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quarta-feira, novembro 26, 2008

Se Deus é 10, Satanás é 666!

# Depois de seis dias (três de Brasil Central Music, mais outros três de Goiânia Noise) subindo e descendo a rampa do Centro Culturar Oscar Niemeyer umas 50 vezes por noite, dá pra dizer que essa maratona toda, mesmo com a dor na panturrilha, valeu a pena.


Gangrena Gasosa

Esqueci de dizer aqui no post anterior que o Gangrena Gasosa, formação carioca mais do que clássica, fez o segundo melhor show do sábado (perdendo só para o Instituto), e os dois ou três quilos de farinha de trigo que os roadies jogaram em cima do pessoal apertado em frente a palco, tem uma boa parcela de culpa pelo mérito. Foi muito divertido ver aquele tanto de gente assustada debaixo de tanto pó branco. A maioria das meninas não gostou muito da piada, e saiu amaldiçoando a banda, enquanto tentava livrar seus penteados da brancura indesejada. Já a porção masculina que rodopiava nas rodinhas de pogo não se incomodou, achando a maior graça da “brincadeira”. Eu, que assistia ao show do fosso dos fotógrafos, me livrei da chuva branca por pouco.


A Goldfish Memories, mesmo tocando com o sol ainda alto, não se intimidou com o público ralo, e aproveitou sua meia-hora em cima do palco com perícia hard rock e postura stoner, enquanto o Hillbilly Rawhide se preparava para destilar seu psycho-country bem vestido, no primeiro show com lotação esgotada em frente ao palco Trama Virtual, no domingo. Ainda sobrou tempo para versões acústico-caipiras para Highway To Hell (AC/DC), e Ace of Spades (Motorhead).


O Motek, que tinha feito um pocket show no sábado, na unidade móvel do Rock Lab Studio, instalada no pátio do Centro Cultural Oscar Niemeyer, foi mesmo uma das maiores e gratas surpresas do festival, com um instrumental tão viajante quanto envolvente.


Quem não se lembra dos Hanson do metal? Lá no fim dos anos 90 o Claustrofobia foi revelado pelo extinto programa Ultra-Som, da Mtv Brasil, onde três cabeludos loiros, ainda adolescendo, tentavam se distanciar da alcunha óbvia (naquele tempo os Hanson eram onipresentes na emissora, nas rádios e em quase todo lugar). No Goiânia Noise a banda apresentou seu death-metal monstrão para um teatro cheio e empolgado, mas acabou bem prejudicado por problemas no P.A. do palco principal, que insistia em sumir e voltar durante quase todo o show. Lá no Myspace do grupo, tem uma versão tão agressiva quanto engraçada para Filha da Puta, mega-hit oitentista do ultraje a Rigor


Mas, dos males o menor. O Palácio da Música, que sempre abrigou o palco principal do Goiânia Noise e sucessivamente apresentou problemas na equalização do som, esse ano parece ter encontrado uma resposta para seu enigma, e ainda que não estivesse sempre tinindo, prejudicou bem menos gente que o de costume.


Ah, outro detalhe resolvido com sucesso esse ano foi o das bandas anfitriãs, MqN e Mechanics, que sempre sobravam na imendidão do Palácio da Música, e perdiam grande parte de seu poder de fogo em cima do palco, pela distância que era obrigada a manter de sua platéia. As duas bandas, principalmente o MqN, precisam de intimidade com seu público, e a resposta sempre esteve ali, há alguns metros do tablado principal. Pela primeira vez experimentando o espaço do palco Trama Virtual, tanto MqN quanto Mechanics, fizeram, de longe, apresentações muito melhores que as das duas últimas edições do Noise. Na vez do MqN, a banda, diferentemente do ano passado, incendiou a multidão espalhada, tanto na pista, quanto pelo palco propriamente dito. O Mechanics, em formato acústico, também se aproveitou na proximidade com o público e, acho eu, não volta para a imensidão do palco principal.




