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Via.
segunda-feira, maio 31, 2010
sexta-feira, maio 28, 2010
O Futuro do Pretérito (IV)
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Nos últimos anos a terceira idade do rock goiano viveu momentos de intenso saudosismo, com as ressurreições (ainda que temporárias) de bandas que ajudaram a escrever a versão anos 90 do pop local.
Primeiro foi o Mandatory Suicide, que interrompeu dez anos de um taciturno falecimento e voltou à vida somente para fechar a primeira noite do Bananada 2008, diante da aclamação comovida de um teatro lotado; no ano passado o resgate foi da Punch (que emigrou para os EUA ainda no fim dos anos 90 e lá se esfacelou, depois de uma equivocada guinada estética tipo-exportação), que lotou o mesmo teatro e cutucou as lembranças da turma que já passou dos 30; e por último, mas não menos importante, o recente retorno do Vícios da Era, que também encheu a cúpula de concreto do teatro Yguá para celebrar o melhor da memória em construção da música jovem made in Goiânia. É claro que essa nostalgia é só um acessório para as mostras da nova música em movimento, mas lança sementes que podem, ou não, germinar.
Já registrei, na lauda que escrevi aqui sobre o Bananada 2010, que a apresentação extemporânea do Vícios da Era deve render frutos, já que o próprio Smooth (guitarrista/vocalista que finalmente resolveu arriscar vocais menos adocicados), me garantiu que a repercussão antes, durante e depois do show encheu a banda de ânimo para uma volta descompromissada à atividade, o que é uma grande notícia.
"Lembranças do Paraíso" - Vícios da Era
E ontem no fim da tarde, em um papo rápido pelo MSN, o vocalista Íkaro Stafford revelou que em poucas semanas retorna em definitivo ao Brasil, e já (quase) anunciou um show da Punch para a edição 2010 da Tatto Rock Fest, que acontece no começo de julho.
"My Freedom" - Punch
Desse modo, caso se concretizem os dois retornos, o Bananada e o Goiânia Noise ganham mais um laurel (e dessa vez o prêmio é muito mais que um simples troféu para exibir nas reuniões da Abrafin e constar nos releases de imprensa), conferido aos maiores festivais da cidade por assumirem a nobre função de janela para o passado, facultando passagens para a realidade presente e, quem sabe, até para um futuro promissor.
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Nos últimos anos a terceira idade do rock goiano viveu momentos de intenso saudosismo, com as ressurreições (ainda que temporárias) de bandas que ajudaram a escrever a versão anos 90 do pop local.
Primeiro foi o Mandatory Suicide, que interrompeu dez anos de um taciturno falecimento e voltou à vida somente para fechar a primeira noite do Bananada 2008, diante da aclamação comovida de um teatro lotado; no ano passado o resgate foi da Punch (que emigrou para os EUA ainda no fim dos anos 90 e lá se esfacelou, depois de uma equivocada guinada estética tipo-exportação), que lotou o mesmo teatro e cutucou as lembranças da turma que já passou dos 30; e por último, mas não menos importante, o recente retorno do Vícios da Era, que também encheu a cúpula de concreto do teatro Yguá para celebrar o melhor da memória em construção da música jovem made in Goiânia. É claro que essa nostalgia é só um acessório para as mostras da nova música em movimento, mas lança sementes que podem, ou não, germinar.
Já registrei, na lauda que escrevi aqui sobre o Bananada 2010, que a apresentação extemporânea do Vícios da Era deve render frutos, já que o próprio Smooth (guitarrista/vocalista que finalmente resolveu arriscar vocais menos adocicados), me garantiu que a repercussão antes, durante e depois do show encheu a banda de ânimo para uma volta descompromissada à atividade, o que é uma grande notícia.
"Lembranças do Paraíso" - Vícios da Era
E ontem no fim da tarde, em um papo rápido pelo MSN, o vocalista Íkaro Stafford revelou que em poucas semanas retorna em definitivo ao Brasil, e já (quase) anunciou um show da Punch para a edição 2010 da Tatto Rock Fest, que acontece no começo de julho.
