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sexta-feira, outubro 31, 2008

Suicide Soundtrack

# Bon Iver, codinome do cantor e compositor norte-americano Justin Vernom, é uma espécie de Nick Cave glacial. O folclore ao redor do lançamento de For Emma, Forever Ago (primeiro disco desde a extinção de sua ex-banda, DeYarmond Edison) é um conto-de-fadas indie, mais uma daquelas histórias sobre como a música e a solidão podem transformar um coração dilacerado numa pequena pérola pop.





Reza a lenda que, pouco depois do fim do DeYarmond Edison, Vernom foi abandonado pela namorada e, envolvido pelo sofrimento, se isolou numa antiga cabana de caça no interior do Wisconsin. Cercado por toneladas de neve, Justin caçava sua própria comida e assobiava canções tristes. Nesse cenário primitivo e inóspito, entre o corte da lenha e a nevasca do dia, Bon Iver teria composto as 9 canções do disco.


For Emma... é praticamente só violão e voz (com exceção de discretos beats eletrônicos e alguns metais), cheio de músicas simples, tão econômico nos arranjos que chega a flertar com o minimalismo; é caprichoso nos silêncios, gelado nos climas e intimista nos modos.


As melodias, magoadas e esvoaçantes, ficam a cargo dos vocais (quase sempre dobrados), enquanto os violões repetem acordes como num mantra sentimentalista. Se a delicadeza rústica de Flume te der um nó nas entranhas, não estranhe se tudo piorar no country-gospel, moroso e dolorido, The Wolves (Act I and II), nem se a depressão acenar por entre o dedilhado mortiço de Re: Stacks.




Justin Vernom



Se a realidade confirma, ou não, a história do isolamento (da cabana e de toda aquela neve), eu não sei, mas apesar de qualquer coisa For Emma, Forever Ago, com toda sua comovente e congelada singeleza, seria mesmo a música perfeita para acompanhar uma experiência desse tipo. Uma trilha sonora que, incrivelmente, empresta alguma dignidade à idéia de suicídio.



# A Gabriela Munin, que assina o blog this messy is mine, e também cuida da Tronco Produções, manda avisar a quem interessar possa que o Macaco Bong (dono de um dos melhores discos lançados em 2008) inicia uma frenética mini-turnê pelo interior de São Paulo, dividindo palcos com outra banda notável do novo rock brasileiro, a The Name (cujo EP, Gone, foi um dos melhores lançamentos do ano passado). A maratona começa no próximo domingo, e se estende até o dia 16, contabilizando 13 shows em 15 dias. Garotas Suecas e Gigante Animal também caem na estrada, com uma boa dúzia de shows marcados, cada.




# O Goiânia Noise, em parceria com a Trama Virtual, quer trazer você, que não mora em Goiânia, para curtir o melhor festival do Brasil, na faixa. Quem explica é o site da gravadora paulistana:


Este ano, a TramaVirtual é mais do que nunca parceira de um dos mais clássicos festivais da música independente brasileira. E, em conjunto, tivemos uma idéia para levar você até o Goiânia Noise Festival 2008, uma idéia, com o perdão do trocadilho, do barulho. E bem divertida, você vai ver.A história é a seguinte: você faz um vídeo, coloca no YouTube e manda o link pra gente, neste endereço aqui - tramavirtual@trama.com.br. Vale tudo e não precisa ser música, nem fazer sentido. Tem que ser, apenas, barulhento. Os autores dos dois vídeos mais legais e criativos vencem a promoção Faça barulho para ir ao Noise e levam a viagem.A partir de hoje (27/10) até o dia 7/11 você pode nos entregar sua façanha-noise. Capriche.



# Quantos anos você tem? Bem, eu já estou perigosamente perto dos trinta, fui criança nos anos oitenta, e adolescente nos noventa. Já gastei muitas horas da minha existência gravando, em fitinhas k-7, compilações friamente calculadas para conquistar aquela amiguinha do prédio, ou mesmo para agradar a namorada nova. Era bom nisso, sucesso confirmado pelos resultados que a artimanha, quase sempre, rendia.
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Mas hoje, gastar mais de uma hora para montar a coletânea perfeita para a conquista de uma cópula romântica, é impensável. Eu nem tenho mais tape-deck, e as toneladas de fitinhas que acumulei durante mais de uma década de reproduções obsessivas, jazem esquecidas debaixo de algumas toneladas de lixo urbano, em algum aterro sanitário nos arredores de Goiânia. O dinamismo das gravações caseiras de CD-Rs soterrou aquela prática que antes cultivávamos com tanto cuidado.
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Enfim, adoro a tecnologia, e não tenho nenhum apreço por aquele saudosismo do tipo “no meu tempo é que era bom!”, mas gostei de lembrar desse passado recente, que já parece tão distante. E o motivo da lembrança foi o site Cassete From my Ex, que reúne histórias (e as coletâneas para ouvir) de fitas gravadas por ex-namorados. Torci para encontrar alguma história conhecida, mas soube me contentar com os contos alheios. Quase quis consertar meu toca-fitas...




Eu vou, mas eu volto.

3 comentários:

Anônimo disse...

Tá ai, gostei desse site. sou novo, nunca gravei fita pra ninguém, mas achei massa as histrias.

Anônimo disse...

"Conhecimento é poder."
Francis Bacon

Anônimo disse...

O Bon Iver fez o disco do ano. certeza!!