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Emoldurando 2010 de vez na História, o goiânia rock news encerra o assunto com a lista de melhores da editoria da casa, resumida na minha humilde pessoa. Depois de reavaliar tudo o que passou aqui pelo agá-dê e dos depoimentos dos ilustres convidados da já tradicional enquete do blog, onde foram citados mais de 70 artistas e bandas (como Blundetto, Arrigo Barnabé, Firebug, Beach Fossils, Eric Clapton, Red Kross, Jards Macalé, Neil Young, Grace Carvalho, Rob Mazurek e Itamar Assumpção, além dos quase onipresentes Arcade Fire, Marcelo Jeneci, Paul McCartney e Tulipa Ruiz), espremi o melhor de 2010 segundo a minha percepção numa sequência que revela, em primeiro lugar, que mesmo em ano que não lança disco o Hurtmold consegue ser mais relevante que certas unanimidades.
Explico: com a matriz de férias, em 2010 os operários do Hurtmold dedicaram atenção aos seus projetos solo, o que rendeu quatro ótimos álbuns (MTakara3 – Sobre Todas e Qualquer Coisa, Bodes e Elefantes – Behold The Ice Goat, MDM – MárioDeMário e Chankas – Chankas), tão diferentes entre si quanto deve ser a boa invenção de vanguarda. Já a notícia do ano foi o lançamento de Maldito Vírgula e Devia Ser Proibido, os dois discos inéditos e póstumos do Itamar Assumpção, continuação de Pretrobrás, a trilogia iniciada com Por Que Que Eu Não Pensei Nisso Antes de 1998, que vieram acompanhados de toda a discografia do compositor, na cobiçada (e esgotada) Caixa Preta.
Já o transe chapado de Latin, do Holy Fuck, que aproxima o rock instrumental da música eletrônica, ganhou minha preferência quase de primeira e divide atenções no topo da lista de melhores discos internacionais com as apoteoses melódicas de Go, primeiro solo do Jonsi, mais conhecido como vocalista do Sigur Rós.
Quanto aos shows do ano passado, desde que estava lá, diante do inacreditável, eu já sabia que aquele era o melhor momento do ano: a apresentação do Mars Volta, no SWU, foi embasbacante, pra dizer o mínimo. Mas o Living Colour, em Brasília, também soube impressionar, num clima bem mais intimista que o do megafestival em Itu, que ainda foi palco da assustadora primeira visita do Rage Against the Machine ao Brasil.
Os shows de Macaco Bong, em Goiânia, e Franz Ferdinand, em Brasília, também merecem a menção, assim como Educação, filme do Lone Scherfig com roteiro do Nick Hornby. O destaque óbvio fica por conta de Tropa de Elite 2, do José Padilha, que varreu o País e se tornou o maior fenômeno de todos os tempos no cinema nacional. Coração Louco, do Scott Cooper, foi o melhor filme musical do ano, em grande parte pela atuação emocionante do Jeff Bridges que, por outro lado, rendeu ótimas risadas no hilário Os Homens que Encaravam Cabras, do Grant Heslov.
Os mais atentos vão perceber alguns pequenos ajustes em relação às listas que mandei pra votação do Scream & Yell, mas como mudar de opinião nunca foi delito, me senti à vontade para remodelar a coisa conforme o cálculo final. O balanço completo, nome a nome, você acompanha seguindo a linha, aí embaixo:
MELHORES DISCOS – NACIONAL
1. Sobre Todas e Qualquer Coisa - Mtakara3
2. Caixa Preta – Itamar Assumpção
3. Las Venus Resort Palace Hotel – Cibele
4. Greve das Navalhas – Violins
5. Bad Trip Simulator # 2 - Satanique Samba Trio
6. Na Cidade – Pata de Elefante
7. Behold the Ice Goat – Bodes e Elefantes
8. MDM – MDM
9. Chankas – Chankas
10. Escaldante Banda – Garotas Suecas
Bodes e Elefantes - "Saudade do Que Não Tenho"
MELHORES DISCOS – INTERNACIONAL
1. Latin – Holy Fuck
2. Go – Jonsi
3. Total Life Forever – Foals
4. Hands All Over – Maroon 5
5. High Violet – The National
6. Write About Love – Belle and Sebastian
7. Amar La Trama – Jorge Drexler
8. Mount Wittenberg Orca – Dirty Projectors + Björk
9. Everything in Between – No Age
10. Infinity Arms – Band of Horses
Jonsi - "Animal Arithmetic"
MELHORES MÚSICAS – NACIONAL
Rei da Cocada – Mtakara3
Grude – Itamar Assumpção
The Yellow Eyes of the Owl - Goldfish Memories
Saudade do Que Não Tenho – Bodes e Elefantes
De Repente – Pó de Ser
Olha o Sol – Chankas
Frankenstein - Cibele
Cores Voltando - MDM
Comercial de Papelaria – Violins
Forasteiro – Thiago Petit
MDM - "Cores Voltando"
MELHORES MÚSICAS – INTERNACIONAL
Red Lights – Holy Fuck
Animal Arithmetic – Jonsi
Bloodbuzz Ohio – The National
Mickey Mouse and the Goodbye Man - Grinderman
No Embrace – Dirty Projectors & Björk
I Want the World to Stop – Belle and Sebastian
Blue Blood – Foals
Gigantes (Mark Ernestus Version) – Tortoise
Fever Dreaming – No Age
Blue Beard – Band of Horses
Tortoise - "Gigantes" (Mark Ernestus Version)
MELHORES SHOWS
Mars Volta – SWU (Itu -SP)
Living Colour – Autódromo Nelson Piquet (Brasília - DF)
Rage Against the Machine - SWU (Itu -SP)
Macaco Bong e Convidados – Goiânia Noise Festival
Franz Ferdinand – Marina Hall (Brasília - DF)
Vícios da Era – Festival Bananada
El Mató A Un Policia Motorizado – Goiânia Noise Festival
Terra Celta – Festival Vaca Amarela
Caldo de Piaba – Festival Bananada
Otto – Goiânia Noise Festival
Franz Ferdinand - "No You Girls" (Marina hall - Brasília)
MELHORES FILMES
Educação – Lone Scherfig
Tropa de Elite 2 – José Padilha
Coração Louco – Scott Cooper
Os Homens que Encaravam Cabras – Grant Heslov
Ben Hur – Christian Duguay
Um Homem Sério – Irmãos Cohen
A Rede Social – David Fincher
Centurion - Neil Marshall
Divã – José Alvarenga Jr.
Ben Hur – por Christian Duguay
segunda-feira, janeiro 31, 2011
sexta-feira, janeiro 28, 2011
The number of the beats 2010 (XII)
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Escaldante Banda é, oficialmente, o primeiro disco do Garotas Suecas, que estreou no mercado em 2008, como o EP Dinossauro.
Garotas Suecas - "Mercado Roque Santeiro"
"Mercado Roque Santeiro" é uma das faixas mais saborosas do cancioneiro nacional lançado em 2010, e a atmosfera soul endereçada diretamente aos luminares do funk pátrio de outros tempos é o tempero exato para a candidata a hit da banda paulista.
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Escaldante Banda é, oficialmente, o primeiro disco do Garotas Suecas, que estreou no mercado em 2008, como o EP Dinossauro.
Garotas Suecas - "Mercado Roque Santeiro"
"Mercado Roque Santeiro" é uma das faixas mais saborosas do cancioneiro nacional lançado em 2010, e a atmosfera soul endereçada diretamente aos luminares do funk pátrio de outros tempos é o tempero exato para a candidata a hit da banda paulista.
Legolize it
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Singer smoke it / And players of instruments too...
... Doctors smoke it /Nurses smoke it /Judges smoke it /Even the lawyers too.
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Singer smoke it / And players of instruments too...
... Doctors smoke it /Nurses smoke it /Judges smoke it /Even the lawyers too.
The number of the beats (XI)
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"Blue beard" é o momento mais terno de Infinity Arms, talvez o disco mais meigo de 2010, de uma banda que, apesar do nome másculo, não recusa a pecha de sensível.
E, além de "Blue beard", o terceiro disco do Band of Horses destaca pérolas indie-country como "Older" e spirituals contemporâneos como "Bartles + James".
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"Blue beard" é o momento mais terno de Infinity Arms, talvez o disco mais meigo de 2010, de uma banda que, apesar do nome másculo, não recusa a pecha de sensível.
E, além de "Blue beard", o terceiro disco do Band of Horses destaca pérolas indie-country como "Older" e spirituals contemporâneos como "Bartles + James".
quinta-feira, janeiro 27, 2011
Os melhores de 2010 (XVI)
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Último convidado da enquete do grnews a enviar suas impressões sobre os melhores da música em 2010, Diego de Moraes encerra a pesquisa dissertando sobre o que mais escutou no ano passado. Até o dia 31 próximo, os números finais dessa conta aparecem por aqui.
