Olá, há quanto tempo.
# Conforme antecipado pelo blogueiro aqui dia desses, saiu no meio da semana passada o line-up semi-completo da esperadíssima décima-terceira do Goiânia Noise Festival. Semi-completo por que, como dito posts atrás, a Trama Virtual está encarregada de selecionar e indicar dez bandas para votação, de onde sairão os últimos três nomes que faltam para tornar a lista completa. O festival acontecerá novamente nas distintas e superlativas dependências do Centro Cultural Oscar Niemeyer, mesmo espaço que abrigou com o charme e o conforto devidos, o festim do ano passado.
# # Um cedê comemorativo compilando vinte das principais atrações do festival será encartado na revista Outracoisa de novembro e celebra a chegada à adolescência da festa que começou em noventa e cinco.
Sexta-feira – 23/11/2007
Mugo (GO)
Seven (GO)
Barfly (GO)
Banda selecionada via TramaVirtual
Superguidis (RS)
Cooper Cobras (RJ)
Violins (GO)
Os Haxixins (SP)
MQN (GO)
Sick Sick Sinners (PR)
Móveis Coloniais de Acaju (DF)
Rubín & Los Subtitulados (Argentina)
The Dts (EUA)
Pato Fu (MG)
Sábado – 24/11/2007
Woolloongabbas (GO)
Control Z (GO)
Valentina (GO)
Banda selecionada via TramaVirtual
Pelvs (RJ)
Sangue Seco (GO)
Kassin + 2 (RJ)
Perrosky (Chile)
Mechanics (GO)
Mukeka de Rato (ES)
Korzus (SP)
The Legendary Tigerman (Portugal)
Jupiter Maçã (RS)
Cordel Do Fogo Encantado (PE)
Domingo – 25/11/2007
Perfect Violence (GO)
Black Drawing Chalks (GO)
Rollin’ Chamas (GO)
Banda selecionada via TramaVirtual
Ecos Falsos (SP)
Damn Laser Vampires (RS)
Macaco Bong (MT)
Motherfish (GO)
Pata de Elefante (RS)
Spiritual Carnage (GO)
The Battles (EUA)
Motosierra (Uruguai)
Mundo Livre SA (PE)
Sepultura (MG)
# Do Mugo eu tenho falado com certa constância, os leitores disso aqui já devem ter percebido. A banda é uma feliz junção de despretensão e competência, estampada numa combinação de guitarras grossas, moshs violentos e doçura pop, que se não põe a originalidade em primeiro plano, ganha em carisma e honestidade artística.
O Superguidis lançou seu segundo disco meses atrás, A Amarga Sinfonia do Superstar, e a espontaneidade-juvenil-de-guitarras dos gaúchos promete muito mais diversão que o espetáculo estrambótico e saltitante do Móveis Coloniais de Acaju, que há uns cinco shows não aguça, nem deleita meu par de ouvidos, como fazia antigamente.
Os DT’s, magnífica banda de Bellinghan, são a cópula perfeita entre o pau-duro do hard-rock e a lascívia lubrificada da soul-music. Os fãs xiitas do Bellrays – que passou recentemente pelo Brasil e fez um show maravilhoso no último Porão do Rock –, que me perdoem, mas Diana Young e Dave Crider são uma dupla ainda melhor que Lisa Kekaula e Tony Fate.
E os mineiros abençoados do Pato Fu, desembarcam a turnê de divulgação do disco novo, Daqui pro Futuro – já devidamente investigado em texto aqui mesmo, alguns poucos posts atrás. Gosto de muita coisa da discografia do Pato Fu, sempre achei a música do casal mais simpático do pop nacional de uma franqueza e substância incríveis, e seu ápice genial, o imediatamente anterior Toda Cura Para Todo Mal, impressiona tanto pelo talento melódico quanto pelo detalhismo semântico. Esse é realmente imperdível.
