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sexta-feira, março 30, 2007

Love in Elevator!

Steven Tyler - Aerosmith
Foto de divulgação

# E aí, tudo certo? Preparado pro finde?


# Na véspera da festa que celebra o primeiro aniversário da revista Decibélica - aquela mesma que pela primeira vez catalisou numa encadernação de respeito o melhor da nova cultura independente brasileira -, o assunto deste post não poderia ser outro. Apesar do colega e Inimigo de Rei, Eduardo Mesquita, ter tratado do tema com bastante propriedade na O Grito do Inimigo, sua coluna no portal da Dynamite, não me furtarei o direito de teclar algumas linhas sobre a publicação de maior impacto gerida dentro da cena brasileira do novo rock.

# # Na última edição da revista, capa com os Faichecleres, o amigo que digita do lado de cá do monitor assinou o texto sobre o 12º Goiânia Noise Festival, realizado em novembro de 2006 nas dependências superlativas do Centro Cultural Oscar Niemeyer. Mas essa colaboração teve início na terceira edição, capa cool com o Vanguart, onde tem abrigo um escrito detalhado deste blogueiro sobre o então recém lançado Estado Natural, o ótimo terceiro disco da Casa Bizantina.

# # # Desde seu nascimento, um ano atrás, a Decibélica trabalha com o sério propósito de movimentar e aglutinar uma pequena legião de aficcionados por rock e cultura pop espalhados pelo país, e que não se contenta com a passividade de ser simplesmente público. Muita gente escreve e emite opiniões, embasadas em bons argumentos ou não, em bons textos ou não, e o que a Decibélica fez (e continua fazendo) foi tentar juntar a melhor parte desse pessoal e produzir uma revista que documentasse todo esse fervilhar de bandas, festivais e circulação roqueira, que acontece à parte da indústria fonográfica, mas nunca do mercado. Desse não queremos distância, queremos tomar posse da nossa parte.

# # # # Na festa de aniversário que comemora o primeiro ano de vida da publicação, os convidados são ilustres representantes dessa nova safra: Os Sapatos Bicolores rebolam seu rock saudoso dos anos cinqüenta e sessenta em Brasília e já são velhos conhecidos do público goiano, enquanto os locais Rockfellers voltam a chacoalhar suas guitarras e ostentar suas bandeiras apenas algumas apresentações depois de uma (curta) temporada inativos.

# # # # # Santo de casa, o MqN costuma conseguir realizar os milagres que contrariam o ditado, e promete, logo depois de lançar Cobra – a segunda edição das Fuck CD Sessions –, derreter o ar condicionado do Martim Cererê e deixar a cúpula de concreto em chamas, preparada para a apresentação dos Forgotten Boys, que depois de Stand By the D.A.N.C.E., casa da ótima Get Load e do anêmico single 5 Mentiras, escorregou os pés para a estrada e tem percorrido muitos dos buracos negros desse nascente circuito independente nacional, conquistando cada vez mais admiradores com sua receita saborosa, que, a despeito dos equívocos em português, junta a energia do punk com as melodias grudentas do rock n’ roll e cozinha tudo com um inconfundível apuro instrumental.

# # # # # # Eu vou lá! E você, vai?


# O Macaco Bong lançou seu segundo EP, intitulado Objeto Perdida, onde carregou nas tintas escuras e imprevisíveis do jazz e da música experimental, misturando tudo com viagens roqueiras psicodélicas altamente corporais. Sim, por que apesar de aparentemente fazer música cerebral, o trio cuiabano não se intimida em convidar o ouvinte para uma contradança, ainda que poucos compassos depois o bailado se desfaça em quebras inesperadas e alce vôos instrumentais atávicos. Ainda estou me impressionando aqui, com repetidas audições, depois falo mais.

# E não é que o grande Aerosmith desembarca no Brasil mais uma vez? A banda dos toxic twins está entre as prediletas do blogueiro aqui, que já viveu boas estórias sob o som enfurecido e sensual da guitarra de Joe Perry e dos gritos ensandecidos e rebeldes de Steven Tyler.

# # Se o distinto leitor ainda não é familiarizado com os altos e baixos da discografia do grupo, mas se interessa pelo hard rock robusto e voluptuoso daquela que já se intitulou “a maior banda de rock da América”, que influenciou diretamente músicos importantes como o Slash, ex Guns e atual Velvet Revolver, e que foi o primeiro dos conjuntos de rock a figurar nos Simpsons, o blog pode ajudar.

# # # Pra uma audição introdutória, o melhor mesmo é o clássico Toys in the Attic, de 1975, que mistura a dureza das guitarras do rock básico de bandas como Free e Lynyrd Skynyrd, com o suíngue e sensualidade melódica de um led Zeppelin, e acaba soando como uma versão vitaminada dos Stones. Mas não se engane, em meios a tantas referências, o Aerosmith sabia como imprimir uma inconfundível marca própria em suas poderosas canções. Foi com Toys in the Attic que o quinteto alcançou sucesso comercial, passou a lotar estádios e vender milhões. A faixa título, um rock com o pé no acelerador e guitarras superabundantes, ganhou releitura até do misantropo Michael Stipe e seu R.E.M., enquanto a classicaça Walk This Way já torcia entendimentos onze anos antes da parceria com Run DMC (e o retorno triunfal às paradas de sucesso), pouco antes de Big Ten Inch Record, um jazzabilly charmoso e cheio de manha, fechar o lado A do LP.

# # # # Sweet Emotion abre o lado B e é o maior e mais cultuado hit dessa fase gloriosa do Aerosmith: vocalizações e atmosferas agri-doces, riffs diretos e geniais, além de uma dançante e potente cozinha, ajudaram a catapultar esse álbum, e a banda, para o gigantismo a que estava por vir.

# # # # # Após um bom tempo gastando onda com Toys in the Attic, o amigo leitor já estará apto a algumas boas e atenciosas audições de Rocks (de 76, o preferido do Slash), para depois voltar um pouco no tempo e conhecer a maravilhosa estréia, de 1973, que revelou já de primeira alguns dos maiores sucessos do grupo de Boston: Mama Kin, posteriormente regravada por seus “seguidores” do Guns N’ Roses, e o grandioso piano rock Dream On, não deixam o blog mentir. Despreze as coisas da primeira metade dos anos 80 (época em que Joe Perry abandonou o barco), e retome a discografia a partir de Permanent Vacation, de 1987, lugar de canções bacanas como Rag Doll, Dude (LooksLike a Lady) e a balada Angel (assassinada numa versão em português pela longínqua Yahoo, “banda” que desfilava seus cortes de cabelo à Chitãozinho e Xororó no começo dos anos noventa), que anunciavam um retorno triunfal para breve.