CANÇÃO
Uma canção que “bateu” forte em mim foi a "Sem destino", faixa-título do último cd do Luiz Tatit. O álbum não está entre os melhores – nem do ano, nem da discografia dele –, mas a música é fantástica e a coloco na minha lista. Não vi ninguém falar sobre esta. Parece que passou despercebida.
Luiz Tatit - "Sem Destino"
Lógico, não nasceu pra ser hit. No entanto, apesar desta canção ser uma pérola escondida, fala muito sobre as pessoas, hoje. E (por que não?) sobre o mundo da música: “Sem Destino”. “Nunca os fatos são de fato fatais”. A ausência de uma sina, de um caminho definido, parece angustiar alguns artistas, que vagam sem saber direito pra onde ir, sem um norte, sem previsão e, ainda assim, com humor e ironia diante da constatação do “puro por acaso” – não que isto seja um “mal em si”. Isso também abre caminhos, pro cara curtir tanto um "Balão" (lindo samba do Eduardo Goiaba, no disco da Gloom) ou rir e pensar com "Eu Não Sei de Nada" da Galinha Preta. O cara pode escolher Stones e Beatles, John e Paul.
SHOWS
2010 fica na minha lembrança como um ano de shows. Já no carnaval, em Pirenópolis, eu mais a Ksnirbaks batemos um grande papo com o tropicalista Lanny Gordin, que orientava: “tocar sem pensar, só sentir”. O show é bem isso. É a festa. Sentir o som. É por isso que o cd pode falir, mas o show, não. “O show vai continuar”, canto. Em Uberlândia, no “DOIDIMAI” (02 de maio) – quando fui lá tocar com o Waldi & Redson (que lançará disco em 2011) – falei pro Jards Macalé: “Poxa, cara, você disse que todos do Tropicalismo se odeiam; mas o Lanny me disse que ama todo mundo”. Jards respondeu: “O Lanny é um anjo.” E o anjo torto Macalé tocou naquele dia, a pedido de Ksnirbaks, "Soluços". Um show de arrepiar: ele lacrimeja, sente cada palavra que canta, pois sabe que “toda palavra guarda uma cilada”, como dizia o Torquato. Também me lembro com carinho de um show do Cidadão Instigado, no Studio SP, que presenciei, extasiado, Catatau e sua trupe executar com maestria a timbreira do Uhuuu!. Cada detalhe da música do Cidadão parece arquitetado, apesar de em alguns momentos existir a “aura” de improviso.
E.M.I.C.I.D.A. - Feira da Música de Fortaleza
Mestre do improviso foi o Emicida paralisando a Feira da Música de Fortaleza, em agosto – aquele show foi uma aula de hip-hop bem feito e incisivo. Nem preciso repetir que Macaco Bong e convidados, no Noise, foi um momento de catarse coletiva, inexplicável. Agora, a grande amargura de 2010, que trago no coração, foi não ter visto o show do Arrigo interpretando Lupicínio, pois toquei naquele dia – e olha que fui o primeiro cidadão do estado de Goiás a escrever sobre isso (tanto no meu blog – quando o vi em 2008 fazer o cover de “Esses Moços” em Brasília, quanto em uma revista acadêmica sobre história e música, em 2009). Ah! E teve outro, que não poderia esquecer: Milton Nascimento e Lô Borges no Rio Vermelho. É... 2010 foi um ano “show”. Preciso parar de reclamar da vida à toa, e curtir cada vez mais a festa que é o show ao redor.
DISCOS
Bom. Pra mim, é lógico, o disco mais importante de 2010 foi o Parte de Nós, esse nosso álbum de fotografias sonoras (pra gente) e cartão de visitas (pro público), que finalmente foi prensado (Jah!). E já sonhamos com o passo seguinte.
É complicado falar sobre qual foi “o” melhor, viu? Dentre os que escutei, acho que o Mafaro do André Abujamra está entre os melhores – embora não figure na maioria das listas que li por aí. Neste disco, muito bem gravado e cheio de detalhes, tem uma boa dica para os críticos: “Preste atenção nas coisas que não chamam atenção”. Mafaro é um disco em louvor à alegria: dançante e poético, épico e engraçadinho: disco, filme, show – tudo junto. André, esse cidadão do mundo, que é mais reconhecido lá fora do que aqui, define bem: “o mundo de dentro da gente é maior do que o mundo de fora da gente”. Em seu álbum anterior já dizia: “todo geninho tem um pouquinho de bobo”. E o genial Mafaro é assim: passagens brilhantes e outras que de tão “bobinhas” são também brilhantes no contexto do disco.
Em uma das entrevistas sobre o disco, Abujamra diz algo que concordo plenamente: “existem coisas boas no que você não gosta e coisas ruins no que você gosta”. Pensando assim, ele levou participações distintas, de Marisa Orth à Luiz Caldas, para esta obra de arte cosmopolita “espaiano” alegria, imaginação, amor e humor nesse mundo. Destaque para a metaleira violenta por sobre uma mistura rítmica fuderosa que te leva do Brasil à tribos africanas, e, ainda assim, sendo cultura pop. Não sei se foi o melhor do ano, mas tenho certeza que foi o melhor pra se colocar no foninho e sair caminhando pela cidade, entre os prédios e a multidão.
Tiveram vários outros álbuns que chamaram a atenção, principalmente no que diz respeito à sofisticação da produção. Tanto Tulipa Ruiz, quanto Marcelo Jeneci, produziram lindos discos com personalidade e com a consciência do efêmero e que (devido à inspiração, sutileza e cuidado) não foram “feitos para acabar". É bom pontuar que Tulipa, enquanto ilustradora, já deixava seu traço nos shows de Ná Ozzetti e Jeneci tem parcerias com Luiz Tatit. Aliás, pra fechar este parágrafo, sublinho que a parceria de Tatit e Jeneci, "Por que Nós?" ,tem versões diferentes nos cds lançados por cada um dos dois no ano que se foi. Essa música parece traduzir um pouco tanto do significado do Grupo Rumo (na geração dos anos 80), quanto, também, o de Tulipa e Jeneci, hoje, na cultura independente brasileira: “Éramos célebres líricos/ Éramos sãos/ Lúcidos céticos/ Cínicos não/ Músicos práticos/ Só de canção/ Nada didáticos/ Nem na intenção/ Tímidos típicos/ Sem solução/ Davam-nos rótulos/ Todos em vão/ Éramos únicos/ Na geração/ Éramos nós dessa vez”... Nós, conscientes do fim sempre iminente, como canta Karina Buhr: “Em todo mundo dá cupim/ vira pó só”.
Dos discos goianos, gostei muito do bonito e melancólico Passagem do Mersault e a Máquina de Escrever, documento da “crise dos 30” e ótima produção do meu companheiro sindicalista Eduardo Kolody. O do Mechanics trouxe um dos melhores encartes – inclusive por causa do processo como aquelas cartas foram feitas pelo Lauro Roberto – que representou bem a atmosfera obscura de um disco cheio de ódio no coração. E ri muito com as gravações do Doentes do Amor, banda do Afonsin do Capim Pub: “Você não se lembra de mim porque sou underground”.
Agora, o melhor do ano foi o lançamento da Caixa Preta do Itamar Assumpção – com os 2 inéditos da trilogia Pretobrás. Itamar tá lá: a palavra precisa, o baixo encorpado, os contratempos e contrapontos, o contraste da voz grave e o agudo das backing vocals, mais o toque: “quem quer fazer boa música sabe a importância da pausa”. O suingão é tão violento que nem dá vontade de escrever uma resenha, mas, sim, de largar esse computador e ir dançar lá na sala. Parece sina de compositor “maldito” deixar discos póstumos no baú – lembro-me do Cruel do Sérgio Sampaio. Também parece sina de artista “maldito” negar esse rótulo. Ironicamente, o 2º da trilogia Pretobrás chama-se Maldito Vírgula. Bendito Nego dito!
Itamar Assumpção - "Devia ser Proibido"
A faixa título do Pretobrás III, "Devia ser Proibido", música de Itamar pra letra de Alice Ruiz, é de fazer chorar. Fico imaginando a banda, incluindo o produtor Paulo Lepetit, e Zélia Duncan, sentindo uma “saudade tão má de uma pessoa tão boa”, gravando esta, por cima da voz e do singular violão de Itamar. Na enorme lista de participações tem desde Elza Soares (chorando no fim da faixa que leva seu nome) até Ney Matogrosso, que nos anos 80 batizou um de seus discos com uma frase clássica do repertório de Itamar: “Quem não vive tem medo da morte” (frase esta que, no século XXI, ressuscitaria em uma canção dos Porcas Borboletas – presença marcante no lançamento histórico da Caixa). Itamar perseguia, mesmo no leito de morte, a sua arte rumo ao impossível. “Bonita a palavra perseguir”. Um construtor de aliterações que, mesmo vendo o fim se aproximando, mesmo sentindo “o bafo da morte no cangote”, mesmo “com medo da escuridão”, conseguia rir. O lançamento mais “vivo” do ano foi de um morto. Itamar Assumpção. Imortal Itamar.
