Analytics:

terça-feira, março 04, 2008

Cansei de Ser Hype




# Life Can Be A Pretty Scary Thing é o nome do primeiro disco do Motherfish, que juntou guitarras e se reconheceu como banda há mais de dez anos, na primeira infância dessa geração de grupos goianos que hoje faz barulho e gira pelos palcos do Brasil. Nascida do punk, a Motherfish de hoje só partilha com seu passado o apreço pela simplicidade de suas canções. A fúria e a tosquidão o quarteto deixou para compor um cenário de lembranças cada vez mais distante.


Sem muitas pretensões, sem correr grandes riscos, e com uma quedinha pelo costume shoegazer, o grupo adorna suas melodias com singelas referências ao rock alternativo dos anos noventa, ajustadas delicadamente entre insinuações de blues, pop e até new wave. Mas ao mesmo tempo, Life Can Be... não abre mão do mundo à sua volta, e assimila reminiscências do garage assim como abraça satisfeita a etiqueta “coll” e macambúzia do indie-rock.


You Ask Me Why vai te fazer tirar os discos do R.E.M. da estante, enquanto o “blues” instrumental Anyone Can Take More Than Nothing e a psicodelia espacial de Kerouac Days vão te arrancar uns sorrisinhos tristes em meio a uma sensação de semi-alegria tão dolorida quanto charmosa.


Discreto, melancólico e eficiente, assim é Life Can Be..., o primeiro disco da mais circunspecta das bandas veteranas de Goiânia. Não vai mudar sua vida, mas pode incrementar a trilha sonora dela.




# O amado/odiado Cansei de Ser Sexy arrota disco novo qualquer dia desses aí. O conjunto brasileiro mais falado no ocidente, nos últimos anos, já está com boa parte de seu segundo álbum pronto, esperançoso para realimentar o hype crepitante em que a imprensa britânica os tem colocado já há algum tempo. Marcado para sair pela gigante Warner na Europa, pela Sub Pop nos Estados Unidos e Canadá, além de uma versão japonesa pelo KSR (selo que despejou cinqüenta mil cópias do primeiro disco no Japão), Adriano Cintra (que está trabalhando na produção das músicas nos estúdios da Trama, em São Paulo) garantiu ao portal G1, da Globo ponto com, que esse segundo registro, intitulado provisoriamente Donkey, será mais voltado ao rock que o debut, reflexo de como a banda tem soado em cima do palco. Spike Stent, que já mexeu em discos de Radiohead e Björk, está escalado para mixar a bolacha, logo que Adriano encerrar a sua parte no processo.


Há alguns anos, na única apresentação que o grupo fez em Goiânia – pouco antes da explosão mundial –, num evento realizado pelo extinto Cybergoiás ponto com (primeira casa deste blog, que então funcionava como coluna/pensata semanal), fui escalado para fazer a produção de palco do mini-festival, que contava com alguns outros conjuntos, cujos nomes se perderam nos becos escuros da minha memória, mas que não conseguiram romper a expectativa do público que esperava pelo CSS, que começava a ser figurinha fácil na imprensa nacional, e já se assustava com as primeiras citações em jornais londrinos.


É bem verdade que nem todos que esperavam pelo show tinham intenções positivas, e mesmo que as meninas tenham feito uma apresentação das mais divertidas (na época o profissionalismo europeu era apenas um sonho distante, e o que reinava em cima do palco era mesmo uma bagunça despreocupada e até meio juvenil), os ataques vieram de todos os lados.


Uns inconformados com o fato do baterista Adriano Cintra ser o mesmo titular das baquetas do cultuado e super-estimado Butchers Orchestra, outros sem entender como aquela turminha de garotas tinha conseguido tanta atenção (esse pessoal deve ter tido um ataque cardíaco quando a banda foi literalmente abraçada pela imprensa inglesa), e ainda outros indignados, quase revoltados, com a “suspeita” e instantânea popularidade das moças, que à época acabavam de assinar com a Trama, e nem sonhavam que a mesma Sub Pop que descobrira o Nirvana, dez anos antes, também iria entrar no leilão pelo passe do grupo.


