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quarta-feira, março 24, 2010

Do You Wanted?

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A combinação taquicardíaca da disco-music com o rock já produziu muita coisa boa, umas permaneceram, outras não. A ala mais fluorescente do “movimento” logo ganhou um epíteto próprio e passou à História como new-rave (já os melhores representantes descartaram a etiqueta a tempo de não se tornarem reféns da coqueluche).


Posando para a regulagem das lentes
Fotos: Alessandro Ferro



Indiferente à lógica interna dessa turma, o Franz Ferdinand sempre fez questão de manter certa distância da escola de LCD Soundsystem, Radio 4 e The Rapture – os luminares declarados do gênero (ainda que, ocasionalmente, até lhes aludisse em versões e/ou covers eventuais), e em apenas três discos desenvolveu uma assinatura tão própria que hoje tal associação soa quase como um disparate.


Pela primeira vez em Brasília, o quarteto escocês subiu ao palco do Marina Hall com apenas vinte minutos de atraso, logo depois das 21 horas, e as quase duas horas seguintes me certificaram, música a música, que para o FF, o rótulo "disco-punk" soa como uma simplificação grosseira.


O diálogo das guitarras em “No You Girls”, que ondula melodias dançantes enquanto rebate o compasso ritmado de baixo e bateria, deu o tom de quão acalorada seria a recepção do público brasiliense, que desprezando a utilidade da segunda feira vindoura, ensopou-se num desbunde coreografado às custas de muito suor e cerveja.

Franz Ferdinand ao vivo em Brasília




Depois da abertura com “Auf Achse” e da apoteose precoce com “No You Girls”, o grupo seguiu disparando hits estranhos ao dial das (nossas) efe-emes: “The Dark Of The Matinéé”, “Do You Want To”, “Walk Away”, “Take Me Out”, “This Boy” e “Ulysses” incendiaram de vez a dourada juventude brasiliense que, depois do bis que começou com “Jacqueline”, passou por “Darts of Pleasure” e terminou com o clímax entorpecido de “Lucid Dreams”, desfilou suarenta e satisfeita, aparentemente não se incomodando com o fato de ter desembolsado 160 reais para suportar temperaturas de forno micro-ondas, num salão claramente despreparado para oferecer o mínimo conforto térmico a uma plateia de mais de cinco mil pessoas (os poucos ventiladores “gigantes”, diante da multidão, se apequenaram ao ponto da quase-irrelevância).




Mas mesmo encharcado (e levemente mal-humorado pelo mormaço úmido do lugar), uma espécie nobre de júbilo me acompanhou na volta à Goiânia, pontuando a estrada escura com flashbacks dos melhores momentos da apresentação, o que acabou me convencendo a apostar num lugar ilustre para o grupo entre os melhores shows que vi/verei em 2010.






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