O super-grupo mais caro do pop brasileiro, capitaneado pela metade recém-testosteronizada da ex-dupla Sandy & Júnior (que “abandonou” os holofotes e se escondeu atrás da bateria, em busca de reconhecimento artístico), acompanhado das também estrelas ascendentes do mainstream nacional, Champignon (ex-Charlie Brown Jr) no baixo, e Peu (ex-Pitty) na guitarra, além do (mezzo deslocado) vocalista Perí, nasceu grande, e o parto, você sabe, foi ao vivo, durante a última edição do VMB, premiação organizada pela Mtv brasileira.
A crítica especializada, tão acostumada a confundir música com ideologia, não tardou em descer o malho por antecipação, mas a provocação dos rapazes (ostentando moicanos tão artificiais quanto as novelas das 8) no VMB foi, no mínimo, equivocada, e, no máximo, bocó. Eu mesmo me deixei antipatizar, não sei se pela rebeldia-de-condomínio, pelas poses de bad-boy sanitizado, ou pelos cortes de cabelo milimetricamente avaliados, mas o negócio é que de cara “Chuva Agora” (o primeiro single) não me chamou a atenção. Pelo menos não positivamente.
Mas, ossos de um ofício voluntário, resolvi investigar e, assim, tentar desconstruir o pré-conceito que o grupo costuma provocar (menos no público que na crítica): baixei 9MA – o disco, e fui tentar ouvir como se fosse algum dos cedês que recebo pelo correio, de bandas “desconhecidas” e sem nenhum pop-star teen de passado duvidoso na formação.
As 12 faixas do álbum, gravadas na Califórnia e produzidas pelo mesmo (premiado) produtor da época de Sandy & Júnior, o papa-Grammys Sebastian Krys, não fazem nenhum grande desvio para longe do universo estético do rock/pop moderno, ao mesmo tempo em que se mantém distantes do desgastado emo-core (ao contrário do que supõe muitos dos que fizeram questão de não ouvir e não gostar).
“Espelho”, uma das melhores faixas 4 do mainstream brasileiro recente, é um reluzente stoner-rock, com um refrão ganchudo que brilha sob um verniz pop desconhecido no gênero, enquanto a faixa de abertura, “Ainha Há Tempo”, exibe dedilhados de violão, linhas de baixo sofisticadas e uma explosão de riffs de guitarra digna dos festivais no Martim Cererê.
Já em “O Rio”, o grupo flerta com Red Hot Chili Peppers, num funk-rock “cerebral”, tão fluido quanto sentimental, e em “Vício” e “Misturando Coisas” (escondidas no fim do track list) assume sua faceta mais descaradamente pop: melodias planejadas para a emoção fácil, timbres açucarados e letras doces, quase sussurradas. Mas mesmo que beirem uma enjoativa overdose de candura, as duas canções acabam funcionando bem, no apagar das luzes do disco.
“Chuva Agora”, o single, é mesmo a melhor música (ainda que de primeira não tenha me pegado – o que não é incomum): batida cavalgante, guitarras furiosas e aquele climão road-movie vento-na-cara. Uma música tão potente e cheia de vigor quanto a vida de roqueiro milionário pode permitir. Mas se você é da turma que confunde música com ideologia e acha que dinheiro e sucesso, a priori, é demérito artístico, só posso concluir que você (e sua turma) é um perfeito idiota, e deve preferir se .orgulhar de sua própria ignorância.
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# No último dia 24, o Fabrício Nobre (um dos 4 chefões da Monstro Discos) completou 30 anos de idade, e para celebrar convidou a rapaziada para uma festa lá no Repúblika Studio (de propriedade do Marlos Hiroshi, do Motherfish), onde aconteceu o show do próprio Motherfish, além da apresentação de uma das maiores apostas da Monstro para
Além das apresentações dos dois grupos, e dos duzentos litros de chopp Heineken (que incrivelmente acabaram no meio da madrugada!), este amigo que vos tecla foi responsável, ao lado do DJ Maurício Mota (ex-líder do Hang the Superstars), do DJ Gugu (Gustavo Vasquez, baixista do MqN), e do DJ Lucho (da turma da festa Criolina, em Brasília), por uma pista de dança que mais parecia um animado, bailarino e colorido zoológico indie.
Mais uma vez parabéns ao Fabrício, tanto pelas três décadas de sexo, drops e rock vagabundo, quanto pela festinha grã-fina que entupiu as dependências do Repúblika com as figuras mais estranhas de Goiânia Rock City. Vida longa e Rock Sempre!
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Agravo - Desde que o Violins acabou que, vira e mexe, dou notícias aqui sobre a nova banda que os remanescentes Beto Cupertino, Pedro Saddi e Tiago Ricco (acrescidos do novo baterista Zé Junqueira), estão formando. A idéia desde o início, segundo os próprios integrantes, é soar completamente distinto da música do Violins, que apesar das diferentes fases sempre teve uma assinatura muito forte. A primeira canção-estudo a sair sob esse novo signo, apesar de ser uma boa música, não destoava daquela sonoridade conhecida (como foi comentado aqui mesmo algum tempo atrás), e foi relegada ao limbo exatamente por essa consonância.
Já que a idéia era de ruptura e renovação, o vocalista e principal compositor Beto Cupertino achou por bem, a serviço da originalidade, abandonar as guitarras e se dedicar, em dueto, ao teclado. O tecladista Pedro Saddi passou a dialogar efeitos e texturas com as melodias bonitas, porém irônicas e erráticas, do ex-guitarrista, enquanto a cozinha acrescenta peso e uma cadência quebrada à mistura. No domingo passado estive num dos ensaios dessa nova formação, que foi recentemente batizada como Agravo, e enfim pude finalmente reconhecer que o conjunto está conseguindo se distanciar de seu passado, mesmo que a voz de Beto Cupertino ainda esteja tão intimamente associada ao Violins.
O grupo já conta três músicas em seu repertório de nascimento, além de outras duas que estão “de lado, por enquanto”, e ainda não tem previsão para shows ou gravações oficiais.
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Vou ali. Volto mais rápido dessa vez.
Um comentário:
tsc tsc tsc tsc tsc tsc
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