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quinta-feira, dezembro 27, 2012

Os melhores de 2012 - Luis Calil



Antes que o ano acabe, o grnews inaugura sua tradicional enquete sobre o que de melhor aconteceu na música em 2012. E o primeiro convidado a deixar suas impressões é Luis Calil, líder da maior revelação do rock goiano nos últimos 12 meses. Siga a letra:






Disco do Ano:  Swing Lo Magellan, do Dirty Projectors.
Já vou apontando logo de cara que os picos musicais e emocionais do ano vieram das faixas de abertura e fechamento de Shields, o disco novo do Grizzly Bear. Mas em termos de coesão e consistência como álbum, o pessoal do Dirty Projectors ganha o troféu.

Just From Chevron - Dirty Projectors


Os experimentos com harmonias vocais, dissonância, jogos estruturais e influências africanas que eles vêm fazendo por uma década foram todos refinados à quase perfeição, tudo equilibrado de forma que a beleza pop é indistinguível da sofisticação musical. Não acredita em mim? Vai ouvir “Just From Chevron” ou “Dance for You” - essa segunda é lar para o melhor solo de guitarra de 2012 (e eu digo isso como alguém que geralmente acha solos de guitarra um porre).




Música do Ano: “Sleeping Ute”, do Grizzly Bear.
Como eu disse acima, o Grizzly Bear foi responsável pelas duas melhores canções do ano. A que fecha o álbum deles, “Sun In Your Eyes”, é tão ridiculamente épica (no sentido sincero, não-hiperbólico, da palavra) que eu não saberia como começar a descrevê-la. Escolhi então falar sobre a faixa de abertura, “Sleeping Ute”, que é a coisa mais vigorosa e raivosa que a banda já fez. Esqueça a fofura de “Two Weeks” - o urso-cinzento finalmente faz jus ao nome, com solos de fuzz estouradaço (2:04) e pequenos sustos de percussão que eu ainda não sei se são tambores distorcidos ou samples de granadas explodindo em algum filme de guerra. Essas longas passagens instrumentais tempestuosas são intercaladas com versos onde o Daniel Rossen canta melancolicamente sobre não querer parar de dormir, e sobre como os sonhos dele são livres e pacíficos. Daniel, sai dessa. Acorda e vai trabalhar.




Disco Nacional do Ano: Abayomy, do Abayomy Afrobeat Orquestra.
Eu vou perder a fé no jornalismo musical brasileiro se esse disco não estiver em pelo menos 50% das listas de melhores do ano. Ótimo do começo ao fim, com picos espetaculares, como a faixa de abertura, “Eru” - quem mais fez música tão afiada e exuberante assim no Brasil esse ano?




EP e Single do Ano: Kindred EP e “Truant”/”Rough Sleeper”, do Burial.
Quem precisa de um álbum completo do Burial quando o tempo médio das faixas dele subiu pra 10 minutos? O garoto-prodígio londrino – supergênio recluso e misterioso que conquistou o mundo alguns anos atrás fazendo o dubstep/garage mais melancólico e “avançado” do planeta - agora dá a impressão de que está pouco se lixando. Não pra música - pra você. O trabalho que ele lançou esse ano é o retrato de um mestre perdido no próprio mundo, sem o menor interesse em te convidar pra participar da brincadeira. Mas não importa; ninguém que foi seduzido pela alquimia sobrenatural do Burial vai se importar de ficar do lado de fora da grade, assistindo o mestre de longe. Talvez seja até melhor; se o Burial deixar a gente entrar de novo, eu temo que ninguém consiga mais escapar (*adicionar aqui uma risada diabólica*).




Luis Calil é vocalista/guitarrista do Cambriana.









Dirty Projectors - O filme



Cambriana lança clipe gravado em Goiânia




Um comentário:

Amauri disse...

Engraçado como eu fiz o caminho inverso de muita gente, conheci o Grizzly Bear por conta da Cambriana, sou um fã assíduo dos shows da banda aqui em Goiânia e admito que foram a melhor banda de 2012. Desde que comecei a acompanhá-los só perdi 2 shows em Goiânia. Agradeço a minha amiga jornalista Lourdes por ter me mostrado o som da Cambriana logo no início de 2012 ;)