(Fotos GNF: Nateia)
Décimo Terceiro Goiânia Noise Festival
Na sexta feira, com o dia ainda claro, o Mugo deu start nos trabalhos dessa décima terceira edição do Goiânia Noise Festival. O grupo, que nem comemorou seu primeiro aniversário ainda, não teve trabalho para aglomerar a platéia dispersa pelo pátio do centro cultural Oscar Niemeyer. Re-processando os mesmos clichês que garantiram tantas bandas descartáveis no fim do século passado, o quarteto consegue cavar uma personalidade própria em meio às guitarras pesadíssimas e alternância de melodias pop com explosões de gritaria.
O Seven ocupou o palco sob um céu róseo, manchado pelos últimos raios do sol que se ia, e observado pelo esplendor da lua que nascia, redonda e imponente. O ex-trio agora incorporou um quarto integrante, que cria programações, tece texturas e filigranas eletrônicas num lap-top, somando contemporaneidade à lisergia instrumental. Numa viagem anacrônica – e livre de etiquetas –, pelo psicodelismo, o conjunto embaralhou as sinapses de quem tentava condensar em uma ou duas palavras a música que escapava de seus instrumentos.
Para inaugurar o palco principal, o Barfly bem que tentou ajuntar, no gargarejo, a multidão que se espalhava pelo Palácio da Música. Mas seus ecos alternativos oitentistas e compleição indie moderninha, não seduziram mais do que os amigos, e esses não conseguiram fazer volume na imensidão do teatro acarpetado. Voltando ao palco dois, o Diego de Moraes arregimentou, além dos óbvios amigos e fãs, todo mundo que passeava por ali. A lírica corrosiva e coloquial do rapaz cada vez chama mais a atenção e ganha mais admiradores. Dessa vez ninguém menos que o Miranda (é, aquele gaúcho grisalho, jurado do Ídolos, mesmo) garantiu ter gostado muito do show do rapaz, quando eu perguntei, perto do fim da festa, o que ele destacava dentre as atrações do festival.
O Superguidis foi o primeiro grande prejudicado pelos problemas do palco um. No Goiânia Noise do ano passado, problemas com o som desse palco acompanharam os três dias de festa, e esse ano, outra vez, não faltaram
Depois da carioca Cooper Cobras experimentar o público goiano, no palco dois, o Violins se ocupou das atenções do palco um, diante de uma arena quase cheia. Prestes a entrar em estúdio para gravar o sucessor do recente Tribunal Surdo, intitulado A Redenção dos Corpos, Beto Cupertino protagonizou o primeiro momento de comoção coletiva, ainda que contida, do festival.
Os Haxixins vieram de São Paulo e desfilaram seus terninhos e cortes de cabelo longe do alcance dos meus ouvidos, e os Sick Sick Sinners fizeram sucesso com a avacalhação psychobilly do novo bando dos ex-Catalépticos, Vlad e Coxinha.
Já o MqN quase passa vexame. Pouco antes do show dos donos da festa começar, Fabrício Nobre, o vocalista invocado, descobriu que seu figurino estava incompleto. Esquecera justamente a calça que acompanharia a estréia da bota recém-engraxada, que brilhava de novidade num canto do camarim. Quase
Uma vez em cima do palco, Fabrício Nobre regeu a balbúrdia de sempre (atrapalhada, como quase todos os shows anteriores, pelos já conhecidos problemas no som), só que dessa vez com mais gente e bem mais resposta do público que se acostumava com o frio do ar-condicionado.
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O Móveis Coloniais de Acaju, hoje, talvez seja o maior fenômeno indie do país, e o teatro lotado e espremido não deixou muito espaço para dúvidas. A reação do público é mainstream, diante da big band candanga. O alvoroço coletivo ensaiado que reage ao mínimo aceno, e a entrega extasiada que cada um faz questão de demonstrar no sorriso largo e suado, são o melhor resultado que os brasilienses jamais poderiam esperar. Mas, pelo jeito, isso ainda não é tudo...
O argentino Rubin e seus Los Subtitulados fizeram a festa dos nerds, encarnando aquela tristeza pop que tão bem caracteriza a primeira metade dos anos noventa. Na seqüência final da noite, os DT’s, atual grupo do mesmo Dave Crider que administra o cultuado Estrus Records, e que esteve em Goiânia com o Watts, em dois mil e qualquer coisa, jorraram litros de suor “geriátrico”.
Dessa vez acompanhado de Diana Young, que estalou tímpanos com seu timbre de voz poderosamente agudo, o guitarrista gastou seus sessenta minutos de palco com sangue. Dave Crider, do alto de seus sabe-se-lá quantos anos, domina o espetáculo com um vigor adolescente, percorrendo frenético toda a extensão do tablado do Palácio da Música, enquanto Diana parecia esgotar cada centelha de sua energia vital para conseguir acompanhar seu ritmo, que explodiu em Freedom e April Holeso.
E para dar um fim ao começo, o Pato Fu desembarcou a turnê do disco novo, Daqui pro Futuro, numa esperadíssima primeira vez no Goiânia Noise. Com canções de todas as fases da carreira, o grupo mineiro jogou para a torcida, e com o jogo ganho. Apesar dos pedidos desesperados de Pinga, canção que, a Fernanda Takai me garantiu em entrevista, a banda não toca mais por quê não gosta de tocar, a arena lotada respondia empolgada ao menor sinal de John, que sorria por que parecia bastante satisfeito com o feedback que vinha da platéia.
Capetão fez a figura meiga e doce da Fernanda Takai encarnar a “voz do mal”, além de encantar os milhares com a nova e terna Mamã Papá, sua versão para Eu (do Graforréia Xilarmônica) e Toda Cura Para Todo Mal, que dá nome à obra-prima do casal mais meigo do pop nacional.
Assim que o Pato Fu abandonou o palco, após o Bis, fui dormir mais feliz do que quando havia passado por aqueles portões, mais cedo.
E a coisa toda estava só começando.
(Foto: Vivian Collichio)
O Macaco Bong, trio cuiabano que fez um dos melhores shows do Goiânia Noise, está gravando seu primeiro disco cheio em Goiânia, como já havia dito para os leitores contumazes disso aqui. As gravinas começaram na terça feira passada, e desde então estou passando os dias no Rock Lab Studio, acompanhando o trabalho dos amigos símios com o Gustavo Vasquez, produtor da bolacha.
Os três primeiros dias foram reservados para o registro das baterias e ontem, sexta feira, começaram a gravar as guitarras. Hoje, sábado, o Macaco Bong toca em Inhumas, cidade vizinha a Goiânia, no Goiaba Rock Festival, ao lado do Johnny Suxxx & the Fucking Boys e do Diego de Moraes, entre outros.
No domingo a banda volta à Goiânia e retorna às gravações até que o processo esteja concluído, coisa que Bruno Kaiapy prevê para quarta feira, dia três de outubro.
Dá pra adiantar que esse disquinho, que estabelece uma conversa franca entre estimulantes viagens erótico-psicodélicas e uma intensidade instrumental das mais agressivas, entra fácil na lista de melhores álbuns do ano que vem. Anota aí.
Vou nessa. Um beijo procê.
3 comentários:
Macaco Bong, Pata de Elefante e Seven foram os shows mais fodas do noise. de looonge.
Quero esse disco do Macaco bong, cuméquifaiz?
Pato Fu foi fraco, e eu perdi meu celular no mei da bagunça. merda!
Tb perdi minha maquina fotografica, nu show do Móveis, mas mesmo assim compensou viu, putz, q q foi akilo???/
Lindo demais. MCA Melhor banda do brasiiiiiiiiiil!!!
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