# # No sábado, a lendária e longeva Pelvs vai ganhar minhas atenções e responder minhas enormes expectativas acerca do ótimo Anotherspot, disco que os cariocas lançaram no apagar das luzes de 2006, e que, com certeza, vai ganhar um lugar privilegiado na minha lista de melhores discos de rock de 2007.
Nas apresentações do Perrosky e do Kassin+2 eu também vou concentrar atenções, ainda que a receita João Donatiana moderninha de Futurismo, último disco do músico e produtor Kassin, não seja lá um grande sucesso nos meus music players. O grande lance é que o show promete impressionar, e quem sabe muda meu conceito em relação ao disco e me faz entendê-lo com outros ouvidos?
Korzus
O Korzus nunca foi realmente grande, mas é uma das bandas de metal mais respeitadas do país. A alcunha de Slayer brasileiro os acompanha há quase duas décadas (e isso é um elogio), e tamanha reverência faz muito sentido quando se tem obras-primas do cancioneiro extremo nacional como o matador KZS - de mil novecentos e noventa e cinco - na discografia. Desde dois mil e quatro divulgando Ties to Blood, primeiro disco de inéditas em nove anos, os paulistanos asseguram a velocidade e a grosseria que devem desenterrar thrashers há muito escondidos nos esgotos da cidade.
O blues toscamente cool do lusitano Legendary Tigerman e o espalhafato sofisticado e lisérgico do Júpiter Maçã também hão de divertir e deleitar esse par-de-ouvidos que vos escreve, antes do Cordel do Fogo Encantado, surpreendentemente, bancar o headliner de sábado.
# # # No domingo a farra instrumental de duas das melhores bandas da atualidade, a cuiabana Macaco Bong e a porto-alegrense Pata de Elefante, vão alegrar minha mente ventilada. Não vejo a grande Pata em ação desde o Goiânia Noise do ano passado, e rogo para que o recém-papai-deslumbrado Fabrício Nobre, garanta um pouco mais do que a meia-hora regulamentar para o trio gaúcho, já que em dois mil e seis trinta minutos não foram, nem de longe, suficientes para saciar as lombrigas sedentas do farto público que a banda mantém na cidade.
Já o Macaco Bong eu vi no Paraná – no Demo-Sul, em Brasília – no Porão do Rock, em Cuiabá, no festival Calango, e em Goiânia – na falecida Ziggy Box Club, e em todas as ocasiões a performance do trio me impressionou muito. É, ao lado da Pata, uma das maiores promessas do instrumental não-erudito tupiniquim.
Do line-up do décimo terceiro GNF, o Battles talvez seja o grupo que mais desperta minha curiosidade, em relação à performance ao-vivo. A precisão aparentemente caótica de suas “canções” é de uma elaboração intrincada e cerebral, dispensa grooves e andamentos convencionais e emociona pelo inesperado. Provoca uma espécie de comoção intelectual mesmo, coisa de mentes maníacas.
No Noise do ano passado, a paulistana Debate – que está com sua segunda turnê norte-americana agendada (mais sobre isso lá embaixo) – cumpriu maravilhosamente e com louvores esse papel esquisito e pouco digerível.
O Mundo Livre S/A, que eu não vejo em cima de um palco desde o primeiro semestre do ano passado, dificilmente decepciona de posse das atenções da massa. O grupo pernambucano é dono de uma das melhores fatias do pop brasileiro dos anos noventa, e anos dois mil adentro continua com o mesmo vigor estilístico, ainda que o discurso "esquerdizante" de Fred Zero-Quatro tenha ganhado muito em anacronismo e decepção.
E o Sepultura desfigurado de hoje em dia ainda dá um caldo grosso, mas o tesão de ver o conjunto sem nenhum dos Cavalera não é, nem de longe, o mesmo. Vi esse show meses atrás, em Brasília, e gostei bastante, ainda que a expectativa acerca da re-união musical dos irmãos Max e Ig(g)or Cavalera seja maior que qualquer notícia sobre esse Sepultura aí (apesar daquela Inflikted, música fraquinha que soltaram na internet, em agosto)
# Outro festival que divulgou seu line-up foi o Beradeiros, lá de Porto Velho – Rondônia. A Bruna, simpática produtora da festa, gentilmente convidou este blog para viajar até lá e acompanhar o festival in-loco. Portanto, a partir do dia dezessete de novembro este blog passa a reportar diretamente do norte do país, ali logo abaixo da floresta amazônica.
