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quinta-feira, abril 30, 2009

What the Fuck?

A Casa Bizantina, uma das melhores (e mais ausentes) bandas de Goiânia, soltou na web o vídeo-clipe de “Configurações do Espaço”, faixa de Estado Natural – seu terceiro disco, lançado em 2006.




Estado Natural foi, de longe, o melhor lançamento do independente goiano de 2006, e mesmo hoje, quase três anos depois, se equilibra nas primeiras posições da minha lista inventada que ranqueia os melhores discos do rock goiano, em todos os tempos. Mas a acomodação institucional da vida de funcionário público, a lassidão da vida adulta e a desarticulação deliberada com o circuito mantêm a banda num limbo desconfortável para um grupo tão talentoso, que sustenta firmemente um quase-anonimato preguiçoso e voluntário junto a essa nova geração que colore o Martim Cererê todo final de semana.


Experimente perguntar sobre o assunto pra qualquer um desses novos indies e a resposta provavelmente virá numa careta que pretende comunicar um "what the fuck is this?". Com a porção mais antiga da cena a banda ainda (eu disse ainda) goza de um prestígio respeitoso e inconformado, que sempre se traduz numa pergunta óbvia: se não acabou, por que a Casa não faz mais shows?


A animação do clipe é primitiva, tosca e ingênua, mas a música vale cada segundo diante da telinha aí embaixo:







# Susan Boyle, o novo fenômeno musical dos programas de calouros, não é bonita, mas é gostosa:




# Segundo boatos, parece (eu disse parece) que o próximo show internacional que Goiânia vai receber é o do Ill Niño, o embuste poli-nacional (radicado nos EUA) que defende o indefensável – no caso, a pasteurização em afinações baixas que, apesar de parir alguns (pouquíssimos) representantes decentes, contaminou gravemente o pop desde meados da década passada. Eu não vou, mas se você estiver se animando, boa sorte. vai precisar...




# Amanhã um dos melhores shows do nova música brasileira volta à Goiânia. Luciano Zakata, o Curumin, retorna ao palco do Martim Cererê para fechar a edição 2009 do festival temático Máxxxima, que esse ano reservou espaço para o pop genuinamente nacional. Japan Pop Show é o nome do último disco do rapaz, e se você não esteve presente na primeira (e nem na segunda) apresentação que ele fez em solo goiano e ainda não estiver com o ingresso de amanhã preso entre o polegar e o indicador, tudo o que eu posso dizer é que você é um idiota!





P.S.: Thanks for the "inspiration", mr. Parsons



Bad News – Sem pânico, mas o Creed anunciou que vai voltar aos palcos. Cuidado!

segunda-feira, abril 27, 2009

Big Deal

O Black Drawing Chalks, aquele das guitarras descontroladas a 200 km/h, voltou de sua turnê canadense com muitas boas histórias (algumas eles nem contam pra todo mundo) e uma satisfação óbvia, estampada nos muitos sorrisos que seus integrantes exibem sempre que o assunto volta à sua Canadian Tour.




Para documentar sua passagem pelo país mais gelado da América do Norte, o grupo se equipou com algumas câmeras e, debaixo da ovação surda e bêbada dos clubs ou em passeios inocentes pelas ruas caleidoscópicas de Toronto, registrou “instantâneas” da primeira turnê internacional do, atualmente, nome mais comentado do rock goiano.


E na triste volta para o terceiro mundo, a banda trouxe bem mais que boas lembranças, algumas tatuagens e uma esperançosa lista de contatos. Do material bruto guardado nas hand-cams até os videozinhos disponíveis aí embaixo, muitas historietas foram rememoradas e novamente saboreadas, mas como você (assim como eu) não estava lá, pode disfarçar a inveja e dizer que fica sinceramente feliz com o sucesso alheio.



Os vídeo-clipes são, respectivamente, de “Free from Desire”, e “Precious Stone”.






quinta-feira, abril 23, 2009

Aforismos de Peito

quarta-feira, abril 22, 2009

Ah, a internet...

