Fotos deste post: Anderson Brito
Antes de a noite de sábado descer sobre a cidade, os locais do Woolloongabbas iniciaram a segunda noite de festival distribuindo baldes (!) de um destilado pra lá de duvidoso, enquanto, de cima do palco, observavam tudo com a impaciência feliz e juvenil dos empolgados. A música, um amontoado de chavões do rock de outros tempos, não é das melhores, mas o grupo conseguiu – não se sabe se por causa da birita grátis – “conversar” com um público esparso e tímido. Ainda diante palco dois e assistindo ao sol se esconder por entre os prédios, a platéia já mais robusta suportou heroicamente outra apresentação do Control Z, dupla/trio que insiste numa indigesta forçação de barra regionalista, que envolve samplers, guitarras e blips & tóins, com música caipira.
No palco principal a Valentina se despedia dos holofotes, diante de um teatro imenso e quase vazio, celebrando seu fim anunciado sem glamour nenhum, pouco antes de eu deixar pra lá o show do Stuart, já que precisava antecipar um papo com o Cordel do Fogo Encantado, que marcava bobeira no camarim.
Quando a carioca Pelvs subiu no tablado charmoso do Palácio da Música eu já estava a postos, pronto para conferir cada nota daquela que, para mim, era uma das apresentações mais esperadas da noite. Muita gente concordou, involuntariamente, comigo e ocupou quase toda a arena em frente ao sexteto. A postura shoegazer olhos-no-tênis ainda é a mesma, a intensidade instrumental delicada e autocomiserativa também, tudo coberto com aquela atmosfera lo-fi tão pouco compreendida pelos músicos mais, ahm, ortodoxos. Passeando rapidamente pela sua curta – porém altamente regular – discografia, a Pelvs só pecou em não incluir no set list a incrível Tupiguarani, melhor canção do último disco, Anotherspot, e que só rolou durante a passagem de som.
Depois que o Sangue Seco desarmou os moicanos e desceu sua fúria de “punk terceirizado” do palco um, o Kassin + 2 pôde exibir sua receita precisa de suíngue cerebral, que rapidamente me convenceu a procurar por um pouco de ar fresco, lá fora.
No pátio enorme, além do stand onde se podia praticar um pouco de Guitar Hero (o joguinho que virou febre em festivais de rock), da lanchonete do hamburguer empanado e da loja da Monstro Discos, dava pra assistir ao Gustavo Vasquez – que montou uma unidade móvel do Rock Lab Studio lá –, gravar um monte de bandas legais, durante o festival. A Pata de Elefante, inclusive, registrou uma música inédita, de nome Under Wah Wah, além de Marta, que vem no incrível disco novo (já ouviu?).
O duo chileno Perrosky, ganhou muitos aplausos e comentários, com seu folk elétrico tosquinho e lamuriante, entoado suavemente com guitarra, bateria, gaita e as palminhas alegres do amontoado de gente curiosa que se espremia diante do palco dois.
Os Mechanics se associaram ao Grupo Empreza para o show do Noise, e o choque das performances provocativas do coletivo fundado na Faculdade de Artes Visuais da UFG garantiram a participação barulhenta e convulsiva da multidão. No começo, o Babidu e o Tiago Pezão tomaram a dianteira do espetáculo e, de frente um para o outro, se esbofetearam no rosto com violência premeditada, enquanto a banda fazia de sua música a trilha sonora para o espanto coletivo. No fim, o Babidu volta acompanhado do Keith Richards (esse, não aquele), que oferece seus cabelos longos para o colega, que calmamente engole (é isso mesmo) seu rabo-de-cavalo, provocando uma euforia nauseabunda nas centenas de humanos que acompanhavam, abismados, a cena bizarra.
Lá no outro palco, o Motherfish (que está prestes a lançar disco novo) foi de arroz com feijão e se deu bem. Não deu pra acompanhar toda a meia hora que a banda gastou pra arranjar mais alguns fãs, movimentando o pessoal com seu pop barulhento e bonitinho, mas deu pra ver que alguns casais dançavam juntinhos, abraçados de frente para o palco, no momento mais romântico desse Goiânia Noise.
Depois que a ternura indie se desfez, o tablado principal foi ocupado pelo Korzus, que acabou com qualquer lirismo romanesco aumentando o volume das guitarras em clássicos acelerados da categoria de Mass Illusion, Pay of Your Lies, Internally e Correria, entre tantos outros, num aquecimento heavy metal para o domingo, que prometia Spiritual Carnage e Sepultura. Também prejudicado pelo som/acústica do teatro maiúsculo, os velhos metaleiros paulistanos se despediram da multidão extasiada de camisetas pretas com o hino sanguinolento Reign In Blood, dos eternos mestres do Slayer.
Fazendo uma dobradinha bestial, o Mukeka di Rato rodopiou a molecada no palco menor, enquanto eu tentava estabelecer um diálogo minimamente inteligível com um “avoado” Júpiter Maçã, que insistia em responder perguntas simples (do tipo: você se lembra da primeira vez que tocou em Goiânia?), com evasivas pra lá de psicodélicas (do tipo: “Hummm... Eu diria que não... mas masturbem-se”).
