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sexta-feira, outubro 23, 2009

Grains de Beauté

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Enquanto a música brasileira estava ocupada em expurgar aquele eletroniquismo moderninho, tão sofisticado quanto chato, dos herdeiros da tradição – Jairzinho Oliveira, Max de Castro, etc. –, e tentava se livrar de toda uma geração de cantoras masculinizadas (tão irrelevante quanto um livro da Mayra Dias Gomes), seu melhor fruto em muito tempo estava sendo calmamente cultivado sob a batuta do maestro Edgar Poças, o responsável pelos arranjos dos discos do Balão Mágico, a fanfarra infantil que foi trilha sonora da infância de 9 entre 10 dos filhos da intelligentzia brasileira dos anos 80. Edgar também é o pai de Maria do Céu Whitaker Poças, desde 2005 internacionalmente conhecida simplesmente como Céu.




Depois de um disco de estréia que percorreu os EUA em centenas de filiais da Starbucks (foi o único título de um artista brasileiro a figurar no esquema promocional de vendas da rede), e arrancou elogios quase unânimes da crítica nacional - acumulando confetes de jornalistas de rock, galanteios dos especialistas em MPB e a simpatia do maisntream, Vagarosa – o segundo álbum da cantora, doura a pílula daquele superlativo psicodélico inaugurado em 2005.


A elegância alva e malemolente que o cavaquinho sugere na vinheta de abertura, “Sobre o Amor e Seu Trabalho Silencioso”, é uma pista falsa do que vem pela frente. Os estalos charmosos dos discos de vinil anunciam um mergulho calmo numa lisergia plácida, arraigada na tradição estrangeira para dar cor e verdade à música de uma artista genuinamente brasileira.


Vagarosa é um delírio cuidadoso e elaborado, que exala uma espécie poderosa de luxúria slow-motion, sincopado entre compassos jamaicanos, texturas entorpecidas e filigranas africanas, tudo suavemente encaixado pela delicadeza aveludada da voz de Maria do Céu.


Apesar de educadamente não recusar o rótulo de “cantora de mpb”, no fundo Céu deve admitir que a sigla já caducou e não alcança mais seu talento caleidoscópico. E ainda que guarde uma reverência saudável pelos mestres do passado, ela é dona do melhor disco brasileiro de 2009 justamente por não se apegar à tradição e filtrar seu olhar nacional em intenções universais.



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Goiânia Noise 2009 - Mais 6, 8 nomes confirmados:

Think About Life (Canadá)
Mercenárias (SP)
Black Drawing Chalks (GO) + Chuck (SP)
OsCabeloduro (DF)
Vivendo do Ócio (BA)
Volver
(PE)
Sapatos Bicolores (df)


Portanto, até o momento o line-up é esse:

Dirty Projectors (EUA)
Supersuckers (EUA)
Hermeto Pascoal (AL)
Siba+Roberto Correa (PE+MG)
MQN+Walverdes (GO+RS)
Punch (GO)
Móveis Coloniais de Acaju+Bocato (DF+SP)
Guiso (Chile)
Ricardo Koctus (MG)
Leptospirose (SP)
Devotos (PE)
Rinoceronte (RS)
Mini-Box Lunar (AP)
Think About Life (Canada)
Mercenárias (SP)
Black Drawing Chalks (GO) + Chuck (SP)
OsCabeloduro (DF)
Vivendo do Ócio (BA)
Volver (PE)
Sapatos Bicolores (DF)

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Um comentário:

Roberto Moura disse...

Caramba! O line-up tá bem bacana mesmo até agora. Muito legal ter esse show do Hermeto aí. Márcio Bahia é o baterista de ritmos brasileiros mais rock'n'roll que existe!

Parabéns à produção.