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Desde quando eu não sei, mas o Diego de Moraes assina uma coluna dominical no Diário da Manhã, e o texto abaixo foi publicado dia desses pelo jornal. A istória contada pelo "nosso" bardo punk revela uma aguda observação de caráter antropológico-humorístico acerca de três clichês da fauna roqueira presente em qualquer zoológico "alternativo" do Brasil contemporâneo. Siga a letra do Diego:
PRÓLOGO
A rainha do rock-brazuca, a mutante Rita Lee (tradução de Sampa, pro mano CaRetano ),
CRÔNICA
Três personagens: um emo, um indie e um raulseixista.
1 - O emo é, segundo alguns, um dos modismos dominantes, na época do Febeapá cibernético-contemporâneo. O esnobismo emo se sustenta na pose (caras, bocas e franjas) de quem se sente o mais "muderno" do momento. Dizem que todo emo nega ser emo. Agora é From UK? Entre tantos, no fim, o emo parece ser o "mêmo" de sempre, com outra embalagem.
2 - O indie tupiniquim é, no geral, uma tribo social antissocial, típica dos filhos das classes abastadas, que negam tudo o que cheira a "popular". Assim, manifesta-se como uma variação do espírito aristocrático (autocrático), uma espécie inserida no que Euclides chamou de "civilização de copistas".
3 - Já o raulseixista simboliza um conservadorismo roqueiro idealizador do passado, um "saudosismo do não-vivido" hostil a toda novidade pop. Às vezes o raulseixismo é anti-Raulzito (assim como a coisa mais antidialética/marxista foi o stalinismo), por não ser uma "metamorfose ambulante" iconoclasta.
Em uma metrópole provinciana, como a nossa bela Goiânia, é muito comum encontrar todos esses tipos sociais neofascistas perambulando por aí, pelos bares da vida. Imagine um (des)encontro dos três-tigres-tristes...
O emo (fenômeno social "dado") passa balançando seu dadinho de pelúcia. O indie, com sua cara de bunda, escuta, no seu foninho/mundinho, qualquer coisa que a gente desconhece, pra se afastar o máximo possível da "realidade decadente". O raulseixista, com camisa do Pink Floyd, toma pingorante e pensa o quanto o passado (antes dele nascer) era melhor.
Os três caras se encaram. O emotivo se esquiva com o olhar. O indie-ota com seu olhar superior, por cima do óculos. O raul-chiita dá outro gole na catuaba-com-coca e arrota.
Logo, não há diálogo.
Onde Rita Lee entra na istória? Ora, o emo não quer saber dela, pois não é a última-nova-novidade bombando na net. O indie diz "prefiro Arnaldo", mas já começa a esquecer o Lóki que caiu, um pouco mais, nas graças do público, ultimamente. O raulseixista cospe frases prontas do tipo "Rita é uma vendida".
Cada um segue seu caminho-inho-inhozinho.
Enquanto a debochada Lee (en)canta "O que foi que aconteceu com a música popular brasileira?" e o genial Raul na atual "A verdade sobre a nostalgia" dizia "tudo quanto é velho eles botam pra eu ouvir", penso e digo: "nem toda novidade é o novo, meu povo!"
MORAL DA ISTÓRIA
Não tem moral nessa istória, mas só a busca do equilíbrio aristotélico (tão fora de moda nos círculos "pós-modernos")... nem dogma da nostalgia; nem apologia cega da novidade.
EPÍLOGO
"Tudo/ que/ li/ me/ irrita/ quando/ ouço/ Rita/ Lee" (Paulo Leminski).
Diego de Moraes é músico e compositor.
2 comentários:
Acho difícil alguém criar algum rótulo realmente bom...
E Diego, citou três pseudo-rótulos, pior que isso, deve estar achando genial esta “tirada”
Rótulos são para pessoas planas...
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