Já de volta a Goiânia.
Antibalas
Na segunda feira pós-festival resolvi bancar o turista e assar o lombo sob o sol do Recife antigo. Depois de passear por ali fui enganado por um taxista que deu voltas e mais voltas antes de me deixar no Alto da Sé, em Olinda. Lá, após contemplar a incrível
vista panorâmica do mirante no prédio da caixa d'àgua, deixei o sol se pondo e fui mastigar alguma coisa no
Beijupirá, restaurante metido a classudo mas incapaz de emitir uma nota fiscal. Já a terça feira eu gastei toda conhecendo as instalações da Unimed local, acompanhando a Uli - que administrava uma forte intoxicação alimentar (e pra completar o infortúnio, tive uma crise alérgica das mais incômodas). No dia seguinte, com a situação remediada, segui para Porto de Galinhas, onde a pousada
Eco Porto foi a redenção depois de tanto desconforto. No balneário havia uma filial do Beijupirá, mas não quis repetir a experiência ruim de Olinda e escolhi outro lugar pra jantar: os camarões flambados no uísque do
Munganga Bistrô (com purê de moranga, queijo-manteiga e espinafre) foram a melhor coisa que comi durante minha estadia em Pernambuco.
O dia seguinte foi cheio de check-ins, embarques e desembarques, até que cheguei de volta ao lar. Dito isso posso rebobinar a fita e voltar até o começo da noite de domingo passado.
Mundo livre S/A
O último dia de ApR reservava alguns dos shows mais esperados do line up. Pelo menos por mim, já que a contagem de público foi a mais baixa das três noites de festival. Cheguei ao tablado nas últimas notas da apresentação do Léo Cavalcanti, seguido pela novaiorquina Nada Surf, que acumulou parte da plateia diante do palco enquanto desfilava suas canções baseadas na voz doce de Matthew Caws. Como seria de se esperar, "Popular" foi o ponto alto do show, com direito ao coro emocionado do público.
Nada Surf
Presente na primeira edição do Abril pro Rock, o Mundo livre S/A fez a apresentação mais simbólica do aniversário de 20 anos do festival. "Livre Iniciativa", sambinha distorcido e maior sucesso de
Samba Esquema Noise - o disco de estreia do grupo, ganhou um discurso rápido e marcou o paralelo íntimo entre a carreira da banda e a trajetória do ApR.
Na sequência fui surpreendido pela também novaiorquina Antibalas, que ocupou o palco antes do previsto para fazer, talvez, o melhor show do festival. Misturando temas de todos os seus cinco discos com faixas ainda inéditas (constantes no próximo álbum que deve sair em setembro), além das óbvias citações ao Fela Kuti, a
orchestra condensou seu set em cerca de uma hora e apesar da evidente disposição de seus músicos a apresentação não teve bis.
Otto em meio ao público: Street Cannabis Street
Logo depois Otto trouxe sua banda ao palco e fez um show bastante inspirado. O apogeu cênico da apresentação foi durante "Dias de Janeiro", quando o cantor desceu do tablado e circulou entre os fãs, inclusive compartilhando com alguns deles baforadas do que parecia ser um baseado. Também sem bis, o show foi encerrado com a apoteótica "6 Minutos", cantada em coro por boa parte da audiência.
Fechando o festival, a luso-angolana Buraka Som Sistema fez o improvável. Já avançando na madrugada de segunda feira, o batidão do grupo tomou de assalto os últimos presentes no Chevrolet Hall e teve a resposta de público mais frenética da noite. Baseando sua mistura eletrônica no kuduro angolano, o BSS submeteu centenas de pessoas a uma coreografia ribombante, cujo entusiasmo deu a impressão de que a noite havia acabado de começar. O apelo percussivo dos dois bateristas e a performance elétrica do trio de vocalistas mantiveram o público em intenso movimento até depois das duas da manhã, quando a banda convidou a plateia para o palco, encerrando a apresentação com “We Stay Up All night”.