"My Freedom" - Punch
Desse modo, caso se concretizem os dois retornos, o Bananada e o Goiânia Noise ganham mais um laurel (e dessa vez o prêmio é muito mais que um simples troféu para exibir nas reuniões da Abrafin e constar nos releases de imprensa), conferido aos maiores festivais da cidade por assumirem a nobre função de janela para o passado, facultando passagens para a realidade presente e, quem sabe, até para um futuro promissor.
quinta-feira, maio 27, 2010
Uma Noite no Museu
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De que o Ozzy não bate bem a Mtv já produziu provas incontestáveis, mas alçar molecagem quarta-série-style à categoria de ação de marketing de divulgação de seu mais novo disco, Scream, só pode ser fruto de alguns Quaaludes inseridos ilegalmente no receituário médico do cantor.
Ou da mente brilhante da Sharon... vai saber.
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De que o Ozzy não bate bem a Mtv já produziu provas incontestáveis, mas alçar molecagem quarta-série-style à categoria de ação de marketing de divulgação de seu mais novo disco, Scream, só pode ser fruto de alguns Quaaludes inseridos ilegalmente no receituário médico do cantor.
Ou da mente brilhante da Sharon... vai saber.
O Fim Está Próximo
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Feliz proprietário de uma das melhores discografias do underground brasileiro, foi num e-mail discreto, disparado pela assessoria de imprensa da banda, que o Wry anunciou seu show de despedida. Com a formação original reunida, o quarteto celebra o fim (suavizado com o papo de “dar um tempo, com volta indeterminada”) em sua cidade natal, Sorocaba, revisitando os 16 anos de carreira, divididos entre Brasil e Inglaterra.
A justificativa, que empresta ares definitivos à “pausa”, quem dá é o guitarrista/vocalista Mário Bross:
Para dar esse tempo com volta indeterminada, tivemos vários motivos:
O primeiro deles é o sucesso que o Asteroid - bar que eu e o Lu Marcello
abrimos em Sorocaba, junto com o Jon e William da equipe do Wry. Segundo, é fato de que o Wry possui um estrutura grande de palco nos shows, então talvez precisássemos ser mais conhecidos ou ter mais dinheiro para poder realizar turnês como sempre fizemos e continuar.
Com dois álbuns, gravados em Londres, na gaveta (The Long-term Memory of an Experience e National Indie Hits – esse último um tributo ao independente brasileiro, com covers de Mqn e Killing Chainsaw, entre outros), a título de consolação para o seleto grupo de admiradores, o Wry garante o lançamento virtual dos dois discos, a despeito de sua anunciada aposentadoria:
Dia 24 de junho de 2010, 16 anos exatos após o primeiro show do Wry,
serão disponibilizados, para download gratuito, em local ainda a definir, os álbuns The Long-term Memory of an Experience e o National Indie Hits, além de bootlegs ao vivo e remixes. Fiquem ligados.
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Feliz proprietário de uma das melhores discografias do underground brasileiro, foi num e-mail discreto, disparado pela assessoria de imprensa da banda, que o Wry anunciou seu show de despedida. Com a formação original reunida, o quarteto celebra o fim (suavizado com o papo de “dar um tempo, com volta indeterminada”) em sua cidade natal, Sorocaba, revisitando os 16 anos de carreira, divididos entre Brasil e Inglaterra.
A justificativa, que empresta ares definitivos à “pausa”, quem dá é o guitarrista/vocalista Mário Bross:
Para dar esse tempo com volta indeterminada, tivemos vários motivos:
O primeiro deles é o sucesso que o Asteroid - bar que eu e o Lu Marcello
abrimos em Sorocaba, junto com o Jon e William da equipe do Wry. Segundo, é fato de que o Wry possui um estrutura grande de palco nos shows, então talvez precisássemos ser mais conhecidos ou ter mais dinheiro para poder realizar turnês como sempre fizemos e continuar.
Com dois álbuns, gravados em Londres, na gaveta (The Long-term Memory of an Experience e National Indie Hits – esse último um tributo ao independente brasileiro, com covers de Mqn e Killing Chainsaw, entre outros), a título de consolação para o seleto grupo de admiradores, o Wry garante o lançamento virtual dos dois discos, a despeito de sua anunciada aposentadoria:
Dia 24 de junho de 2010, 16 anos exatos após o primeiro show do Wry,
serão disponibilizados, para download gratuito, em local ainda a definir, os álbuns The Long-term Memory of an Experience e o National Indie Hits, além de bootlegs ao vivo e remixes. Fiquem ligados.
quarta-feira, maio 26, 2010
Obrigado Por Fumar
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... mas nada choca mais que o vídeo que atravessou o twitter hoje, com imagens de um moleque indonésio de dois anos fumando um cigarro como se fosse um tiozão de... 30?
