tradicional em meados de março, será disponibilizado aos poucos, cada faixa do disco ficará apenas vinte e quatro horas a disposição do vosso download, expirando assim que a próxima (seguindo a ordem oficial do disco) ocupar seu lugar.


Como já foi dito aqui nessa mesma tela, o cedê é dividido em duas partes, uma acústico-eletrônica, e a segunda mais-ou-menos como já conhecemos:


Parte 1

1. A busca

2. Exemplar do Fundo do Poço

3. Guerra Santa

4. Padre Pedófilo

5. Rei Pornô

6. Corpo e Só

7. Manobrista de Homens

Parte 2

1. Entre o Céu e o Inferno

2. Festa Universal da Queda

3. Longo Karma

4. Problema Meu

5. O Pregador

6. Terrorista Justo

7. Fim da Música como Arte




# Se ainda te restava alguma dúvida de que o indie brasileiro nunca esteve tão internacional, a revista franco-belga Brazuca e o site candango Senhor F não te deixam duvidar mais. A revista, publicada em duas línguas (francês e português), se propõe a divulgar, na França e na Bélgica, o que de melhor acontece na terra do futebol, e dentro desse parâmetro acharam por bem dar uma voz internacional à ebulição criativa que tem renovado o nosso rock que interessa. Fernando Rosa (o jornalista e enciclopédia roqueira ambulante por trás do selo/site Senhor F), foi o responsável pela curadoria, e escolheu, para figurar em tão nobre compilação, alguns dos maiores e melhores representantes dessa efervescência toda: Macaco Bong, Pata de Elefante, Móveis Coloniais de Acaju, Superguidis, O Quarto das Cinzas, Los Porongas e Autoramas (entre outros) – além do hype magrelo e injustificado, Vanguart.


A revista, que mantém uma tiragem de trinta mil exemplares, dificilmente chega com fartura ao Brasil e promete que o track list inteiro da compilação vai ficar esperando o vosso download a partir do dia quatorze próximo, tipo quinta feira agora. Fica esperto e dá uma olhada aqui, pra conseguir o seu Le Noveau Rock Bresilién.



# Pra terminar: Lucky, quinto álbum do Nada Surf foi lançado, dia desses, na Europa, Estados Unidos e Canadá, e é claro que também já bóia fartamente na web. O Nada Surf fez sucesso mesmo no meio dos anos noventa, mas depois do boom, recolheu-se novamente ao gueto. Inovação não é, exatamente, o que procura o trio que estourou com o hit Popular, em noventa e seis. Primeiro registro desde Weight Is A Gift, de dois mil e cinco, os novaiorquinos ainda insistem naquela mesma fórmula Teenage-Fanclubiana de candura e melancolia, representados por pop-songs melodiosas e despreocupadas, mas se repetem com tanta propriedade que ainda conseguem emocionar. Não espere grandes novidades, e se deixe envolver pela sensibilidade aguda e dolorida dessas onze canções. Aposto que vai funcionar.

Para experimentar, clique aqui.
(como fazer seu download: Vá até o fim da página e clique em Free. Depois que uma nova janela se abrir, espere o tempo solicitado – um minuto e pouco, digite o código que surgirá na tela e inicie seu download)

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Até!

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

A Vergonha do Metal Nacional

The Cavalera Conspiracy


E aí, como foi de carnaval? Encheu a cara, cheirou lança-perfume no baile de máscaras e enfiou o pé-na-jaca no almoço com a família?


Normal, acontece.



# Vazou dia desses o tão esperado disco da reunião dos irmãos Cavalera. Baixei a peça no fim-de-semana e ainda não consegui uma opinião definitiva. Na primeira audição achei a coisa meio chata, uma profusão ressuscitada de mais-do-mesmo. Um opúsculo de fúria requentada em linguagem retrô. Desconfiei que, talvez, estivesse muita ranzinza. Esperei por esse disco por mais de dez anos, e agora quando finalmente ele sai, já ganha uma canetada na primeira ouvida?


Dei mais uma chance, dominando o mau-humor, e as músicas até pareceram melhorzinhas. Aquela química que funcionou tão bem em pelo menos quatro discos (sendo que um deles – Roots, é uma das maiores obras-prima do pop mundial), não vai voltar nunca mais, isso já tinha dado pra perceber, e as viúvas do Sepultura que ainda se recusavam a enxergar isso, agarrando-se com todas as forças na possibilidade de um retorno da formação clássica (não a original) da banda, viram suas esperanças caírem por terra com o lançamento desse Inflikted.

Não que seja ruim, mas é o mastigar redundante daquela potência brutal que transformou Max e Ig(g)or em duas das figuras mais importantes, não só do metal, na década de noventa. Não tem o mesmo gosto de novidade e descoberta. Não impressiona mais pela precisão da selvageria, controlada dentro das características principais do thrash metal e, enfim, não tem o viço para envelhecer com glória. Daqui a vinte anos, será lembrado como curiosidade, “o disco de reunião dos caras que fizeram o Roots”.


Quando Max Cavalera anunciou que deixaria o Sepultura, em noventa e seis, logo depois do sucesso estrondoso de Roots, a pergunta da vez era: quem sobrevive?


Max tratou de se apressar e despejou rapidamente aquele que poderia muito bem ser entendido como uma continuação digna para o Roots. O primeiro disco do Soulfly, com incríveis dezoito faixas, era sólido, bravo, rancoroso e absolutamente genial, dentro daquela mistura que já se pasteurizava sob o signo maldito apelidado de new metal.


