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Enquanto a música brasileira estava ocupada em expurgar aquele eletroniquismo moderninho, tão sofisticado quanto chato, dos herdeiros da tradição – Jairzinho Oliveira, Max de Castro, etc. –, e tentava se livrar de toda uma geração de cantoras masculinizadas (tão irrelevante quanto um livro da Mayra Dias Gomes), seu melhor fruto em muito tempo estava sendo calmamente cultivado sob a batuta do maestro Edgar Poças, o responsável pelos arranjos dos discos do Balão Mágico, a fanfarra infantil que foi trilha sonora da infância de 9 entre 10 dos filhos da intelligentzia brasileira dos anos 80. Edgar também é o pai de Maria do Céu Whitaker Poças, desde 2005 internacionalmente conhecida simplesmente como Céu.
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Depois de um disco de estréia que percorreu os EUA em centenas de filiais da Starbucks (foi o único título de um artista brasileiro a figurar no esquema promocional de vendas da rede), e arrancou elogios quase unânimes da crítica nacional - acumulando confetes de jornalistas de rock, galanteios dos especialistas em MPB e a simpatia do maisntream, Vagarosa – o segundo álbum da cantora, doura a pílula daquele superlativo psicodélico inaugurado em 2005.
A elegância alva e malemolente que o cavaquinho sugere na vinheta de abertura, “Sobre o Amor e Seu Trabalho Silencioso”, é uma pista falsa do que vem pela frente. Os estalos charmosos dos discos de vinil anunciam um mergulho calmo numa lisergia plácida, arraigada na tradição estrangeira para dar cor e verdade à música de uma artista genuinamente brasileira.
Vagarosa é um delírio cuidadoso e elaborado, que exala uma espécie poderosa de luxúria slow-motion, sincopado entre compassos jamaicanos, texturas entorpecidas e filigranas africanas, tudo suavemente encaixado pela delicadeza aveludada da voz de Maria do Céu.
Apesar de educadamente não recusar o rótulo de “cantora de mpb”, no fundo Céu deve admitir que a sigla já caducou e não alcança mais seu talento caleidoscópico. E ainda que guarde uma reverência saudável pelos mestres do passado, ela é dona do melhor disco brasileiro de 2009 justamente por não se apegar à tradição e filtrar seu olhar nacional em intenções universais.
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Goiânia Noise 2009 - Mais
Think About Life (Canadá)
Mercenárias (SP)
Black Drawing Chalks (GO) + Chuck (SP)
OsCabeloduro (DF)
Vivendo do Ócio (BA)
Volver (PE)
Sapatos Bicolores (df)
Portanto, até o momento o line-up é esse:
Dirty Projectors (EUA)
Supersuckers (EUA)
Hermeto Pascoal (AL)
Siba+Roberto Correa (PE+MG)
MQN+Walverdes (GO+RS)
Punch (GO)
Móveis Coloniais de Acaju+Bocato (DF+SP)
Guiso (Chile)
Ricardo Koctus (MG)
Leptospirose (SP)
Devotos (PE)
Rinoceronte (RS)
Mini-Box Lunar (AP)
Think About Life (Canada)
Mercenárias (SP)
Black Drawing Chalks (GO) + Chuck (SP)
OsCabeloduro (DF)
Vivendo do Ócio (BA)
Volver (PE)
Sapatos Bicolores (DF)
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Um comentário:
Caramba! O line-up tá bem bacana mesmo até agora. Muito legal ter esse show do Hermeto aí. Márcio Bahia é o baterista de ritmos brasileiros mais rock'n'roll que existe!
Parabéns à produção.
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