E foi assim. Mas ainda tem história pra contar. Na volta retomamos o papo.


domingo, novembro 23, 2008

Instituto Nacional do Groove

# Climão de fim de festa. Mas a 14ª edição do festival independente mais charmoso do Brasil ainda tem fôlego pra última noite de farra, num domingão reservado às atrações mais sujas e distorcidas dos três dias. Daqui a pouco o Helmet sobe ao palco do teatro do Centro Cultural Oscar Niemeyer, depois das locais Goldfish Memories, Mechanics e Bang Bang Babies; da Belga Motek (que antecipou, no sábado, alguma coisa de sua apresentação num pocket show na unidade móvel do Rock Lab Studio, montada no festival); dos paulistas do Inocentes, Periferia S/A e Loop B; dos argentinos The Tormentos e dos chilenos The Ganjas, além de vários outros.
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Eu tive que subir, lá no alto...



Na sexta feira, início oficial do festival, quem roubou a cena foi a carioca Canastra, que com aquela conhecida mistura de rock, dixieland, ska e um suave tempero brasileiro, pôs a geral pra dançar, e deixou o palco debaixo de uma ovação empolgada. O Vaselines, apesar do jogo bonitinho das melodias vocais de Eugene Kelly e Frances McKee, não emociona. Dá pra deduzir que o principal mérito da banda escocesa é ter um fã ilustre, morto há quase quinze anos (eu sei que você sabe quem é!).


Marcelo Camelo parece estar se esforçando para abandonar o sucesso. Alternando delicados dedilhados de violão, tão melancólicos quanto maçantes, com momentos mais inspirados (o groove hipnótico de Menina Bordada é sensacional), o eterno ex-Los Hermanos, escoltado pelo Hurtmold, não me segurou dentro do teatro até o fim de sua mortificação emepebê, mas as duas mil pessoas que esgoelavam cada refrão silencioso, muito provavelmente, vão discordar de mim.


Ontem, sábado, a prata da casa Mugo cumpriu tabela no palco principal, e mesmo prejudicada pela imensidão do lugar e pela distância do público, esmagou duas centenas de decibéis entre riffs poderosos em afinação baixa, vocais tão precisos quanto assustadores, e sutis detalhes pop, que emprestam autenticidade à massa compacta de fúria.


Mas fechando a noite, o coletivo carioca Instituto demoliu todas as apresentações anteriores, numa reinvenção caprichada do clássico Tim Maia Racional Volume 1, que teve sua primeira edição em cedê lançada recentemente pela Trama. Com 15 pessoas no palco, a banda promoveu o maior desbunde dançarino do festival, e até a Thalma de Freitas (que, abusando dos cacoetes vocais da soul-music num show do grupo transmitido pelo Multishow, tinha me deixado com um pé atrás) foi uma grata surpresa, abandonando o exagero nos vibratos, e deixando sua voz aveludada se misturar à simplicidade sofisticada dos arranjos arrepiantes e batidas irresistíveis.
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De longe o melhor show do festival até agora, e sou capaz de apostar um dedo que nem o Helmet, nem ninguém, vai tirar esse título dos cariocas.




E foi assim, não foi?

sexta-feira, novembro 21, 2008

Noise na Fita

# Com o fim da Brasil Central Music, feira do Sebrae que reuniu artistas, jornalistas musicais, blogueiros e produtores de vários países do mundo, o Goiânia Noise se apropria hoje do espaçoso Centro Cultural Oscar Niemeyer, e dá início à sua décima terceira edição. Desde terça passada a BCM movimentou o lugar, com conversações, debates e rodadas de negócios durante o dia, e shows que serviram de aquecimento para a maratona que cmeça hoje.


Na quarta vi o show da Orquestra Abstrata, um dos mais legais da cidade, carregado de psicodelia retrô combinada com elementos modernos. Ontem, quinta feira, o Macaco Bong e o Umbando fizeram “A” dobradinha da noite, cada um a seu modo. Macaco Bong, como de costume, fez uma apresentação sensacional, tão inspirada quanto intensa, cheia dos trejeitos geniais da guitarra sinuosa de Bruno Kayapy.