O Sepultura tentou responder com Against, mas a irregularidade das canções e a estranheza que o vocalista novo causou, levou muita gente a apostar que o Soufly sobreviveria ao Sepultura .


Acontece que o deslumbre criativo do irmão mais talentoso o fez mergulhar por experimentos demais, desviando o foco e levando o Soulfly por caminhos muito particulares, acabando por juntar-se ao Sepultura na irregularidade artística: algumas poucas coisas boas (e até ótimas), perdidas num mar de experiências chatas.


Lá na frente, o Soulfly fez a curva de retorno, apontando suas antenas para os pés, e passou a reverenciar suas raízes, iniciando esse processo de recriação do passado que não é lá muito melhor sucedido que a fase anterior. Já o Sepultura segue desfigurado, meio constrangido e na defensiva, mas ainda poderoso no palco.


E agora, esse Cavalera Conspiracy... uma conspiração nostálgica e meio caduca que promete coexistir pacificamente com duas facetas opostas de um vergonhoso passado recente, servindo de lembrança de que uma ótima banda, ao longo dos anos, se dividiu em três, mas que cada uma delas, atualmente, não dá conta de um décimo do que era, antes da tri-partição.

Matemática louca da equação ego-trip/talento/dinheiro.



MagüeRbes


# O MagüeRbes lançou, ano passado, Modelo de Prova, seu terceiro disco cheio.



A música dos MagüeRbes é uma singular mistura de criatividade hardcore, desespero rap e afinações baixíssimas. Até aí novidade nenhuma, mas quem, assim como eu, conheceu o grupo através de suas primeiras demo-tapes (lembra delas?) Ignorante e Menos Tempo, sabe que os garotos adoram carregar no sotaque interiorano e não admitem soar parecidos com nenhuma outra banda. MagüeRbes é assim, inventivo acima de tudo.


Pois bem, se na estréia em disco aproveitaram gravações das demos, enfiaram lá alguns dos mais toscos registros da banda ao vivo junto com algumas músicas “novas” e chamaram de “primeiro-cedê-dos-MagüeRbes”, o segundo foi um pouco mais caprichado. Mas só um pouco.


Apesar do encarte classe, as gravações ainda não eram das melhores, o que mais uma vez confinava o grupo ao gueto dos iniciados, afastando qualquer chance palpável de atingir qualquer um que já não fosse do meio.


Nesse terceiro a coisa não muda muito, apesar de transformações sutis. A despeito do eterno desespero raivoso, os torpedos movidos a testosterona se apresentam um pouco mais elaborados, os berros diminuíram e a banda se arrisca em outros terrenos, mesmo que o preço seja o do erro justificável. E a qualidade da gravação ainda está longe da ideal.

Tá bom que, em mais de dez anos, o quinteto não lançou nada melhor do que aquele repertório perturbador e descontrolado que recheava as demo-tapes do começo, mas mesmo assim continuam na vanguarda de um gênero que se gaba de sua obtusidade. Vou ouvindo aqui.



MagüeRbes, a vergonha do metal nacional.





* Domingo agora o Seven re-inaugura as sessões do antigo Low Amp, shows acústicos organizados pela Fósforo Cultural. O grupo instrumental – que está com seu primeiro disco pronto – promete um começo de noite recheado dos “clássicos de 1984 e os sucessos do Admirável Mundo Novo!”, lá no palquinho charmoso do piano bar do Cine Goiânia Ouro, onde já se apresentam, regularmente, conjuntos de jazz. Vai lá?




Fui

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Follow the Leader



# Passada rápida aqui, antes de voltar lá pra dentro e escutar mais uma vez o primeiro disco do bardo australiano Aaron Thomas. Follow the Elephants tem estilhaçado corações planeta afora – principalmente os da Espanha (país que escolheu para morar) e dos Estados Unidos, o melhor mercado que qualquer artista pode querer dominar –, com uma dúzia de belas canções que renderam comparações com a voz doce e agônica do Thom Yorke.

Na verdade, dá pra dizer que Follow the Elephants é uma mistura da candura do Thom Yorke com a dramaticidade do Rufus Wainwright, temperado com umas pitadas discretas do exotismo étnico do Beirut. As músicas do Aaron são, primordialmente, acústicas, delicadas e tristes. Dispensam aquele mergulho fundo na angústia de uns, ou a grandiloqüência e excentricidade de outros.

Aqui a lei é soar bem, sem nenhuma intenção de estranheza. Pop songs adultas e trabalhadas a serviço da melodia, sem ambições “revolucionárias” e que pagam um tributo também à gente como Bob Dylan, Ryan Adams e Jeff Buckley.

Pra você que ficou curioso, é só clicar aqui, fazer um download, escutar e depois em dizer o que achou. Combinado?


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# Deu pra ver, pelos comentários do post aí de baixo, que a audiência do Mugo no Grito Rock Goiânia será das maiores e mais empolgadas. Foi, de longe, a banda mais citada na enquete que indagava os leitores sobre qual será o melhor show do festival, que acontece nesse sábado (02/02). Lá atrás, a cearense Montage aparece como a segunda mais lembrada.


Por falar na enquete, que também sorteava um ingresso para a farra carnavalesca, o nome da sortuda que vai aproveitar a festa na faixa é:

* Mariana Natassia Kol


Você, Mariana, pode chegar lá na portaria do Martim e dizer para o bilheteiro que seu nome está constante na lista de convidados, como sorteado da promoção do Goiânia Rock News.


A gente se vê lá!


Fui.