Diego de Moraes é cantor, compositor e líder d'O Sindicato.
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Último convidado da enquete do grnews a enviar suas impressões sobre os melhores da música em 2010, Diego de Moraes encerra a pesquisa dissertando sobre o que mais escutou no ano passado. Até o dia 31 próximo, os números finais dessa conta aparecem por aqui.
Algumas impressões sobre o que ouvi no ano que se foi.
CANÇÃO
Uma canção que “bateu” forte em mim foi a "Sem destino", faixa-título do último cd do Luiz Tatit. O álbum não está entre os melhores – nem do ano, nem da discografia dele –, mas a música é fantástica e a coloco na minha lista. Não vi ninguém falar sobre esta. Parece que passou despercebida.
Luiz Tatit - "Sem Destino"
Lógico, não nasceu pra ser hit. No entanto, apesar desta canção ser uma pérola escondida, fala muito sobre as pessoas, hoje. E (por que não?) sobre o mundo da música: “Sem Destino”. “Nunca os fatos são de fato fatais”. A ausência de uma sina, de um caminho definido, parece angustiar alguns artistas, que vagam sem saber direito pra onde ir, sem um norte, sem previsão e, ainda assim, com humor e ironia diante da constatação do “puro por acaso” – não que isto seja um “mal em si”. Isso também abre caminhos, pro cara curtir tanto um "Balão" (lindo samba do Eduardo Goiaba, no disco da Gloom) ou rir e pensar com "Eu Não Sei de Nada" da Galinha Preta. O cara pode escolher Stones e Beatles, John e Paul.
SHOWS
2010 fica na minha lembrança como um ano de shows. Já no carnaval, em Pirenópolis, eu mais a Ksnirbaks batemos um grande papo com o tropicalista Lanny Gordin, que orientava: “tocar sem pensar, só sentir”. O show é bem isso. É a festa. Sentir o som. É por isso que o cd pode falir, mas o show, não. “O show vai continuar”, canto. Em Uberlândia, no “DOIDIMAI” (02 de maio) – quando fui lá tocar com o Waldi & Redson (que lançará disco em 2011) – falei pro Jards Macalé: “Poxa, cara, você disse que todos do Tropicalismo se odeiam; mas o Lanny me disse que ama todo mundo”. Jards respondeu: “O Lanny é um anjo.” E o anjo torto Macalé tocou naquele dia, a pedido de Ksnirbaks, "Soluços". Um show de arrepiar: ele lacrimeja, sente cada palavra que canta, pois sabe que “toda palavra guarda uma cilada”, como dizia o Torquato. Também me lembro com carinho de um show do Cidadão Instigado, no Studio SP, que presenciei, extasiado, Catatau e sua trupe executar com maestria a timbreira do Uhuuu!. Cada detalhe da música do Cidadão parece arquitetado, apesar de em alguns momentos existir a “aura” de improviso.
E.M.I.C.I.D.A. - Feira da Música de Fortaleza
Mestre do improviso foi o Emicida paralisando a Feira da Música de Fortaleza, em agosto – aquele show foi uma aula de hip-hop bem feito e incisivo. Nem preciso repetir que Macaco Bong e convidados, no Noise, foi um momento de catarse coletiva, inexplicável. Agora, a grande amargura de 2010, que trago no coração, foi não ter visto o show do Arrigo interpretando Lupicínio, pois toquei naquele dia – e olha que fui o primeiro cidadão do estado de Goiás a escrever sobre isso (tanto no meu blog – quando o vi em 2008 fazer o cover de “Esses Moços” em Brasília, quanto em uma revista acadêmica sobre história e música, em 2009). Ah! E teve outro, que não poderia esquecer: Milton Nascimento e Lô Borges no Rio Vermelho. É... 2010 foi um ano “show”. Preciso parar de reclamar da vida à toa, e curtir cada vez mais a festa que é o show ao redor.
DISCOS
Bom. Pra mim, é lógico, o disco mais importante de 2010 foi o Parte de Nós, esse nosso álbum de fotografias sonoras (pra gente) e cartão de visitas (pro público), que finalmente foi prensado (Jah!). E já sonhamos com o passo seguinte.
É complicado falar sobre qual foi “o” melhor, viu? Dentre os que escutei, acho que o Mafaro do André Abujamra está entre os melhores – embora não figure na maioria das listas que li por aí. Neste disco, muito bem gravado e cheio de detalhes, tem uma boa dica para os críticos: “Preste atenção nas coisas que não chamam atenção”. Mafaro é um disco em louvor à alegria: dançante e poético, épico e engraçadinho: disco, filme, show – tudo junto. André, esse cidadão do mundo, que é mais reconhecido lá fora do que aqui, define bem: “o mundo de dentro da gente é maior do que o mundo de fora da gente”. Em seu álbum anterior já dizia: “todo geninho tem um pouquinho de bobo”. E o genial Mafaro é assim: passagens brilhantes e outras que de tão “bobinhas” são também brilhantes no contexto do disco.
Em uma das entrevistas sobre o disco, Abujamra diz algo que concordo plenamente: “existem coisas boas no que você não gosta e coisas ruins no que você gosta”. Pensando assim, ele levou participações distintas, de Marisa Orth à Luiz Caldas, para esta obra de arte cosmopolita “espaiano” alegria, imaginação, amor e humor nesse mundo. Destaque para a metaleira violenta por sobre uma mistura rítmica fuderosa que te leva do Brasil à tribos africanas, e, ainda assim, sendo cultura pop. Não sei se foi o melhor do ano, mas tenho certeza que foi o melhor pra se colocar no foninho e sair caminhando pela cidade, entre os prédios e a multidão.
Tiveram vários outros álbuns que chamaram a atenção, principalmente no que diz respeito à sofisticação da produção. Tanto Tulipa Ruiz, quanto Marcelo Jeneci, produziram lindos discos com personalidade e com a consciência do efêmero e que (devido à inspiração, sutileza e cuidado) não foram “feitos para acabar". É bom pontuar que Tulipa, enquanto ilustradora, já deixava seu traço nos shows de Ná Ozzetti e Jeneci tem parcerias com Luiz Tatit. Aliás, pra fechar este parágrafo, sublinho que a parceria de Tatit e Jeneci, "Por que Nós?" ,tem versões diferentes nos cds lançados por cada um dos dois no ano que se foi. Essa música parece traduzir um pouco tanto do significado do Grupo Rumo (na geração dos anos 80), quanto, também, o de Tulipa e Jeneci, hoje, na cultura independente brasileira: “Éramos célebres líricos/ Éramos sãos/ Lúcidos céticos/ Cínicos não/ Músicos práticos/ Só de canção/ Nada didáticos/ Nem na intenção/ Tímidos típicos/ Sem solução/ Davam-nos rótulos/ Todos em vão/ Éramos únicos/ Na geração/ Éramos nós dessa vez”... Nós, conscientes do fim sempre iminente, como canta Karina Buhr: “Em todo mundo dá cupim/ vira pó só”.
Dos discos goianos, gostei muito do bonito e melancólico Passagem do Mersault e a Máquina de Escrever, documento da “crise dos 30” e ótima produção do meu companheiro sindicalista Eduardo Kolody. O do Mechanics trouxe um dos melhores encartes – inclusive por causa do processo como aquelas cartas foram feitas pelo Lauro Roberto – que representou bem a atmosfera obscura de um disco cheio de ódio no coração. E ri muito com as gravações do Doentes do Amor, banda do Afonsin do Capim Pub: “Você não se lembra de mim porque sou underground”.
Agora, o melhor do ano foi o lançamento da Caixa Preta do Itamar Assumpção – com os 2 inéditos da trilogia Pretobrás. Itamar tá lá: a palavra precisa, o baixo encorpado, os contratempos e contrapontos, o contraste da voz grave e o agudo das backing vocals, mais o toque: “quem quer fazer boa música sabe a importância da pausa”. O suingão é tão violento que nem dá vontade de escrever uma resenha, mas, sim, de largar esse computador e ir dançar lá na sala. Parece sina de compositor “maldito” deixar discos póstumos no baú – lembro-me do Cruel do Sérgio Sampaio. Também parece sina de artista “maldito” negar esse rótulo. Ironicamente, o 2º da trilogia Pretobrás chama-se Maldito Vírgula. Bendito Nego dito!
Itamar Assumpção - "Devia ser Proibido"
A faixa título do Pretobrás III, "Devia ser Proibido", música de Itamar pra letra de Alice Ruiz, é de fazer chorar. Fico imaginando a banda, incluindo o produtor Paulo Lepetit, e Zélia Duncan, sentindo uma “saudade tão má de uma pessoa tão boa”, gravando esta, por cima da voz e do singular violão de Itamar. Na enorme lista de participações tem desde Elza Soares (chorando no fim da faixa que leva seu nome) até Ney Matogrosso, que nos anos 80 batizou um de seus discos com uma frase clássica do repertório de Itamar: “Quem não vive tem medo da morte” (frase esta que, no século XXI, ressuscitaria em uma canção dos Porcas Borboletas – presença marcante no lançamento histórico da Caixa). Itamar perseguia, mesmo no leito de morte, a sua arte rumo ao impossível. “Bonita a palavra perseguir”. Um construtor de aliterações que, mesmo vendo o fim se aproximando, mesmo sentindo “o bafo da morte no cangote”, mesmo “com medo da escuridão”, conseguia rir. O lançamento mais “vivo” do ano foi de um morto. Itamar Assumpção. Imortal Itamar.
