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quarta-feira, maio 30, 2012

2012 Soundtrack - II



Quem é de Goiânia deve ter aproveitado bem o feriado municipal da última quinta feira. Atento às tradições nacionais, fiz questão de emendar o dia santo com o fim de semana e deitei borracha no asfalto rumo à Chapada dos Veadeiros.


Baby é a arara azul de estimação dos moradores de Cavalcante. 
Acima ela fez pose em cima do carro, antes de oferecer a plumagem para uns afagos.
Fotos por Uliana Duarte.


E nas caixas de som do carro o novo do Bnegão e os Seletores de Frequência comandou. Sintoniza Lá não inventa moda e circula na mesma vaibe de Enxugando o Gelo e é aí que está o pulo do gato: o groove marcadão, o flow afiado e as notas curtas do naipe de metais dão a assinatura inconfundível que fez do ex-Planet Hemp um dos mais nobres representantes brasileiros da black music. Mas disso eu já falei aqui, e para além dele minha atenção foi basicamente para outros lançamentos, siga a letra:


Mas enquanto virava os olhinhos com o cafuné, 
achou um relógio no braço-poleiro e se concentrou em arrancá-lo dali.


O primeiro da lista foi o QinhO, com seu O Tempo Soa. O segundo disco de Marcos Coelho Coutinho não abre mão do apelo pop nem vai mudar vida de ninguém, mas a lista de 10 músicas se segurou bem como trilha ocasional para a paisagem on the road. O destaque é o dueto com Elba Ramalho em "Bandeiras Rasgadas".





Dizer que Dia e Noite no Mesmo Céu é um cruzamento da MPB pastoral do Guilherme Arantes com os eflúvios progressivos do Clube da Esquina pode ser uma obviedade, mas também é a descrição mais precisa para o disco de estreia do mineiro Leonardo Marques. As melodias suaves, a fluidez aguda dos vocais e o clima invernal não fizeram tanto sucesso na estrada, mas a ameaça bucólica de chuva em Cavalcante deu mais sentido à mistura.





Já o groove instrumental de Marco Nalesso e a Fundação em Três vezes Grande não ultrapassa o previsível, acomoda-se em território mais que conhecido e dispensa a possibilidade de arriscar: não passou da segunda ouvida.


Ainda na praia instrumental (mesmo que com vocais incidentais), Waving at us, We've Provoked do grupo carioca Deus Nuvem investe no experimentalismo easy listening, onde o jazz, o post-rock e o progressivo dividem espaço com suaves referências psicodélicas e uma discreta marcação erudita.





Saindo do experimentalismo ambient para o radicalismo da improvisação livre, o Mnemosine 5 carrega nas tintas do insólito, cruzando violino e trompete com guitarra-baixo-bateria numa profusão caótica de sons que confunde as fronteiras entre o jazz e o math-rock.





E, por fim, em Nordeste Ocultoquinto disco do Cabruêra, o grupo alagoano paraibano não se desvia do princípio antropofágico que norteia o melhor da arte brasileira desde as primeiras décadas do século passado. Partindo de células rítmicas regionais para alçar voos melódicos supra-nacionais (e vice-versa), o quarteto se destaca pelo caráter genuíno da mistura de, por exemplo, "Jurema":







De volta a Goiânia, Valtari - o recém-lançado sétimo disco do Sigur Rós, ainda tenta se fazer entender e ocupa a titularidade das minhas caixas de som. Mas como o processo é lento, isso é assunto para outro post.




















Um comentário:

LeoRibeiro disse...

Cara, a Cabruêra não é de Alagoas, e sim da Paraíba...