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sábado, agosto 18, 2007

Sigmund Falou: a Mandioca é Braba!



# Na segunda e terça-feira dessa semana que está acabando aconteceram as Noites Brasil Central Music, que selecionaram grupos e artistas de Goiânia e Brasília para a apreciação ao vivo de compradores de música vindos da Europa e Estados Unidos. Gente como o simpático Jordy, da poderosa Orchard, mega-distribuidora digital de música, sediada em Nova Yorque e que tem em seu cast nomes como Gal Costa, Bloc Party, Curtis Mayfield, Archie Sheep, Coldplay, Death Cab for Cutie, The Donnas, Frank Sinatra, Me'shell N'degeocello e Soundgarden (entre uns 14 mil outros). A gigante dos vídeo-games EA Sports também mandou gente para descobrir possíveis trilhas-sonoras para seus jogos, além de uma meia dúzia de jornalistas europeus tingidos de rosa pelo sol dos trópicos.

# # Na segunda-feira, o Martim Cererê foi tomado pelos baladeiros de plantão, que enxergaram no evento uma ótima desculpa pra encher a cara como se fosse sábado. A abertura ficou por conta da viola silenciosa e contida caipirice-erudita de Roberto Corrêa, que disputou a atenção do mesmo público que se espremeu no fim da noite na previsível e barulhenta catarse coletiva comandada pela também brasiliense Móveis Coloniais de Acaju.

# # # Entre os extremos, o Violins fez um show simples e eficiente para um teatro lotado, logo depois de o Juraildes da Cruz exibir novos arranjos para seus clássicos locais, e provar que sua brejeirice emepebê ainda funciona.

# # # # Nessa mesma noite também se apresentaram a Yglo (que mereceu comentários nada simpáticos de jornalistas paulistanos presentes), o Barfly – que, segundo consta, agradou parte da comitiva estrangeira –, e a Ctrl Z, mas gastei o tempo dessas três apresentações jogando conversa fora com os amigos, no meio do mar de indies desocupados.


# Na terça-feira a festa era só para convidados, aconteceu nas dependências do Bolshoi Pub e começou com o rythm n’ blues clássico e sofisticado do Abluesados, lamentando em azul enquanto a portaria da casa enxergava uma fila quilométrica.

# # Os Sapatos Bicolores, de Brasília, pegaram a pista lotada e uma platéia acesa, mas o som dava sinais claros de má equalização, confundindo guitarras e vocais, situação que acompanhou o resto das apresentações da noite. O espaço para fumantes, a reduzida área externa, não comportava a massa de viciados e permanecia ininterruptamente estufada de gente, mesmo com os shows acontecendo lá dentro.

# # # O Johnny Suxxx e seus Fucking Boys eu não vi por medo de perder meu tão invejado lugar na melhor das mesas ao ar-livre, que reunia uma dúzia de amigos e amigas, fumadores e semi-embriagados. Já o MqN não tomou conhecimento do som ruim e tampouco economizou na altura dos riffs, dos berros esgoelados do Fabrício Nobre e nem na cerveja derramada fartamente no público, nos quarenta minutos mais insolentes da noite.


# # # # Em papo com o Fabrício Nobre pelo msn, na manhã desta última quinta-feira, o vocalista sócio da Monstro Discos deixou escapar que Jordy – o nova-iorquino viciado em stickers da Orchard – se encantou com o selo goiano, além de ter se divertido muito na cidade. Nas entrelinhas desse papo virtual com o empolgado Nobre, dá pra ler uma forte possibilidade de o catálogo da Monstro/Alvo passar a ser distribuído mundialmente pela Orchard. Mais um passo na marcha rumo à dominação mundial.



# Pensado e executado por dois dos melhores músicos da cidade, o guitarrista Front Jr. e o baterista Fred Valle, o projeto The Colagens disponibilizou no Myspace as quatro primeiras peças resultantes da parceria. Sigmund Falou, O Pulso, Colagem Sintética e Mandioca Braba arquitetam uma fantasia jazzy repleta de filigranas psicodélicas, atmosferas etéreas e intenções instrumentais sutilmente venenosas. Na página do Myspace a dupla cita Miles Davis, Jorge Ben, Kraftwerk, e James Brown como influência, mas a mistura ainda vende um Medeski Martin Wood e até um Ed Motta, diluídos no caldo. Clique aqui e confira você mesmo.



# Como você já deve estar sabendo, a mega-visitada página da Trama Virtual deu start ao projeto de downloads remunerados, que continuam gratuitos para os internautas. A Trama, que numa parceria com a Kildare paga às bandas por MP3 baixado, já tem alguns ótimos discos inteiros disponíveis, é só se cadastrar e adquirir, por exemplo, A Amarga Sinfonia do Superstar, o novo do Superguidis.


# No fim de agosto eu e este blog vamos fechar nossas mochilas e desembarcar em Cuiabá, para acompanhar mais uma edição do bombado festival Calango, um dos mais importantes do calendário independente nacional. Quero rever o Móveis Coloniais de Acaju (os últimos shows que vi não foram lá essas coisas), a Maldita, o Debate, a Pública, o grande Macaco Bong e a lendária Patife Band, além de estar curioso para ver as apresentações do Manacá, do Quarto das Cinzas, e do Terminal Guadalupe (não gostei do disco, mas quero ver como é ao vivo). E, por que não ser otimista?, adoraria ser surpreendido pelo Vanguart, que a despeito do grande burburinho de parte da crítica, nunca comoveu de fato esse par de ouvidos que adorna minha cabeça.



# Estou em fase intensa de audição de dois lançamentos saídos do forno há pouco: o Daqui pro Futuro do grande Patu Fu, e o Libertad, segundo disco do Velvet Revolver, o super-grupo do Slash. Daqui pro Futuro, já deu pra sentir, revela o lado mais triste do Pato Fu, mas com o mesmo brilho pop de sempre. Não ultrapassa a genialidade do anterior Toda Cura Para Todo Mal, mas tem me dado momentos divertidos, isolado do resto do mundo pelos fones de ouvido.

# # Libertad é menos duro, menos sisudo e bem mais relaxado que a estréia do Velvet Revolver. Se em Contraband o V.V. emoldurava suas músicas em paredes de guitarra, criando uma densidade sensorial que remetia aos tempos mais hard do Guns n’ Roses, em Libertad o super-grupo parece ter mesmo se libertado do estigma de a-banda-dos-ex-Guns (ajudado, é claro, pelo fracasso artístico desse frankenstein que o Axl insiste em chamar pelo nome de sua antiga banda) e apresenta um caleidoscópio rock empolgante, onde a regra é seguir a poderosa guitarra de Slash.

# # # Como disse ali em cima, comecei a ouvi-los dia desses e agora é que estou começando a entendê-los. Mais pra frente boto aqui uma opinião mais elaborada sobre os dois.



Vou ali tentar terminar de ler um livro do John Burdett que não acaba nunca! Prometo tentar não me demorar pra voltar aqui dessa vez. Tchau!

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