Sua mãe já deve ter te aconselhado (ou hoje ou há muitos anos) a não falar com estranhos. Isso é tão onipresente em qualquer discurso materno quanto sua ânsia em desobedecer. Aliás, se nunca falássemos com estranhos, como eles poderiam deixar de ser... estranhos?


Nos primórdios da internet, as salas de bate-papo eram, talvez, os sites com mais audiência entre a garotada, e lá estava sempre cheio de estranhos, mas sua mãe se sentia mais segura com você dentro de casa, e não enxergava perigo em milhares de estranhos, potencialmente ainda mais estranhos por causa do anonimato garantido.




Com a popularização da web, os chats foram se segmentando, e o ICQ e o MSN acabaram por quase enterrar a prática, outrora gloriosa, entre a maioria dos internautas.

Invertendo esse caminho, e resgatando aquele espírito desbravador dos tempos da “inocência” na internet, Leif K-Brooks – um jovem americano de 18 anos, estudante de programação de computadores, abriu o Omegle.com, onde é possível, sem necessidade de logar ou fazer nenhum tipo de cadastro, entrar e automaticamente começar a teclar (quase que invariavelmente em inglês) aleatoriamente com o primeiro que aparecer.


Não é exatamente novidade, e nem está fazendo um sucesso estrondoso (a média de usuários online oscila entre 2.500 e 4.000), mas confesso que gostei da sensação “primitiva” de, de repente, engatar um papo com uma jovem finlandesa viciada em quadrinhos e punk-rock, ou com uma “tia” inglesa de 68 anos (segundo ela própria) que gasta seu tempo tentando converter almas perdidas vagando pelo cyber-espaço. E se o papo não fluir, com dois cliques você encerra aquele e inicia outro, testando seu inglês até aparecer uma conversa que valha a pena.


É, pode ser meio idiota, mas é divertido. E ainda dá pra conhecer um pouco mais do mundo dos outros, sem intermediários.





# Agora, se você está solitário, seus amigos resolveram te ignorar e você não consegue companhia nem quando promete pagar a conta da noite, a solução para seus problemas está no Amigos de Aluguel, que faz o que sua url explica e ainda se promete “totalmente sem fins sexuais”. O preço eu não sei, mas quem tiver coragem de alugar um amigo novo, provavelmente é por que já alugou demais os antigos. Merece!





Namorinho de portal - Um laboratório britânico de tecnologia digital (Distance Lab) está procurando casais que namoram à distância para testar o protótipo de um aparelho que promete esquentar a intimidade entre os dois. O Mutsugoto (como foi batizada a engenhoca) daria ao casal a chance de “desenhar”, com fachos de luz, sobre os corpos ou camas dos amantes ausentes, aproximando carícias antes impossíveis.


Deitados em suas camas e separados por centenas de quilômetros, cada metade do casal teria que usar anéis ativados pelo toque e que são captados por uma câmera instalada acima deles. Um sistema computadorizado identificaria o movimento do anel quando um dos parceiros o passa sobre o próprio corpo ou sobre sua cama, e a correspondência ao movimento seria transmitida e projetada em fachos de luz sobre o corpo do parceiro. As linhas mudam de cor quando se encontram.


Sinceramente? Nada melhor que a mão naquilo e aquilo na mão, mas se até um papo depravado pelo msn – ajudado por uma webcam desinibida, é divertido, o Mutsugoto pode lá ter suas vantagens em noites solitárias (é uma solução bem mais digna que o Amigo de Aluguel).


Outro projeto do mesmo laboratório promete lutas de boxe à distância, onde a intensidade dos socos seria medida por sensores em uma espécie de colchão-de-pancadas.


Quando eu era criança, jurava que cientistas só se preocupavam com coisas sérias. Mal sabia eu que a vida adulta é um jardim de infância hardcore.






