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quarta-feira, março 31, 2010

Do Acre à Parahyba

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Nos últimos dois ou três anos muito se falou sobre o renascimento da música instrumental no underground brasileiro. O tema começou a ganhar relevância, de fato, quando o trio gaúcho Pata de Elefante rompeu as fronteiras dos pampas e passou a excursionar pelo País, impressionando qualquer platéia que se prostrasse diante do poderio de sua música, baseada no rock, mas desmembrada em surf-music e psicodelia, e aromatizada com um suave perfume latino.


Burro Morto


Depois veio o Macaco Bong, que a partir de apresentações absolutamente hipnóticas arrebatou em bloco o universo dos independentes, para logo em seguida cair nas graças da imprensa mainstream e emplacar seu disco de estreia no topo da lista de melhores álbuns de 2008 da edição brasileira da revista Rolling Stone. O que, além da honraria em si, rendeu ainda mais milhas na peregrinação do grupo por festivais e clubes de rock espalhados pelo País.

Uma ao lado da outra, as duas bandas assumiram sozinhas a vanguarda desse incipiente horizonte, e se abaixo delas a fervura instrumental cozinhava toda uma nova geração, nenhum dos concorrentes ainda havia alcançado o mesmo viço superior da dupla de trios.


Porém, a partir do ano passado mais dois nomes ganharam status de promessa do gênero. Novamente desviado para o interior, o foco que alçou o Caldo de Piaba e o Burro Morto à categoria de aposta, depois de tanta especulação vazia, finalmente afinou as lentes (e, principalmente, os ouvidos) e acertou na mosca.


“People One” – Caldo de Piaba




Os dois grupos estão confirmados na próxima edição do festival Bananada, em maio, e mesmo que eu ainda não os tenha visto ao vivo, arrisco registrar aqui que, de toda essa nova profusão de bandas sem vocalista, são os nomes que mais se aproximam do primeiro escalão em que reinam absolutos Macaco Bong e Pata de Elefante (deixando os pretensos novos luminares lá atrás, mudos de inveja).


“Nicksy Groove” – Burro Morto




Enquanto o Caldo de Piaba cozinha referências jazzísticas no vapor úmido da cultura acreana, refletindo o folclore da região com sotaque universal, a paraibana Burro Morto costura atmosferas espaciais em grooves mântricos, tecendo um emaranhado psicodélico bordado com alusões delicadas ao afrobeat.


Portanto, desde já dá pra dizer que essa dobradinha instrumental (junto com a breve ressurreição do Vícios da Era) foi a melhor novidade do Bananada 2010 até agora. E oxalá a lista de boas novas seja aumentada com a divulgação da programação completa.





Um comentário:

bruno abdala disse...

hígor, meu parcero, antes do pata de elefante romper os pampas o hurtmold já se movimentava por são paulo também.