Tenso!
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... mas nada choca mais que o vídeo que atravessou o twitter hoje, com imagens de um moleque indonésio de dois anos fumando um cigarro como se fosse um tiozão de... 30?
Tenso!
Sado Pop
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Alguém avisa pra M.I.A. que, polêmica por polêmica, o vídeo novo do Devendra Banhart choca de um jeito bem menos antipático, ainda que muito mais repugnante:
E, detalhe, a musiquinha que acompanha a depravação é até boa (ao contrário de "Born Free").
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Alguém avisa pra M.I.A. que, polêmica por polêmica, o vídeo novo do Devendra Banhart choca de um jeito bem menos antipático, ainda que muito mais repugnante:
E, detalhe, a musiquinha que acompanha a depravação é até boa (ao contrário de "Born Free").
terça-feira, maio 25, 2010
Missão Cumprida
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A décima segunda edição do festival Bananada, rei absoluto no calendário cultural de quem descarta a tradicional Exposição Agropecuária como opção de entretenimento digno, se antecipou ao fim de semana, chegou em plena quarta feira e ainda escorregou, dividido em dois, para a quinta, se rendendo ao costume somente na sexta feira, quando finalmente ocupou os teatros do Centro Cultural Martim Cererê.
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A décima segunda edição do festival Bananada, rei absoluto no calendário cultural de quem descarta a tradicional Exposição Agropecuária como opção de entretenimento digno, se antecipou ao fim de semana, chegou em plena quarta feira e ainda escorregou, dividido em dois, para a quinta, se rendendo ao costume somente na sexta feira, quando finalmente ocupou os teatros do Centro Cultural Martim Cererê.
Visão geral do público - Teatro Pyguá
Extraordinariamente desfalcado pela anfitriã Mqn (já que seu vocalista e fundador do Bananada, Fabrício Nobre, perambula por festivais europeus), foi o sábado quem reservou os melhores momentos de uma festa que se pretende uma espécie de altar para os milagres dos santos-de-casa.
E a despeito do deslumbre barulhento da nova geração do rock goiano, nascida sob o signo onipotente da distorção gratuita, quem melhor representou a santidade pop da terrinha foi mesmo, como vaticinado anteriormente aqui nesta mesma tela, um revivido Vícios da Era, que a despeito da longa inatividade não teve dificuldades em tirar o pó de algumas das melhores canções de sua curta discografia, ao mesmo tempo se apresentando aos novatos e afagando a memória da ala "geriátrica" do rock local.
Depois do show, num bate-papo engatado entre pedaços de pizza, Smooth (guitarrista/vocalista do Vícios) confessou aos convivas que a banda havia gostado tanto de ocupar um palco novamente, e que a interação com o público havia sido tão positiva, que a apresentação temporã no Bananada pode ter detonado uma volta do grupo aos palcos, ainda que de forma tímida (e caso se confirme a promessa, a missão 2010 do festival foi cumprida com louvores).
Já a visita mais agradável foi a dos acreanos do Caldo de Piaba, que engrossam o coro de um suposto renascimento do instrumental brasileiro, tão desprendido da formalidade dos conservatórios quanto da ortodoxia rançosa do rock. Equilibrando-se perigosamente entre o “bom-gosto” universal e o popularesco regional, é a guitarra apimentada de Eduardo Saulinho que dá o sabor especial à mistura, forçando melodias até um limite que mãos menos habilidosas conduziriam facilmente à vulgaridade.
E como o horário mais nobre da noite estava reservado para o headliner local Black Drawing Chalks (que goza de muito mais prestígio que seu rock prosaico merece, de fato) não vi problema em ceder minha vaga no teatro lotado a quem se julgava mais merecedor do espetáculo.
E já me despedindo, refleti cá com meus botões que entre os exagerados entusiastas do BDC deve habitar o mesmo tipo de criatura que incrivelmente suportou uma apresentação inteira do Some Community sem nenhuma reclamação.
Extraordinariamente desfalcado pela anfitriã Mqn (já que seu vocalista e fundador do Bananada, Fabrício Nobre, perambula por festivais europeus), foi o sábado quem reservou os melhores momentos de uma festa que se pretende uma espécie de altar para os milagres dos santos-de-casa.