Fui.

sexta-feira, abril 17, 2009

Non Stop

O Perito Moreno, codinome da carreira solo de Beto Cupertino (ex-Violins), parece ser tão prolífico quanto sua ex-banda. Semana passada postei aqui um link para download de seu primeiro “disco” - Made to Escape, e antes que eu (e, provavelmente, você) tivesse tempo de digerir o track-list, outro “álbum” já boiava na web. Save the Elephants foi “lançado” no começo da semana e tem seis músicas que eu ainda não ouvi.


Como já disse aqui mesmo algum tempo atrás, Beto Cupertino mantém, em estúdio, um outro projeto ao lado de seus ex-sócios de Violins (com exceção do Pierre Alcanfor) e do baterista Zé Junqueira - titular do banquinho na quase inativa Olhodepeixe, onde as guitarras foram dispensadas e o foco é nas texturas eletrônicas e melodias de teclados. Ainda não ouvi direito nem a primeira sequência do Perito Moreno, mas me baseando no ensaio que assisti dessa formação de teclados-baixo-bateria do projeto sem nome, em comparação com a carreira solo do vocalista, não consigo ter nenhuma dúvida sobre qual é mais legal. Mesmo por que violão e voz raramente me surpreende de forma positiva.




Perito Moreno




O prêmio Multishow, conectado com as preferências da audiência do canal, e ciente da importância de Goiânia para o novo pop brasileiro (hehe), botou o “nosso” Pedra Letícia pra concorrer nas categorias: Revelação, Melhor cantor, Melhor grupo, Melhor instrumentista, Melhor música, Melhor clipe, Melhor show e Melhor CD. E eu nem sabia que o PL tinha vídeo-clipe – é verdade que nunca procurei saber. É verdade também que não tive coragem de me cadastrar no site do Multishow para conferir a veracidade da informação (recebi a notícia por e-mail), mas parece que é isso mesmo.


Lembro de quando ouvi falar pela primeira vez sobre a banda. Fui ouvir e, é claro, dispensei de cara, mas fiquei intrigado com a repercussão que o então trio conseguia, principalmente fora de Goiânia. Fui testar a popularidade do “fenômeno” no Youtube e fiquei abestalhado com os milhões (é, milhões mesmo, nada de hipérboles espertinhas) de views. Era show no interior do Paraná/São Paulo/etc. com milhares de pessoas cantando junto, músicas que eram absoluta novidade pra mim, vários fan videos e centenas de comentários impressionantemente empolgados. E tudo isso havia surgido quase silenciosamente (pelo menos pra mim) ali do lado, em lugares que eu até freqüentava em ocasiões mais, err, nobres.


Dia desses o PL lotou mais um show, dessa vez em Goiânia, lá no shopping Flamboyant. Ainda consegui ficar assustado, vendo uma matéria sobre a apresentação no Jornal Anhanguera, com o tanto de gente (famílias, crianças, velhinhos... o arquetípico público que não gosta de música – se é que você me entende) que conhece e canta junto com a banda. Tudo bem que boa parte do repertório foi de hits suspeitos, mas a comoção do público parecia ser tão grande, nas músicas autorais, quanto no bailão festa-do-interior.


Por essas e outras (que me desculpe o Fabiano Áquila, que realmente gosta – e entende, de música e sempre foi tão simpático comigo), que o Pedra Letícia não merece o meu voto. Nem se eu perdesse meu tempo votando em enquetes desse tipo.







Vou ali engolir um feriado.

segunda-feira, abril 13, 2009

Bullshit!

Depois do comentadíssimo Dub Side Of the Moon (2003) e do não menos popular Radiodread (2006) – além de sua primeira incursão autoral, Until That Day, o coletivo nova-iorquino Easy Stars All Stars volta à tona, ainda bulindo perigosamente com os clássicos. E dessa vez o clássico em questão não poderia ser mais... clássico.


Transmutar o cânone máximo da música pop em versões enfumaçadas e sonolentas, entremeando a psicodelia sessentista com o andamento preguiçoso e sincopado do reggae soaria, para os puristas, como uma provocação inaceitável (como deve ter sido para a ala geriátrica dos fãs de Pink Floyd quando do lançamento de Dub Side Of the Moon), mas o tratamento minucioso e reverente que o grupo dá às canções de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band é capaz de desarmar até o beatlemaníaco mais xiita.