Cansei de Ser Sexy é uma banda que nasceu para despertar grandes paixões: uns odeiam com devoção, enquanto outros celebram como nosso novo Tom Jobim/Sepultura – o maior produto pop brasileiro tipo exportação.


Eu? Bem, Let’s Make Love Listen Death From Above está no DJ Set que costumo levar para as festinhas dos amigos, mas acho que inteiro mesmo, escutei o disco apenas umas duas ou três vezes, e logo encostei com o carimbo imaginário de divertido-porém-irregular. Assim que Donkey for lançado, eu saco a estréia da estante e dou mais um play, só pra confirmar comparando.




# Como em todos os domingos dessas últimas semanas, mais uma vez o piano-bar do Cine Goiânia Ouro foi ocupado pelo Low Amp, projeto da Fósforo Cultural que apresenta pocket shows acústicos com bandas da cidade. Ontem foi a vez de Spunke e Inflecto, e apesar de a chuva ter desabado sobre Goiânia uma platéia razoável apareceu para tomar as últimas cervejas do fim-de-semana.


Estive lá por uns dez minutos, antes de descer para o Kuka (bar, hum, “temático”) onde em meio às imensas motocicletas, jaquetas de couro, garotas hard rock e cabeludos embriagados, passeavam tranqüilas duas simpáticas galinhas, ciscando por toda parte, fazendo o final do meu domingo quase surreal. Aí eu entendi de onde vem o pastel de frango do Kuka...




# O pessoal da Amplitude Records, lá de São Paulo, manda avisar que a Debate, banda das mais positivamente esquisitas dos últimos tempos (desdobramento do extinto grupo paulista Diagonal) e que impressionou o público da cidade no Goiânia Noise Festival de dois mil e seis, está novamente de viagem marcada para os Estados Unidos, onde realiza sua terceira turnê norte-americana. O ex-trio, agora duo (o baixista Marcelo Mandaji abandonou a formação), passa pela segunda vez pelo South By Southwest (festival texano onde também se apresentam este ano Make Believe, The Kills, R.E.M. e Yo La Tengo, além de MqN, Lucy and The PopSonics e mais um quilo de grupos brasileiros), e depois vão desbravar o interior do país, não sem retornar à costa leste, percurso principal de sua última excursão ao país.


O itinerário do projeto insano do guitarrista/vocalista Sérgio Ugeda é esse aí:


* Washington, DC @ Velvet Lounge
+ The Convocation

* Baltimore, MD @ Current Space
+ hittytitty, Bear & Pieces, Hitch Hat

* Philadelphia, PA @ Planet Mollie
+ Eat Forever, Order of Service

* Somerville, MA @ P.A.’s Lounge
+ Calumet-Hecla, The Not Art Collective, The Hangmans Alphabet, Amoroso

* Worcester, MA @ North Brookfield Stars and Stripes
+ Calumet-Hecla, The Motel Matches, Strizi

* New Bruswick, NJ @ Hub City’s Junkyard Palace
+ Mother Night, Celebrity Murders, outra banda a ser anunciada

* Chicago, IL @ The Note
+ Charcoal, Drench, Blah Blah Blah

* Bloomington, IN @ Bear’s Place
+ A ser anunciado

* Hot Springs, AR @ Valley of the Vapors Independent Music Festival @ Low Key Arts
+ Beat Union, The Ropes

* Austin, TX @ South By Southwest @ Club 115
+ Fruet & Os Cozinheiros, Telerama, Norton, Valério Rinaldi

* Atlanta, GA @ I Can Fly
+ We Vs. The Shark, Fag Static, The Sunglasses

* Athens, GA @ A ser anunciado
+ We Vs. The Shark, Outras bandas a serem anunciadas





É isso.


Tchau!

3 comentários:

V.A.C.A. disse...

mqn e o pata de elfante estão cancelados no southbysouthwest

Anônimo disse...

CSS É UMA BOSSSSTA DE UM TAMANHO INCRÍVEL!

NUM SEI COMO É QUE O HÍGOR PODE GOSTAR DUMA MERDA DESSA.

Anônimo disse...

podendo uai, agora tem cartilha pra gostar disso ou daquilo?

esse povo tá cada vez mais doido