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quarta-feira, abril 27, 2011

TV on the Radiohead Boys

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Exumando os lançamentos dos primeiros meses do ano segundo as preferências da casa, concluí aqui que o maior destaque de 2011 foi mesmo o Nine Types of Light, quinto disco recém lançado do TV on the Radio, o quinteto do Brooklyn que virou quarteto na semana passada, quando Gerard Smith, o baixista excêntrico, morreu vítima de um câncer de pulmão descoberto há coisa de um mês ou dois. Triste e fulminante.




The King of Limbs, do Radiohead, não desceu muito bem (malzaê, sêo Thom. Aliás, seu único disco solo, que dispensa o Greenwood e o resto da turma, foi a melhor coisa que você já fez em vida. The Eraser, sim, é obra prima). The King of Limbs é risco mínimo disfarçado de vanguarda. Pra quem se acostumou no topo, radicalizar é o novo pop.


O Beastie Boys é outro que botou disco novo na praça nos últimos dias. O grupo também sofreu a crueldade do câncer, ainda que o Adam Yauch tenha conseguido driblar a morte ao pequeno custo do adiamento do lançameno do Hot Sauce Commite part 1 (que no fim das contas inverteu a ordem e vai ser lançado depois da recém vazada parte 2).


Nine Types of Light não avança muito de onde o anterior Dear Science parou, e apesar da atmosfera avantgarde acompanhar quase todas as 10 faixas do disco, a intenção aparente do TV on the Radio foi de suavizar o discurso invencionista. Nine Types... oscila entre o inesperado romantismo de “Keep Your Heart” e “You”, o intimismo dedilhado de “Killer Crane” e o suingue eletrificado de “No Future Shock” e “Caffeinated Consciousness”. Indeciso entre reciclar o próprio passado e expandir o experimentalismo pop que surpreende, o grupo escolheu o caminho do meio.




Thom Yorke não. Sobrecarregado pela expectativa mundial a cada flato seu, o patinho feio deve, mais uma vez, ter sentido o peso da idolatria e na tentativa eterna de revolucionar a própria revolução, não conseguiu muito mais do que causar frisson por causa da coreografia desengonçada do vídeo clipe de “Lotus Flower”. As batidas epiléticas de The King of Limbs, adoçadas com melodias etéreas e vocais esvoaçantes já não surpreendem um mercado treinado a esperar qualquer coisa de quem foi perigosamente alçado a categoria de hors concours.

Mas apesar de faixas como “Feral” e “MorningMrMagpie” – que merecem certo destaque, o que uma audição cuidadosa faz pensar é que a ambição artística do Radiohead se perdeu no vazio da superpopularidade, e se tornou previsível nessa imprevisibilidade toda. Num paralelo possível, dá pra enxergar semelhanças com a situação daquele Metallica de meados dos anos 90, época em que qualquer arroto gravado da banda era garantia de sucesso de vendas.




Já o Beastie Boys não aposta nada além do que poderia se esperar do trio. E é justamente aí que acerta em cheio. As rimas brancas, que não economizam nos reverbs e resgatam a melhor fase do grupo (situada ali entre o fim dos anos 80 e o começo dos 90), são assentadas sobre bases intoxicadas com samples pesados e participações especiais do Nas (“Too Many Rappers”) e da Santigold (“Don’t Play No Game That I Can’t Win“).


Divididos entre o experimentalismo pop, a autorreferência e a revolução permanente, em 2011 TV on the Radio, Beastie Boys e Radiohead se uniram na diferença, como produtos e reflexo de uma mesma época, que se arma do passado e do futuro para inventar um presente multilateral, confuso e escandalosamente caleidoscópico.





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