Para Easy Star's Lonely Hearts Dub Band, o Easy Star All Stars, como de praxe, convidou os “amigos” para compartilhar sua glória surrupiada e mutante. Legendas do reggae como U Roy (que já trabalhou com Lee Perry, Dennis Alcapone, Dunbar Sly, e King Tubby entre outros), Max Romeo (“War Inna Babylon”) e The Mighty Diamonds, entre outros, emprestaram suas habilidades para terem seus nomes incluídos nos créditos, e o resultado, até para mim que nunca fui um apreciador do gênero (aliás, muito pelo contrário), é bem digno.









# Criptomnesia é o nome do primeiro disco do El Nuevo Grupo de Omar Rodriguez. Omar Rodriguez (que ficou famoso com o pós-proto-punk de pronúncia new-metal do At the Drive In) é o nome por trás do Mars Volta – grupo que tem pelo menos dois títulos obrigatórios em sua discografia (De Loused In Comatorium e Frances the Mute), e nesse primeiro lançamento de seu recém-inaugurado selo, Rodriguez Lopes Productions, extrapola o frenetismo obsessivo de sua banda oficial, dando ainda mais corda às pirações sobrecarregadas e radicais de sua singular versão para o rock progressivo.


A profusão e velocidade do turbilhão interminável de notas são pouco indicadas para a maioria dos humanos normais, e mesmo entre aqueles que toleram piruetas instrumentais pouco convencionais, Criptomnesia não deve fazer muito sucesso. É um disco que mira nos extremos, incrivelmente sem soar pedante ou virtuoso demais, e se não ficar recluso às conversas de conservatório e/ou ser adotado pelas “vanguardas” como modelo de pós-modernidade musical, está no lucro. Eu, que não me dou bem com conservatórios e acho que as vanguardas auto-proclamadas são tão vazias quanto minha conta bancária no fim do mês, juro que vou tentar ouvir Criptomnesia pela segunda vez sem sentir tontura e náuseas. Depois te digo se consegui.






# E a polêmica instaurada pelo diretor de teatro e vizinho reclamão Marcos Fayad continua rendendo frutos. Depois da reação à carta lida na abertura do Fórum de Cultura, Fayad enviou uma outra carta ao jornal O Popular ratificando sua posição e acrescentando um tanto mais de asneiras acerca da indumentária do que ele enxerga como roqueiro colonizado, imitativo e sem conexão com sua realidade. Enfim, abusou tanto de clichês tão desgastados e já largamente refutados, que suas próprias palavras depõem muito bem contra ele mesmo.

A molecada da comunidade do Orkut Goiânia Rock City se encarregou de dar ao diretor o tratamento que ele, aparentemente, tem solicitado, e de idiota-da-terceira-idade pra cima, tudo parece lhe cair como uma luva. Mas volto ao assunto apenas para esclarecer algo que, aparentemente, não foi compreendido por alguns dos leitores disso aqui, no texto que publiquei alguns posts atrás, com o título de Vá ao Teatro, Mas não me convide. O Eduardo Mesquita, vizinho blogueiro – do Inimigo do Rei, disse por aí:


“Hígor, dessa vez você falou besteira, compadre (...) Desde sua inauguração o centro cultural é famoso, respeitado, admirado e - porque não - invejado por gente do país todo, e isso no meio teatral. Falar que o centro cultural ficou famoso só por causa do rock é míope (...)



Só pra avisar, nunca disse o contrário :


Quem deu relevância, orgânica, verdadeira e genuína ao Martim Cererê foram os festivais e shows de rock, que, além de tudo, alçaram o Centro Cultural à categoria de legenda cultural goiana. Mesmo que restrito a um nicho, de norte a sul do Brasil o Martim é tido, tanto por produtores quanto pelo público, como referência no quesito espaço ideal para shows de médio-porte. Se o teatro goiano, com todo o pioneirismo arrogado para si, não conseguiu chegar nem perto de dar tamanha projeção ao M.C., que descubra outro meio de capitalizar sua própria irrelevância.



