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Em setembro passado reclamei aqui que a edição 2009 do Vaca Amarela parecia ter feito coro com o Bananada daquele mesmo ano, quando os dois festivais combinaram em caprichar na insipidez de suas programações. Em 2010 a dobradinha se confirmou afinada mais uma vez, mas felizmente agora os predicados de um e outro foram bem mais positivos. Vivendo e aprendendo.
Terra Celta
Fotos deste post: Alessandro Ferro
E se no Vaca 2009 os destaques foram poucos, o Vaca 2010 pode invejar pelo menos a casa de seu irmão mais novo: pular das dependências tão familiares quanto charmosas do Martim Cererê para a amplitude desfigurada de um galpão (mal) adaptado causou uma certa estranheza inicial, logo amenizada (mas não anulada) pela perícia psicodélica da Pata de Elefante, que já havia dado início ao sinuoso e dançante transe instrumental de sempre quando passei pela portaria e me deixei engolir pelo “armazém”.
Mas se a paisagem não era das melhores, a lei da compensação autenticou as boas vindas da Pata de Elefante com o lo-fi festivo da londrinense Terra Celta, que a despeito da singeleza circular das composições e de suas evidentes limitações instrumentais fez, talvez, o melhor show do festival. A impressionante catarse coletiva embalada pelo cruzamento esperto de melodias medievais com um compasso pop, fez do público frenético parte fundamental do espetáculo, ampliando a coisa para um divertidíssimo jogo de estímulo e resposta.
Umbando
Fotos deste post: Alessandro Ferro
E se no Vaca 2009 os destaques foram poucos, o Vaca 2010 pode invejar pelo menos a casa de seu irmão mais novo: pular das dependências tão familiares quanto charmosas do Martim Cererê para a amplitude desfigurada de um galpão (mal) adaptado causou uma certa estranheza inicial, logo amenizada (mas não anulada) pela perícia psicodélica da Pata de Elefante, que já havia dado início ao sinuoso e dançante transe instrumental de sempre quando passei pela portaria e me deixei engolir pelo “armazém”.
Mas se a paisagem não era das melhores, a lei da compensação autenticou as boas vindas da Pata de Elefante com o lo-fi festivo da londrinense Terra Celta, que a despeito da singeleza circular das composições e de suas evidentes limitações instrumentais fez, talvez, o melhor show do festival. A impressionante catarse coletiva embalada pelo cruzamento esperto de melodias medievais com um compasso pop, fez do público frenético parte fundamental do espetáculo, ampliando a coisa para um divertidíssimo jogo de estímulo e resposta.
Dia 06 de setembro último, uma segunda feira véspera de feriado, eu quase vi o Umbando no palco do teatro do Centro Cultural Goiânia Ouro. E o quase foi por conta do meu atraso e de que, quando cheguei lá, o lugar estava completamente cheio. Barrado no corredor entupido, tive que “assistir” ao resto da apresentação assim, de soslaio, entre as orelhas de um e a cabeleira de outro. No Vaca Amarela não. Se o lugar pecava pela feiúra, frieza e acústica reverberante, pelo menos não podia ser culpado pela falta de espaço, e mesmo com uma lotação razoável eu conseguiria facilmente assistir ao show do Umbando, uma das melhores formações da nova música brasileira, de braços abertos (se por acaso eu visse alguma função pra isso).
Movido mais pela curiosidade que pelo apreço, fui ver o show do Edy Star com um olhar menos musical que, hmm, antropológico. E, talvez por isso, na segunda ou terceira música eu já tinha colado na cara do Edy uma caricatura do Jeff Bridges em versão Bad Blake. E o charme decadente do enredo do filme do Scott Cooper (baseado no livro do Thomas Cobb) caiu como uma luva no outrora andrógino performer que, tal qual o velho Bad Blake, viaja sem banda de apoio, improvisando seus shows com músicos de cada cidade em que desembarca. E acompanhado por alguns dos melhores de Goiânia, (o baterista Fred Valle [Vícios da Era, The Colagens], o baixista Carlos Foca [Umbando, TNY] e o guitarrista-prodígio Fridinho [Olhodepeixe, Lady Raposa]), foi fácil simpatizar com o pós-tropicalismo de tintas glam-rock de um Edy Star já inchado, curtido pelo tempo.
Movido mais pela curiosidade que pelo apreço, fui ver o show do Edy Star com um olhar menos musical que, hmm, antropológico. E, talvez por isso, na segunda ou terceira música eu já tinha colado na cara do Edy uma caricatura do Jeff Bridges em versão Bad Blake. E o charme decadente do enredo do filme do Scott Cooper (baseado no livro do Thomas Cobb) caiu como uma luva no outrora andrógino performer que, tal qual o velho Bad Blake, viaja sem banda de apoio, improvisando seus shows com músicos de cada cidade em que desembarca. E acompanhado por alguns dos melhores de Goiânia, (o baterista Fred Valle [Vícios da Era, The Colagens], o baixista Carlos Foca [Umbando, TNY] e o guitarrista-prodígio Fridinho [Olhodepeixe, Lady Raposa]), foi fácil simpatizar com o pós-tropicalismo de tintas glam-rock de um Edy Star já inchado, curtido pelo tempo.
E antes do fim da primeira noite de festival, o Lobão ainda subiu ao palco para ajuntar a turma da madruga no gargalo e fez o show mais barulhento da noite, concentrando os hits na segunda metade da apresentação. Aguentei até quase o fim, mas quando percebi que ele estava mesmo disposto a voltar para um bis, tive certeza de que já era hora de derramar o último gole na goela e procurar o caminho da roça.
Um comentário:
E ae Higor!
Cara, tô colando direto aqui no GynRNews ultimamente, desde que comecei a conhecer e "pirar" na cena musical de Goiânia, e queria deixar registrado meus cumprimentos ae pelo monte de posts de prima sobre a vida musical (exuberante) da cidade!
E bela crônica esta sobre o Vaca! Fiquei com a mesma impressão de estranhamento (no meu caso, mais aporrinhamento mesmo...) com a acústica do galpão; sou bem mais os teatros do Cêrêrê. De qquer modo, rolaram muitos shows de prima lá. A catarse coletiva que os malucos do Terra Celta são capazes de gerar no público goiano é realmente espetacular! E eu destacaria também o show do Fusile, uma grata surpresa aí na cena "ska-core" brazuca!
Abrassss,
e keep on rockin'!
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