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domingo, outubro 29, 2006

“Não São Paulo”

(+) De volta à Goiânia.

# Sexta feira passada (22/10), recém chegado em sampa, desembarco no Ibirapuera, para passear pela Bienal de Arte Contemporânea.

# # Tenho uma relação meio tumultuada com essas coisas da tal ‘Arte Contemporânea’. Muitas vezes (na maioria delas, na verdade), parece ao amigo aqui que os tais membros dessa entidade abstrata e pouco compreensível, se valem da estética do choque ou do hermetismo para camuflar falta de talento ou pouca inspiração. Desculpem a ignorância do blogueiro, mas pouca coisa chamou realmente a atenção. Se pelo menos tivesse levado uns fones de ouvido com o ‘novo’ do Violins...

# # # Sábado fui ver a Patife Band, conjunto clássico formado em 1983 por Paulo Barnabé, irmão menos famoso do louco-alucinado Arrigo Barnabé – que juntamente com Itamar Assumpção liderou o movimento que viria a ser conhecido como Vanguarda Paulistana. O show aconteceu no Clube Berlin, na Barra-Funda, e arrecadou mais ou menos umas cem pessoas para servir de platéia para o experimento jazzístico, acomodado desconfortavelmente em angulosa linguagem punk, com andamento picotado, cordas dançando sobre um fio de navalha e vocalizações improváveis. Músicas como ‘O Pregador Maldito’, e a adaptação anárquico-musical de ‘Poema em Linha Reta’, do Fernando Pessoa, presentes na trilha sonora do filme Cidade Oculta (do Chico Botelho, com o Arrigo ajudando também no roteiro), ocuparam boa parte da apresentação e arrancaram aplausos frenéticos dos aficcionados presentes (o blog incluso).

# # # #No domingo, pra relaxar, foi a vez do bom samba percorrer os tímpanos do escrevente aqui. No Tom Jazz Club o blog assistiu à apresentação do Gafieira São Paulo, grupo que se devota ao samba de sabor jazzy, executado com baixo (elétrico), guitarra (semi-acústica), bateria, piano, percussão e naipe de metais, e já foi aplaudida por gente como Yamandú Costa e Thiago do Espírito Santo. Ora instrumental, ora recebendo cantores convidados, o conjunto esticou a noite de domingo até mais do que deveria, levando o blogueiro à doce embriaguez, proporcionada por suas sedutoras e dançarinas melodias, e pela saborosa cerveja Itaipava.

# # # # # Já na segunda-feira, a pedida era o Blen Blen Brasil, tradicional casa de shows da capital paulista, que apresenta no início da semana sua noite jazz, dividida em três partes: a primeira – perdida por este que vos digita – foi de responsabilidade do Cacique Jazz Combo; o meio da noitada foi reservado para a Soundscape Big Jazz Band, grupo composto por quase vinte membros e que elenca, numa seqüência anacrônica e adorável, gênios como Cole Porter, Charlie Parker e Miles Davis.

# # # # # # Para fechar a segunda-feira mais produtivamente ociosa dos últimos tempos, apresentava-se o grande guitarrista Michel Leme, acompanhado de alguns amigos. Na verdade, Leme monta um conjunto diferente toda segunda, e dessa vez o convidado mais ilustre era ninguém menos que o monstro Arismar do Espírito Santo (pai do também baixista Tiago do E.S., citado lá em cima), ao violão. Temas experimentados no descompromissado improviso da diversão, eram entrecortados por piadas e gracinhas, ditas entre eles, baixinho, como se público ali não houvesse.

O lugar - pequeno e charmoso porão de madeira, com mesas e poltronas espalhadas, rodeado por sofás - era habitado por cerca de cinqüenta pessoas, que deliravam alto em aplausos e assovios, depois de mergulharem fundo no radicais transes instrumentais, de vááários minutos.

Coisas de São Paulo...

# # # # # # Tô escutando muito o ‘Enemies Like This’ do Radio 4. 'This Is Not A Test' e ‘As Far As The Eye Can See’ são foda (o disco inteiro é legal, até os reggaes)!


*Beijaço pra amiga Luna Vargas (dileta bisneta do nosso ex-presidente Getúlio Vargas), que merece mais um agradecimento aqui, pela sua lisongeira hospitalidade e atenção. Outro beijo para as gêmeas brasilienses Amanda e Luisa, que também estavam ‘acampadas’ no apartamento da Luna e compartilharam momentos bem divertidos com o blog


# Então é isso.

# No próximo post, Cachorro Grande, Móveis Coloniais de Acaju e Casa Bizantina: Goiânia Noise Party.

Um comentário:

Michel disse...

Hígor!
Obrigado por ter ido ao BlenBlen nos ouvir, e por comentar aqui no seu blog!
Pena que o BlenBlen fechou de vez...
Quando vier a São Paulo, entre em contato.
Um grande abraço!
Michel Leme
michel@michelleme.com