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terça-feira, outubro 23, 2007

Multi-Cor/Ultra-Som

Jeff Beck
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# Ouvindo aqui o novo do Hives, The Black and White Album, sucessor de Tyrannosaurus Hives, de dois mil e quatro. Ainda é aquela mesma molecada sueca que cresceu ouvindo Ramones e The Clash, e agora tenta se divertir de um jeito parecido. A essência é punk, mas as guitarras venturosas e o climão de festa não conseguem disfarçar a despreocupação divertida que os afasta da ortodoxia niilista de seus “ancestrais” ingleses (dos Ramones eles estão sempre próximos).

# # Não é o melhor disco nem dessa semana, mas com certeza diverte um churrasco bêbado no sábado à tarde, e ainda tem fôlego para embalar uma pista de dança esperta e deixar humanos ensopados de suor, depois das baladeiras Well Allright e T.H.E. H.I.V.E.S., ou das aceleradas Hey Little World e It Won’t Be Long. É um disco para baixar e levar de “presente casual” para a namorada, numa quarta-feira-qualquer, depois de descobrir que você realmente gostou dessas mesmas musiquinhas novas que eles lançam de três em três anos. Novidade nenhuma, originalidade quase zero, mas você gostou. Fazer o quê? Tick Tick Boom:



# # # O rock é mesmo uma coisa estranha.


# As últimas três vagas a serem preenchidas para completar o impressionante line-up do Goiânia Noise dois mil e sete, já tem dono. Ou pelo menos uma lista de proprietários potenciais. A Trama Virtual – responsável pelas seletivas, divulga hoje a tabela com os dez nomes que disputarão uma das chances de ocupar o palco do festival. Segue aí:

- Biônica

- Diego de Moraes

- Las Dirces

- Mopho

- Romulo Fróes

- Stuart-

The Name-

The River Raid

- Tolerância Zero

- Zé Cafofinho e Suas Correntes



# # Assim, de supetão, votaria fácil no Mopho (lisergia alagoana de grosso calibre), no Tolerância Zero (o mais apurado lirismo pop contemporâneo – hehehe) e no Diego de Moraes, que abandonou suas raízes interioranas e, agora morando no setor Sul, virou meu vizinho. Vota lá!



# Com um pouco mais de de um ano de atividades na blogosfera roqueira nacional, o Hell City, blog cuiabano editado pelo colega de textos e opiniões Dewis Caldas, completa a impressionante marca de trinta mil acessos. Reportando o que de melhor (e de pior também) acontece no movimentadíssimo circuito da música independente brasileira, o Hell City demarcou um território essencial dentro do jornalismo cultural espontâneo, e é partidário firme do faça-você-mesmo. Integrado ao coletivo Espaço Cubo, que tem ajudado o gueto indie a se aproveitar da descomunal transformação do mercado fonográfico, o blog ainda serve de guia no enorme fervilhar musical da atualidade, apresentando, endossando ou desabonando os tantos destaques que a inquietação artística - proporcionada também pela popularização tecnológica desses tempos ficcionais, tem despejado nos nossos music-players. Vida longa e milhões de acessos, são os votos do vizinho aqui.


# Ainda que Nação Zumbi tenha levado a sério demais essa história de autofagia, e a repetição patológica de sua fórmula etno-psicodélica de guitarras tenha enchido o saco, nesse novo álbum, Fome de Tudo, o grupo já conseguiu o mais difícil: uma audição completa, e sem interrupções do tipo mas essa merda é igualzinha ao disco passado?.


# # Não que o grupo tenha se reinventado, longe disso, continua com os mesmos maneirismos detalhistas da guitarra de Lúcio Maia, os mesmos graves absurdos das alfaias, e a mesmíssima voz monocórdia de Jorge Du Peixe. A cozinha ainda consegue alguma variação dentro do próprio universo criativo – que é fundamentalmente percussivo.


# # # Mas ainda que os elementos sejam quase que exatamente os mesmos, Fome de Tudo produz um efeito diferente daquela atmosfera preto-e-branca de Futura, de dois mil e cinco. Aqui o grupo soa mais festivo, flerta com a melodia corporal e bailarina do samba, e é ainda mais exibido na sua brasilidade - sem abandonar o cosmopolitismo caleidoscópico de praxe.


# # # # Vou ouvindo aqui. Depois continuo esse papo.



# Nesses últimos dias, numa Resurrection Jukebox (salve Mark Lindquist – aka Peter Tyler), desenterrei meu velho vinil do primeiro álbum do Jeff Beck Group, o Truth, de mil novecentos e sessenta e oito. A formação da banda que escoltou o guitarrista recém saído dos Yardbirds, ainda que não abrigasse nenhum nome realmente famoso à época, é de impressionar: Rod Stewart (que depois montou o Faces) nos vocais, Ron Wood (futuro Faces e depois Rolling Stones) no contra-baixo, o lendário Nick Hopkins (que quase entrou para os Stones quando da morte de Brian Jones) ao piano em Morning Dew e Blues Deluxe, além do baterista Mick Waller e da participação do futuro baixista do Led Zeppelin, John Paul Jones, tocando Hammond em Ol Man River e tímpano em You Know Who.


# # De Truth, caminhei fácil até Beck-Ola, disco seguinte – lançado em mil novecentos e sessenta e nove, que incorpora o primitivismo pesado das raízes do blues e a sensualidade negra do soul à clássicos de Elvis, como All Shook Up e Jailhouse Rock, não sem, é claro, exibir toda a sanha sonora de própria lavra, nas estrepitosas Rice Pudding e Plynt (Water Don’t the Drain).


# # # Ninguém fez a conexão do blues com o rock de uma forma tão poderosa e arriscada, ousando até o limite da genialidade (e não me falem em Rolling Stones). Essa arrojo rendeu muito mais que a paternidade bastarda dos maiores grupos da primeira metade dos anos setenta, ainda que no auge dos desdobramentos desse rock que “mais parecia metal pesado caindo do céu”, Jeff Beck tenha abandonado os riffs azedos e a grandiloqüência das arenas e, surpreendentemente, tenha voltado sua atenção para o hermetismo do incipiente jazz-rock que, fundido sob a alcunha de fusion, celebrava o instrumental intelectivo e a intimidade solitária das viagens progressivas. Mil novecentos e setenta e cinco, marcava o calendário, e Beck paria mais um clássico do rock, dessa vez intitulado Blow By Blow.


# # # # Mas dele eu falo em um outro dia, por que agora vou-me embora pra Pasárgada (ou Pasalaqua, ou Kalil Uga, tanto faz), pois lá sou amigo do rei, lá tenho a mulher que quero, na cama que escolherei.


Entendido seu ZeroUm?



P.S.: Durante a viagem vou tentar decidir, junto com os meus fones-de-ouvido, se eu gostei muito ou pouco do In Rainbows, o novo do Radiohead.



Dispensado!

2 comentários:

Anônimo disse...

River Raid, Romulo Frós e Mophooooooooooooooooooooooo! Diego de Morais é uma mentira.

Diego Mascate disse...

Sou mesmo uma mentira. Nunca neguei isso...

Mas: quem não é uma farsa ambulante hoje em dia, hein?


Rock!