Diego de Moraes é cantor, compositor e líder d'O Sindicato.
Debaixo do tapete
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Tapetes Sírios é o blog editado pelo chapa Bruno Abdala, DJ e produtor da feira/festa Clube Recreativo do Escambo. Ele foi um dos convidados para a enquete do grnews sobre os melhores disco, música e show de 2010 (leia aqui), mas também compilou uma lista do que de melhor rolou no Tapetes Sírios no período, e deixou um link à disposição para download.
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Tapetes Sírios é o blog editado pelo chapa Bruno Abdala, DJ e produtor da feira/festa Clube Recreativo do Escambo. Ele foi um dos convidados para a enquete do grnews sobre os melhores disco, música e show de 2010 (leia aqui), mas também compilou uma lista do que de melhor rolou no Tapetes Sírios no período, e deixou um link à disposição para download.
01 - Rob Mazurek - Purple Sunrise
02 - Hallogallo - Blinkgürtel.
03 - The Eternals - I Let The Telephone Ring
04 - Chankas - Raphael
05 - Mafaro - Origem
06 - Ebo Taylor - Love and Death
07 - M. Takara 3 - Rei da Cocada
08 - Bodes & Elefantes - Saudade do Que Não Tenho
09 - Quantic presents Flowering Inferno - No Soy Del Valle
10 - Anika - sadness licks the sun
11 - Beach Fossils - Daydream
12 - Grinderman - Evil
13 - Hallogallo - Drone Schlager
Chega lá no Tapetes, dá um alô pro Abdala e baixe a peça.
The number of the beats 2010 (X)
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Desde que passou pelo Brasil em 2009 (na turnê de seu 8º disco, Bitte Orca, do single matador "Stillness is the move"), e fez um show inesquecível fechando o sábado do Goiânia Noise Festival daquele ano, que a audiência do Dirty Projectors no Planalto Central deixou de ser simplesmente a curiosidade de meia dúzia de "iniciados".
Dirty Projectors + Bjork - "No Embrace"
E depois de conquistar o Brasil, o sexteto voltou para o Brooklyn - NY e engatou, ao lado da Björk, uma sequência para Bitte Orca batizada Mount Wittenberg Orca, onde os vocais poderosos de Amber Coffman, Angel Deradoorian e Haley Dekle duelam com a cantora islandesa, deixando ao instrumental uma função meramente complementar. "No Embrace" é a faixa melhor acabada deste encontro, onde a voz de Dave Longstreth faz o contraponto monocórdico à brilhante variação das quatro vozes femininas.
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Desde que passou pelo Brasil em 2009 (na turnê de seu 8º disco, Bitte Orca, do single matador "Stillness is the move"), e fez um show inesquecível fechando o sábado do Goiânia Noise Festival daquele ano, que a audiência do Dirty Projectors no Planalto Central deixou de ser simplesmente a curiosidade de meia dúzia de "iniciados".
Dirty Projectors + Bjork - "No Embrace"
E depois de conquistar o Brasil, o sexteto voltou para o Brooklyn - NY e engatou, ao lado da Björk, uma sequência para Bitte Orca batizada Mount Wittenberg Orca, onde os vocais poderosos de Amber Coffman, Angel Deradoorian e Haley Dekle duelam com a cantora islandesa, deixando ao instrumental uma função meramente complementar. "No Embrace" é a faixa melhor acabada deste encontro, onde a voz de Dave Longstreth faz o contraponto monocórdico à brilhante variação das quatro vozes femininas.
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quarta-feira, janeiro 26, 2011
Os melhores de 2010 - listão do Scream & Yell
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Saiu a lista de melhores de 2010 do Scream & Yell, aclamada como a mais completa das listas brasileiras, já que combina os votos de parte significativa da imprensa musical com a opinião de músicos e personalidades do meio. A lista do goiânia rock news também está lá, entre os 95 votantes, e o resultado completo, voto a voto, você confere visitando o site do Marcelo Costa – organizador da lista, clicando aqui.
TOP 25 DISCOS DE 2010 – NACIONAL
01) Feito Pra Acabar, Marcelo Jeneci (Slap/Som Livre)
02) Efêmera, Tulipa Ruiz (YB)
03) Deus e o Diabo no Liquidificador, Cérebro Eletrônico (Phonobase)
04) Apanhador Só, Apanhador Só (Independente)
05) Amigo do Tempo, Mombojó (Independente)
06) Eu Menti pra Você, Karina Buhr (Independente)
07) Do Amor, Do Amor (Independente)
08) Sunga, Holger (Trama)
09) Superguidis, Superguidis (Senhor F)
10) Emicidio, Emicida (Laboratório Fantasma)
11) Calavera, Guizado (Trama)
12) Délibáb, Vitor Ramil (Núcleo Contemporâneo)
13) Escaldante Banda, Garotas Suecas (American Dust)
14) Lero-lero, Luisa Maita (Oi Música)
15) Pressuposto, Nevilton (Compacto.REC)
16) Sobre Todas e Qualquer Coisa, M.Takara 3 (Desmonta Discos)
17) Vermelho, Nina Becker (YB)
18) Aos Abutres, Lestics (Independente)
19) Música de Brinquedo, Pato Fu (Rotomusic)
20) Na Cidade, Pata de Elefante (Trama)
21) Anátema, Labirinto (Dissenso)
22) DLTH, Dead Lovers Twisted Heart (Ultra)
23) Lurdes da Luz, Lurdes da Luz (Independente)
24) The Rise And Fall Of Beeshop, Beeshop (Universal)
25) Azul, Nina Becker (YB)
TOP 25 DISCOS DE 2010 – INTERNACIONAL
01) The Suburbs, Arcade Fire (Universal)
02) High Violet, National (Lab 344)
03) Brothers, The Black Keys (Nonesuch)
04) My Beautiful Dark Twisted Fantasy, Kanye West (Def Jam)
05) This Is Happening, LCD Soundsystem (EMI)
06) II, Grinderman (Mute/AINTI)
07) Le Noise, Neil Young (Reprise)
08) Contra, Vampire Weekend (Lab 344)
09) Teen Dream, Beach House (Sub Pop)
10) The ArchAndroid, Janelle Monáe (Warner)
11) Swim, Caribou (Merge)
12) The Sea, Corinne Bailey Rae (EMI)
13) How I Got Over, The Roots (Def Jam)
14) Halcyon Digest, Deerhunter (4AD)
15) Innerspeaker, Tame Impala (Hole in the Sky)
16) Lady Killer, Cee Lo Green (Elektra/Asylum)
17) Postcards From a Young Man, Manic Street Preachers (Columbia)
18) Infinity Arms, Band of Horses (Columbia)
19) Travellers in Space and Time, Apples In Stereo (Oi Música)
20) Queen of Denmark, John Grant (Bella Union)
21) Beat The Devil’s Tattoo , Black Rebel Motorcycle Club (V2)
22) Before Today, Ariel Pink Haunted Grafitti (4AD)
23) Sir Lucious Left Foot… The Son of Chico Dusty, Big Boi (Def Jam)
24) Lonely Avenue, Ben Folds & Nick Hornby (Nonesuch)
25) I Learned the Hard Way, Sharon Jones & the Dap-Kings (Daptone)
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Saiu a lista de melhores de 2010 do Scream & Yell, aclamada como a mais completa das listas brasileiras, já que combina os votos de parte significativa da imprensa musical com a opinião de músicos e personalidades do meio. A lista do goiânia rock news também está lá, entre os 95 votantes, e o resultado completo, voto a voto, você confere visitando o site do Marcelo Costa – organizador da lista, clicando aqui.