Orquestra Abstrata




Não assistia a um show do Umbando há muito tempo (o grupo não tem se apresentado com muita freqüência), mas as filigranas psicodélicas que enfeitam a brasilidade escancarada e genuína de suas músicas, ainda funciona muito bem. O primeiro disco da banda (que começou a ser gravado lááá em 2005) ainda não saiu, mas o guitarrista Luis Fernando garantiu que o álbum já está em São Paulo, para masterização, e deve, finalmente, chegar ao mercado no primeiro semestre do na que vem.



Os abomináveis batuques afro-decadentes de música brasileira contemporânea tipicamente reciclada também marcaram presença, com suas latas, tambores de plástico e apitos de palhaço, mas não vou perder meu tempo dizendo que esse deslumbre-de-boutique pelo lixo (musical) soa tão artificial quanto a rotina do Michael Jackson.




De saída lá pro Oscar Niemeyer.
Com sorte não te encontro lá

quarta-feira, novembro 19, 2008

Monster Bus

# Começou ontem a Brasil Central Music, feira organizada pelo Sebrae –GO, em parceria com o Comitê Gestor do Projeto Economia Criativa da Música (BCM) e o Centro Cultural Oscar Niemeyer. Segundo a direção do Sebrae, a pretensão é ser a maior feira do música do centro-oeste brasileiro, e está se utilizando da mesma estrutura do Goiânia Noise Festival (que acontece no mesmo lugar, a partir da próxima sexta feira), para propor mesas de negócios entre compradores de música, brasileiros e estrangeiros, e bandas e artistas de Goiás.



Orquestra Abstrata
Foto por: X
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Na última edição da feira, me lembro de ter esbarrado com o simpático Jordy Trachtenbeg, vice-presidente da distribuidora The Orchard, pioneira entre os agregadores de música em meio digital, sediada em Nova Yorque e que tem em seu cast nomes como Gal Costa, Bloc Party, Curtis Mayfield, Archie Sheep, Coldplay, Death Cab for Cutie, The Donnas, Frank Sinatra, Me'shell N'degeocello e Soundgarden (entre uns 14 mil outros). Outra que também mandou gente para assistir uns shows em Goiânia, foi a gigante dos vídeo-games EA Sports, que veio na intenção de comprar trilhas sonoras para seus jogos.

Nessa última vez a feira aconteceu lá no Martim Cererê (e em uma festa no Bolshoi Pub), mas por ocasião do casamento temporário com o Goiânia Noise, a feira migrou para o centro cultural Oscar Niemeyer e traz gente como Adam Shore - the Daily Swarm (USA), Pablo Hierro - Scatter Records (Argentina), João Marcello Boscolli – Trama (São Paulo), José Renato Castro - Punto Mayo (USA / Brasil), Sergio Ugeda - Amplitude / Tronco (São Paulo), Olivier Durand - Nacopajaz (França), Elliot Aronow - The Fader RCDLBL (USA), Diana Glusberg - Niceto Club (Argentina), Jan Keymis - Pukkelpop (Bélgica), Daniel Seligman - Pop Montreal (Canadá), Anderson "Foca" - Festival DoSol (Natal), Talles Lopez – Festival Jambolada (Uberlândia), Paulo André Pires - Abril Pro Rock / Porto Musical (Recife), e muitos outros.


O Gustavo Vasquez, baixista do MqN e um dos produtores mais requisitados do independente brasileiro, está ministrando um workshop de gravação, e o André Frank iniciou ontem sua oficina para roaddies.

Daqui a pouco vou pra lá, pra conferir o show da Orquestra Abstrata, que se apresenta ao lado de Abluesados, Cláudia Vieira, Cega Machado e TNY.