Agora convenhamos, notoriedade, respeito e admiração são uma coisa e relevância é outra. Só não sabe disso quem faz questão de não saber. O Centro Cultural Martim Cererê é famoso, respeitado e admirado pelo meio teatral sim, desde sua criação (me lembro do burburinho na imprensa causado acerca de sua inauguração), mas nunca atingiu a relevância cultural que os shows e festivais de rock lhe proporcionaram. Nem com essa massa disforme que um e outro apelidou de “teatro goiano”, nem com nenhuma outra manifestação. Podem ter admirado, respeitado e invejado, mas isso nunca foi traduzido, na proporção que a música independente conseguiu, num diálogo tão orgânico e genuíno com a cidade. E antes de acusar alguém de postar besteiras, o manual do humano inteligente recomenda uma leitura mais atenta e menos passional.







Tchau!

quinta-feira, abril 09, 2009

Previously on Lost...

Dois lançamentos locais, de um “veterano” e de um “novato”, movimentam os ânimos na web. O primeiro trata-se de Made to Escape, do Perito Moreno (projeto do ex-Violins Beto Cupertino), que, baseado no violão, dá asas às suas já conhecidas viagens melancólicas. Novidade nenhuma, mas, como disse dia desses um amigo músico, uma canção não precisa ser original, basta que seja bonita. Ainda não me acostumei às faixas de Made to Escape, e é possível que nem chegue a me acostumar (ainda não ouvi o bastante pra um veredicto), mas depois a gente volta a esse assunto. As 12 músicas estão disponíveis para download aqui.






A outra novidade é bem mais surpreendente. Nem tanto pelas canções em si (que são boas), mas pela evolução que a banda alcançou. A Technicolor não é, tecnicamente, uma novata como disse ali em cima, mas é uma banda jovem (de integrantes igualmente jovens) que vai lançar seu primeiro disco em breve. No palco a banda nunca me impressionou, nas duas ou três vezes em que, acidentalmente, estive presente em seus shows.

Aliás, pelo contrário, lembro de ter achado tudo bem amador, e o que mais incomodava eram os vocais (femininos), que se equilibravam numa impostação pedante e sem charme. Mas o tempo passou, a banda se deixou produzir pelo Gustavo Vasquez – RockLab Studio, e o resultado (pelo menos as três canções que estão no myspace do grupo) é promissor. A impostação ainda está lá, porém bem mais discreta e domada de um jeito que já não fode com tudo, e se deixa perder por entre o instrumental poderosamente psicodélico.


Até cogitei uma descida até o CETE amanhã, pra assistir de verdade a um show da banda e conferir se a discrição vocal é mais um dos milagres de estúdio do Vasquez, ou se a ficha da moçada caiu mesmo. Mas como não sei ao certo nem o que a noite dessa quinta-feira me reserva, me recuso a fazer planos para amanhã.

Mas a capa do disco (foto) é capaz de instigar a curiosidade de qualquer um.






Previously On Lost...



Vou ali "comemorar a Páscoa" e já volto. Feliz Pessach

quarta-feira, abril 08, 2009

Vá ao teatro! Mas não me convide.

A semana começou quente para quem produz (e, por que não, consome) eventos do rock independente em Goiânia. Tudo por causa da carta que o diretor de teatro Marcos Fayad enviou à solenidade de abertura do 1° Fórum Goiano de Cultura, realizado pela AGEPEL (Agência Cultural do Governo do Estado) nas dependências do Centro Cultural Martim Cererê na última segunda-feira. O diretor, que fez questão no texto da carta de lembrar seu papel na criação do Centro, em 1988, fez uma reclamação veemente acerca do que chamou de “desvirtuamento da proposta” original de ocupação do lugar, que, ainda segundo sua carta, está “ocioso e entregue apenas a grupos de rock que incomodam a vizinhança”.




