Foto: Anderson Brito
No último dia de Goiânia Noise Festival, o Sepultura roubou a cena dos indies e fez uma dobradinha metaleira das mais prestigiadas com o Spiritual Carnage, que havia estremecido a massa negra de madeixas sacolejantes diante do palco menor, um pouco antes.
Já a rodada dupla instrumental de Macaco Bong e Pata de Elefante impressionou até mesmo o impressionante pessoal do Battles. Primeiro o trio cuiabano Macaco Bong, guiado pela guitarra melodista e imprevisível de Bruno Kayapy, concentrou a atenção do teatro cheio, num transe hipnótico entrecortado por ovações de puro prazer – ainda que o som/acústica não ajudasse.
Depois de um curto intervalo, a porto-alegrense Pata de Elefante transformou a atmosfera densa e noturna, instaurada pelos mato-grossenses, em um arco-íris psicodélico de fortes cores sessentistas, e manteve a lotação da imensa cúpula de concreto em êxtase dançarino e sorridente durante outra adorável meia-hora.
Nunca tinha visto o Perfect Violence em ação, ainda que já tivesse ensaiado assisti-los algumas vezes, o que acabou acontecendo somente no Noise. Eles são um quarteto interessado naquele crossover de metal e hardcore que deu tantas boas crias nos anos noventa, tipo o Biohazard e o Sick Of It All, mas se pretendem mais violentos e rápidos que seus precursores, e cuspiram isso em um set acelerado e divertido, sem nada daquele discurso classista chato, tão comum ao gênero.
Foto: Anderson Brito
O Black Drawing Chalks fez um dos melhores discos do rock independente nacional em dois mil e oito e, apesar de uns shows meia-bomba no currículo (quem não os tem?), já pode dizer que tem um público seu, que conhece as músicas, balança a cabeça no ritmo certo e sabe quando levantar os punhos. Lá no Goiânia Noise eles foram quase perfeitos, cadenciando cada vez mais seu frenetismo veloz e grave, arranjado em meio a uma lascívia garageira cheia das melhores más intenções.
Depois deles os Rollin Chamas se ocuparam da arena maior, enquanto eu conseguia comprar algumas cervejas, outro hambúrguer empanado, e parar para folhear a revista Coquetel Molotov, prima-irmã do site recifense.
Pouco depois do meu intervalo tosco-food, a paulista The Name levou todo o seu romantismo lúgubre e sombrio ao palco dois, num momento goth-pop que animou os trintões nostálgicos e pôs pra dançar os jovens moderninhos interessados nos anos oitenta. Depois de deixar a apresentação confusa e estranha dos também paulistas Ecos Falsos pra lá, acabei perdendo também quase tudo do Damn Laser Vampires, que já era falado por aqui há um tempão, mas que pra mim continua um mistério.
Lá quase no fim da noite, momentos antes da esperadíssima apresentação do Battles – grupo liderado por John Stanier, ex-baterista do Helmet –, eu já havia escolhido um lugar legal, junto com pessoas legais, para assistir aos nova-iorquinos desconstruírem o samba. Mas logo depois que os quinze primeiros minutos de minimalismo instrumental preciso e radicalizado se passaram, fui achado pelo rádio e tive que, dolorosamente, deixar a anfiteatro e ir atender ao chamado do backstage.
“O negócio é que o Sepultura ou dá entrevista agora, ou não dá mais!”, me explicaram lá atrás. E o pior é que a esse coro se juntou a produtora do Mundo Livre S/A, e como eu estava atuando como entrevistador na confecção de um vídeo-documentário sobre o décimo-terceiro Goiânia Noise, não pude desobedecer aos rigores cronometrados dos artistas maiores.
Isso significou que quando consegui voltar para o lugar que eu havia escolhido para passar a última meia-hora ao lado daquelas pessoas legais, ele já estava vazio. Ou melhor, cheio de outras pessoas, que até poderiam ser legais, mas o Battles também já havia desaparecido do palco, e eu precisava correr atrás deles para um bate-papo gravado.
Quando o grupo uruguaio Motosierra se instalou no palco dois, a chuva desabou com vontade. Pareceu uma combinação dos hermanos com as nuvens negras, por que a água torrencial que caía empurrou a multidão para bem perto do palco, e o garage-punk perigoso, irritado e em altíssimo volume do quarteto enlouqueceu a multidão apertada, que reagia com selvageria a cada trejeito provocativo do vocalista Markus Motosierra.
Foto: Anderson Brito
Se na hora das entrevistas, lá atrás, Fred ZeroQuatro já estava enterrando o pé-na-jaca, na hora do show o líder do Mundo Livre S/A deu vazão à embriagues, num monumento entorpecido à uma espécie de punk tropical: cínico e rebelde, mas também alegre e cheio de rebolado.
Pelo menos foi o que deu pra ver nos nove ou dez minutos que dei conta de acompanhar, antes de ser arrastado para longe do palco.
Depois foi o Sepultura, num show muito melhor do que o que eu vi no último Porão do Rock, em Brasília, meses atrás. Diante de um teatro entupido de humanos, o grupo disparou desde clássicos absolutos como Dead Embrionic Cells, Beneath the Remains/Escape to the Void e Arise, e percorreu todas as fases pós-Max Cavalera, com Boycott, Sepulnation e Bullet the Blue Sky (cover do U2), numa apresentação perfeita em praticamente todos os aspectos.