# # # # # # Essa volta em grande estilo ganhou as ruas em 1989 com o maravilhoso Pump, dono de preciosidades como Young Lust, F.I.N.E. e My Girl, além dos mega hits Love in Elevator e Janies Got a Gun. Depois disso a estória é bem conhecida: em 91 chegam ao topo novamente com o bombado Get a Grip, que além de estourar pelo menos 6 belas músicas no ocidente inteiro, emplacou vários e adoráveis clipes nas emitivis mundo afora e os recolocou num papel central dentro do pop mundial!


# Quem não se lembra do vídeo de Crazy, aquela balada bonita, onde as então pubescentes Alicia Silverstone e Liv Tyler fogem do colégio, e a bordo de um conversível atravessam quilômetros e mais quilômetros à procura de diversão e aventura?




# # Ou do clipe de Cryin’, onde a mesma Alicia, desta vez fantasiada de fêmea emancipada e de pavio curto, faz de tudo, inclusive espancar um assaltante abusado e saltar de bungee jump só pra fazer tipo pro namorado folgado?



# # # Lindo, não?


# Dia 1º de março a paraense Madame Saatan entrega aos ouvidos do país o single virtual Gotas em Caos (com Molotov no “lado B”), numa experimentação de integração nacional daqueles que produzem informação sobre o circuito independente. O blog aqui vai dar um jeito de disponibilizar as duas canções para seus distintos leitores, numa ação associada com dezenas de sites em 13 estados da federação. No domingão, depois daquele almoço com os amigos, faça uma visitinha ao blog e dê uma conferida nas novidades da Madame. Podicrê?


# Hoje à noite, a veterana Casa Bizantina apresenta as belas canções de Estado Natural (e de seus outros discos) num formato eletro-acústico, lá no tablado do Cine Goiânia Ouro. Outra boa pedida para a sexta feira é a noite electro do Ziggy Box Club, que vai emprestar seu palco para a braziliense Hello Crazy People desfilar seus beats minimalistas e vocais femininos cheio de intenção. O blogueiro aqui vai levar sua perna temporariamente retardada (pois é, tirei o gesso, mas a perna parece não ter percebido e continua alheia às minhas ordens) até o cine Goiânia Ouro para acompanhar os bizantinos em sua peripécia acústica, mas pode ser que apareça lá no Ziggy Box depois, só a madrugada vai poder dizer.


# Últimas e ótimas notícias: Respondendo ao questionamento que o blogueiro fez acerca do que havia acontecido com o Valv em posts atrás e na coluna Fora do Eixo, no Portal da Dynamite, o João Lucas, membro da cúpula da Fósforo Records, manda avisar que, para alegria de muitos, no dia 10 de maio os mineiros aportam toda sua intensidade guitarreira e melancolia britânica no palco do Ziggy Box Club. Outra que vai desembarcar suas maluquices por lá é a insana e bailarina Jumbo Elektro, mas ainda sem data confirmada.

# # Para o começo de junho, a Fósforo promete reunir numa mesma noite duas das maiores jóias do rock atual, em mais uma edição do festival Máxxxima, que dessa vez só apresentará bandas instrumentais. Trata-se da velha conhecida e adorada Pata de Elefante, que tanto bem já fez aos ouvidos goianos, acompanhada da nova sensação Macaco Bong, que também já arregimentou uma boa leva de admiradores convictos na cidade. Para coadjuvar com os gigantes, foram escaladas a lisergia derretida do Seven, o funk sem palavras e chapado do Dom Casamata, além da Lenore. Mais notícias pra frente.


Durmam com essa. Até.

segunda-feira, março 26, 2007

'Young Modern Station'

Um goiano na Ozzfest
Foto de divulgação
# E finalmente caiu na rede o disco novo do Silverchair, o tão esperado Young Modern, sucessor do esplêndido Diorama, de 2002. Pela manhã o blog foi conferir mais uma vez o MySpace do grupo, e deu de cara com todas as faixas disponíveis para streamming. Depois de ouvir duas ou três músicas, o Beto Cupertino, vocalista do Violins, alerta que já possuía o disco inteiro e passa o link onde poderia adquirir-se o tal.

# # Dei umas duas boas ouvidas nas onze faixas de Young Modern, o que é muito pouco para uma opinião, mas dá pra adiantar que o que era comoção e misantropia no magnífico Diorama, transmutou-se numa mistura de experimentação pop de primeira, com borrifadas dessa sensibilidade franca e maravilhosa do disco anterior. Vou ouvindo aqui e mais pra frente aquele texto largo e detalhado sobre o disco.

# Lendo o texto supimpa da última Revoluttion (http://revoluttion.blig.ig.com.br/), coluna assinada pelo Marcelo Costa no IG, atualizada ontem, dia 22, e que recorda os prazeres insubstituíveis daqueles tempos em que gravávamos fitinha k-7 com compilações cuidadosamente premeditadas para impressionar e conquistar aquela garota especial, me lembrei tão vivamente de quando fazia isso o tempo todo, que me deu vontade de presentear novamente alguém com uma dessas coletâneas personalíssimas e cheias de intenção. É bem verdade que a última dessas seleções em fita que eu fiz data de pouco mais de um ano atrás, mas parece ter sido o fim silencioso de uma prática outrora frenética deste blogueiro. Silenciosa por que não cheguei a entregar o tal cassete para a garota, nem sei bem por quê.

# # Quase dá pra enumerar algumas das mais importantes e clássicas seqüências pessoais, que ambicionavam sempre uma reação que denunciasse que o alvo fora atingido. E, como muito bem lembrado nos comments da coluna do Marcelo, tínhamos o cuidado de somar o tempo de duração das canções, pra que jamais a fita acabasse e cortasse a música no meio, o que seria imperdoável. Nesses cassetes me utilizava de tudo: lamentos do Cartola, baladas da Casa Bizantina, balas certeiras do Foo Fighters e Faith No More, ‘piadinhas’ d’Os Mutantes, provocações do grande e extinto Mulheres Q Dizem Sim e a fofura sensual do Belle & Sebastian.