C.C. Martim Cererê (Pátio)


Até aí “tudo bem”, já que “vizinhos versus bandas-de-rock” é uma equação fácil de fazer a média engolir, mas Fayad foi além e, revelando-se um dos vizinhos incomodados (conflito de interesses?), confessou ter medo de sair de casa em dias de shows no Martim, medo esse causado pelos “camisas-pretas”, indignos responsáveis por sua garagem amanhecer repleta de cacos de vidro de garrafas de vinho barato (se fosse um Chardonnay tudo bem?) depois dos shows.

A reação dos produtores-indie foi imediata e à altura do absurdo. Fabrício Nobre (MqN/Monstro Discos), apontando a carga de preconceito que a declaração do diretor não fez questão de esconder, se disse “... Chocado! Parecia um pastor falando, e não um diretor de teatro.”.




C.C. Martim Cererê
(interior do teatro Pyguá)



Colocando panos quentes na polêmica, a recém-empossada diretora do Martim Cererê, Tetê Caetano (que também veio das artes cênicas) disse que a AGEPEL sofre pressão sim dos moradores próximos ao Centro Cultural, por causa do barulho, mas que “Não existe a possibilidade de o rock perder seu espaço, assim como as outras atividades artísticas. Não podemos interromper qualquer segmento. O Martim Cererê é uma fábrica de arte.”


Os debates do Fórum Goiano de Cultura continuam na segunda e terça-feira próximas, e pelo jeito o circo vai pegar fogo. Agora, pensando aqui com meus botões (e com alguns colegas de trabalho, todos interessados em rock, mas não tão envolvidos com a cena local), em que estado o Martim se encontraria hoje, caso não fosse largamente ocupado pelo pessoal da música independente? Nenhuma peça de teatro em cartaz em algum dos três teatros do M.C., por mais popular e “incrível” que seja, consegue mobilizar o equivalente a um terço do público que faz o Martim ferver sob uma cultura urbana tão rica quanto genuína a cada fim-de-semana. Não fossem os "camisas-pretas" (que ocupam, em maior ou menor grau, o lugar desde seu segundo ano de vida – 1989) o Martim, muito provavelmente, estaria entregue aos mendigos e marginais, ou, muito pior, ao nocivo, pouco talentoso e culturalmente autista mesmo grupinho que, por exemplo, monopoliza o line-up dos festivais de música patrocinados pelo Estado.


Quem deu relevância, orgânica, verdadeira e genuína ao Martim Cererê foram os festivais e shows de rock, que, além de tudo, alçaram o Centro Cultural à categoria de legenda cultural goiana. Mesmo que restrito a um nicho, de norte a sul do Brasil o Martim é tido, tanto por produtores quanto pelo público, como referência no quesito espaço ideal para shows de médio-porte. Se o teatro goiano, com todo o pioneirismo arrogado para si, não conseguiu chegar nem perto de dar tamanha projeção ao M.C., que descubra outro meio de capitalizar sua própria irrelevância. Ou você acha que a repercussão desse teatro goiano, como um todo, ainda se acotovela dentro das fronteiras do Estado por amor às origens?




Galinha Preta



O melhor show do independente nacional passou por Goiânia novamente, no último sábado. Dentro da programação do mini-festival Móveis Convida - capitaneado pela big-band candanga Móveis Coloniais de Acaju, o trio cuiabano Macaco Bong, mais uma vez, mostrou o por que de seu primeiro disco ter encabeçado a lista de melhores de 2008 da Rolling Stone Brasil, deixando pra trás gente grande, como o Lenine e o Skank, ou fenômenos explosivos, como a Mallu Magalhães.


O Macaco Bong conseguiu afinar a opinião da crítica especializada com a do público, e o teatro cheio se deixou hipnotizar, satisfeito, pelas sutis tremulinas jazzísticas recortadas por detonações de uma instintiva e visceral fúria instrumental, que, merecidamente, está conseguindo extrapolar as fronteiras nacionais.


