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segunda-feira, agosto 27, 2007

Ou te bato, ou eu fujo!

Pato Fu


Se no disco anterior, Toda Cura Para Todo Mal, o Pato Fu fechou sua obra mais bem acabada – de uma agudeza poética empolgante e um detalhamento instrumental que beira a perfeição –, o novo Daqui pro Futuro aponta alguns novos caminhos. É o disco mais triste da carreira dos mineiros, que souberam cantar a mágoa sem perder a esperteza lírica, nem abandonar aquele vistoso verniz pop que os acompanha desce o começo.

30.000 Pés abre o disco com a voz virginal de Fernanda Takai numa balada saborosa e intimista, enquanto Mamã Papá explicita o amor à maternidade, num dos melhores momentos do álbum. Espero aprofunda, entre arranjos sorumbáticos, a tristeza apenas sugerida nas duas faixas anteriores:

Espero/ Já vai longe o tempo, mas te espero/

Um dia, pode ser, talvez eu volte a ver/

Todas as cores que fugiram junto com você

Homenageiam a paisagem cinzenta dos pós-punk numa versão para Cities in the Dust, do Siouxsie and the Banshees (bônus da versão em cd de Tinderbox (1986)), e assumem um suíngue melancólico e negativo em Tudo Vai Ficar Bem, numa parceria vocal entre Takai e Andréa, da latiníssima Aterciopelados. A Hora da Estrela ensaia uma reação lírica à tristeza reinante, mas a compassividade reprimida da melodia não deixa.

Já em Woo, os riffs de guitarra, beats e texturas eletrônicas tentam levantar o astral, mas A Verdade Sobre o Tempo retoma o céu nublado e os olhos marejados, flertando com o country em cenários psicodélicos delicadamente sessentistas. Quem Não Sou experimenta sons sintéticos num clima futurístico: Quem escreve meu destino não sou eu/ Quem acorda todo dia não sou eu.

Vagalume exibe um pouco da porção Nara Leão de Fernanda Takai, que se acompanha do Violão para emocionar com a simplicidade tocante que a meiguice da combinação indica, antes da adoravelmente radiofônica Nada Original sentenciar com voz doce:



Ou me mato

Ou me mudo

Sem te avisar


Ou te bato

Ou eu fujo

Ou escapo desse mundo


Pra outro lugar.


1000 Guilhotinas encerra o álbum com a solenidade mortificada dos arranjos de cordas e metais, escondidos num panorama beligerante que conjuga o caos sanguinário da letra com a sonoridade asséptica das discretas filigranas eletrônicas.

O Pato Fu pode não ter se superado (Toda Cura para Todo Mal é mesmo a obra-prima da carreira dos mineiros), mas em Daqui pro Futuro, segue sem deixar lacunas na respeitável regularidade artística de sua discografia.

*

# Só agora estou me acostumando à grandiloqüência sentimental do Release the Stars, disco que o Rufus Wainwright lançou há alguns meses. Depois de duas semanas, a intrincada fórmula que, incrivelmente, centrifuga na mesma receita o íntimo e o épico, está fazendo beeem mais sentido. Vou ouvindo aqui.



Dj Karla, do Karajazz


Goiânia Rock News Utilidade Pública:

O Karajazz, um dos coletivos musicais mais charmosos da cidade, está abrindo novas turmas de seu curso intensivo para djs. São dez horas-aula, em cinco encontros, onde a música eletrônica será esmiuçada, seja na história de sua trajetória ou em audições orientadas, além de exercícios de percussão e percepção musical. Familiarização com os equipamentos (mixer, cdj, pick up, fones, amplificação e caixas de som) e mixagem : bpms, sincronização de batidas, equalização/volume, efeitos básicos, construção e gravação do set.

As aulas dessa turma começam agora dia trinta de agosto, e a Karla diz que dá pra dividir o pagamento em duas parcelas. Liga lá e troca uma idéia com ela: 3207 3789 ou 9992 4879, ou ainda em republicalivre@gmail.com

Tchau


Um comentário:

Anônimo disse...

esse coletivo é muito massa! adoro