# # # É claro que não gravava fitas somente para alvos sexuais, também o fazia para fornecer informação aos amigos, já que sempre fui o mais musicalmente curioso da turma. Sempre presenteava os bródis mais chegados com compilações com as mais novas e estranhas bandas de metal e suas variações (menos heavy metal tradicional e/ou melódico, isso eu nunca suportei). E dá lhe Spineshank, Deftones, Deceivers, Slayer (sempre conseguia escutar os discos novos deles antes de todos), Slipknot e System of a Down (fiquei assustado quando conheci essas duas bandas), MagüeRbes (Goiânia Noise de 98 foi inesquecível), b-sides do Sepultura, Snot (o único representante do metal praieiro e ensolarado), novidades do Machine Head (Burning Red abalou estruturas), além dos esporros brutais do Testament (Demonic e The Gathering são titulares absolutos para alguns bons e fiéis amigos), quase todas descobertas ainda nos anos 90 e rapidamente reproduzidas no cassete recorder do quarto adolescente e passadas para frente com o comprometimento do receptor de que a faria girar bastante em seu player.

# # # No começo da semana passada dei um pulo até Brasília, junto com um casal de irmãos, ambos muito amigos do blogueiro aqui. Na volta, entre as fitas que entupiam o bolso traseiro do banco dianteiro (fitas essas quase todas ‘surrupiadas’ do acervo aposentado do blog), reencontrei algumas dessas coletâneas cheias das “novidades” metaleiras do passado, tão atenciosamente enfileiradas e que acompanharam todo o percurso do retorno à Goiânia. Duas horas e quinze minutos de hits do metal modernoso que invadiu o mundo pop no fim dos nineties. Nos divertimos muito, eu e o bródi em questão (a amiga havia ficado na capital), esgoelando junto com os decibéis que fugiam das caixinhas de som do pálio em alta velocidade.

# # # # Eu, o Marcelo Costa e o Rob Flemming ainda não nos esquecemos dos k-7s, e somos imensamente gratos pelo que eles ajudaram a proporcionar. hehehe

# Dia desses fui ver o tão falado Borat, no cinema. Depois de tanto ler sobre o tal repórter do Cazaquistão que viaja aos Estados Unidos para documentar o American Way of Life, já não sabia o que esperar, já que em meio ao turbilhão de críticas elogiosas, misturavam-se comentários nada simpáticos de gente que se diz entendida de cinema. O documentário fake do inglês Sacha Baron Cohen, por meio de supostos e brutais choques culturais, exibe sem acanhamento as contradições e constrangimentos do habitante médio do “mundo livre” para com o verdadeiramente diferente, no caso o primitivo repórter Borat e seu produtor Azamat Bagatov (Ken Davitian).

# # O negócio é que tudo é tão aparentemente espontâneo (Sacha não usou atores de verdade e utilizou a mentira/mote do filme como se fosse verdadeira, para justificar o comportamento pouco esperado de Borat em encontros e interações com o mundo americano), que é impossível não se debulhar em fartas gargalhadas. Cenas cheias de “ingenuidade” cinematográfica, como o embate físico de um Borat nu e possuído pelo ódio, contra seu obeso, e também nu, produtor, não deixam nenhum expectador incólume, e se não arranca boas risadas de todos é por que nem todo mundo tem um humor saudável. Vá assistir com os amigos e morra de rir.


# # O MqN anuncia que a segunda edição das Fuck CD Sessions. Cobra já está disponível para download no site oficial e na página do grupo no My Space, e estará à venda em formato vinil a partir de trinta e um de março no portal da Monstro Discos. Cobra foi gravada nos estúdios da Trama Virtual, em São Paulo, e lançada numa parceria entre o selo Trama Virtual, Monstro Discos e revista Decibélica. O vinilzinho de sete polegadas, que além de Cobra, contem no lado B Let It Explode, será encartado na capa da melhor revista dedicada ao rock independente nacional e vendido por módicos dez dinheiros. Escute e depois me diga o que achou: http://www.mqn.com.br/


# Quem se lembra da Punch? É, aquela banda que no fim dos anos noventa movimentava a molecada que gostava de pular, fazer cara de mau, usar calças largas e enterrar bonezinhos da adidas na cabeça, em Goiânia. Pois é, o Íkaro Stafford levou a banda aos Estados Unidos no começo do milênio, mas logo percebeu que o sonho não era tão doce quanto o da padaria da esquina, e o grupo se desfez após algumas gravações equivocadas.

# # Logo depois disso, com contatos estabelecidos, o Íkaro consegue uma vaga na Ankla, banda que o guitarrista Ramón Ortiz, egresso do fantástico Puya, havia montado. Com um disco gravado, o respeitável Steep Trails, roletaram o país do tio Sam e até ensaiaram uma vinda ao Brasil (o que acabou não se concretizando).

# # # Eis que depois de longos anos começam a surgir os louros da vitória desacreditada. O Ankla está escalado para o line up da maior festa do novo metal mundial, a OzzFest. O festival organizado por Sharon Osbourne, esposa e empresária de um incapaz Ozzy Osbourne, confirmou presença da banda, ao lado do próprio Ozzy, do admirável Lamb of God e do Hatebreed, entre tantos outros. Se ainda não acreditou que o Íkaro conseguiu ir tão mais longe do que você esperava, confere tudo aqui ó:
http://www.ozzfest.com/bio/2007/ankla.html

# Na sexta feira passada, o blog aterrissou mais uma vez as muletas e a perna engessada no Ziggy Box Club, na pré-festa do aniversário da revista Decibélica. Lá se apresentariam a Black Drawing Chalks (que logo depois de descer do palco correria para a rodoviária para encarar algumas boas horas dentro de um ônibus até Cuiabá, onde tinha show marcado para sábado), e a Johnny Suxxx & The Fucking Boys. Perto da meia noite a BDC ocupa o pequeno tablado do clube e palheta com fúria sua receita grave inspirada em Queens of the Stone Age e Black Sabbath. O show do quarteto é quase redondo; as guitarras duelam com a raiva e o feeling devidos, mas a cozinha acelera demais a mistura, o que tira boa parte da tensão nervosa que as músicas poderiam render, se executadas sem tanta empolgação. Tá certo que o som dos garotos é pensado pra ser empolgante, mas a BDC tem aí um potencial desperdiçado se não parar pra pensar em como suas canções podem ganhar em intensidade com um pouquinho de auto-controle do baterista cadeira elétrica.