Eu hein.
Na vez dele se apossar do palco, eu estava atarantado e um tanto impressionado (hehehe), correndo pra lá e pra cá, atrás de um e de outro, mas descobri depois que uma fã mais “assanhada” subiu no picadeiro e se dedicou a lamber, com a devoção típica das groupies, o corpo do gaúcho incentivador do onanismo. Tem gosto pra tudo...
Depois que todas as guitarras – joviais e alegrinhas ou carrancudas e hostis – se calaram, os tambores de acrílico e toda a memória contemporânea do Cordel do Fogo Encantado invadiram a arena lotada. O quarteto, já faz um tempinho, tenta descolar sua imagem daquilo que muita gente otária chama de “pesquisa musical” ou “resgate cultural” da tradição, confundindo criação artística com a manutenção estática (“zoológica” e burra) de certas manifestações populares. O Guti, produtor do festival Rec Beat (lá de Recife) e que também gerencia a carreira do Cordel, já havia dissertado sobre essa postura anti-tradicionalesca de "seus" meninos, num papo gravado mais cedo, depois confirmado quando os próprios me garantiram que estão interessados em criar, e não em repetir.
Já o espetáculo foi, para ser comedido nos elogios, brilhante. Confesso que estava meio ressabiado com esse show, julgando minha paciência muito curta para os mesmos tremelês batuqueiros que tanto haviam me impressionado anos atrás, mas que já não pareciam ter o mesmo apelo depois de três discos. Porém, já nos primeiros baticuns, o soar frenético e pesado do violão e a metralhadora rítmica poderosíssima dos tambores desfizeram as rugas na minha testa e arrancaram um sorriso de canto de boca dos meus lábios.
Misturando aleatoriamente canções de todas as fases de sua carreira curta e explosiva, Lirinha e seus quatro amigos obrigaram a massa ao movimento, num ribombar cardíaco que impedia a não-reação. Todo mundo que estava presente sacudia, tímida ou espalhafatosamente, alguma partezinha do corpo, num transe percussivo que marcou nessa edição do festival (que dava pistas de um insuspeito ecletismo já há algum tempo), a despedida total de qualquer espécie de sectarismo roqueiro desinteligente. Até o Dick Siebert, baixista barbudo do Korzus, disse para o blogueiro aqui que estava curioso para ver o Cordel, depois de tanto ouvir falar do peso da banda ao vivo.
Se ele gostou? Não tive como perguntar, ele sumiu depois do show. O que você acha?
* ** *** ** *
# O MqN lança em breve, num compacto em vinil colorido dividido com os Forgotten Boys, Breakin’ Crystal Stones, um funkão de guitarras, duro, lúbrico e perfeito para as pistas de dança. A música é de autoria do baixista Gustavo Vasquez, e foi registrada lá no Rock Lab Studio.
# # Falando em MqN, o quarteto já está confirmado no line up da edição dois mil e oito do internacionalíssimo South By SouthWest, festival texano realizado anualmente e espalhado por bares e pubs de Austin. A partir desse show, o grupo espera engatar uma pequena turnê pelos Estados Unidos. Nesse mesmo festival já tocaram conjuntos brasileiros de respeito, como o mineiro (e desaparecido) Valv e o paulistano Debate. Cogita-se a presença, em dois mil e oito, também do Mundo Livre S/A e da dupla electro brasiliense Lucy and the Popsonics, que tem bombado pistas de clubs moderninhos pelo Brasil.
# O Macaco Bong, trio mais power do centro oeste, ainda está enfurnado nas dependências aconchegantes do Rock Lab Studio, terminando de registrar aquele que será sua estréia oficial
# # Depois do Natal, porém, o guitarrista Bruno Kaiapy retorna è Goiânia para acompanhar as mixagens, ao lado do Gustavo Vasquez – produtor da bolacha. Como disse ali atrás, esse disco já ganhou autoridade nas futuras listas de melhores lançamentos do ano que vem, e deve abiscoitar uma das posições mais nobres.
# # # Resta ao resto correr atrás...
PROMOÇÃO RELÂMPAGO: Quer ver seu nome na lista VIP do ROCK PELO CERERÊ, e assistir, na faixa, ao MqN, Maldita (RJ), InBleeding, Mechanics, Obesos, Goldfish Memories, Desastre e Jhonny Suxxx & The Fucking Boys? Pois então deixe anotado ali na caixa de comentários o seu nome, um e-mail válido e me diga qual foi, na sua opinião, o melhor show do Goiânia Noise.
Agora se você preferir levar pra casa o recém lançado cd/dvd de A Marcha dos Invisíveis, da curitibana Terminal Guadalupe, ou o disquinho oficial do Abril pro Rock 2008 (Rebeca Matta, The Palyboys, Valentina, Mechanics, Marky Ramone & Tequila Baby, RDP, Sepultura, Korzus, and more), ou ainda a edição de novembro da revista Outracoisa (especial Goiânia), com o cedê do Goiânia Noise encartado, é só seguir os mesmos passos, indicando qual deles você deseja.
