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quinta-feira, julho 01, 2010

Festa do Oscar

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Era pra ter repercutido o texto sobre o embuste governamental da finalização das obras do Centro Cultural Oscar Niemeyer, assinado pelo Marcellus Araújo e publicado no Diário da Manhã, ainda ontem, mas vítima do capitalismo e de sua lei da maior oferta (que me obrigou a mudar de emprego assim, de sopetão), ainda estou meio atrapalhado com a transformação da rotina, e não tive o cuidado de blogar a notícia na hora certa. Mas mesmo tendo perdido o timing da novidade, o conteúdo da matéria ainda merece destaque. Siga a letra:


Foto recente, tirada no CCON por
Fabrício Nobre, presidente da Abrafin


Em alternativa ao abandono
Mesmo antes de obras de finalização serem concluídas, produtores culturais apontam utilizações para o Centro Cultural Oscar Niemeyer. Agepel é contra realização de eventos antes da conclusão completa das obras no local


Marcellus Araújo
DA EDITORIA DO DMREVISTA


Entre promessas não cumpridas, embargos, superfaturamentos, transferência de responsabilidade e todos os outros itens que já se vem acompanhando da novela sobre o Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), o tempo está agindo sem piedade, corroendo e destruindo a estrutura de uma obra que já absorveu mais de R$60 milhões dos cofres públicos. Sem que a reforma saia logo, a falta de manutenção ajuda a piorar a situação. Mesmo com o descaso, há quem garanta que se os portões forem abertos atualmente, o CCON ainda pode ser útil, e muito. Fabrício Nobre, sócio da Monstro Discos, a produtora responsável pelo Goiânia Noise Festival, um dos mais importantes no cenário da música independente, é uma das pessoas que mais trabalharam no CCON.


Fabrício esteve no complexo no ano passado para ver em que condições estava, tentar realizar o Goiânia Noise e Conferência Brasil Central Music. “O lugar estava mais sujo, mas exatamente igual às condições oferecidas no outros anos”, disse. Mas Fabrício entende que é possível abrir o CCON, pois “os prédios, em grande parte, estão funcionando e bem, parte elétrica em perfeito estado, geradores, parte hidráulica, ar-condicionado, banheiros, backstage, tudo. Pelo menos o Palácio da Música Belkiss Spenziere, a Sala Lygia Rassi, o Museu, a Esplanada Cultural, mesmo que com algum desgaste pelo não uso, e falta de cuidado, mas que não comprometem a realização de nenhum evento, e que podem ser arrumados com uma manutenção simples”, avalia o produtor cultural.


Lista vasta de utilidades
Outra produtora cultural que conhece o local é Cinthia Botelho. Ela ajudou a fazer a festa de inauguração do CCON, em 2006, e viu alguns eventos lá depois, mas ela conta que quando tentou levar um espetáculo para lá não podia mais, já estava interditado. A produtora acha que dá para funcionar, e que o espaço é maravilhoso, mas pondera a situação. “Tem que ter pessoal do som, luz, se não, fica muito caro pra gente. A mão de obra, técnico, bilheteiro, gente da limpeza, administrador, precisa disso tudo”, explica. Para Cinthia, na produção teatral e artística em geral, bancar esses itens, tão necessários, deixa a conta mais cara e, por vezes, inviável.
Segundo Fabrício, muita coisa já foi feita no CCON. “Além das edições do Goiânia Noise (em 2006, 2007 e 2008), realizamos em 2008 a primeira edição da Conferência Brasil Central Music, uma série de palestras, debates, feira de produtos culturais, workshops, rodadas de negócios e shows, com foco no potencial da música do Brasil Central.


Realizamos ainda shows com Móveis Coloniais de Acaju, Cachorro Grande, e ainda uma edição do Red Bull Music Academy.” Ele acredita que muito ainda pode ser feito com a estrutura na atual situação, desde projeção de vídeos, palestras, feiras, exposições. Fabrício sugere também a utilização da área externa do centro cultural. “Dá para fazer, shows pequenos, como os que realizamos no Goiânia Noise”, explica. Nobre destaca ainda outros eventos já realizados no local. “Já tivemos show com Sepultura, com plenas condições de atendimento técnico, artístico e principalmente conforto do público, Marcelo Camelo, tocando praticamente voz e violão e emocionando quatro mil pessoas”. O Centro Cultural pode atender artistas locais, nacionais, muitos que produzem shows de bandas de rock, mpb, sertanejas, ou companhias de teatro.”


A questão defendida pelo sócio da Monstro Discos depende, segundo ele, apenas de colocar a cultura com prioridade na gestão pública. “Tenho plena confiança de que o CCON possa ter suas portas abertas já. Basta vontade política. Basta enxergar a cultura como prioridade”, protesta. Ele conta que ainda não sabe se o Goiânia Noise será no Centro Cultural, dizem que não sabem onde será, mas que acontecerá de qualquer maneira. Recorrer à Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel) não adianta mais nada, de acordo com Fabrício. E não mesmo. Linda Monteiro garante que “a responsabilidade da obra é da Agetop, e ele só pode ser usado quando entregue totalmente concluído”. Oficialmente a Agepel só fará o gerenciamento quando o CCON estiver pronto. O envolvimento do órgão em ajudar na abertura imediata do espaço é nula. “Não pode liberar enquanto estiver em obras, não dá”, diz Linda Monteiro.


Devido à impossibilidade de fazer o Goiânia Noise de 2009 no CCON, a produtora Monstro recorreu a espaços menores, espalhando os shows por várias casas noturnas, inclusive o Martim Cererê. “O plano A, é realizar a décima sexta edição, bem como a Conferência Brasil Central Music e as mais diversas atividades do Mês da Música em Goiás, em novembro deste ano, no CCON, e contamos com o compromisso firmado pelo Governo do Estado de Goiás, em reabrir espaço até 25 de julho. Compromisso firmado pelo então secretário da Fazendo Jorcelino Braga numa audiência em seu gabinete na Sefaz, em 23 de março. Contamos com isso. Esta semana encaminhamos um ofício ao governador, presidentes da Agepel e Agetur, e atual secretário da Fazenda questionando o cumprimento deste compromisso”, enfatiza. Apesar das mudanças em 2009, Nobre diz que todo o combinado com patrocinadores, entidades parceiras, e com relação à expectativa do público, foi cumprido.





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