# # A lista do rega-bofe:
Sábado dia 17
18:00 Incinerador
18:30 Miss Jane
19:00 Emmou (Vilhena)
19:30 Guerrilha S/A
20:00 DHC
20:30 Celula'tiva
21:00 Made in Marte
21:30 HellFire
22:00 Recato
22:30 The Melt (MT)
23:00 Ultimato
23:30 Somos (SP)
Domingo Dia 18
18:00 Habeas Corpus
18:30 Innocence
19:00 One Weak
19:30 Di marco (Ji Paraná)
20:00 Leão Do Norte
20:30 Odisséia
21:00 Rádio ao vivo
21:30 Ferrovia Rock
22:00 Bicho Du lodo
22:30 Survive (AC)
23:00 A Fabrica
23:30 Veludo Branco (RR)
# há alguns dias o Sandoval, front-man do Shakemakers, entregou ao blog uma pré-master de seu primeiro disco, intitulado Rock n’ Roll é Bom Pra Mim. Trata-se daquele mesmo classic-rock atento aos clichês e com um quê de caricatura que tempera o resultado com muito bom-humor guitarreiro. Já me diverti horrores em shows do Shakemakers, mas quero ver como ficou a versão final e acabada do álbum, depois falo aqui se é, ou não, sucesso no Brasil.
# # hehehe
# Quanto ao disco novo que a incrível Pata de Elefante vai lançar na cidade em novembro, no Goiânia Noise, eu garanto que está ali entre os três melhores discos de rock lançados em dois mil e sete. É pura intensidade instrumental fornida de guitarras moduladas e aparelhada com uma cozinha freneticamente cardíaca. Coisa de clássico do rock mesmo.
# Ainda não ouvi In Rainbows - o disco novo do Radiohead - as zilhões de vezes que ainda vou ouvir nas próximas semanas, mas daqui a pouco coloco aqui algumas linhas sobre o álbum mais esperado de dois mil e sete, e que já girou uma meia dúzia de vezes no meu player. Todas as faixas da obra estão disponíveis para download no site do grupo, e o preço é, como você já deve saber, o que você quiser. Isso mesmo, você decide a quantia que quer pagar pelo track list completo. "Bela" sacada.
# # Mesmo assim, o meu eu consegui num link grátis.
# # # E que me desculpe o Radiohead, mas essa de "quer pagar quanto?" não é exatamente novidade aqui no Brasil.
# A revista Decibélica, da qual este blogueiro é um humilde colaborador, realiza no próximo dia vinte e sete a segunda edição do Circuito Decibélica, numa noite que reúne no centro cultural Martim Cererê, oito bandas e sete djs. Plebe Rude, Violins e Zefirina Bomba comandam a palco do teatro Pyguá, enquanto o Fabrício Psicodelic, o Beto decibélica (editor-chefe da revista), o Gustavo Vasquez (MqN) e este amigo digitador aqui transformam o teatro Yguá em pista de dança, com dj rock sets especialmente preparados para a noite. O recado é esse aí:
A equipe DeciBélica tem o prazer de apresentar:
**II Circuito Decibélica**
O Centro cultural Martin Cererê será palco de uma grande festa. No palco Pyguá grandes bandas da cena independente dividirão palco com um dos ícones do rock brasileiro: a Plebe Rude. O palco Yguá servirá como lounge e pista de dança, contando com a apresentação de renomados djs convidados!
