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Viu que o Kboco, artista surgido das entranhas arborizadas do setor Bueno, está expondo na ilustríssima 29ª Bienal de São Paulo? E viu que a obra dele exposta lá foi (ironicamente) pichada, com a inscrição “Invasor”?
Pra quem não está associando o nome à pessoa dá pra dizer que, no fim dos anos 90s começo dos anos 00s, o Kboco perambulava ali pelas imediações do parque Vaca Brava, pelo setor Marista, Sul, Universitário e Centrão, com algumas latas de spray na mochila, espalhando pelos muros da região seu traço sinuoso – tão urbano quanto primitivo – em grafites absolutamente personais (que sempre fugiram do lugar-comum do gênero, que faz tanta questão de sua ligação íntima com o hip hop norte-americano).
Depois disso roletou pelo Recife e por São Paulo, fez aparições pela América Latina, expôs em Nova York, na Bienal de Valência – Espanha, e até na Suíça (na maior feira de arte do mundo, a Art Basel).
Obra de Kboco feita em parceria com o arquiteto Roberto Loeb é pichada ao lado do prédio da Bienal
Foto: Folha de São Paulo
Foto: Folha de São Paulo
E a pichação de sua obra na Bienal de SP talvez seja explicada pela antipatia que o pessoal do grafite, “a galera das ruas”, parece nutrir por ele, aparentemente pelo fato de Kboco ter sido tão bem acolhido pelas principais galerias de São Paulo, e agora pertencer à ala mais endinheirada e influente do mercado das artes, "negando" de certa forma suas raízes “street”. O que é uma puta bobagem, como qualquer criança-da-vida-real, com as contas do mês para pagar, pode perceber facilmente.
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