TOP 25 DISCOS DE 2010 – NACIONAL
01) Feito Pra Acabar, Marcelo Jeneci (Slap/Som Livre)
02) Efêmera, Tulipa Ruiz (YB)
03) Deus e o Diabo no Liquidificador, Cérebro Eletrônico (Phonobase)
04) Apanhador Só, Apanhador Só (Independente)
05) Amigo do Tempo, Mombojó (Independente)
06) Eu Menti pra Você, Karina Buhr (Independente)
07) Do Amor, Do Amor (Independente)
08) Sunga, Holger (Trama)
09) Superguidis, Superguidis (Senhor F)
10) Emicidio, Emicida (Laboratório Fantasma)
11) Calavera, Guizado (Trama)
12) Délibáb, Vitor Ramil (Núcleo Contemporâneo)
13) Escaldante Banda, Garotas Suecas (American Dust)
14) Lero-lero, Luisa Maita (Oi Música)
15) Pressuposto, Nevilton (Compacto.REC)
16) Sobre Todas e Qualquer Coisa, M.Takara 3 (Desmonta Discos)
17) Vermelho, Nina Becker (YB)
18) Aos Abutres, Lestics (Independente)
19) Música de Brinquedo, Pato Fu (Rotomusic)
20) Na Cidade, Pata de Elefante (Trama)
21) Anátema, Labirinto (Dissenso)
22) DLTH, Dead Lovers Twisted Heart (Ultra)
23) Lurdes da Luz, Lurdes da Luz (Independente)
24) The Rise And Fall Of Beeshop, Beeshop (Universal)
25) Azul, Nina Becker (YB)
TOP 25 DISCOS DE 2010 – INTERNACIONAL
01) The Suburbs, Arcade Fire (Universal)
02) High Violet, National (Lab 344)
03) Brothers, The Black Keys (Nonesuch)
04) My Beautiful Dark Twisted Fantasy, Kanye West (Def Jam)
05) This Is Happening, LCD Soundsystem (EMI)
06) II, Grinderman (Mute/AINTI)
07) Le Noise, Neil Young (Reprise)
08) Contra, Vampire Weekend (Lab 344)
09) Teen Dream, Beach House (Sub Pop)
10) The ArchAndroid, Janelle Monáe (Warner)
11) Swim, Caribou (Merge)
12) The Sea, Corinne Bailey Rae (EMI)
13) How I Got Over, The Roots (Def Jam)
14) Halcyon Digest, Deerhunter (4AD)
15) Innerspeaker, Tame Impala (Hole in the Sky)
16) Lady Killer, Cee Lo Green (Elektra/Asylum)
17) Postcards From a Young Man, Manic Street Preachers (Columbia)
18) Infinity Arms, Band of Horses (Columbia)
19) Travellers in Space and Time, Apples In Stereo (Oi Música)
20) Queen of Denmark, John Grant (Bella Union)
21) Beat The Devil’s Tattoo , Black Rebel Motorcycle Club (V2)
22) Before Today, Ariel Pink Haunted Grafitti (4AD)
23) Sir Lucious Left Foot… The Son of Chico Dusty, Big Boi (Def Jam)
24) Lonely Avenue, Ben Folds & Nick Hornby (Nonesuch)
25) I Learned the Hard Way, Sharon Jones & the Dap-Kings (Daptone)
terça-feira, janeiro 25, 2011
The number of the beats 2010 (IX)
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Bad Trip Simulator #2 é, de longe, o melhor nome possível para o terceiro álbum do Satanique Samba Trio, que mesmo não sendo um trio e nem tocando samba tem a trilha sonora perfeita para qualquer viagem errada.
Satanique Samba Trio - "Cabra da Peste Negra"
E "Cabra da Peste Negra", regida pelo Munha - criador, baixista e regente do Satanique -, é a faixa mais demente e sinuosa do disco mais estranho de 2010.
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Bad Trip Simulator #2 é, de longe, o melhor nome possível para o terceiro álbum do Satanique Samba Trio, que mesmo não sendo um trio e nem tocando samba tem a trilha sonora perfeita para qualquer viagem errada.
Satanique Samba Trio - "Cabra da Peste Negra"
E "Cabra da Peste Negra", regida pelo Munha - criador, baixista e regente do Satanique -, é a faixa mais demente e sinuosa do disco mais estranho de 2010.
Compacto Noise Festival
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O Compacto, videocast da Petrobás que registra encontros de novos artistas da música brasileira, divulgou um filme feito durante a última edição do Goiânia Festival em que conversa com músicos (Diego de Moraes, Vítor Araújo, John Ulhôa, etc.) e público, e faz uma reflexão sobre um dos principais festivais brasileiros da atualidade:
13 programas, mais de 26 atrações, os quatro cantos do país reunidos para mostrar a riqueza e a diversidade da nova música brasileira. O Compacto foi além e promoveu a mistura entre diferentes vertentes musicais. O samba, o rock reinventado, o rap, a mpb, a música clássica erudita e popular, o carimbó. Todos reunidos para encarar este desafio sonoro.
Mas o Compacto pedia mais, e foi até o público para encerrar a sua primeira temporada com um evento especial: um palco dedicado ao projeto dentro do Goiânia Noise, festival patrocinado pela Petrobras e um dos mais importantes da nova música nacional . Em cena, grandes nomes que deixaram a sua marca no Compacto ao longo desta primeira etapa: John Ulhoa, do Pato Fu, Móveis Coloniais de Acaju, Macaco Bong, Vitor Araújo e Superguidis.
Outras novas apostas da música brasileira também passaram pelo palco: os goianos do Gloom e Diego Moraes e o Sindicato, os mineiros do Porcas Borboletas e os brasilienses Lucy and the Popsonics.
Aqui, um breve retrato desta grande festa de encerramento. Não fique de fora! Sinta, veja, siga e ouça Compacto!
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O Compacto, videocast da Petrobás que registra encontros de novos artistas da música brasileira, divulgou um filme feito durante a última edição do Goiânia Festival em que conversa com músicos (Diego de Moraes, Vítor Araújo, John Ulhôa, etc.) e público, e faz uma reflexão sobre um dos principais festivais brasileiros da atualidade:
13 programas, mais de 26 atrações, os quatro cantos do país reunidos para mostrar a riqueza e a diversidade da nova música brasileira. O Compacto foi além e promoveu a mistura entre diferentes vertentes musicais. O samba, o rock reinventado, o rap, a mpb, a música clássica erudita e popular, o carimbó. Todos reunidos para encarar este desafio sonoro.
Mas o Compacto pedia mais, e foi até o público para encerrar a sua primeira temporada com um evento especial: um palco dedicado ao projeto dentro do Goiânia Noise, festival patrocinado pela Petrobras e um dos mais importantes da nova música nacional . Em cena, grandes nomes que deixaram a sua marca no Compacto ao longo desta primeira etapa: John Ulhoa, do Pato Fu, Móveis Coloniais de Acaju, Macaco Bong, Vitor Araújo e Superguidis.
Outras novas apostas da música brasileira também passaram pelo palco: os goianos do Gloom e Diego Moraes e o Sindicato, os mineiros do Porcas Borboletas e os brasilienses Lucy and the Popsonics.
Aqui, um breve retrato desta grande festa de encerramento. Não fique de fora! Sinta, veja, siga e ouça Compacto!
segunda-feira, janeiro 24, 2011
The number of the beats 2010 (VIII)
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Provavelmente a canção mais urgente de 2010, "Fever Dreaming" funciona como uma espécie de resumo do No Age: direto e áspero.
No Age - "Fever Dreaming" on Late Show with David Letterman
E mesmo com o público à distância, respeitando a geografia do estúdio do programa do Letterman, essa versão ao vivo não desmente o clima sangue-nos-olhos da melhor música de Everything In Between, terceiro disco da dupla.
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Provavelmente a canção mais urgente de 2010, "Fever Dreaming" funciona como uma espécie de resumo do No Age: direto e áspero.
No Age - "Fever Dreaming" on Late Show with David Letterman
E mesmo com o público à distância, respeitando a geografia do estúdio do programa do Letterman, essa versão ao vivo não desmente o clima sangue-nos-olhos da melhor música de Everything In Between, terceiro disco da dupla.
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Os melhores de 2010 (XV)
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Chegando perto do fim é vez do penúltimo convidado da enquete do grnews, o jornalista Leonardo Dias Pereira, dizer o que de melhor aconteceu na música pop em 2010. C ya!
Em um universo dominado por cantoras insossas de voz ora demasiadamente açucarada, ora masculinizada, como é a nossa música brasileira, a aparição de Tulipa Ruiz com seu álbum Efêmera veio como em muito bom tempo. Com letras e melodias que transitam entre o lúdico e o confessional, a moça chegou na praça botando uma banca incrível. Aguardo com ansiedade o próximo disco (ou músicas) dela. "As Vezes" da própria Tulipa é minha música do ano. A lista de "25 Mais Tocadas" do meu iTunes não mente
Tulipa Ruiz - "Às Vezes"
O melhor show é aquele que vai figurar na lista de todo mundo que tem realmente apreço por música e sua história, o de Sir Paul McCartney. A emoção em vê-lo foi tanta, que, com permissão do clichê, até a sexta música do show que o próprio elegeu como um dos melhores de sua turnê em 2010, não conseguia conter as lágrimas.
Paul McCartney - "My love" (Morumbi - SP)
E pra piorar, olhava para o lado e via meu irmão Cirilo Dias se debulhando também. Aí ficava difícil, né?
Leonardo Dias Pereira é editor de conteúdo do Urbanaque e colaborador da revista Rolling Stone Brasil.
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Chegando perto do fim é vez do penúltimo convidado da enquete do grnews, o jornalista Leonardo Dias Pereira, dizer o que de melhor aconteceu na música pop em 2010. C ya!
