Quase chegando ao fim da enquete, é a vez do Hansen e do Segundo pronunciarem suas verdades particulares sobre 2008. Vai lendo:
Elegant Machinery - A Soft Exchange
Independente
Após 10 anos sem gravar (apesar de alguns side projects como o excelente Hype), Robert Enforsen, Leslie Bayne, Richard Jonshof e Johann Malmgren retornam com sua melhor obra e com um disco capaz de arrebatar, mesmo de candidatos fortíssimos num ano excelente (Thermostatic, com Humanizer era o candidato mais provável até agora), o cetro de Best of the year. Após uma assustadora sucessão de singles que deixaram todos boquiabertos ("Feel the silence e Move"), causando frisson na pequena tribo que não depende dos lucios e thiagos para saberem o que gostar, o álbum mantém a expectativa e pode ser ouvido de cabo a rabo sem pular faixa nenhuma, tamanha é sua uniformidade.
Claro que trata-se de um lançamento a ser deglutido por poucos aqui, onde se babam por Mallus, Curumins e Cordéis, num claro cumprimento à alusão de Terry Jones, que interpretava o líder de Hy Brazil, em Erik, o Viking: "Não somos uma nação musical", ah ah ah ah ah ah...
Melhor show do ano: Project Pitchfork - Inferno-SP 25/10/08
Prestes a completar 20 anos de carreira, Peter Spieles e seus asseclas finalmente aportaram por aqui, o que parecia ser apenas mais um boato ou um sonho não realizado, e fez valer cada segundo de uma espera que se estende desde que o grupo ficou (relativamente) famoso por aqui, a partir de 92.
Num show que priorizou os clássicos, Spieles mostrou forma e garganta invejáveis, entretendo um publico exigente por quase 2 horas. Mal nos recuperamos do choque de finalmente ver um dos expoentes da musica electronica frente a frente conosco, Rodrigo Cyber e seu projeto Ferro Velho trouxeram quase em seguida Plastic Noise Experience e Serpents, antevendo que 2009 deverá ser um grande ano...
Melhor musica de 2008: Hora de separar os homens dos meninos. Eu não devia me meter a fazer o que não sei. Não tenho a cara de pau de um lucio ou thiago que pegam uma merda qualquer dos arghtic monkeys ou rakes e elegem como melhor "música" do ano. Num ano simplesmente estupendo como foi 2008, simplesmente não tenho a competência devida para destacar uma musica que se imponha sobre tantas maravilhas lançadas. A muito custo consegui um top ten, e olhe lá:
Elegant Machinery - "With grace"
Elegant Machinery - "Move"
Declassé - "Default values"
Sound Tesselated - "Why can´t you forgive"
Fantazja - "Kathy"
Imaten - "Haven" (Projeto de Peter Spieles, que nessa faixa divina, conta com os vocais especialíssimos de Rolf Harris, VNV Nation)
Machine Made Pleasure - "In a dark world"
Thermostatic - "Driving"
Nadia Sohaei - "Dragonfly"
Digital energy - "Doubting heart"
O que acham de baixar todas e vocês mesmos decidirem qual a melhor? Não é tão dificil assim...
Hansen é um dos mentores do Harry, legendário grupo paulista de música eletrônica dos anos oitenta
.
Portishead - Third
Mercury/Island
Explica uma banda que fica 11 anos parada e vê tudo quanto é tipo de gente copiar seu som e consegue se reinventar da forma que o Portishead conseguiu nesse álbum. Não sei se o Third é o melhor disco do ano por falta de coisa melhor ou se simplesmente é realmente um álbum fantasticamente psicodélico, que ultrapassará as barreiras do tempo. Isso a gente deixa pra discutir daqui uns anos, o que interessa mesmo é que é muito bom ver que as bandas velhas ainda tem bastante fôlego. E o Portishead tem demais.
p.s. menção honrosa ao Black Ice do AC/DC e Motorizer do Motorhead.
Discarga - Música pra Guerra
Laja Records
Se não me engano este é o terceiro álbum dessa banda paulista que já é considerada uma das mais agressivas dos últimos tempos. Depois de Música pra Guerra o Discarga pode se juntar ao panteâo do HC nacional juntamente com Cólera,RDP,Olho Seco,Ação Direta,Lobotomia,Mukeka di Rato e mais algumas outras que fazem a alegria da galera chegada num pogo e num mosh.
O álbum simplesmente é perfeito tanto na parte musical (que aliás, no encarte, ao lado de cada música vem citado o nome de uma ou duas músicas de bandas HC que as inspiraram) quanto nas letras que questionam o cotidiano e as injustiças e preconceitos da socidade burguesa de forma peculiar, como por exemplo: "Se você tem cérebro e é um ser pensante/Exercite-o,Treine-o e use-o mais/Consuma menos e pense mais" ou "Minha vida é um livro aberto,pra você arrancar as páginas e queimar com seus camaradas".
Tirando o fato de a última faixa do álbum ser um funk setentista extremamente bem feito devidamente intitulado de "Sob Influência" e a letra simplesmente constituir o nome da pura elite da música negra de Jackson do Pandeiro a Outkast, de Cartola a Miles Davis, suingando o melhor disco de Hardcore nacional dos ultimos anos.
Melhor show: Desastre
Ver o capim pub lotado já é uma coisa corriqueira, porém nesse dia algo de satânico pairava no ar do pub mais underground de Goiânia. Quando o desastre subiu no palco eu realmente pude sentir que todos os anos de ré valeram a pena. Uma multidão de 100 pessoas cantando "Revolver" e "O inferno não é um lugar ruim" em coro davam não só a sensação de dever cumprido em mais de 10 anos de banda, mas provaram que santo de casa faz milagre sim.
E após o final show ainda sobrou aquele clima no ar, digno dos maiores eventos do rock. Não precisa de som com técnicos apurados, não precisa de imensos espaços públicos, de seguranças fortemente equipados, nem de grade na frente do palco, tudo que é preciso é a energia do público, e a catarse daquele final de tarde ainda vai pairar muito tempo sobre a imaginação dos pouco mais de 100 presentes, afinal quem disse que tosco não é legal? Pena que esse foi o último show da banda com essa formação que gravou o pequeno clássico do hc nacional Procurando Saída.
Wander Segundo é dono da Two Beers Or Not Two Beers Records e baixista/vocalista do Corja
Tchau
segunda-feira, janeiro 12, 2009
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