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Fui ao Planeta Terra para ver o Primal Scream. Poderia ter ido ao Maquinária ver o Faith No More. Não foi o caso. Perambulando por entre os brinquedos do Playcenter até chegar ao Coca Zero Stage, deixando o show do Sonic Youth pela metade e chegando perto de um Metronomy tão dançante quanto derivativo e chato, não pude deixar de perder também o show do Iggy Pop, que era idolatrado no main stage mesmo debaixo das borrachadas aplicadas pelos seguranças que impediam o público de atender ao convite de seu ídolo para uma visita ao palco.
Manco, de bunda de fora e de aspecto cadavérico, Pop parecia uma espécie de Mumm-Ra da vida real, ignorando solenemente a agressão contra seus devotados seguidores – inclusive um deficiente físico, lançado ao chão pelo líder dos Stooges em sua corrida de volta ao palco, depois de ter descido e tumultuado o coreto.
Mais cedo, com o sol ainda no horizonte, peguei o fim do show do Móveis Coloniais de Acaju enquanto chegava ao parque e recebia uma dose de Coca Zero e um passaporte do Playcenter, a título de brinde. Resmunguei alguma coisa sobre ter perdido o show do Macaco Bong e fui esperar pelo Maxïmo Park, enquanto perdia o Copacabana Club. O pop de guitarras do quinteto britânico é algo entre ingênuo e cínico, por mais paradoxal que possa parecer. Suas músicas exalam um frescor juvenil capaz de entusiasmar até os mais reticentes, mas uma constante sensação de incompletude acompanhou cada canção do set de pouco mais de uma hora, e talvez seja isso que mantém o MP no segundo (terceiro?) escalão do novo pop-rock britânico.
Como já disse antes, o Primal Scream que me interessa é o eletrônico, carregado de tensão e groove. Não foi o caso. E mesmo que a banda, que entrou no palco num misto de desânimo e indiferença, tenha pegado no tranco a partir da segunda metade do show (a apoteose abortada de “Swastika Eyes” e o noise abafado de “Accelerator” foram os destaques), e deixado milhares esperando mais do Screamadelica depois de "Movin' on Up", “Rocks” e “Country Girl” não foram o suficiente pra quem tinha uma expectativa compatível com seus discos mais nobres. Dá pra reclamar, no mínimo, da ausência do mantra eletrônico, grave e circular, de “Exterminator”. No mínimo!
Já o Ting Tings é mesmo um delicioso chiclete de tutti-frutti que aparentemente ainda tem muito açúcar pra gastar. Por enquanto, os hits “Great DJ” e “Shut Up and Let Me Go” (antes de “That’s Not My Name” eu voltei para o outro palco, a tempo de pegar a baixaria no show do Iggy) foram o suficiente para fazer frente à atração principal, e mesmo com o freak show no main stage, muita gente ignorou o protocolo do proto-punk, embalou o modelito numa capa-de-chuva tosca - vendida a 5 reais, e se acabou debaixo da garoa forte e das programações safadas de Jules De Martino e da canastrice da guitarra da Katie White.
Dancin' In The Rain
E se você acha que o Ting Tings é pop descartável, te digo que foi bom enquanto durou.
Boas Notícias – Hoje de manhã, vinda num vento leste, chegou aos ouvidos deste blog a notícia que há uma séria movimentação de produtores brasilienses para trazer o Them Crooked Vultures para um show na capital federal. Por enquanto, a data ventilada flutua no mês de abril do ano que vem. Ainda segundo o tal vento leste, um cachê não exorbitante seria um dos grandes possibilitadores da vinda da novíssima banda de Homme, Grohl e Jones ao Brasil, pela primeira vez.
Taí um show que eu não perderia.
Boas Notícias – Hoje de manhã, vinda num vento leste, chegou aos ouvidos deste blog a notícia que há uma séria movimentação de produtores brasilienses para trazer o Them Crooked Vultures para um show na capital federal. Por enquanto, a data ventilada flutua no mês de abril do ano que vem. Ainda segundo o tal vento leste, um cachê não exorbitante seria um dos grandes possibilitadores da vinda da novíssima banda de Homme, Grohl e Jones ao Brasil, pela primeira vez.
Taí um show que eu não perderia.
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