# # Saí antes dos goianos descerem do palco rumo à Cuiabá e, portanto, não cheguei a ver o show do Johnny Suxxx e seus Fucking Boys. Já deu pra perceber que essa minha insistência em combinar clubes noturnos com minha perna quebrada não tem sido muito bem sucedida, né?

# Pra terminar a péssima notícia: Incubus cancela seus shows na Europa e América do Sul. Pois é, o guitarrista multi Mike Einzinger machucou o pulso durante a turnê alemã do conjunto, e em Munique chegou a deixar a guitarra cair durante uma apresentação.

# # Péssima notícia para quem, como o amigo aqui, estava contando os dias para assistir à banda que pariu jóias como Make Yourself e A Crow Left of the Murder, estrear suas guitarras em território brasileiro. Especula-se que novas datas no segundo semestre possam ser agendadas, mas por enquanto nada, nem de longe, confirmado. Uma pena!



Ficamos assim, vou ali.

quarta-feira, março 21, 2007

Longe de teclados e Logins.



O novo Daniel Johns apresenta o novo Silverchair
Foto de divulgação



# Oi, tudo bem?

# # Dei uma sumida né? Gastei um tempo revendo velhos e valorosos amigos, dei um pulo até Brasília pra visitar a mana, e tudo isso me afastou de teclados e logins por uns dias, mas novamente gás total nisso aqui. Vai lendo aí:


# Na sexta feira passada, o Ziggy Box Club se encheu de gente interessada nos shows do NEM e do Barfly, que se apresentariam entre as discotecagens do blogueiro aqui, do Johnny Suxxx, do Fabrício Nobre e da Marcelle. Perto da meia noite o NEM subiu no palco e num espetáculo cheio de irreverência pop radiofônica oitentista, revelou as canções que foram gravadas recentemente com o produtor gaúcho Iuri Freidberger. A mais legal delas, Aventura, foi comemorada por boa parte da centena e meia de humanos presentes, que além de cantar junto com a banda, malhava sem dó o solado do All Star surrado no piso do clube. É bem verdade que muitos reclamaram a presença das velhas canções do primeiro disco, o que não aconteceu, já que a formação antiga era um quinteto e contava três guitarras, número que hoje é a soma completa dos integrantes do grupo.

# # Podem dizer o que quiserem, mas pra mim essa nova fase do NEM, com músicas mais simples e econômicas, além das guitarras assobiáveis e venturosas, supera o superestimado (inclusive por este que vos tecla) debut Harmonicaótica, produzido pelo Sérgio Dias e repleto de premeditações e filigranas de estúdio. Dá pra arriscar que a próxima bolachinha do grupo, com composições assinadas pelo guitarrista Léo Firefox e pelo baixista Fabiano, ganhará a simpatia dos nostálgicos que ainda enxergam no NEM aquela mesma banda que tocava Psicotrópicos de Caprocórnio e Pó de Césio em todo show. É só esperar.

# # Findo o show do NEM, o amigo aqui assumiu os cdjs e despejou uma seqüência supimpa para a pista. O set incluía, entre outros, a (pelo menos até agora) one hit band The Gossip, dona da ótima Standing the Way of Control, os britânicos do interior de São Paulo do Wry, com Come and Fall, o sempre bom Barão Vermelho, com Invejo os Bichos, além da dupla de mestres do Daft Punk, com Robot Rock. Fora as gemas dançantes do New Young Pony Club (Get Dancey), Nação Zumbi (Hoje, Amanhã e Depois), Radio 4 (Too Much To Ask For), The Rapture (The Devil), e uma pá de outras.

# # # Seguindo o programa da noite, o Barfly ofereceu toda sua aflição guitarreira para um público já um tanto disperso. É bem verdade que muita gente acompanhou e cantou junto as canções do grupo que deu um rolê por Londres por esses tempos, mas nunca me enamorei das melodias do quarteto, o que talvez tenha me impedido de ver a tal beleza que tanto encanta os fãs da banda. Como dizem meus amigos, gosto é igual bunda, uns tem, outros não.

# # # # Hehehehe: é brincadeira viu, não precisa se sentir ofendido.


# # # # # Depois do Barfly abandonar o palco, Fabrício Nobre tomou posse da cabine do dj e num curtíssimo e alcoólico set desfilou, entre pouquíssimas outras, Feel the Pain do Dinosaur jr, Let's Make Love and Listen The Death From Above do Cansei de Ser Sexy e Joker and the Thief do Wolfmother.


# No sábado, a boa era a Noitada Monstro Disco Tech, realizada no Club Fiction. Para botar um som pra moçada estalar o esqueleto, foram convocados o dj paulistano Tchello Strike (que já trabalhou com bandas do calibre de Pin Ups, Mickey Junkies e Forgotten Boys e hoje é residente dos clubes paulistas Casa Belfiori, Inferno e Fun House. Além de produzir as noites Strike, Hell, oh!Dear e Vendetta), novamente o Fabrício Nobre, o Johhny Suxxx, e o mítico Senhor F. Sem lotação completa, mas com centenas de almas roqueiras dispostas a amanhecer, a noite foi carregada de guitarras furiosas, new wave dançante e palminhas felizes. Segundo o nobre Fabrício, em abril tem mais.


# Mais uma banda que promete disco para breve é a sergipana Rockassetes que, residindo em São Paulo já há algum tempo, conseguiu a atenção indie nacional com o single As Flechas – lançado em parceria com a revista eletrônica Senhor F –, e roletou pelo circuito de festivais Brasil afora, além de apresentar seu sixtie rock dançarino no Mtv Banda Antes. O grupo já lançou dois EPs, mas essa será seu primeiro álbum.


# A próxima edição da revista Decibélica, que chega às mãos do povo rock a partir do dia trinta e um de março – depois da estrondosa festa de lançamento com os Forgotten Boys, MqN e Rockfellers –, traz o rumoroso quarteto goiano MqN na capa e em matéria especial assinada pelo lendário jornalista Fernando Rosa, o próprio Senhor F, uma longa e saborosa entrevista com o Violins, que abriu o jogo para este repórter sobre o esperado Tribunal Surdo, mulheres à beira de um ataque de riffs em belém, Grito Rock Integrado, Goldfish Memories e muito, muito mais, em dezenas de páginas repletas de infos e fotos do possante novo rock brasileiro.


