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Thiago Pethit é um bom rapaz. Sensibilidade à flor da pele, voz pequena-porém-aveludada e um senso melódico elegante e econômico. Contendo a cadência suave num ritmo desacelerado e imiscuído de silêncios estratégicos, seu primeiro disco cheio, Berlim Texas, exala uma atmosfera intimista, de dobraduras melancólicas e compasso minimalista.
Suas letras, carregadas de uma singeleza premeditada, não cobiçam mais do que dizer o que dizem, numa desambição ilustrada pelo tom confessional que comenta desde a desilusão que sempre acompanha o fim (“duas pessoas em silêncio / sempre dão tanto o que falar”), passando pela saudade (“Por onde é que andarás / Só me diga e eu prometo / Esse rio descansará”), até assumir sua tristeza declarada (“Dessa vez eu vou tentar sorrir / Nem que seja só pra constatar que eu não consegui”). E quando arrisca seu poliglotismo o tom macambúzio é o mesmo, como “Birdhouse” (“Last night I've ended up with a lasting conclusion / There is no love that is worthwhile”), ou “Voix de Ville” (“Les mots sont beaux comme le boulet d’un Canon” - As palavras são belas como uma bola de canhão) comprovam e não me deixam mentir.
E mesmo que claramente inspirado no exotismo polifônico de Zach Condon, Berlim Texas não pode ser tratado como mera cópia, já que em meio ao deslumbre derivativo as 11 faixas deixam entrever um modus operandi potencialmente tão autoral quanto habilidoso, o que me dá a coragem de apostar um braço seu como o Norte do jovem compositor, daqui pra frente, se afastará cada vez mais ao leste de Beirut.
sexta-feira, novembro 12, 2010
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