A programação completa de amanhã, 20/11, é a seguinte:


Rodada de Negócios
9 hs
Tema: Festivais / Shows
Empresas âncoras:
Diana Glusberg - Niceto Club (Argentina) -
Jan Keymis - Pukkelpop (Bélgica)
Daniel Seligman - Pop Montreal (Canadá)
Sergio Ugeda - Amplitude / Tronco (São Paulo)
Anderson "Foca" - Centro Cultural DoSol (Natal)
Talles Lopez - Goma / Circuito Mineiro (Uberlândia)
Paulo André Pires - Abril Pro Rock / Porto Musical (Recife)

Mesas de Debate:
14 hs
Tema:A nova música brasileira sob o ponto de vista da imprensa internacional
Althea Legaspi - Chicago Tribune, Paste, Global Rhythm (USA)
Phuong-Cac Nguyen - CoolHunting.com , JoshSpear.com (USA)
Elliot Aronow - The Fader, RCDLBL (USA)

16 hs
Tema: Participação brasileira em festivais e shows internacionais
Diana Glusberg - Niceto Club (Argentina)
Jan Keymis - Pukkelpop (Bélgica)
Daniel Seligman - Pop Montreal (Canadá)
Lúcio Ribeiro - Popload (São Paulo – Brasil)
Paulo André Pires - Abril Pro Rock / Porto Musical (Recife)

Shows:
19 hs- Vida Seca - Palco Externo
19: 30 hs - Umbando - Palco Externo
20:15 hs - Macaco Bong (MT)– Palácio da Música
21:15 hs - Alma Brasileira - Palco Externo
22 hs - Banda Pequi - Palácio da Música




# Conhece o Monster Bus? Não é que o heavy metal do transporte coletivo goianiense já tem mais de 20 mil page-views? Aperte o play, assista ao vídeo-clipe e depois voltamos a esse assunto.








Fui.

quinta-feira, novembro 13, 2008

National Indie Hits

# A banda paulista The Name, dona de um dos melhores lançamentos de 2007 (o ep Gone), e que fez um dos shows mais legais do último Goiânia Noise, disponibilizou dia desses mais uma música inédita. Come Out Tonite constará no próximo ep que o grupo promete lançar no começo do ano que vem, e deixa um pouco de lado (mas só um pouco) a aura goth-pop que o acompanha desde o início.


The Name
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Quase sou capaz de apostar que, recentemente, os music-players da banda estiveram bastante ocupados com a batucada indie-house do Radio 4 (e, por que não, do Rapture), já que Come Out Tonite vem carregada com o mesmo disco-rock empolgante que embala os dois grupos novaiorquinos. Em sua página do Myspace, além de Come Out Tonite e de algumas das canções de Gone e de Older (single lançado há alguns meses), o grupo ainda deixou de presente sua versão gótica para Eleanor Rigby, que ficou das mais divertidas. Faça uma visitinha cortês à página do trio e confira por si só.

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Wry



# Depois de 7 anos perambulando pelo underground londrino (e de 14 anos de vida), o Wry deve voltar aos palcos brasileiros no primeiro semestre do ano que vem, numa pequena turnê que vai divulgar o lançamento de National Indie Hits, disco que a banda mais sorocabana do Reino Unido está preparando, com 14 covers de grupos clássicos do independente brasileiro que, segundo o próprio vocalista Mario Bross, influenciaram a carreira do grupo. São elas: MqN, Pelvs, Killing Chainsaw, Vellocet, Walverdes, Biggs, Low Dream, Pin Ups, Sonic Disruptor, Snooze, brincando de deus, Astromato e Space Rave.

Flames In the Head, album lançado em 2006 e que ostenta jóias shoegazer da categoria de Come and Fall e Powerless, é o ponto alto da trajetória corajosa do grupo, mas o ep Whale and Sharks (lançado ano passado), apesar de deslumbrado com o post-rock de Sigur Rós e afins, não chega a empolgar, numa comparação direta. Na última vez que o Wry esteve no Brasil, peguei um show caprichado lá no Martim Cererê, num Bananada passado qualquer. Os anglo-sorocabanos são mesmo bons de palco, vai valer a pena.

