Fotos: Escárnio e Osso
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Festival Calango 2007
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No sábado, dia 2 de três, se a Pública passou longe de fazer uma apresentação decente, o Móveis Coloniais de Acaju manobrou as massas – mas mesmo assim não convenceu. A Lord Crossroad, tocando em casa, foi a caricatura da vez e a Terminal Guadalupe, o Manacá, o Suposto Projeto e, principalmente, o Macaco Bong, fizeram a noite valer a pena.
A Mr. Jungle saiu lá de Roraima, e afinou suas guitarras e madeixas num culto devoto ao hard-rock cabeludo, pouco antes da High School anteceder o Suposto Projeto. Originalmente escalada para esse horário, a amapaense Stereovitrola não respondeu chamada e foi substituída pelo projeto paralelo de parte do Cravo Carbono (que se apresentara na sexta-feira), apelidado didaticamente Suposto Projeto.
Em cima do palco o trio construiu um monumento de suíngue que fez a porção menos intransigente da platéia reverenciar, dançando, a típica guitarrada do Pará. Um dos pontos altos de uma noite irregular.
Depois da mato-grossense Big Trip e da paulista Seminal, a novata Manacá exibiu todo seu orgulho carioca, personificado na presença sensualmente simpática da vocalista Letícia Persiles, que administrava a melodia entre guitarras nerd e ginga de malandro.
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Seguindo, a curitibana Terminal Guadalupe ocupou o palco ao lado e demoliu minhas expectativas (que não eram das mais positivas). Você vai perder o Chão, segundo álbum do grupo, jaz empoeirado na estante do blogueiro aqui, que nunca viu muita beleza no disco. Porém, de posse das atenções do público cuiabano e divulgando o terceiro A Marcha dos Invisíveis, a Terminal Guadalupe desvendou talento e habilidade ao afastar-se dos anos oitenta, e em volumes altíssimos se candidatou ao papel de personagem principal da noite.
As apresentações da The Melt, Supergalo e Mandala Soul me deram tempo para um passeio pela arena. Na tenda Monte Sua Banda, a Mr. Jungle arrancou mais aplausos e elogios do que no comando do palco oficial. Uma entrevista com a Cravo Carbono/Suposto Projeto me liberou apenas para os dez minutos finais da carioca Cabaret, logo antes do trio mais importante do meio-oeste brasileiro plugar baixo e guitarra.
Mesmo sem um disco cheio (apenas dois EP’s) o Macaco Bong já figura na lista dos nomes mais talentosos e promissores dessa novíssima geração da música jovem feita no Brasil. O instrumental poderoso e insinuante do grupo foi bem atrapalhado pelo som do palco dois, que tirava a potência da guitarra de Bruno Kaiapi e escondia o contra-baixo do Ney Hugo. Somente da metade da apresentação pra lá é que o três músicos conseguiram, de fato, se comunicar com a multidão aglomerada. Ainda assim fizeram o melhor show de sábado, e um dos melhores do festival.
Os gaúchos da Pública subiram ao palco desmotivados, e cumpriram tabela num show burocrático e frígido.Nem o ótimo single Long Plays – disparado a melhor canção do quinteto – ajudou a apagar a aura de tédio e indiferença.
Pondo um fim à sabatina, o espalhafato constrangedor do Lord Crossroad fez as “honras”, antes da histeria coletiva que a atuação frenética do Móveis Coloniais de Acaju provocou na pequena multidão, explodir no gargalo.
Aproveitei a deixa e, tomando a última coca-cola da noite, fui me embora pensar no café-da-manhã.
Vou ali assistir o Nashville Pussy em ação, depois a gente conversa mais. Já, já entra aqui um post sobre o terceiro, e último, dia de Calango.
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