Depois de quase 1 hora de transe, quase no final, foi engraçado ver um dos guris mais atentos e empolgados da platéia esgoelar, para o guitarrista Bruno Kayapy, o que parecia ser uma proposta indecente: “Vamodahmaisumaaaa!”. Na época das gravações do disco (que foi registrado aqui em Goiânia), imaginei exatamente uma cena parecida, já que a última música do álbum, intitulada exatamente“Vamodahmaisuma”, é também uma das melhores do track-list.


Antes do MB, o Galinha Preta (uma das mais divertidas bandas de Brasília) arrancou muitos aplausos de um teatro também lotado, e a culpa é menos de sua música e mais da performance cômica e absolutamente espontânea de seu vocalista, o Frango (que acumula a função de técnico de áudio do Móveis Coloniais de Acaju). Hardcore e/ou grindcore, não faz a menor diferença, a música aqui é um mero acessório para o desempenho humorístico impagável do vocalista e, ao contrário do que podem pensar os puristas underground, isso é um elogio dos grandes.


A primeira atração da noite foi o recentemente “descoberto” Black Drawing Chalks, mas, assim como durante o show do Móveis, dediquei meu tempo ao convívio social com a fauna colorida (e não de camisas-pretas) que movimentava o pátio do Martim, já que perdi a conta de quantos shows, de um e de outro, eu já presenciei (e gostei).








# Já fez uma visita ao Goiânia Rock City, site cool assinado pelo Alessandro Ferro e editado por mim, feito pra molecada do rock se sentir em casa? Botei lá, hoje mais cedo, uma pequena matéria sobre o Twitter, fenômeno que está se popularizando tanto, que, tenho "medo", logo logo vai tomar o lugar do Orkut na preferência virtual nacional. Vai lá, é só um clique!






P.S: O Bananada está chegando, e a lista das bandas locais convocadas para o festival saiu. Acompanhe:

Diego de Moraes e o Sindicato
Barfly
The Backbiters
Shakemakers
Aircraft
Postfive
Black Drawing Chalks
Johnny Suxxx & The Fuckin' Boys
MQN
Technicolor
Perito Moreno (projeto solo de Beto Cupertino, ex-Violins)
T.S.A. (Jataí - GO)
Mugo
Bang Bang Babies
Fígado Killer
Versus AD
Satva
MC Dyskreto





Tchau!

segunda-feira, abril 06, 2009

Hype Me!



Sexta-feira passada fui conhecer o Metropolis e ver a Girlie Hell mais uma vez. Escrevi umas linhas sobre a noite para publicar no Goiânia Rock City, site-projeto realizado em parceria com o Alessandro Ferro - ex-editor do extinto Cybergoiás.com. Dá uma olhada aí embaixo, e depois faça uma visita gentil ao site primo-irmão.


Foto: Alessandro Ferro


Num inferninho escuro, tão cheio quanto barulhento, a Girlie Hell anotou mais alguns pontinhos na sua curta carreira de "revelação" do novo rock goiano. Nem a forte chuva que resolveu lavar a noite de sexta-feira atrapalhou a farra marcada para acontecer lá no Metropolis, o mais novo clubinho rock da cidade.


Se a Girlie Hell ainda precisa de muitas e muitas horas de ensaio exaustivo para ajustar verdadeiramente suas guitarras, e se habilitar ao jogo de gente grande que, felizmente, se tornou a música independente brasileira, no palco as garotas compensam tudo com aquela tímida (e sacana) energia adolescente, que empresta às suas músicas um vigor tão charmoso quanto excitante.


Não fosse um grupo formado apenas por lolitas que fazem de tudo para anexar uma carga de deboche sexual (e, por que não, sensual), ao seu rock agri-doce de vocais provocativos, certamente (ainda?) não teria sido alçado à condição de hype local, mas quem pode culpar ninfetas-com-guitarras pela sua juventude e bom gosto musical?


Mas, mesmo descontados a imaturidade instrumental e os ecos fetichistas no imaginário masculino (e, por que não, feminino), o grupo merece, por sua música, os louros dessa insuspeita e repentina popularidade. Se as garotas levarem sua música a sério de verdade, talento para esticar, e aumentar, essa pequena celebridade, elas têm. Resta saber, (1) se o hype se aguenta até lá, e (2) se elas se aguentam sem o hype.