# E o Valv, a melhor das guitar bands de Minas Gerais, por onde anda? O conjunto de Bê-Agá que assina o admirável EP Ammonite,de 2001, e o ótimo álbum The Sense of Movement, de 2004, não dá notícias já há um bom tempo. Havia músicas novas no repertório do grupo, mas nenhuma notícia sobre um novo lançamento. O site da banda encontra-se fora do ar e sua url redireciona para a página do quarteto no site de sua gravadora, a carioca midsummer madness, e sua comunidade no Orkut está abandonada, entregue aos spammers. O que terá acontecido com o Valv?

# # O site da mmrecords disponibiliza para download, dez lindas canções dos mineiros mais ingleses do reino do pão de queijo. Lá o distinto leitor poderá adquirir gratuitamente todos os belos momentos de melancolia e explosão guitarreira do EP Ammonite, distribuída em seis canções da melhor qualidade. Atenção especial para as incrivelmente belas Debtor’s Jail e Over It. Já de The Sense of Movement, o selo fluminense libera quatro faixas, das quais se destacam Middle English, e a faixa título, que conta com participação da Fernanda Takai, do Pato Fu. Tá tudo aqui ó: http://mmrecords.com.br/200610/valv/


# E o grande Silverchair dá mais algumas notícias sobre o tão esperado Young Modern, que com lançamento marcado para dia trinta e um de março, incrivelmente parece não ter vazado até hoje para a grande rede. No Myspace da banda, foi disponibilizada, fora o ótimo single Straight Lines, mais uma música que estará no track list desse que é o quinto álbum dos australianos. All Across the World tem uma estranheza vocal e instrumental que, a princípio, incomoda, mas ajeitada entre aqueles conhecidos e magistrais arranjos sentimentalistas, confundiu a cabeça do blogueiro. Depois de umas audições mais atenciosas, posto algo aqui.


# # Aparentemente fora do repertório fechado do álbum, Sleep All Day escancara a estranheza anunciada em All Across the World, mas dessa vez flertando com as pistas de dança, enquanto uma versão ao vivo de Don’t Wanna Be the... é carregada nos metais e acelera a cozinha enquanto Daniel Johns riffa sua guitarra e esgoela seu sonho metaleiro.

# # # Segundo a Wikipédia, o track list oficial do disco é esse aqui ó:

1. Young Modern Station
2. Straight Lines
3. If You Keep Losing Sleep
4. Reflections Of A Sound
5. Those Thieving Birds (Part 1)
6. Strange Behaviour
7. Those Thieving Birds (Part 2)
8. The Man That Knew Too Much
9. Waiting All Day
10. Mind Reader
11. Low
12. Insomnia
13. All Across The World

# Seguindo com as Fora da Lei Sessions, um vídeo com o surf mineiro da Surmothefuckers, num show realizado durante a edição de 2002 do Goiânia Noise Festival. Confira apertando o play.





Então tá!

segunda-feira, março 12, 2007

Rock novo pra paulista ver.



# Começa hoje o Festival Fora do Eixo, e como Goiânia Rock News não poderia ficar de fora (apesar de não estar em sampa e amargar algumas semanas de tédio horizontal de fraturado), segue abaixo um texto do blogueiro aqui, que faz parte da coluna da Fora do Eixo no portal da revista Dynamite, que passo a assinar temporariamente.


# # Se te sobra algum dinheiro, pega logo um avião (ou mesmo um busão) e corre pra Sampa, que ainda dá pra pegar o show do Macaco, que acontece amanhã, dia 13.


# # # Não te sobra nenhum? Então faz o seguinte, leia o texto e saia à procura desses novos sons, escute e se culpe mortalmente por ser pobre e não ter grana o suficiente. Depois disso, comece a juntar as moedinhas, pra não ter essa mesma sensação de auto-ódio em maio, quando o grande Incubus desembarca suas guitarras e scratches em território nacional.


# # # # A coluna Fora do Eixo completinha você encontra aqui: http://www.dynamite.com.br/portal/view_coluna_action.cfm?id_colunista=32&id_show=1159


# # # # # Lê aí:



Novo Rock Fora do Eixo pra Paulista Ver


A partir do dia doze de março acontece o Festival Fora do Eixo, que reunirá em São Paulo uma porção das mais significantes bandas dessa recente safra do nosso novo rock. Em todas as noites, até o dia dezoito, grupos de todas as esquinas do país se apresentam em sete clubes rock da capital paulista, oferecendo ao epicentro do Eixo uma parcela mínima do que de bom e surpreendente acontece fora dele.

No primeiro dia de festa, uma segunda feira, a cearense Montage acompanha-se da cuiabana Fuzzly e da goianiense Johnny Suxxx & the Fucking Boys, e juntas vão se ocupar da abertura dos trabalhos, no Inferno Club. A Montage – já festejada pela grande imprensa especializada de São Paulo –, é conhecida pela performance andrógina e provocativa do vocalista Daniel e pelo electro tosco e macumbeiro que pratica com fé. O Fuzzly é da turma do quanto mais grave melhor, seguidor fiel de Kyuss e Corrosion of Conformity, enquanto o Johnny Suxxx e seus Fucking Boys, rezam na cartilha dos Stooges, T-Rex e das velharias punk.

No dia treze, terça feira, o grande nome do rock independente em 2007 vai palhetar sua receita genial ao lado do Mezatrio e de O Quarto das Cinzas, no tablado da Casa Belfiori. O Macaco Bong também é de Cuiabá e encantou muita gente em 2006, no enorme rolê que deu pelo país exibindo seu mix de fusion, rock e transe instrumental. No carnaval passado, fechou o celebrado festival Rec Beat, em Recife, ao lado do sempre inquieto Tom Zé, e lançou dias atrás o EP Objeto Perdida. A amazonense Mezatrio abusa das guitarras e melodias saudosas de um passado recente e, de Fortaleza, O Quarto das Cinzas tece texturas delicadas em sofisticadas trips eletrônicas, mergulhadas em doses fortes do melhor da tradição musical brasileira.