AGORA V-A-I!
Em um universo dominado por cantoras insossas de voz ora demasiadamente açucarada, ora masculinizada, como é a nossa música brasileira, a aparição de Tulipa Ruiz com seu álbum Efêmera veio como em muito bom tempo. Com letras e melodias que transitam entre o lúdico e o confessional, a moça chegou na praça botando uma banca incrível. Aguardo com ansiedade o próximo disco (ou músicas) dela. "As Vezes" da própria Tulipa é minha música do ano. A lista de "25 Mais Tocadas" do meu iTunes não mente
Tulipa Ruiz - "Às Vezes"
O melhor show é aquele que vai figurar na lista de todo mundo que tem realmente apreço por música e sua história, o de Sir Paul McCartney. A emoção em vê-lo foi tanta, que, com permissão do clichê, até a sexta música do show que o próprio elegeu como um dos melhores de sua turnê em 2010, não conseguia conter as lágrimas.
Paul McCartney - "My love" (Morumbi - SP)
E pra piorar, olhava para o lado e via meu irmão Cirilo Dias se debulhando também. Aí ficava difícil, né?
Leonardo Dias Pereira é editor de conteúdo do Urbanaque e colaborador da revista Rolling Stone Brasil.
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sexta-feira, janeiro 21, 2011
The number of the beats 2010 (VII)
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I run along side rush hour traffic / a prayer for every car / I want the world to stop (I want the world to stop) / Give me the morning (give me the understanding)
I want the world to stop (I want the world to stop) / Give me the morning, give me the afternoon / The night, the night!!
;)
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I run along side rush hour traffic / a prayer for every car / I want the world to stop (I want the world to stop) / Give me the morning (give me the understanding)
I want the world to stop (I want the world to stop) / Give me the morning, give me the afternoon / The night, the night!!
;)
Os melhores de 2010 (XIV)
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Destoando da maioria, ao responder a enquete do grnews o jornalista Marcos Bragatto desvia o foco insistente sobre as inúmeras next big things, e redireciona as atenções para os clássicos.
Num ano intenso como o de 2010 não foi nada fácil chegar a um único nome por categoria para atender ao pedido da casa. Mas, paradoxalmente, uma vez que se chega a esses nomes, usando critérios variados e subjetivos, a escolha se reveste, aos olhos de que elaborou o processo, de uma unanimidade inquestionável. É possível olhar para uma série da bandas mais novas que se lançaram a fazer os trabalhos mais revolucionários, mas 2010 foi pautado pela intensificação da inclusão digital do chamado classic rock.
Eric Clapton -"Autumn Leaves"
Os mais experientes demoraram, mas já disputam palmo a palmo o espaço virtual com a garotada. Só que esta, cada vez mais nova e sem noção, impulsiona a coisa de gosto duvidoso que não vale nem citarmos aqui, e aquele, experimentado, saber reconhecer qualidade musical e originalidade em todas as épocas.
Por isso a escolha de disco recai sobre Clapton, de Eric Clapton. Este senhor que, nos últimos tempos, desencanou de mercados e tendências para tocar com velhos e novos amigos. Gravou recentemente discos inteiros com B.B. King, J.J. Cale e Steve Winwood, e criou um festival só para guitarristas. Nesse álbum ele revisita suas origens e toca de tudo um pouco: blues rural, dixieland, jazz, country, soul music e por aí vai. Não é um disco de riffs espetaculares que Clapton sempre criou, mas prevalece o bom gosto habitual, dessa vez somado a delicadeza e sensibilidade típicas de mestres que já passaram por tudo na vida e agora não desperdiçam um segundo com o que não importa de verdade. Mais que nunca, aqui Clapton é Deus.
Quando praticamente não há mais rádios ou singles para tocar em rádio, a escolha de música do ano se transformaria num verdadeiro trabalho de pesquisa. Só que, paradoxalmente, a musica solta e baixada de graça no mundo virtual joga o conceito de álbum por terra.
Rush - "Caravan"
Até veteranos como os caras do Rush perceberam isso e lançaram um single virtual com a pérola “Caravan”, faixa-título do álbum que está sendo gravado aos poucos para ser lançado no ano que vem. A música é um resgate completo do trio, com sonoridade retrô e ao mesmo tempo atualizada pela tecnologia. Espécie de síntese da própria trajetória do Rush, simboliza também o olhar do mundo da música para o classic rock, como foi dito ali em cima.
Curiosamente, num ano repleto de shows internacionais passando pelo Brasil, bastaram 32 dias para o melhor acontecer. Considerando que o Metallica não repete repertório a cada apresentação, e, somando os dois shows do Morumbi, nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, podemos dizer que os sortudos que estiveram lá nos dois dias viram o grupo tocar 27 músicas diferentes. E isso num set list repleto de clássicos da era de outro do thrash metal, mas, também, com as músicas de um novo álbum (Death Magnetic, de 2008) no qual a banda se reencontrou com ela própria. Qualidade de som e produção de palco impecáveis – com o maior telão já visto por essas bandas – garantiram uma noite memorável.
Metallica - "Fade to Black" ao vivo Estádio do Morumbi - SP 2010
Do lado de cá da Linha do Equador quem matou a pau foi o Mechanics – e a intenção não é agradar a chefia com um grupo local. Poucos esperavam que o grupo, ao optar pelo idioma de Camões, fosse manter a crueza de épocas passadas, muitas vezes até com mais agressividade. “12 Arcanos” é temático, sujo, grosseiro. Uma paulada na moleira estarrecedora. “Ódio” só não foi a música do ano porque é impossível tirar da cabeça a evolução de guitarra da introdução de “Não Fosse o Bom Humor”, do Superguidis. É fato que a música é chupada de uma (ou mais) do Flaming Lips, mas isso pouco importa ante à chicletada que ela te dá.
Superguidis - "Não fosse o bom humor"
Com tantos shows legais em festivais, o melhor ficou com o Autoramas, lá em Natal, no Festival Dosol. A vitória apertada – teve Black Drawing Chalks, Canastra, Cachorro Grande, Matanza, Pitty, Nevilton... – se deu por causa da redenção.
Autoramas - "Nada a ver" (Festival Dosol 2010)
O grupo, que havia se perdido no formato acústico, se reencontrou com o rock que lhe é característico num local lotado, acalorado, uma verdadeira panela de pressão. Hora certa de mandar muitos clássicos e lavar a alma de todos. Que assim continue.
Marcos Bragatto é editor do site Rock em Geral e colaborador do UOL-Música e da edição brasileira da Revista Billboard.
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Destoando da maioria, ao responder a enquete do grnews o jornalista Marcos Bragatto desvia o foco insistente sobre as inúmeras next big things, e redireciona as atenções para os clássicos.
O ano do crescimento do classic rock
Num ano intenso como o de 2010 não foi nada fácil chegar a um único nome por categoria para atender ao pedido da casa. Mas, paradoxalmente, uma vez que se chega a esses nomes, usando critérios variados e subjetivos, a escolha se reveste, aos olhos de que elaborou o processo, de uma unanimidade inquestionável. É possível olhar para uma série da bandas mais novas que se lançaram a fazer os trabalhos mais revolucionários, mas 2010 foi pautado pela intensificação da inclusão digital do chamado classic rock.
Eric Clapton -"Autumn Leaves"
Os mais experientes demoraram, mas já disputam palmo a palmo o espaço virtual com a garotada. Só que esta, cada vez mais nova e sem noção, impulsiona a coisa de gosto duvidoso que não vale nem citarmos aqui, e aquele, experimentado, saber reconhecer qualidade musical e originalidade em todas as épocas.
Por isso a escolha de disco recai sobre Clapton, de Eric Clapton. Este senhor que, nos últimos tempos, desencanou de mercados e tendências para tocar com velhos e novos amigos. Gravou recentemente discos inteiros com B.B. King, J.J. Cale e Steve Winwood, e criou um festival só para guitarristas. Nesse álbum ele revisita suas origens e toca de tudo um pouco: blues rural, dixieland, jazz, country, soul music e por aí vai. Não é um disco de riffs espetaculares que Clapton sempre criou, mas prevalece o bom gosto habitual, dessa vez somado a delicadeza e sensibilidade típicas de mestres que já passaram por tudo na vida e agora não desperdiçam um segundo com o que não importa de verdade. Mais que nunca, aqui Clapton é Deus.
Quando praticamente não há mais rádios ou singles para tocar em rádio, a escolha de música do ano se transformaria num verdadeiro trabalho de pesquisa. Só que, paradoxalmente, a musica solta e baixada de graça no mundo virtual joga o conceito de álbum por terra.
Rush - "Caravan"
Até veteranos como os caras do Rush perceberam isso e lançaram um single virtual com a pérola “Caravan”, faixa-título do álbum que está sendo gravado aos poucos para ser lançado no ano que vem. A música é um resgate completo do trio, com sonoridade retrô e ao mesmo tempo atualizada pela tecnologia. Espécie de síntese da própria trajetória do Rush, simboliza também o olhar do mundo da música para o classic rock, como foi dito ali em cima.