Palco Pyguá – Electric Rock Set
Plebe Rude(DF)
Zefirina Bomba(PB)
Super Hi-Fi(RJ)
Violins
Valentina
Rollin’ Chamas
Black Drawing Chalks
Janice Doll(DF)
Palco Yguá - DJ Rock Set
Fabrício Psicodelic
Hígor Coutinho (GOIÂNIA ROCK NEWS)
Gustavo Vasquez (MqN)
Carol Maia (Meninas do Rock)
Beto Decibélica
Marcelle Vaz
Renzo Nery
Além de todas as atrações convidadas o Circuito DeciBélica trará uma super novidade!! Aguarde...
Dia: 27/10
Local: C. C. Martin Cererê
# # Vai perder?
Deceivers
# No último sábado fui conferir mais uma apresentação dos brasilienses do Deceivers, que já há algum tempo não apareciam nos palcos da cidade. O evento foi concebido para o público da carioca Matanza, e isso significa que as dependências do tradicional Clube Social Feminino – ali em frente a Praça do Cruzeiro, no setor sul, ficaram completamente abarrotadas de adolescentes de camiseta-preta sustentando orgulhosos, aquele olhar perdido dos embriagados. Quando consegui atravessar o mar de garotos e garotas e chegar ao salão social do clube, a Grieve exibia em volumes altíssimos o lado mais furioso e nostálgico do grunge, numa apresentação que me surpreendeu, ainda que tenha acompanhado de longe.
# # Quando o Deceivers ocupou o palco e abriu os portões do sub-solo do inferno, a massa púbere ligou a centrífuga de carne e só desligou o rodopio insano depois de quarenta minutos de bestialidade ultra-rápida. Acompanho o Deceivers desde o primeiro show que fizeram em Goiânia, coisa de dez anos atrás, lá no DCE da universidade federal. Daquela época ainda guardo Redrum, demo-tape que é o primeiro registro fonográfico dos candangos, e que contém uma música que não existe em nenhuma outra gravação do grupo, Sentence of Fear. Alguns anos depois, lançaram Third Machine, que processava toda aquela efervescência multi-cultural a que se permitiu a música pesada no fim dos anos noventa e começo do novo milênio, e que controlava a cólera demente do hardcore com a cadência e a manha do hip-hop.
# # # Mais alguns anos e a banda presenteia seu público crescente com Everbreathe, o mais bem acabado disco de música pesada de um conjunto do meio-oeste brasileiro, e um dos melhores da história recente nacional. Ainda mais brutalizado, o disco brinca com a velocidade do black metal e tempera a massa sonora com moshs hardcore tão empolgantes que podem causar ereções nos mais aficcionados, e quebra a atmosfera selvagem com sutis passagens rap.
# # # # Na noite de sábado, antecedendo o delírio adolescente do show do Matanza, apresentaram músicas inéditas e satisfizeram os fãs, ora com ‘sucessos’ mais recentes como Unsure, Everbreathe e Lungus Bleeding, ora com as ótimas lembranças de D.I.R.T.Y. e Akko. Não dá pra não gostar, se você tem alguma testosterona no corpo, seu organismo vai responder a um show do Deceivers.
# Pra terminar: Como disse lá em cima, a Debate, banda paulistana das mais inventivas e ousadas, está de passagem marcada para mais uma pequena turnê pelos Estados Unidos. No primeiro semestre estiveram lá em sua primeira excursão e tocaram no já famoso South By Southwest, festival texano em Austin, e ainda conseguiam um trocado em todos os outros shows que fizeram pela costa.
# # Desta vez a banda se apresentará na 27º edição do tradicional festival nova-iorquino CMJ - Music Marathon & Film Festival, e em outras dez ocasiões, viajando pela Costa Leste. A primeira data da turnê é quatorze de outubro em Pittsburgh na Pensilvania, depois NY, Rhode Island, Massachusetts, New Jersey, Virginia, Carolina do Norte e termina em St. Petersburg – Flórida, em vinte e sete de outubro.
#A Debate terá como companheira, em todos os shows, a banda norte-americana We Versus The Shark!, de Athens – Georgia.
Tenho que ir. Depois nos falamos.
Tchau.