No meio da semana, o pop ganchudo e sessentista da sergipana Rockassetes vai dividir o palco com mais uma cuiabana, a Revoltz, e com a paulista de Jaú, Mandrake, trio de bandas que comanda o som lá no Dynamite Pub. Dia 15 é a vez do Vanguart, nome mais que conhecido no indie nacional, encontrar a revelação gaúcha Pública, que com Polaris, disquinho bacana de apenas três canções, ganhou bastante atenção dos novidadeiros espertos no ano passado. A dobradinha acontece no Vegas Club.


Já no dia 16, sexta feira, a goianiense Valentina, que lançou recentemente seu primeiro álbum pela Monstro Discos, sobe suas guitarras e poses na arena do Studio SP, escoltada pela mineirada do Porcas Borboletas, que subverte geográfica e inadvertidamente, a vanguarda paulista de Arrigo Barnabé.


O sábado foi reservado para as conversações e debates, que, afinal, são os fatores determinantes para essa articulação sem precedentes que hoje acontece no Brasil inteiro. A coisa toda ocorre dentro do Ciclo Fora do Eixo de Seminários, que a partir das 14 horas reúne produtores, músicos e jornalistas em discussões acerca da operacionalidade e manutenção de uma cena nacional associada e bem-sucedida. Depois de tudo isso, no começo da noite, o falatório necessário se transforma numa jam session livre, para confraternizar o zoológico roqueiro nacional com a fauna pop paulistana.


No último dia da curta ocupação dos Fora do Eixo na capital, será a vez da paraibana Zeferina Bomba – que ganhou certa notoriedade em 2006 com as distorções chapadas e cheias de sotaque de Noisecoregroovecocoenvenenado –, se aliar aos símios elétricos e paranaenses da Trilobit e ao pop descartável dos acreanos do Camundogs, além de apresentar a mato-grossense Chilli Mostarda. Unidas, as bandas prometem metralhar centenas de decibéis de despedida especialmente para os humanos que comparecerem na pista do club Outs, no domingo.


Estabelecendo conexões nunca antes vistas dentro da circuito de música autoral e não alinhada com as obrigatoriedades do mercado tradicional, o Festival Fora do Eixo será a face que muitos já conhecem bem e que, quiçá, o público paulistano perceberá como a pontinha do iceberg onde uma parcela beeeem expressiva da nova música brasileira se renova e acontece vigorosamente todo dia. E essa festa farta de novidades se desenvolve firmemente à margem dos esquemas tradicionais que, pelo desespero mercadológico do fim de uma era de domínio absolutista da indústria fonográfica, não ousam apostar na ebulição dos novos talentos que ocorre a um clique de distância. Sorte a nossa!


Na programação aí embaixo, você que estará em São Paulo a partir da semana que vem, pode se organizar e agendar umas cinco horas por noite para conhecer ou rever uma amostra robusta da força desse novo rock, que já não sonha inutilmente com um contrato. Siga o som e depois me diga: Macaco Bong não é a banda brasileira mais legal que você vai ver em 2007?

Dia 12

Inferno Club, 22 hs

Montage (CE)

Fuzzly (MT)

Johnny Suxxx and the Fucking Boys (GO)

Dia 13
Casa Belfiori, 21 hs

Macaco Bong(MT)

Mezatrio (AM)

O Quarto das Cinzas (CE)


Dia 14
Dynamite Pub, 20 hs

The Rockassetes(SE)

Revoltz(MT)

Mandrake (Jaú)


Dia 15
Vegas Club, 21 hs

Vanguart (MT)

Pública (RS)


Dia 16
Studio SP, 22 hs

Valentina (GO)

Porcas Borboletas(MG)


Dia 17

Satva Bar, 14 hs

Ciclo Fora do Eixo de seminários – Debates entre jornalistas, produtores e músicos. Jam sessions a partir das 18 horas


Dia 18
Club Outs, 18 horas

Zefirina Bomba (PB)

Trilobit (PR)

Camundogs (AC)

Chilli Mostarda(MT)



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#Tô voltando, guentaí.

sexta-feira, março 09, 2007

Copiando e reprocessando!

Olhodepeixe fechando o Grito Rock Palmas
Foto: Manoel Júnior

# Na quarta feira, o Ziggy Box – novo clube rock de Goiânia – teve sua gloriosa noite de inauguração. Logo na chegada, pelo tamanho da fila, dava pra adivinhar como estava a lotação do lugar. Lá dentro, o dj Fabrício Nobre bombava a pista com seu set de rock duro, esquentando as centenas de convidados para a noite que prometia ser longa. Desfilando pelo club, boa parte das figurinhas carimbadas da cidade; integrantes de várias bandas, jornalistas, escritores, produtores, artistas plásticos, os amigos deles, e ainda os amigos dos amigos, todos transitando perfeitamente à vontade onde, outrora, era cenário para as piruetas GLS dos antigos freqüentadores. Depois de atravessar com certa dificuldade toda a extensão da casa lotada, acomodei a perna quebrada perto do palco, que preparado aguardava pela hora do show.

# # Pouco depois da meia noite o dono da festa, o Johnny Suxxx, assumiu o comando do som, enquanto o Fabrício se aprontava para ocupar o tablado à frente do MqN. Aproximadamente uma da matina, o quarteto mais barulhento do meio oeste nacional plugou seus instrumentos e aumentou o volume da festa. O MqN nunca escondeu e nem tem vergonha de assumir que gosta mesmo é de copiar e reprocessar o som das bandas que ama, e sendo assim o merecimento é todo deles. Até a primeira metade do espetáculo, perfilaram todos os hits do último disco Bad Ass Rock N’ Roll; Come Into This Place Called Hell, Hard Times, Cold Queen e Let It Rock, além do single Electrify, que foi lançado na Europa pela revista portuguesa Underworld, e no Brasil chega num split 7” com os Forgotten Boys.

# # # Já perto das duas da manhã, a perna presa dentro do gesso começou a se incomodar da posição desfavorável, e o jeito foi o blogueiro procurar a saída e retornar para casa, apostando que o MqN ainda ia deixar fugir das caixas de som os sucessos indie de Hellburst; Caribbean Beach e Burn, Baby, Burn!, além da premiére das Fuck CD Sessions, o single Buzz In My Head. Mas aí já é especulação...