Update corretivo - Mario Bross, o supra-citado vocalista do Wry, mandou avisar (ali na caixa de comentários) que a turnê que chega ao Brasil no primeiro semestre do ano que vem não será de National Indie Hits (que deve sair ainda em 2008), mas sim do próximo disco de inéditas do grupo, que provisoriamente está sendo chamado de She Science.



# Mitch Mitchel, o baterista prodígio que acompanhou a Jimi Hendrix Experience (formação que rendeu três grandes discos em quatro anos de existência – Are You Experienced?,Axis: Bold As Love and Electric Ladyland, de 66 a 69), morreu ontem pela manhã, num hotel em Portland.

Já tem um bom tempo que não mexo nos meus vinis do Hendrix. Minha inquietude curiosa e compulsiva com música não me deixa remoer os clássicos eternamente, mas já gastei muito tempo (principalmente na adolescência), prestando atenção nas minúcias psicodélicas do Electric Ladyland. De um tanto tão generoso que me permito ficar afastado delas hoje em dia. Era uma época em que eu achava Shine On You Crazy Diamond, do Pink Floyd, a melhor música do mundo pra dormir. E isso era uma elogio!

Mas mesmo que aquela porção de hits hippie estejam, para mim, em standby, a Experience sempre foi referência absoluta quando o assunto é psicodelia flower-power, e Mitch Mitchel era mais do que um chão firme para as pirações do Hendrix. Merece condolências sinceras, RIP!





Tchau

segunda-feira, novembro 10, 2008

O Caminho das Pedras

# Viu ontem, no Fantástico, o Alex James visitar a fonte oculta das farras nababescas do Blur? O baixista da melhor banda do britpop visitou, a convite do presidente Álvaro Uribe e da BBC de Londres, a selva colombiana de onde sai quase toda a cocaína cheirada no mundo.
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Iurrúúú!
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Alex jura já ter aposentado seu nariz de platina (também, depois de 4 milhões gastos em cafungadas...), mas vi seus olhos brilharem quando um traficante colombiano abriu uma dolinha da farinha, e informou solenemente que aquele era o produto puro, recém saído da “fábrica”. Mas James soube se comportar, tirou a franja da frente dos olhos e testou um sorriso amarelo para a câmera, quando o traficante se serviu de um tirinho.


Alex também passeou por caminhos lamacentos da selva, sempre escoltado por uma tropa do exército local, e afundou seu par de tênis no lodo para conhecer os precários e improvisados laboratórios de produção e refino do, segundo ele próprio, “óleo que lubrifica a indústria do rock n’ roll”. Perto do fim da matéria, James garantiu ter se convencido de que se soubesse, em seus tempos bicudos de desbunde junkie, como a cocaína é violenta e letal para o povo colombiano que não cheira, teria moderado nas festinhas dos camarins.


Será? Estou inclinado a duvidar.




# E aí, como vai a vida pós-Obama? Tá esperançoso com o fato de que um negro, pela primeira vez na história dos Estados Unidos, chegou ao topo? Você também queria uma daquelas camisetas coloridas, estampadas com o busto do novo presidente do mundo, para desfilar no próximo Goiânia Noise? Obama é pop, Barack é rei. E o rei (ainda) não está nu.


Obama nas alturas!

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Depois de ouvir a mesma ladainha ensaiada duzentas vezes por dia (que repete um otimismo tão crível quanto a "certeza" que um torcedor da Portuguesa tem da grandeza do seu clube), em rigorosamente todos os telejornais, estou começando a achar que a vida imita mesmo a arte, e que se Obama fosse tão cool, honrado, firme e, principalmente, tivesse uma voz tão máscula e sedutora quanto a do presidente Palmer (esse sim o genuíno pioneiro negro no cargo), aí sim o mundo poderia finalmente respirar aliviado, já que o anti-herói rebelde e solitário Jack Bauer nunca dorme no ponto, e entre uma agulhada e outra, sempre salvará a América (e por conseqüência, o planeta).


