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Depois de dominar os palcos goianos no final dos anos 90, o vocalista Íkaro Stafford, tal qual seu xará mitológico, quis alçar voos mais altos e, com o disco de estreia da banda debaixo do braço, embarcou seu Punch para a terra prometida do então novato nu-metal.
Tempos depois, quatro peças do quinteto abortaram o sonho americano e retornaram ao Brasil, mas o vocalista persistente já havia se embrenhado em outra formação, e seguiu nos vocais do Ankla cumprindo um script pouco provável para um músico do interior do 3º mundo.
Depois de dividir palco com, entre tantos outros, Hatebreed, Bad Brains e Puya, além de ter se apresentado no mais prestigioso festival de música pesada do mundo, a Ozzfest, o bom filho a casa torna e, impulsionado por uma ideia do cineasta Antônio Guerino (entre outros trabalhos, Guerino foi diretor do videoclip do Mugo), reuniu o Punch para pelo menos mais uma apresentação, durante a 15ª edição do Goiânia Noise festival, que começa semana que vem.
E foi por essas e outras que o goiânia rock news resolveu cavar uma conversa com o líder do Punch, e o resultado dos papos rápidos pelo msn, e da entrevista propriamente dita (realizada por e-mail), é este que agora brilha em seu monitor:
Como e quando o Punch foi formado?
O Punch foi formado em 1994 por mim, pelo Ricardo, pelo Vinicius e pelo Flávio. Eu conheci o Ricardo e o Flávio na loja de CDs em que eu trabalhava, que se chamava Hipnose. Daí tivemos a ideia de montar uma banda de metal.
Como você avalia a repercussão do disco de estreia, Cesium 137, em Goiânia, na época de seu lançamento?
A repercussão foi ótima. Nessa época o Punch vendeu por volta de 2000 CDs. Fizemos bastante barulho e tivemos boas críticas em jornais e revistas de metal.
Como surgiu a ideia da ida para os EUA?
A ideia foi de toda a banda, pois estávamos procurando algo mais do que só ficar tocando em Goiânia e no Brasil. Queríamos algo a mais como banda. A ideia surgiu assim: eu estava envolvido com o fanclub do Soulfly no Brasil, e tinha muito contato com pessoas dos EUA e da Europa. Até que um cara nos convidou para irmos para Los Angeles, fazer alguns shows.
E como foi o cotidiano da banda nos EUA, da chegada no País até os primeiros shows?
Foi punk! O produtor furou com a gente, aí tive que sair na correria para armar uns shows em LA. No inicio procuramos trabalhar para nos manter e, no meio termo, tocávamos aqui e ali.
"Freedom" - Cesium 137
Quais foram os principais shows do Punch lá?
Abrimos para o Puya e tocamos com o Bad Brains. E os shows em east Los Angeles também.
E por quê a banda se dissolveu?
A vida nos EUA é muito complicada, não sei se a banda estava preparada para tudo o que rolou. Depois que o Vinicius voltou, chegamos a tocar com outros dois baixistas. No fundo acho que faltou maturidade a todos, e o choque de cultura era muito grande.Mas nada que não fizesse de novo.
Antes de o Punch acabar, você já estava tocando com outra banda?
Sim, já estava trabalhando com o Ankla.
E com o Ankla você chegou a tocar na Ozzfest.
O Punch chegou a tocar com o Puya, que era a banda do Ramon – guitarrista do Ankla. Ele gostou do trabalho de voz que eu estava fazendo no Punch e me convidou para fazer o vocal do Ankla. O Ozzfest foi a maior experiência da minha vida, foram 32 shows , e o o Ankla chegou a tocar com o Ozzy Osbourne, Lamb of God, Static X, Hatebreed, In This Moment, Devil Driver, Daath, Behemoth, Nile , etc...
Depois do Ankla, você foi para o Imbyra...
Eu saí fora do Ankla depois da banda ter cancelado duas tours, uma com o Devil Driver na Europa, e outra com o Hellyeah e Machine Head. Nem eu e nem a gravadora concordamos com o cancelamento da tour. Aí achei que já não tinha mais nada para fazer na banda, perdendo essas oportunidades. Logo que saí, a gravadora despediu a banda. Depois disso fui convidado pelo Fabrício, batera do Imbyra, e gravamos algo. Mas não cheguei nem a tocar ao vivo com a banda. Por problemas de saúde, o Fabrício teve que voltar para o Brasil, aí a banda ficou de molho.
Em 2006 o Ankla chegou a ser anunciado como atração do festival Porão do Rock – em Brasília, e em 2008 foi a vez do Imbyra ser “confirmado” no line-up do Goiânia Noise. Por quê nenhuma das duas vezes deu certo?
Essa é fácil, o problema foi dinheiro! O Porão do Rock não queria pagar as 5 passagens para o Ankla. E com o Imbyra, o problema foi a saúde do Fabrício. Mas graças a Deus vai rolar o Punch este ano no Noise.
Ankla - "Steep Trails"
Como aconteceu o convite para essa reunião do Punch, no Goiânia Noise 2009?
A ideia foi de um brother nosso, que se chama Guerino, daí falei com o Fabrício Nobre.
Depois de 10 anos, dá pra fazer uma análise crítica e distanciada de Cesium 137? Na sua opinião é um disco ótimo, bom, regular ou ruim?
Hoje ainda acho que é um disco bom, mas tenho muitas críticas pessoais, como o inglês, a gravação, etc... mas rola muita atitude no CD.
E quanto às cinco faixas do Punch, gravadas nos EUA e nunca lançadas?
Gosto de muita coisa, mas acho que a banda estava perdida, fazendo musica em português e inglês. Mas meu novo projeto terá muita coisa a ver com essas músicas, e será só em português.
Você me disse que tem planos de voltar definitivamente ao Brasil, no ano que vem. O Punch vai voltar à ativa? Você pretende gravar outro disco com a banda?
Não vou falar que sim ou que não, pois dependo do Ricardo, do Flavio, do Vinícius e do Fernando.Te falo o ano que vem (risos).
Morando nos EUA há tanto tempo, você consegue acompanhar a movimentação roqueira de Goiânia?
Sim, e fico muito, mas muito feliz, de ter saído da capital da música sertaneja, e voltar para a cidade do rock! Graças às bandas, promotores e aos fans. Hígor, muito obrigado pela oportunidade, e gostaria de dizer que tudo que rolou comigo aqui nos EUA foi graças ao Punch, aprendi muito com a banda!
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