# # # # Amigos que enfrentaram a festa até o fim, disseram que a balada foi mesmo pesada, com direito a casais trancafiados no banheiro, pista pulsando até altas horas, embriaguês coletiva e muita vontade de todo mundo de que o Ziggy Box Club tenha uma vida longa, e que acabe por se transformar em mais um clássico do nosso rock. Bota fé?


# Lá de Palmas, o bróder Aluízio Cavalcanti (repórter do rock tocantinense e filho do amigo, jornalista e poeta dos melhores, Gilson Cavalcanti), manda notícias de como aconteceu a edição local do Grito Rock Integrado, que recebeu duas bandas de Goiânia, a Olhodepeixe e a Goldfish Memories, além de várias outros grupos da região, durante o último carnaval. Dá uma olhada aí:



ROCK AUTORAL ESQUENTA FOLIA ALTERNATIVA EM PALMAS

A chuva que ameaçava cair na tarde do sábado de carnaval passou foi longe e fez da noite do Grito Rock em Palmas, um verdadeiro caldeirão. A combinação de rock and roll, birita e carnaval não poderia provocar outro efeito a não ser elevar a sensação térmica às cucúias.

O clima estava mesmo favorável para os metaleiros. Em meio às aproximadamente 300 pessoas, sobravam moicanos, coturnos e camisetas do Iron Madein. Diferenças à parte (como diria Gregory Mark, da goiana Olhodepeixe), a noite foi muito mais do que a enxurrada de vocais agudos e duetos de guitarras, disparados por Edu Alves e seus comparsas da Nakta, uma tocantinenses a se apresentaram no festival. Mesmo deflagrando um repertório de clássicos do Iron, e provocando a maior roda de pow-go da noite, a banda limitou-se à uma interpretação esforçada.

Mesmo com o atraso de quase duas horas na programação, as duas bandas goianas, Goldfish Memories e Olhodepeixe (as últimas da noite), deixaram o recado de um rock inventivo e, sobretudo, original. Subindo ao palco pra lá das duas da madruga, o Goldfish, capitaneado por Pablo Villasboas, abusou das guitarras sujas de Renato e Danilo a la Queens of the Stone Age (que inclusive tiveram duas músicas interpretadas pela banda goiana: 'Regular John' e 'Feel Good Hit of the Summer'). Do set list executado no festival, quatro músicas estarão em breve no primeiro EP da banda: 'Alcoholic juice', 'Reaction', 'Tricks' e 'Rise above the flame'. Logo logo, as gravações devem está disponíveis no www.myspace/goldfishmemories.

Encerrando a noite (ou melhor, iniciando o dia), a Olhodepeixe trouxe para sua segunda apresentação na capital tocantinense, canções do álbum 'Combustível' (Alvo / 2005) e algumas novidades. Os gatos pingados que aguardavam a apresentação puderam sentir o que vem aí no próximo cd da banda. Dispensando a maioria dos solos firulentos, o quarteto goiano acelerou o bit das novas canções e abusou do peso, nos grooves comandados por Batata (baixo) e Zé (bateria). O aperitivo do que vem por aí pode ser degustado em doses homeopáticas nas novas 'Ponto-de-cruz' – do guitarrista Fridinho –, e 'Baygon'.

Na mesma noite, botaram a cara a tapa as bandas Territorial, de Araguaína-TO e Fiscalização Eletrônica. A primeira, detonou um repertório de garagem 100% autoral, já a última... bem, a molecada ainda é jovem e tem tempo para abandonar os hits radiofônicos e apostar numa coisa nova.

Num balanço geral, a organização do evento saiu satisfeita com o resultado. Gustavo Andrade, um dos cabeças da AMPLIHARD – Produções Alternativas, garante que o caminho é esse, “experimentar”. Nova dose cavalar de rock vem aí no mês de julho, nos dias 06 e 07, na 3a. edição do PMW Rock Festival.



Aluízio Cavalcanti


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# Então até!

segunda-feira, março 05, 2007

Qual era o hit no dia em que você nasceu?

MqN
Foto de divulgação

# Quarta feira agora, dia sete de março, a Ziggy Box abre suas portas pela primeira vez. O novo clube rock de Goiânia apresenta o sempre crepitante show do MqN para uma platéia de convidados, mas promete receber todo e qualquer roqueiro munido de alguns trocados a partir de quinta feira.

# # O clube vai dividir a semana assim: nas quartas-feiras não será cobrada a entrada e o pub funcionará como bar, com som ambiente de respeito. Nas quintas a vez é dos shows e discotecagens blues. Nas sextas e sábados a festa é rock, sempre com bandas e djs. E no domingão a turma do hardcore e punk-rock vai se apossar do espaço.


# Falando em MqN, o grupo disponibilizou na sua página do MySpace o single Electrify, originalmente lançado em Portugal na coletânea Entulho Sonoro, que acompanha a revista lusa Underworld e que, além do MqN, compila bandas de vários países europeus. A música, ainda inédita em disco no Brasil, traz aquelas mesmas guitarras azedas e afiadas, organizadas entre vocais esgoelados e cozinha estrepitosa, e deve ser lançada por aqui num single 7” split dividido com os Forgotten Boys. Deixe seus ouvidos conferirem por si só clicando bem aqui: http://www.myspace.com/mqn.


# Da série: Adoráveis Bobagens da Internet, surge a pergunta? Qual era o hit no dia em que você nasceu? O blogueiro aqui descobriu que o que mais tocava nas rádios do planeta rock no dia em que conheceu a luz do mundo, era mesmo Another Brick In The Wall, do Pink Floyd e o disco que mais enchia os bolsos dos executivos de gravadora era o Rod Stewart - Greatest Hits Vol. 1.

# # Se você também quer saber o que emocionava as massas no dia do seu nascimento é só acessar o http://everyhit.com/dates/thisdate.php, preencher as lacunas com os seus dados e esperar pra conhecer a trilha sonora das suas primeiras horas como ser humano. E ainda dá pra descobrir o que era hit em todos os seus aniversários. Adoráveis Bobagens da Internet...


# E o grande Macaco Bong lançou seu primeiro EP em Cuiabá, dentro dos eventos do Circuito Volume. Gravado em dezembro passado em São Paulo, essa bolachinha promete alavancar de vez a carreira do Macaco, que em 2006 roletou o Brasil inteiro encantando platéias e jornalistas dos mais distintos com seu mix de fusion, rock e soluções instrumentais mirabolantes. Em breve mais sobre esse disquinho.