Essa euforia coletiva – da imprensa política (o Jornal da Globo chegou ao ridículo de comemorar a vitória exibindo um clipe com imagens da campanha Obama acompanhadas por A Beautifull Day, do U2. Jesus!), passando pelos programas de fofoca, e chegando até à mesa de almoço do domingo em família –, me deixou mais irritado com a humanidade do que o de costume.


Tá bom, se com a humanidade é muito, então fiquei puto pelo menos com o mesmo Brasil que esperou o fim dos problemas nacionais com a ascensão de um “pobre” operário à presidência da República, acreditando que só o simbolismo histórico do fato seria suficiente para a tão esperada redenção do país do futuro. No caso deles, o sofisma é o mesmo, só que mais caro, melhor envernizado e mais escurinho. Primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos!


Tá mesmo todo mundo crente que (também pela primeira vez na História) um Tio Sam bronzeado vai, finalmente, governar para o bem mundial, deixando seus próprios (e gigantescos) problemas em segundo plano, ao invés de tentar salvar os EUA, a QUALQUER custo, do fiasco econômico?


Antes que ensaiem o discurso, meu caso está longe do anti-americanismo corrente: música pop, hambúrguer e Mickey Mouse sempre tiveram lugar garantido na minha vida, acho o american way of life um exemplo de sociedade e recusei a homilia esquerdinha antes de entrar pra faculdade. Gosto mesmo da cultura estadunidense, e qualquer roqueiro que diga o contrário e cuspa na bandeira listrada está sendo, no mínimo, contraditório (o máximo eu deixo por sua conta).


Mas acontece que Roma nunca abriu mão de seu poder, e se isso for inevitável, o espernear do império vai machucar muita gente que está comemorando a vitória do negão como final de campenato. O estrago, é bem provável, vai chegar até mim também (como todo mundo), mas pelo menos não vou remoer uma contrição velada, nem precisar disfarçar uma esperança traída. Obama é negro, pop, simpático e boa gente, mas não é meu presidente.


Eu votei McCain!




# Já tem um tempo que quero desovar aqui uma “novidade” da web que tem ocupado muito o meu tempo, ultimamente. Nunca lembrava do Arapa quando ia atualizar isso aqui, mas sempre recorria a ele quando ia atrás daquele filme que ia dar um trabalhão pra achar. Mas dessa vez foi diferente, me lembrei do Arapa, e demorou pra dividir o “segredo” com os nobres leitores do Goiânia Rock News.


É bem possível que parte desse povo já conheça o Araponga Rock Motor, mas pra mim a novidade só apareceu no mês passado. O Arapa é um blog exclusivamente para downloads de filmes, daqueles clássicos “B” que você adoraria rever, acompanhado de uma tonelada de outros títulos que você vai amar descobrir


Já recolhi para meu agá-dê cópias de 24 Hour Party People e 9 Songs, os dois do Michael Winterbottom; Velvet Goldmine (a ficção musical sobre o surgimento do glam rock), e I’m Not There (a cine-biografia do Bob Dylan), os dois do Todd Haynes; American Pop, a animação musical do Ralph Bakshi; a ópera-mod Tommy, do Ken Russell; Quadrophenia, a ficção histórica do famoso e selvagem combate entre mods e rockers, do Frank Roddam; Botinada – A História do Punk no Brasil, do Gastão Moreira; o documentário musical Ritmo Alucinante, que registrou o primeiro Hollywood Rock, em 1975, e que contou com Rita Lee &Tutti Frutti. O Peso, Vímana (banda que reuniu os futuros Lobão e Lulu Santos), e Raul Seixas; A série completa (mais de dez horas de filme) The History of Rock n’ Roll, além de muita coisa mais.


Se eu fosse você faria uma visitinha social ao Arapa e dava uma espiada no acervo do endereço, e rapidinho registrava ele nos Favoritos.




