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As Virtudes do Vício
(...)
III
O vício em mim
se fez no cansaço
quando no fígado
o fogo já era fátuo.
As virtudes do vício
no vinho que sangro
pelo cálice de Alice
desfigurada.
A nódoa do vício
na uva passa:
veneno que se alastra
na decomposição da boca
para a virtude do pecado
presa na língua do lasso.
IV
Sangrar é próprio
de quem adivinha lâminas.
Sangrar no próximo
é acender amoras
em lantejoulas e jogá-las
nos olhos de quem chora.
Migrar em sangue
a mortalha da penhora.
V
Pecar, pecar,
pecar até arder em chamas.
Pecar pelo que chamas
e nunca chega.
Pecar ao ponto
do carbono original
que a carne nutre
no paraíso das delícias.
A ser vício da serpente
desfruto da árvore da volúpia
cabelos, cabides, perfume e ócio.
Pecar é meu divórcio.
Gilson Cavalcanti
2 comentários:
Showzera viu, chapei cum a banda!
Caramba, muito foda essa poesia!
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