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quinta-feira, janeiro 08, 2009

Sindiecato

Voltei.


Por causa de todo aquele protocolo de fim de ano, boas festas e bla, bla, bla, não deu pra passar por aqui antes, e deixar aí embaixo as derradeiras respostas da enquete. Acho que esse papo ainda rende uns três posts, e depois deles eu boto aqui a lista final dos melhores do ano (passado), pra enterrar 2008 de vez, ainda que o ano novo ( e eles estão cada vez mais precoces) tenha batido à porta lá pelo meio do último mês de setembro.


Mas seguindo, o Diego de Moraes (talvez o artista goiano mais comentado em 2008), e o Eduardo Kolody (que lidera a Orquestra Abstrata, e acompanha Diego, como guitarrista d’O Sindicato) revelam suas preferências.



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Júpiter Maçã - Uma Tarde na Fruteira
Monstro Discos

O melhor disco lançado em 2008 foi o Uma Tarde na Fruteira, do Júpiter Maçã. Mas a verdade é que quem gosta dele já conhecia essas músicas há algum tempo, pelo menos numa versão mais tosca, que circulou amplamente pela internet desde que esse álbum enrolou para ser lançado aqui no Brasil.

Então talvez devêssemos ficar alertas à lição cármica que abre outro disco, e dar devido mérito ao Third do Portishead (que foi duramente criticado como decepcionante durante o ano). Quem estava com saudade do Portishead "fuck music", descobriu que não é mais como se a Beth Gibbons fizesse uma felação com o microfone enquanto a banda toca orquestrações jazzísticas, como nos tempos do Roseland, NYC. No entanto, o que compor quando se alcança tamanho reconhecimento com apenas dois álbuns de estúdio?

Dez anos depois, o Portishead ainda manteve sua essência, marca de qualidade; fez um disco com personalidade, que não imita o período áureo da banda e também não se entrega a nenhuma hype electro-boba do momento. Se talvez o trip hop desenvolvido pelo grupo não seja mais tão (hip)hop quanto em Dummy, certamente nunca conteve tanta trip. As viagens da banda estão repletas de atmosferas sombrias e (in)tensas, se utilizando de vários timbres vintage captados de sintetizadores analógicos e amplificadores antigos, além de sessões rítmicas hipnóticas, cheias de ecos e tambores. Geoff Barrow continua mostrando que a criatividade é o único limite da música, fazendo com que o misterioso Portishead consiga soar eletrônico e orgânico ao mesmo tempo, e mostrando que psicodelia não tem necessariamente nada a ver com fadas e duendes.

Agora a trilogia está completa.


É quase impossível escolher uma melhor música, visto que uma boa banda geralmente lança pelo menos três por álbum, mas eu fico com Marta, da banda gaúcha Pata de Elefante. Quem já viu o grupo tocando ao vivo entende porque eles são uma das melhores banda de rock do país. O som é cru, mas suas músicas são construídas com um feeling harmônico quase insuperável. Não é fácil fazer rock sem letra pra pirar e bater cabeça.

Os melhores shows que eu vi esse ano foram o Skatalites e o The Doors (o Jim Morrison devia estar presente em espírito, porque a banda quebrou tudo). Todo músico deveria almejar chegar aos sessenta / setenta anos de idade com a disposição que esses caras têm pra tocar.


Eduardo Kolody é Músico, produtor e guitarrista em vagas horas






Beck - Modern Guilt
Interscope Records

É complicado apontar um único disco como o “melhor” do ano. Até porque tenho uma grande lista de discos que ainda pretendo ouvir. Sem falar que tem vários álbuns que me “tocaram”, como os dois que o Tom Zé lançou esse ano, ressaltando sua homenagem irreverente à criação de João Gilberto. Além disso tivemos 2 (mais que) esperados lançamentos instrumentais de bandas do meio independente já “louvadas”: Macaco Bong e Pata de Elefante.


E tem também o fantástico Uma tarde na fruteira, do Júpiter Maçã, que foi lançado, oficialmente, esse ano (mas que já comentei aqui nesse mesmo blog [na enquete dos melhores de 2007], no ano passado, quando já havia “vazado” na net...). Mas se tem um disco que fez minha cabeça esse ano foi o Modern Guilt do Beck. É muito bom saber que tem um cara brilhante como esse tal de Beck Hansen aí na ativa, sempre a impressionar e convencendo pelo próprio som (ao contrário de outros que usam outros meios para “chamar a atenção”) e por suas letras, cada vez mais existenciais e melancólicas . Este é um álbum fruto do mundo contemporâneo, mas que dialoga com várias referências do passado (como as influências rítmicas e melódicas sessentistas dos Beach Boys) e um pouco menos esquizofrênico que outros discos de Beck, ainda que retome muitos elementos de sua obra, como o aspecto eletrônico latente.


Nesse disco (um dos melhores dessa primeira década do século XXI, na minha opinião) Beck conseguiu, juntamente com o produtor Danger Mouse, um resultado coerente, com uma certa sonoridade que perpassa todo o disco, embora aponte, como sempre faz, para várias direções (dificultando assim o trabalho de quem tenta defini-lo): minimalismo, experimentalismo, momentos obscuros e outros mais animados, dançantes... tudo misturado num caldeirão sonoro hipnótico. Destaque para o vocal na faixa título, para a melodia e para bateria de “Chemtrails” e para a intimista “Volcano”, que fecha o disco de forma sublime. A madura e forte “Soul of a Man” é uma das minhas faixas favoritas.


Achei um disco instigante que em 10 faixas curtas (comparadas ao que o Beck geralmente faz) esbanja sutileza nos detalhes. Um belo disco pra se ouvir com paciência e, de preferência, no fone de ouvido. Não vou dizer que ele é genial, pois não quero chover no molhado! Ainda estou “(Re)descobrindo-o” calmamente...


O melhor show que vi: Muse e Instituto toca Tim Maia foram, simplesmente, “ducaralho”!

Mas acho que o show que mais emocionou e que mais “fritou a minha mente” foi o do Arrigo Barnabé e do Patife Band na Caixa Cultural, em Brasília. Sensacional! Por causa desse novo formato do show do Arrigo, mais voltado para o piano... estou curioso pra ouvir o cd Arrigo Barnabé & Paulo Braga - Ao vivo, em Porto.


Melhor música do ano? Prefiro não responder.... Não sei. Devo confessar que nos últimos meses não ouvi muito esse revisionismo do folk (continuei no Neil Young do Harvest ao invés de escutar o primeiro da Mallu ou o Zé Ramalho cantando Dylan). Então não sou a pessoa mais apropriada para falar sobre 2008, né?


Pro mundo deve ter sido "I Kissed A Girl" da Katy Perry, né? Achei muito boa a “João Nos Tribunais”, do Tom Zé, por ser a homenagem mais irreverente e “didática” (típico do Tom Zé...) à criação de João Gilberto.


Diego De Moraes é cantor e compositor.






Tchau.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

o melhir foi o death magnetic, de longe, aqui so tem indie, deusmelivre