Aumente suas chances, peça quantas vezes quiser!
O resultado sai na sexta feira, dia 7, véspera do ROCK PELO CERERÊ.
Daqui a pouco eu volto e digo o que a Bruna, lá do Beradeiros, me contou do principal festival de
rock de Rondônia.
28 comentários:
Pietro Bottura Gonçalves
x_perfs_x@hotmail.com
o melhor show do noise foi o do motosierra!
Isabela de Souza Verri
isa-isa-bela@hotmail.com
móveis coloniais de acaju
Edgar Cardoso Martins
edgar@ih.com.br
Vou ser sincero não fui ao Noise, pois ainda não tinha recebido, tava sem um conto no bolso e não achei nenhum filho de Deus e muito menos do Diabo para me emprestar uma grana.
Mais eu fui na porta no Domingo kkk Lol...
Guilherme Aguiar Leal
Melhor show: Spiritual Carnage, eu acho!
Esqueci o e-mail: (Guilherme)
philosopher_gili@hotmail.com
não não não, o melhor show foi o da Sepultura, que chacoalhou tooodo mundo , ninguem conseguia fazer o povo parar de subir ao palco, mistura que não se sabe de alguma coisa alcoólica com um frenesi absurdo, não tinha como ficar parado e o grave tremia toda a caixa toráxica, uauu
foi lindo!
:D
Nessa promoção relâmpago gostaria de assistir na faixa o 'rock pelo martim cererê!
caso não, essa edição de novembro da revista Outracoisa (especial Goiânia), com o cedê do Goiânia Noise encartado, deve estar o biiiiicho...
\o
esqueci do nome e eo email válido rs.
Filipe Silva de Paula
dhmitri@hotmail.com
Melhor show do Noise foi disparado o do Battles, até agora tentando entender direito o que foi aquilo.
sanosuke.junior@gmail.com
O melhor show do Noise foi o do Júpiter Maçã!!! Aquela menina lambendo ele fez história e rendeu ótimas fotos, hehehehe
foi massa pacas entrevistar ele no camarim tb, e a banda que acompanhava ele pedindo drogas pra mim...
:p
foi massa!
mas o que eu quero mesmo é o cd/dvd da Terminal Guadalupe!
abs!
o "disquinho oficial do Abril pro Rock 2008" me atrai bastante!!!!
o melhor show do Noise????
hMmMm difícil!!!!!!
sexta: MQN e móveis coloniais
sábado: korzus (cooooom certeza)
domingo: macaco bong + pata de elefante + mundo livre + sepultuuuuuuuura!!!!!
=P
Luíza Borges
luborges19@hotmail.com
Rodrigo Rodrigues Melo
blackouter@gmail.com
Eu pirei para o show do Motosierra!
pode tentar mais de uma vez?
Luíza Borges
luborges19@hotmail.com
Pedro Augusto Correa
generalveers@hotmail.com
Motosierra :D
eu quero o oficial do Abril pro Rock 2008!
Luíza Borges
luborges19@hotmail.com
Kelvis Alves Pereira
kelvistiburcio@hotmail.com
Na minha Opnião o melhor show foi!!
MUKEKA DI RATO!!!!!!!
MELHOR BANDA DO BRASIL!!!
quero ganhar pra mim ver o show do OBESOS!!! melhor banda de Goiás!!!!
ME AJUDA AI GALERA!!!!
EU TO LISO, E TO MUITO AFIM VER OS SHOWS NO MARTIM!!!!!!!!
E AI AINDA MORO EM NAZÁRIO-GO!!!!
O melhor show do noise foi o mukeka di rato, foi o mais divertido, o mais rápido, foi o melhor mesmo!!!!!!
ROck pelo cererê!!!!!!!!!!!
mauriliohrc@gmail.com
O melhor show do noise foi o mukeka di rato, foi o mais divertido, o mais rápido, foi o melhor mesmo!!!!!!
ROck pelo cererê!!!!!!!!!!!
mauriliohrc@gmail.com
o melhor foi mukeka!!!!
mauriliohrc@gmail.com
The best of the noise: Mukeka di rato
hahhahaha
O melhor do noise foi o mukeka di rato, em segundo foi o motosierra
Mukeka arregaçou o oscar!
mukeka \o/
mauriliohrc@gmail.com
Estou eu de madrugada (sao 4:21) dizendo que mukeka foi o melhor show do noise.
mukeka \o/
mauriliohrc@gmail.com
so pra completar.
Mukeka: melhor show do noise.
mauriliohrc@gmail.com
poxa eu quero ir amanha no martim.
pq eu ja vi o melhor show do noise que foi o mukeka, mas gostaria muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito de ir no martim amanha pra ver as bandas!
mauriliohrc@gmail.com
eu quero o oficial do Abril pro Rock 2008
móveis foi jooooia!
Luíza Borges
luborges19@hotmail.com
jóóóia foi o mukeka di rato noise!!
mauriliohrc@gmail.com
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