Curiosamente, num ano repleto de shows internacionais passando pelo Brasil, bastaram 32 dias para o melhor acontecer. Considerando que o Metallica não repete repertório a cada apresentação, e, somando os dois shows do Morumbi, nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, podemos dizer que os sortudos que estiveram lá nos dois dias viram o grupo tocar 27 músicas diferentes. E isso num set list repleto de clássicos da era de outro do thrash metal, mas, também, com as músicas de um novo álbum (Death Magnetic, de 2008) no qual a banda se reencontrou com ela própria. Qualidade de som e produção de palco impecáveis – com o maior telão já visto por essas bandas – garantiram uma noite memorável.
Metallica - "Fade to Black" ao vivo Estádio do Morumbi - SP 2010
Do lado de cá da Linha do Equador quem matou a pau foi o Mechanics – e a intenção não é agradar a chefia com um grupo local. Poucos esperavam que o grupo, ao optar pelo idioma de Camões, fosse manter a crueza de épocas passadas, muitas vezes até com mais agressividade. “12 Arcanos” é temático, sujo, grosseiro. Uma paulada na moleira estarrecedora. “Ódio” só não foi a música do ano porque é impossível tirar da cabeça a evolução de guitarra da introdução de “Não Fosse o Bom Humor”, do Superguidis. É fato que a música é chupada de uma (ou mais) do Flaming Lips, mas isso pouco importa ante à chicletada que ela te dá.
Superguidis - "Não fosse o bom humor"
Com tantos shows legais em festivais, o melhor ficou com o Autoramas, lá em Natal, no Festival Dosol. A vitória apertada – teve Black Drawing Chalks, Canastra, Cachorro Grande, Matanza, Pitty, Nevilton... – se deu por causa da redenção.
Autoramas - "Nada a ver" (Festival Dosol 2010)
O grupo, que havia se perdido no formato acústico, se reencontrou com o rock que lhe é característico num local lotado, acalorado, uma verdadeira panela de pressão. Hora certa de mandar muitos clássicos e lavar a alma de todos. Que assim continue.
Marcos Bragatto é editor do site Rock em Geral e colaborador do UOL-Música e da edição brasileira da Revista Billboard.
quinta-feira, janeiro 20, 2011
The number of the beats 2010 (VI)
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Direto do fim do lado A do melhor disco lançado em território nacional em 2010, "Rei da Cocada" é o destaque de Sobre Todas E Qualquer Coisa, o quinto álbum solo de Maurício Takara, também conhecido no mercado como baterista do Hurtmold.
Resumindo as batidas numa atmosfera que fecha um ciclo entre o primitivo e o pós-moderno, Takara ambienta sua experimentação em linguagem funk, anunciando-se num tom de bem humorada petulância: "Ainda não tenho nada/ Mas já sou rei da cocada"
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Direto do fim do lado A do melhor disco lançado em território nacional em 2010, "Rei da Cocada" é o destaque de Sobre Todas E Qualquer Coisa, o quinto álbum solo de Maurício Takara, também conhecido no mercado como baterista do Hurtmold.
Resumindo as batidas numa atmosfera que fecha um ciclo entre o primitivo e o pós-moderno, Takara ambienta sua experimentação em linguagem funk, anunciando-se num tom de bem humorada petulância: "Ainda não tenho nada/ Mas já sou rei da cocada"
quarta-feira, janeiro 19, 2011
Os melhores de 2010 (XIII)
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Seguindo rumo ao fim, quem dita sua lista de melhores do ano para a nossa enquete dos destaques musicais de 2010 é o Marcelo Costa, do Scream & Yell. Siga a linha:
"2010 foi um ano bem fraquinho em termos de lançamentos. Como dizia uma velha canção dos Picassos Falsos, “o mundo anda mal, mas sou eu que não presto”. No entanto sempre aparecem uns disquinhos para arrancar um sorriso, ou inspirar a quebrar tudo. Do lado nacional, sorrisos. Tulipa Ruiz [com Efêmera] e Cérebro Eletrônico [com Deus e o diabo no liquidificador] lançaram dois discos ótimos, que pessoalmente não sei dizer qual é o número 1 de 2010. Dois discos pop, inteligentes, gostosos de ouvir.
Tulipa Ruiz - "Brocal Dourado"
Além fronteira, divido-me entre a raiva calculada de Win Butler contra os subúrbios e a violência de Nick Cave em sua bandinha de garagem. Arcade Fire e Grinderman lançaram dois discos soberbos, daqueles que merecem serem ouvidos com calma nessa corrida desenfreada pelo novo que virou o cenário musical na era internet. Antigamente seria possível viver feliz durante meses, quiçá anos, com estes dois discos rolando no aparelho de som. Relaxe e aproveite.
Grinderman - "Evil"
No quesito melhor música, uns portugueses foram uma das mais felizes descobertas de 2010. Os Pontos Negros, de Queluz, arredores de Lisboa, lançaram um bom disco, Pequeno Almoço Continental, que traz “Amor É Só Febre”, a canção mais Strokes que Julian Casablancas tenta compor nos últimos anos – e não consegue.
Os Pontos Negros - "Amor, é Só Febre"
O Cérebro Eletrônico, novamente, emplacou uma bela balada sessentista, “Cama” enquanto Apanhador Só fez uma canção que Tom Zé aprovaria: “Não é o prédio que está caindo, são as nuvens que estão passando”, diz a ótima letra.
Paul McCartney - Yesterday (Morumbi - SP)
Por fim, no palco não teve pra ninguém. 2010 é de Sir Paul McCartney. Seja na Ilha de Wright, seja no Morumbi, Paul McCartney não fez só o grande show do ano, mas um dos momentos mais brilhantes da música pop em território nacional em muito, muito tempo. Já do lado nacional, Romulo Fróes havia feito uma apresentação irrepreensível na Casa Dissenso, mas a coroa de campeão vai para Otto, que fez do SWU sua casa, e todos os presentes companheiros de dor chamando a Betina pra jantar. Muito mais do que seis minutos de beleza. Um show inteiro para guardar na memória.
2010 foi. Que venha 2011. E que seja melhor. Será?"
Marcelo Costa é editor-chefe do Scream & Yell e editor de homes do iG, iBest e BrTurbo
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Seguindo rumo ao fim, quem dita sua lista de melhores do ano para a nossa enquete dos destaques musicais de 2010 é o Marcelo Costa, do Scream & Yell. Siga a linha:
"2010 foi um ano bem fraquinho em termos de lançamentos. Como dizia uma velha canção dos Picassos Falsos, “o mundo anda mal, mas sou eu que não presto”. No entanto sempre aparecem uns disquinhos para arrancar um sorriso, ou inspirar a quebrar tudo. Do lado nacional, sorrisos. Tulipa Ruiz [com Efêmera] e Cérebro Eletrônico [com Deus e o diabo no liquidificador] lançaram dois discos ótimos, que pessoalmente não sei dizer qual é o número 1 de 2010. Dois discos pop, inteligentes, gostosos de ouvir.
Tulipa Ruiz - "Brocal Dourado"
Além fronteira, divido-me entre a raiva calculada de Win Butler contra os subúrbios e a violência de Nick Cave em sua bandinha de garagem. Arcade Fire e Grinderman lançaram dois discos soberbos, daqueles que merecem serem ouvidos com calma nessa corrida desenfreada pelo novo que virou o cenário musical na era internet. Antigamente seria possível viver feliz durante meses, quiçá anos, com estes dois discos rolando no aparelho de som. Relaxe e aproveite.
Grinderman - "Evil"
No quesito melhor música, uns portugueses foram uma das mais felizes descobertas de 2010. Os Pontos Negros, de Queluz, arredores de Lisboa, lançaram um bom disco, Pequeno Almoço Continental, que traz “Amor É Só Febre”, a canção mais Strokes que Julian Casablancas tenta compor nos últimos anos – e não consegue.
Os Pontos Negros - "Amor, é Só Febre"
O Cérebro Eletrônico, novamente, emplacou uma bela balada sessentista, “Cama” enquanto Apanhador Só fez uma canção que Tom Zé aprovaria: “Não é o prédio que está caindo, são as nuvens que estão passando”, diz a ótima letra.
Paul McCartney - Yesterday (Morumbi - SP)
Por fim, no palco não teve pra ninguém. 2010 é de Sir Paul McCartney. Seja na Ilha de Wright, seja no Morumbi, Paul McCartney não fez só o grande show do ano, mas um dos momentos mais brilhantes da música pop em território nacional em muito, muito tempo. Já do lado nacional, Romulo Fróes havia feito uma apresentação irrepreensível na Casa Dissenso, mas a coroa de campeão vai para Otto, que fez do SWU sua casa, e todos os presentes companheiros de dor chamando a Betina pra jantar. Muito mais do que seis minutos de beleza. Um show inteiro para guardar na memória.