# O Goiânia Noise 2008 está chegando e não vem sozinho. Além do Brasil Central Music, que vai encher a semana pré-Noise de shows, o principal festival do rock independente nacional exportou sua marca para a capital financeira do país, e a estréia do São Paulo Noise festival vai ocorrer simultaneamente à realização de sua edição matriz, em Goiânia. Muitas das atrações internacionais serão compartilhadas por pai e filho, acompanhe a programação completa aí embaixo:


São Paulo Noise Festival

Sexta - 21/11

Black Mountain (Canadá) - Palco 1

Flaming Sideburns (Finlândia) - Palco 2

Motek (Belgica) - Palco 1

Os Ambervisions (SC) - Palco 2

The Tormentos (Argentina) - Palco 1

Black Drawing Chalks (GO) - Palco 2

Sábado - 22/11

Vaselines (Escócia) - Palco 1

Black Lips (USA) - Palco 2

The Ganjas (Chile) - Palco 1

Do Amor (RJ) - Palco 2

Calumet-Hecla (USA) - Palco 1

Homiepie (SP)- Palco 2

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21 e 22 de novembro

Ingressos:

21/11 (sexta-feira):R$65,00

22/11 (sábado):R$80,00

Censura: 16 anos




Tchau

terça-feira, novembro 04, 2008

"Bolo, Rolo, Casa ou Consolo"

# A banda gaúcha Pública (aquela, dona de um dos melhores singles de 2006, Long Plays, faixa de Polaris – o disco que revelou tudo que tinha de cara, e se esqueceu de que precisaria de outras músicas legais), disponibilizou três canções novas em sua página no Myspace. São elas 1996, Canção do Exílio e Casa Abandonada, que, garante o grupo, puxarão seu segundo disco, intitulado Como Num Filme Sem Um Fim, que deve subir à superfície da web no dia 24 próximo, também em sua página no Myspace.


Revoltz

1996 é delicadamente psicodélica, espacial e atenciosa nos detalhes. Já Canção do Exílio é ancorada no dance-rock inglês do fim dos anos oitenta, enquanto Casa Abandonada, enfeitada com discretos arranjos de metais, é a melhor das três, com pianinho festivo e acento britpop.


Uma amiga disse, certa vez, que nas primeiras ouvidas ficou com preguiça de Long Plays, por que era botar pra tocar e se lembrar imediatamente do Guilherme Arantes. Mas ela insistiu e hoje em dia ri dessa história, gosta da música e continua não sabendo que até o Guilherme Arantes tem coisas legais em sua discografia.


Mas até aí tudo bem, “pouca” gente sabe.


Lembra como Long Plays é legal? Lembra que o videoclipe chegou a concorrer ao VMB do ano passado?






# Outro grupo legal com notícias é o multi-estadual Revoltz (MT, MS, RS,SP), que desde sua estréia com Beijo No Escuro (lançado no começo do ano passado), não aparecia com novidades. O epê 123 (um, dois, três) foi lançado somente no site da banda, sem qualquer formato físico, e tem quatro músicas.


Lótus 123 é rock sessentista filtrado pela pós-modernidade que cresceu ao som da new wave, enquanto Seja Cereja escancara um romantismo pop, simples e cínico ("(...) Não me interessa se você tem bolo, rolo, casa ou consolo".). Loneliness mistura iê-iê-iê com a nova disco-music, e Chanson flerta com o garage-rock.

Tem pra quem quiser, é só fazer uma visita cordial à página do quarteto e arranjar um download. Lá também tem o primeiro disco, Beijo no Escuro, inteiramente ao vosso dispor.




# Já a curitibana Terminal Guadalupe começa a pensar no próximo disco, o terceiro da carreira, e contratou o produtor Roy Cicala, que já trabalhou com luminares da categoria de Jimi Hendrix, Bruce Springsteen, Aerosmith e até John Lennn. Ao lado de Apollo 9 (ex-Planet Hemp), Cicala e o grupo paranaense se enfurnam no estúdio A9, em São Paulo, durante o mês de novembro para registrar o álbum que, provisoriamente, foi batizado de Para merecer quem vem depois.


Recado dado, volto já.