quarta-feira, novembro 29, 2006
A alegria da maioria.
MqN
Foto: www.r0cket.multiply.com
# Pois é, foi-se mais um Goiânia Noise, festival que nascia há treze anos e que chegou à sua décima segunda edição com cara de gente grande. A farra que começou em 1993 em plena praça Universitária (reduto de todas os estratos da fauna ‘intelectualizada’ e vagabunda da cidade), atingiu seu apogeu com a mega-estrutura da versão turbinada de 2006.
# # O palco principal, dentro do Palácio da Música do colossal Centro Cultural Oscar Niemeyer, sofreu com uma acústica não preparada para uma difusão tão descomunal de decibéis guitarreiros. Já o palco secundário, apesar de modesto no tamanho, vibrava em suas caixas sons de perfeição cristalina. Isso sem contar o charme e proximidade que um pequeno palco pode proporcionar.
# # #Entre os dois palcos, um imenso pátio. Logo na entrada havia a tradicional feirinha rocker, onde se podia adquirir, entre tantos outros fetiches pop, até uma raríssima edição em vinil do famoso Tim Maia Racional, de 1974 e com todos os seus grooves finos. Para isso bastava desembolsar a nada singela quantia de R$ 300,00!!
# A sexta-feira, primeira noite,parecia confirmar a aposta alta da Monstro Discos, com um público bem pra lá de satisfatório, beirando o preocupante. A abertura, perdida pelo blogueiro, ficou por conta dos goianos da Black Drawing Chalks, do Señores e do Trissônicos, seguidos de perto pelo eletro-macumbeiro e festivo dos cearenses da Montage. Na sequência, o gaúcho Tom Bloch não empolgou a ainda pequena platéia que se dispunha a encarar o gelado ar condicionado do teatro sem cadeiras. Aliás, é preciso pontuar: o que era uma pequena platéia dentro do imenso Palácio da Música, fazia um volume retumbante no seu vizinho, o palco secundário, apelidado de Palco Monstro. Daí a faca de dois gumes.
# # Já no meio da noite os sergipanos do Snooze se ocuparam do tal palco secundário e enterneceram a atmosfera fria com suas melodias derramadas, pesadas e cheias de beleza triste. Seguindo, a Karine Alexandrino cometeu suas esquisitices performáticas e pouco atraentes no palco Noise, o dito principal. Já no palco Monstro, o Cascadura surpreendeu. Em disco o grupo baiano soa bem mais pesado e roqueiro que ao vivo, o que decepcionou o blog, fã de Vivendo em Grande Estilo, discão do grupo.
# # # Como comentado lá no início, o Palácio da Música sofria com a falta de tratamento acústico, e até os donos da festa sofreram as conseqüências. O MqN fez o show de sempre, mas a imensidão do lugar – que distancia sobremaneira a banda do público –, o volume inacreditavelmente baixo dos P.A.s, e a confusão sonora que escondeu o som do contra-baixo por quase todo o tempo, impediram a banda de consumar aquela costumeira e incendiária celebração. Parte da molecada ainda se empolgou em moshs repetidos, mas dessa vez o som não ajudava.
# Entrando no clímax da noite, os cariocas do Matanza – adorados por aqui – manusearam o mar de gente como quiseram. Sua receita nada original de country-music e hardcore convence muito mais gente do que o blogueiro aqui poderia imaginar. Legal mesmo foi ver os seguranças correndo atrás da molecada pelo palco.
# # O momento mais esperado por milhares de almas cândidas e dilaceradas estava próximo. O Los Hermanos tem uma estória bem particular. Tiveram lá aquele início bombástico com o mega hit Anna Júlia. No segundo disco fizeram careta para a indústria fonográfica e caíram nas graças dos formadores de opinião. Com o lançamento de Ventura, a tinta mais adequada para pintar sua relação com os fãs é a da adoração. Já em Los Hermanos 4, a adoração dos fãs persiste, mas parte da crítica formadora de opinião passa a rechaçar o fenômeno etiquetando-o como uncool, resultado talvez do inesperado retorno à super-popularidade.
# # # # Pois bem, aparentemente distantes dessa discussão, os hermanos pareciam longe também daquele palco que ocupavam. Atuavam segundo o velho clichê do funcionário público perto da aposentadoria, que até cumpre com suas obrigações mas não move uma palha para além disso. Um show burocrático, pouco emocionado e com uma entrega aparente mínima (e olha que Rodrigo Amarante até ensaiou um mosh. Meio bundão, mas ainda assim um mosh). Muitas das milhares de histéricas mocinhas que esgoelavam atenção, não pareciam se importar com a apatia dos barbados, e perpetuavam sua tietagem besta, sem se preocupar com os ouvidos dos vizinhos. Olhando criaturas como essas quase dá pra entender o porquê de uma banda tão legal como Los Hermanos ganhar pecha de brega, ou o que o valha.
# Mas a multidão parecia longe de qualquer divagação, e entoava em uníssono mântrico todas as canções. Pois é, Último Romance e até Casa Pré-Fabricada e Azedume, entre todas as outras, fizeram, enfim, a alegria da maioria. Não é isso que importa?
* * *
Já, já o resto dessa estória.
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Um comentário:
Gordim safado esse Nobre!
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