2010 foi. Que venha 2011. E que seja melhor. Será?"
Marcelo Costa é editor-chefe do Scream & Yell e editor de homes do iG, iBest e BrTurbo
terça-feira, janeiro 18, 2011
Grito Rock 2011 - Fazendo a América
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Expandido para 9 países (segundo o Toque no Brasil), o Grito Rock América Latina 2011 ocupa também o carnaval de mais de 100 cidades brasileiras. Em Goiás, além de Goiânia e Anápolis, o festival estendeu seus tentáculos por Anicuns, Inhumas, Mineiros, Morrinhos, Piracanjuba, Pirenópolis, Porangatu, Serranópolis e Uruaçu.
A edição Goiânia ainda têm 06 vagas para bandas e/ou artistas de outros Estados interessados em tocar na capital. O período de inscrições vai até dia 11 de fevereiro, e pode ser feito no site do Toque no Brasil.
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Expandido para 9 países (segundo o Toque no Brasil), o Grito Rock América Latina 2011 ocupa também o carnaval de mais de 100 cidades brasileiras. Em Goiás, além de Goiânia e Anápolis, o festival estendeu seus tentáculos por Anicuns, Inhumas, Mineiros, Morrinhos, Piracanjuba, Pirenópolis, Porangatu, Serranópolis e Uruaçu.
A edição Goiânia ainda têm 06 vagas para bandas e/ou artistas de outros Estados interessados em tocar na capital. O período de inscrições vai até dia 11 de fevereiro, e pode ser feito no site do Toque no Brasil.
segunda-feira, janeiro 17, 2011
The number of the beats 2010 (V)
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Pó de Ser é um dos projetos paralelos do Diego de Moraes (que estreou em disco, ao lado do Sindicato, em 2010), e apesar das aparições aperiódicas sua primeira música, discretamente divulgada no começo do ano passado, ganhou lugar de destaque no dial de quem mantém as antenas em alerta.
Pó de Ser - "De Repente"
“De Repente”, a música, desliza uma espécie elaborada de aridez psicodélica, envolvendo a letra apocalíptica (e cheia de referências ao cancioneiro nacional) numa atmosfera agreste, que oferece semelhanças com o cultuado Paêbirú, álbum que esconde um tipo raro de lisergia sertaneja, assinado pelo Zé Ramalho e pelo Lula Cortês em 1975.
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Pó de Ser é um dos projetos paralelos do Diego de Moraes (que estreou em disco, ao lado do Sindicato, em 2010), e apesar das aparições aperiódicas sua primeira música, discretamente divulgada no começo do ano passado, ganhou lugar de destaque no dial de quem mantém as antenas em alerta.
Pó de Ser - "De Repente"
“De Repente”, a música, desliza uma espécie elaborada de aridez psicodélica, envolvendo a letra apocalíptica (e cheia de referências ao cancioneiro nacional) numa atmosfera agreste, que oferece semelhanças com o cultuado Paêbirú, álbum que esconde um tipo raro de lisergia sertaneja, assinado pelo Zé Ramalho e pelo Lula Cortês em 1975.
Os melhores de 2010 (XII)
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Retomando a enquete dos melhores de 2010, hoje quem responde ao convite do grnews e decreta suas preferências é o Davi Rocha, do site da Mtv.
Escolher apenas uma música e um disco de 2010 é muito difícil, mas o melhor show do ano é fácil: Paul McCartney. Desde que nascemos ouvimos Macca e os Beatles por aí, seja em casa, na rua, na TV. Em algum lugar os Beatles começam a aparecer para todas as pessoas que indiretamente são envolvidas, pouco ou muito, com a cultura pop, independente de qual veículo de comunicação é usado para tal. Conforme vamos crescendo, vamos entendendo do que se trata o fenômeno Beatles, sua importância, qualidade e influência na música. Em toda a música.
Paul McCartney - "Live and Let Die" (São Paulo 2010)
Um dia, temos o prazer de dividir o mesmo espaço com um desses Beatles. Ao primeiro acorde, era olhar ao redor para ver muitas pessoas emocionadas, com olhos cheios de lágrimas, presenciando um dos momentos mais emocionantes de suas vidas. Era um Beatle, tocando os maiores sucessos dos Beatles. Em cerca de três horas Paul cantou, falou português, lembrou os maiores sucessos dos Beatles e dos Wings, dos Fireman.
Tudo está guardado com muito prazer nas mentes de todos: o calor das explosões de "live and let die", as cores de "Magical Mistery Tour", as fotos de George Harrison em homenagem ao Beatle, só para citar alguns momentos. Foi o show do ano, talvez da década, em que Paul McCartney me fez pensar melhor sobre a vida, a cultura pop e me fez pensar e me transformar numa pessoa melhor.
Disco do Ano
Nem só de show do Paul McCartney viveu 2010. Muitos foram os álbuns lançados em 2010 pela música nacional e internacional. Dos mais marcantes, destaco o sensacional e ousado Música de Brinquedo como o CD do ano.
Pato Fu - "Live And Let Die"
Quando soube que o Pato Fu gravaria um CD inteiro com instrumentos de brinquedo, pensei, agora eles perderam a linha, mas para minha surpresa, veio um trabalho lindo, que reinventa hits da música de maneira suave e divertida. Brinquedo bom para adultos e crianças. O melhor do ano.
Mas se tiver espaço no post, gostaria de citar os também criativos, ousados e poéticos Deus e o Diabo no Liquidificador, do Cérebro Eletrônico, e as novidades Tulipa Ruiz e Nevilton, em seus respectivos, Efêmera e Pressuposto.
Música do Ano
Não há Arcade Fire, Kanye West ou The Drums que tenham feito música melhor que a nascida hit "Papapa", do Mombojó, a mais grudenta, poética, empolgante e ensolarada canção do ano(e cheia de adjetivos também).
"Papapa" - Mombojó
Davi Rocha é social media do Portal MTV, escreve sobre música no Rock 'n' Beats, e sobre cultura pop e variedades no highpop.
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Retomando a enquete dos melhores de 2010, hoje quem responde ao convite do grnews e decreta suas preferências é o Davi Rocha, do site da Mtv.
O dia em que Paul McCartney me transformou
numa pessoa melhor (mais CD e música de 2010)
numa pessoa melhor (mais CD e música de 2010)
Escolher apenas uma música e um disco de 2010 é muito difícil, mas o melhor show do ano é fácil: Paul McCartney. Desde que nascemos ouvimos Macca e os Beatles por aí, seja em casa, na rua, na TV. Em algum lugar os Beatles começam a aparecer para todas as pessoas que indiretamente são envolvidas, pouco ou muito, com a cultura pop, independente de qual veículo de comunicação é usado para tal. Conforme vamos crescendo, vamos entendendo do que se trata o fenômeno Beatles, sua importância, qualidade e influência na música. Em toda a música.
Paul McCartney - "Live and Let Die" (São Paulo 2010)
Um dia, temos o prazer de dividir o mesmo espaço com um desses Beatles. Ao primeiro acorde, era olhar ao redor para ver muitas pessoas emocionadas, com olhos cheios de lágrimas, presenciando um dos momentos mais emocionantes de suas vidas. Era um Beatle, tocando os maiores sucessos dos Beatles. Em cerca de três horas Paul cantou, falou português, lembrou os maiores sucessos dos Beatles e dos Wings, dos Fireman.
Tudo está guardado com muito prazer nas mentes de todos: o calor das explosões de "live and let die", as cores de "Magical Mistery Tour", as fotos de George Harrison em homenagem ao Beatle, só para citar alguns momentos. Foi o show do ano, talvez da década, em que Paul McCartney me fez pensar melhor sobre a vida, a cultura pop e me fez pensar e me transformar numa pessoa melhor.
Disco do Ano
Nem só de show do Paul McCartney viveu 2010. Muitos foram os álbuns lançados em 2010 pela música nacional e internacional. Dos mais marcantes, destaco o sensacional e ousado Música de Brinquedo como o CD do ano.
Pato Fu - "Live And Let Die"
Quando soube que o Pato Fu gravaria um CD inteiro com instrumentos de brinquedo, pensei, agora eles perderam a linha, mas para minha surpresa, veio um trabalho lindo, que reinventa hits da música de maneira suave e divertida. Brinquedo bom para adultos e crianças. O melhor do ano.
Mas se tiver espaço no post, gostaria de citar os também criativos, ousados e poéticos Deus e o Diabo no Liquidificador, do Cérebro Eletrônico, e as novidades Tulipa Ruiz e Nevilton, em seus respectivos, Efêmera e Pressuposto.
Música do Ano
Não há Arcade Fire, Kanye West ou The Drums que tenham feito música melhor que a nascida hit "Papapa", do Mombojó, a mais grudenta, poética, empolgante e ensolarada canção do ano(e cheia de adjetivos também).
"Papapa" - Mombojó
Davi Rocha é social media do Portal MTV, escreve sobre música no Rock 'n' Beats, e sobre cultura pop e variedades no highpop.
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