O apavorante jogo das luzes com a violência das canções, a apresentação do baterista novo – o impecável Jean Dolabella, a interação insana que a platéia forçou até o limite, a resposta da banda com sua versão de Polícia, dos Titãs, enfim, tudo conjurou para que a festa dos indies fosse regida pela grandiosidade furiosa de uma das maiores bandas de metal em atividade.
Se o programa é de indie, chama o Sepultura que eles resolvem seu problema.
* Compacto Rec
(Retirado do Blog)
A mais nova banda selecionada para o Compacto.Rec é o Filomedusa, de Rio Branco(AC), escolhida da seguinte maneira: os produtores de conteúdo que fazem parte do Compacto.Rec – primeiro projeto de distribuição do Circuito Fora do Eixo – fizeram uma série de reuniões online, através das quais apresentaram uns aos outros o que de melhor rolava na cena em seus respectivos estados. A partir das seleções regionais, foi formada uma seleção final com uma banda de Goiânia, uma de São Paulo, e o Filomedusa, eleita quase que por unanimidade.
Saiba mais sobre o Filomedusa, nas palavras de quem conhece a banda de perto (texto também disponível no myspace da banda), e adquira o single do grupo acreano clicando aí embaixo.
# E os premiados da última promoção são os seguintes:
* Raphael Araújo – CD/DVD de A Marcha dos Invisíveis, da curitibana Terminal Guadalupe
* Marcela Guimarães – CD Oficial Abril pro Rock dois mil e oito
* Filipe Silva de Paula – Revista Outracoisa (novembro), com cd do décimo terceiro Goiânia Noise Festival Encartado.
Todos eles já receberam um e-mail confirmando sua sorte, e poderão pegar seus prêmios direto na mão do blogueiro aqui.
OS MELHORES DO ANO E A PROMOÇÃO DE NATAL
Quais foram os melhores discos de dois mil e sete? Valendo os independentes, os dependentes, os indies, os punks, os heavies e até os emos, quais foram pra você, amigo leitor, os melhores discos lançados nesse ano que se despede?
Quem responder ali na caixa de comentários, anotando também o nome completo e um e-mail válido, corre o risco de ganhar:
* Um ingresso para o show dos Forgotten Boys e do Envy Hearts no Bolshoi, dia vinte de dezembro.
* O primeiro disco da Olhodepeixe, Combustível, uma mistura personal de Faith No More com Nação Zumbi, fundida sob a ótica sensível das pop-songs.
* A estréia em disco dos Rockefellers, King Size, que espera um sucessor para o começo de dois mil e oito.
AUMENTE SUAS CHANCES, PEÇA QUANTAS VEZES QUISER!
Beijo procê
13 comentários:
1-Orquestra Imperial, “Carnaval só ano que vem”
2-Queens Of The Stone Age - Era Vulgaris
3-Koko Taylor - Old School
4- The Chemical Brothers - We Are The Night
5-Pata de Elefante- "Um Olho no Fósforo, Outro na Fagulha"
Felipe Lyra Chaves
cinthia gomes dos santos 4179112
Guilherme Aguiar Leal
philosopher_gili@hotmail.com
1 - Machine Head (The Blackening)
2 - Down (Down III Over...)
3 - Ralph Santolla (Shaolin Monks In The Temple of Metal)
4 - Obituary (Xecutioner's)
5 - Black Drawing Chalks (Não sei o nome, =/)
tá rolando um ingresso pra ver The Envy Hearts, hun?
rola de ganhar o CD do Olhodepeixe né não!?
Hurtmold
Violins - Tribunal Surdo
Pato Fu - Daqui pro Futuro
radiohead - In Rainbows
Daniel Henrique Dias oliveira
dhdotur@hotmail.com
qualquer um dos prêmios!!! mas se tiver que escolher um pra ganhar, haoehaoehoaehoaeoa, pode ser a estréia em disco dos Rockefellers...
Tribunal Surdo (Violins)
Interpol
Radiohead
{Des}concerto ao vivo
PJ Harvey
abs!
Black Drawing Chalks -
Interpol - our love to admire
Radiohead - in rainbows
Violins - Tribunal Surdo
Pato Fu - Daqui pro Futuro
Paulo Ferreira Carvalho
paulofc@gmail.com
Machine Head - The Blackening
Down - III Over
Japanische Kampfhoerspiele - Rauchen Und Yoga
e quem discordar tá ispulso do rock.
=~
The Donnas - Bitchin'
Sahara Hotnights - What if leaving is a loving thing
isabela de souza verri
isa-isa-bela@hotmail.com
Queens Of The Stone Age - Era Vulgaris
Black Drawing Chalks - Big Deal
Pietro Bottura Gonçalves
x_perfs_x@hotmail.com
Eu quero o ingresso pro Forgotten, se tiver que escolher!
QOTSA - Era Vulgaris
Violins - Tribunal Surdo
Vinícius Moreira
gosmirc@bol.com.br
Era Vulgaris: Queens of The Stone Age
Fome de Tudo: Nação Zumbi
Nome: Théo Farah Ferreira
Email: theofarah@yahoo.com.br
Gabriel Vaz Oliveira Batista
rurounigabriel@hotmail.com
Agnostic Front - Warriors
Split DFC/Presto?
ah, eu quero o ingresso pro envy hearts e forgotten boys.
Postar um comentário