Daqui dois ou três anos a gente conversa.




































sexta-feira, abril 03, 2009

Indie Tardio

Foi divulgada a capa do disco novo do Caetano Veloso, sucessor da aventura indie de - lançado em 2006. Basicamente só de inéditas, a única regravação de Zii e Zie é "Incompatibilidade de gênios" (João Bosco e Aldir Blanc).


Como (quase) todo mundo, ame ou odeie, tem uma opinião formada sobre o Caetano, eu pergunto: e você, espera alguma coisa desse disco?


Eu (que não amo nem odeio, mas ainda adoro alguns dos velhos álbuns do baiano mais opino-sobre-tudo do Brasil) não consigo ter grandes expectativas, já que nem de eu gostei do tanto que a "maioria" da crítica gostou. Mas, vai que eu estou redondamente enganado...


"Lobão Tem Razão" - faixa de Zii e Zie






Bom finde procê.

quinta-feira, abril 02, 2009

Clap Your Hands, Palmas é Rock!

Saiu, agora de manhã, a programação da edição 2009 do PMW Rock Festival, que acontece na cidade de Palmas - TO. Os headliners já não eram novidade (dei notícia deles aqui mesmo, alguns posts atrás), mas fora os ótimos Patu Fu, Ratos de Porão, Mundo Livre S/A e BNegão e Os Seletores de Frequência, o paranaesne Nevílton também merece crédito - o rapaz conta pelo menos dois hits em potencial ("A Máscara" e "Pelas Esquinas de Umuarama"), e tem um show dos mais divertidos .




Quanto às bandas locais, quero ver se alguma coisa mudou, já que ano passado, no PMW 2008, nenhuma delas se salvou.

Programação Oficial – 5º PMW Rock Festival

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Dia 12.06 (sexta) - Espaço Cultural
01:20 – Pato Fu (MG) – Palco PMW
00:30 – Lendário Chucrobylliman (PR) – Palco Amplihard
23:30 – Ratos de Porão (SP) – Palco PMW
23:00 – Nevilton (PR) – Palco Amplihard
22:30 – Boddah Diciro (TO) – Palco PMW
22:00 – Pacato Cidadão do Alto (GO) – Palco Amplihard
21:30 – Críticos Loucos (TO) – Palco PMW
21:00 – Pimenta Buena (RS) – Palco Amplihard
20:20 – Mata-Burro (TO) – Palco Amplihard
20:00 – Meros Berros (TO) – Palco Amplihard
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Dia 13.06 (sábado) - Espaço Cultural
01:20 – Mundo Livre S/A (PE) – Palco PMW
00:30 – Baranga (SP) – Palco Amplihard
23:30 – Bnegão e os Seletores de Freqüência (RJ) – Palco PMW
23:00 – Mechanics (GO) – Palco Amplihard
22:30 – Engenho Novo (TO) – Palco PMW
22:00 – A Pedra (SP) – Palco Amplihard
21:30 – La Cecilia (TO) – Palco PMW
21:00 – The Baggios (SE) – Palco Amplihard
20:20 – A Baba de Mumm rá (TO) – Palco Amplihar
20:00 – Vento Azul (TO) – Palco Amplihard
19:30 – Nose Blend (TO) – Palco Amplihard
19:00 – Meu Xampu Fede (TO) – Palco Amplihard
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Fui.
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. . . Mas eu volto!

quarta-feira, abril 01, 2009

Rômulo e Remo

O Wolfmother (lembra dele?) disponibilizou, em seu site, uma música inédita ("Back Round") que provavelmente estará no track-list de seu próximo disco. No Youtube, ela já está boiando, em versões ao vivo, desde o ano passado. Acho até que eu gostei da versão finalizada. E você?






Se gostou, pode baixá-la para vosso agá-dê aqui.
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. . . See ya!