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terça-feira, dezembro 19, 2006

Sete, Catorze, Vinte e Um!




Pois então, chegando o natal né? Fartura gastronômica e boa vontade pra dar e vender, não é isso?

# Sábado passado aconteceu no pátio da Redrum, ali em frente ao bosque do Goiânia Shopping, o mini-festival Decibélica Rock n’ Rum, parceria da revista com a loja de moda rock para promover tardes de muito barulho. A primeira a se apresentar foi a Cine Capri, grupo que cativou o blogueiro ainda no seu nascedouro, mas que passou por modificações e agora revela as cicatrizes do renascimento. Se por um lado as músicas perderam um tanto daquele peso - que contrastava adoravelmente com a delicadeza dos teclados e vocais -, por outro lado ganharam nos detalhes, na costura sutil mas eficiente da guitarra de Thiago Calegari, o novo componente do conjunto. Com três músicas novas no repertório, a banda precisa agora de um disco, virtual ou não, para alimentar sua relação com o público.

# # Logo depois deles, Diego Moraes, o vencedor do concurso Tacabocanocd, se apresentou sem o acompanhamento de sua irmã de treze anos na bateria. Escoltado apenas por seu violão, o rapaz não se intimidou e exorcizou qualquer tensão cumprimentando a platéia aos gritos, perfilando logo depois sua farta carta de ironias e pilhérias em forma de canção. Num primeiro momento pode-se fazer uma associação do mancebo com o afamado Raul Seixas, mas o blog sugere uma referência mais próxima: comentava-se ao lado do palco – numa roda de amigos que, debaixo do sol causticante, bebiam a cerveja em grandes goles – que o garoto parecia uma versão mirim do legendário Carlão, vocalista e performer do Vó Delmira. Aparentemente imune às comparações, o moçoilo palhetou seu instrumento com a desenvoltura que poucos conseguem ter, e conquistou a molecada que se escondia do sol em qualquer sombra disponível para melhor assistir sua apresentação. Depois do show, Fabrício Nobre da Monstro Discos perguntava sorrindo: “ Cadê aquele moleque doente mental que acabou de tocar?”. Terá o garoto cativado o nobre monstro?

# # # Depois de toda essa sandice voz e violão, a Goldfish Memories plugou suas guitarras e despejou sua massa sonora compacta e acelerada ladeira abaixo, seguidos pelo noise guitar do Motherfish.

# # # # Pra fechar a bagaça, a Bella Utopia. Estava até curioso pra assistir, já que tinha ouvido comentários bem depreciativos, mas por outro lado havia escutado gente com “gosto confiável” defendendo a banda da moça. Mas a comprovação veio em forma de imitação pobre de quase tudo o quê de pior há no rock atual. Hora de tomar cerveja com os amigos, jogar conversa fora e assuntar sobre a noite de sábado.

# No domingo, a Pedra 70 se apresentou no Bolshoi Pub, logo depois da discotecagem do amigo aqui. A banda, como boa parte do povo que lê isso aqui já sabe, recria clássicos do rock brasileiro dos anos sessenta e setenta, imprimindo uma cara própria mas respeitando as gemas dos nossos gênios do período. Não completamente lotada, mas com um público numeroso, a casa ainda abrigou o set de black music e afins do amigo e dj, Matias, que se ocupou da pista após o fim do show. Noite feliz!

# Semana pré natal cheia de eventos rock. Amanhã a festa Decibélica Apresenta! leva para o palco do Bolshoi Pub (Av. T-2, setor Bueno) o sempre ensandecido show do Rollin’ Chamas, mais a discotecagem do DJ Spavieri (SP) e das Meninas do Rock. Na quinta feira a Cine Capri faz as honras na comemoração dos 10 anos da Jump Alternative Club (av. República do Líbano, 1742, setor Oeste), com entrada free até a meia noite. Já na sexta feira o MqN lança o single Buzz In My Head, estréia das Fuck CD Sessions, com um show que se promete devastador, ao lado das também locais Bang Bang Babies e Black Drawing Chalks, lá no teatro Zabriskie (rua 148, nº 248, setor Marista). E pra fechar, no sabadão, a estréia rock do novíssimo Club Fiction(av. 87, setor Marista), com a festa Turn It On, onde os DJs Tony Sedex, Outsider, Fabrício Nobre e Jhonny Suxxx se ocuparão de não deixar ninguém parado, com o melhor do Garage, New Wave, indie, Samba Rock, Soul e afins.

# # No domingão é só relaxar e aproveitar a refeição do ano, rindo das gafes que sua família adora cometer reunida. Programação rocker abundante nesses últimos suspiros de 2006. Vai perder?

*

# Conhece Toda Cura Para Todo Mal, disco que Pato Fu lançou ano passado? Pois é, além de ser um discaço, tem alguns pequenos tesouros do lirismo pop ali. Se você conhece Amendoim, sabe que tudo ali combina: letra e música copulam com apuro simétrico e o resultado é um perfect pop que emociona. A Introduçãozinha leva a memória diretamente a Wynton Marsalis e toda aquela fantasia gostosa do Snoopy, e o que se segue é diversão instrumental pura e simples, desenhada debaixo de uma despretensão poética geniosa e genial. Se você não conhece, vai lá no Emule, faça um download ishhperto e cante comigo:

Amendoim – Pato Fu
John Ulhôa


Acho que sou um cachorro sim
Acho que sou um cachorrim
Minha vida vai
Um ano contam sete
Rumo ao fim
Acho que ninguém tem dó de mim

Quase não me sobra tempo algum
Não conheço bem lugar nenhum
Fora do trabalho
Eu acho essa cidade
Tão ruim
Acho que ninguém tem dó de mim

Todo dia nasce um bebê
Pra dividir a vida com você
Todos os dias vão nascer
Bebês com meia vida pra viver

Todos os dias vão nascer

Ié ié ié!

Sou tão dedicado a ser comum
Anos vão passando um a um
E o tempo pela frente
Comigo é diferente
Conto assim:
Sete, catorze, vinte e um

*

Te vejo amanhã lá no Bolshoi, combinado?

Um comentário:

Anônimo disse...

Foi bem boa a festa da revista, o show do MqN eu não fui, uma pena.

Bjos