# Dando continuidade às Fora da Lei Sessions e seguindo o assunto do início do post, o distinto leitor pode acompanhar um trecho da respeitável apresentação do MqN no Goiânia Noise de 2002, onde, atendendo a pedidos, tocam uma do Raul pra moçada enlouquecida (hehehe).

# # Play aí macaco!


# Logo mais à noite, às 19:00 horas, o trio instrumental Dom Casamata destila seus grooves finos, improvisados e rebolativos lá no Cine Ouro, dentro do projeto Segundas Abertas, do incansável Carlos Brandão. A folia custa apenas cinco notas de um real e é a boa da segunda feira. Vai lá?


# # No próximo post: Grito Rock Palmas!


Até.

sexta-feira, março 02, 2007

Entre silêncios e ressonâncias...


Montage no Second Life

# Conhece o Second Life né? Aquele simulador da vida real em que tudo se desenrola como aqui no plano real (mais ou menos...), que já conta com uma população de mais de dois milhões de habitantes, onde você desenvolve um personagem e interage com outras figuras, comandadas de qualquer lugar do planeta, e se envolve em uma série de obrigações, compromissos e, é claro, com uma boa dose de diversão virtual. Enfim, uma segunda vida. Pois é, lá no Second Life já teve show do U2, do FatBoy Slim, e, ontem, até dos cearenses do Montage, que se apresentaram no Club Re-Publik e ganharam a simpatia da casa lotada. Quem dá a notícia é o Chico Benton, direto de Second Life:

O relógio marcava 5:03 PM, horário de Second Life, quando me teleportei para o distrito de Butler. O início do show da dupla cearense Montage estava marcado para as 5:00PM. Ao chegar em frente ao Club Republik, onde aconteceria o show, veio o balde de água fria. "Você não pode entrar nesta região porque o servidor está lotado."

Do lado de fora, eu podia ouvir as pessoas gritando: "RAIO!", "UUUUUUU.... SHOWWWW", "MASSA DEMAIS", "QUEM TÁ CURTINDO?"Eu, definitavemente, não estava. Sem saber que a lotação máxima da casa era de apenas 40 residentes, tinha deixado para chegar em cima da hora e agora corria o risco de perder um dos eventos mais importantes do ano: a primeira apresentação de uma banda brasileira no território de Second Life.Como um bom jornalista, a única saída que me restava era apelar para a boa e velha carteirada na porta. Descobri o nome de uma das promoters do local, Araleigh Reisman, e disparei:

"Olá, sou repórter do G2, e preciso dar um jeito de entrar nesse show. Não posso voltar para casa sem essa matéria, entende?" E não é que funcionou? Araleigh foi simpática e, em poucos minutos, a minha entrada foi liberada. Ah, nada como um pouco de experiência "profissional" nessas horas...Nos altos-falantes da casa uma batida de funk carioca já botava a pista para ferver. Metido num shortinho de lycra lilás, sem camisa e com as asas de borboleta à mostra, o vocalista dançava e cantava em meio à galera. "Floor! Floor! Floor!", repetiam os fãs que pareciam ter decorado todas as letras para a ocasião.

# # O texto completo sobre o primeiro show de uma banda latino-americana no Second Life (a banda Eva não tocou lá no carnaval?), o amigo leitor pode acessar através desse link aqui.
http://g1.globo.com/Noticias/Colunas/0,,7423,00.html

# # # Já pra assistir ao clipe tosco do show do Fat Boy Slim por lá, é só apertar o play aí embaixo:




# E se aproxima o Festival Fora do Eixo, que reunirá em São Paulo duas dezenas das mais significantes bandas dessa recente safra do nosso novo rock. A festa acontece a partir do dia doze de março, e se estende até o dia dezoito, com shows de grupos calibrados como o genial Macaco Bong, a revelação gaúcha Pública, ou ainda o Montage; e representando Goiânia, pelo menos a Valentina já garantiu presença.


# No fim do mês, a revista Decibélica completa seu primeiro ano de vida editorial, e para celebrar convidaram os Forgotten Boys, o MqN e os Rockfellers (e várias outras bandas) para cuidar do som. A festa acontece dia trinta e um de março no manjado e amado Martim Cererê. O Beto Wilson, digníssimo editor da publicação, manda avisar que ingressos para a folia serão sorteados nas comunidades da revista e da fósforo Records no Orkut.


# Naquelas de re-ouvir uns discos “esquecidos”, por conta da minha ociosidade mandatória de engessado (assunto do qual eu tratava no último post), esbarrei mais uma vez com a maravilha cândida e gelada do Sigur Rós. Mais precisamente, no Takk, disco de 2005 e que é uma das melhores provas de como o rock pode ser excelso e belo, nas acepções mais literais dos termos. Do início grandiloqüente com Glosoli, passando pela fleuma delicada e reconfortante dos pianos e tramas de Hoppipolla, que cresce intensamente até o limite da emoção melódica, e que em sua continuação, Hoppipolla Afturabak, experimenta atmosferas frenéticas, sons e brilhos de viagens oníricas e ilícitas. O poderoso e comovente arranjo de cordas de Hufupukar é habilmente interrompido pela amenidade terna do piano e dos sopros, que levam a melancolia solene à quase alegria de uma cena de cinema-mudo. O mosaico de texturas e luzes de Saeglopur, com sua ambientação densa e carregada, calcada em guitarras, teclados e vocalizações mântricas sugere uma calmaria intensa e inquieta, o perfeito símbolo da pura contradição, condição de existência do ser humano saudável. Milano é uma jóia psicodélica de de dez minutos, que aumenta ainda mais a sensação de deserto gelado, enquanto Gong e Gong Endir insinuam movimentos dançarinos (cada uma a seu modo). Sorglega é um estudo sensorial, de camadas sonoras reveladas aos poucos e que resultam na apoteose instrumental que anuncia o fim da obra. Heysatan despede-se com tranqüilidade, entre silêncios e ressonâncias, com tanta discrição que só depois do álbum se calar é que o ouvinte percebe o quanto estava envolvido. Sublime.

# # No vídeo aí embaixo dá pra assistir a magnífica Hoppipolla, executada pelo grupo no BBC's Later with Jools Holland. Pegue sua caixa de lenços de papel, sente-se confortavelmente e prepare-se para chorar:




# Depois dessa eu vou-me embora pra Pasárgada...


Inté.