E a despeito do deslumbre barulhento da nova geração do rock goiano, nascida sob o signo onipotente da distorção gratuita, quem melhor representou a santidade pop da terrinha foi mesmo, como vaticinado anteriormente aqui nesta mesma tela, um revivido Vícios da Era, que a despeito da longa inatividade não teve dificuldades em tirar o pó de algumas das melhores canções de sua curta discografia, ao mesmo tempo se apresentando aos novatos e afagando a memória da ala "geriátrica" do rock local.
Depois do show, num bate-papo engatado entre pedaços de pizza, Smooth (guitarrista/vocalista do Vícios) confessou aos convivas que a banda havia gostado tanto de ocupar um palco novamente, e que a interação com o público havia sido tão positiva, que a apresentação temporã no Bananada pode ter detonado uma volta do grupo aos palcos, ainda que de forma tímida (e caso se confirme a promessa, a missão 2010 do festival foi cumprida com louvores).
Já a visita mais agradável foi a dos acreanos do Caldo de Piaba, que engrossam o coro de um suposto renascimento do instrumental brasileiro, tão desprendido da formalidade dos conservatórios quanto da ortodoxia rançosa do rock. Equilibrando-se perigosamente entre o “bom-gosto” universal e o popularesco regional, é a guitarra apimentada de Eduardo Saulinho que dá o sabor especial à mistura, forçando melodias até um limite que mãos menos habilidosas conduziriam facilmente à vulgaridade.
E como o horário mais nobre da noite estava reservado para o headliner local Black Drawing Chalks (que goza de muito mais prestígio que seu rock prosaico merece, de fato) não vi problema em ceder minha vaga no teatro lotado a quem se julgava mais merecedor do espetáculo.
E já me despedindo, refleti cá com meus botões que entre os exagerados entusiastas do BDC deve habitar o mesmo tipo de criatura que incrivelmente suportou uma apresentação inteira do Some Community sem nenhuma reclamação.
sexta-feira, maio 21, 2010
Voodoo Copa
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Uma alfinetada com a melhor das intenções...
Encomenda lá.
P.S.: Já jogou Pac Man na home do Google hoje?
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Uma alfinetada com a melhor das intenções...
Encomenda lá.
P.S.: Já jogou Pac Man na home do Google hoje?
quinta-feira, maio 20, 2010
Zeros À Direita
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Não é de hoje que o Kiss é uma dollar machine com guitarras, mantendo uma saudável proporção entre a dramaticidade exagerada de suas performances e um saldo bancário que acumula um número indecente de zeros à direita.
E como quem prevalece é quem melhor e mais rápido se adapta a novas situações, o grupo que há décadas acumula verdinhas aos milhões (com bibelôs, bonecos, chaveiros, caixões (!), e até com música) não foi surpreendido pela ruína da indústria fonográfica, e adequou seu modus operandi comercial à nova realidade:
É claro que depois que o conteúdo liberado pelo pen-drive sobe pra web (o que fatalmente ocorre), a gravação "exclusiva" perde um pouco do charme, mas o drivezinho personalizado facilmente vira item de colecionador nas mãos da paixão obsessiva que costumam cultivar, com orgulho, a maioria dos fãs do Kiss.
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Não é de hoje que o Kiss é uma dollar machine com guitarras, mantendo uma saudável proporção entre a dramaticidade exagerada de suas performances e um saldo bancário que acumula um número indecente de zeros à direita.
E como quem prevalece é quem melhor e mais rápido se adapta a novas situações, o grupo que há décadas acumula verdinhas aos milhões (com bibelôs, bonecos, chaveiros, caixões (!), e até com música) não foi surpreendido pela ruína da indústria fonográfica, e adequou seu modus operandi comercial à nova realidade:
É claro que depois que o conteúdo liberado pelo pen-drive sobe pra web (o que fatalmente ocorre), a gravação "exclusiva" perde um pouco do charme, mas o drivezinho personalizado facilmente vira item de colecionador nas mãos da paixão obsessiva que costumam cultivar, com orgulho, a maioria dos fãs do Kiss.
quarta-feira, maio 19, 2010
Um Dia Tudo Isso Vai Fazer Sentido!
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Na semana em que a pauta dos cadernos culturais dos principais jornais do País girou seu foco para o indie nacional, numa discussão acalorada (que vai da invídia ao ciúme, de ambos os lados, com incursões arrogantes pela autopromoção) sobre a autonomia de seus festivais sem o patrocínio estatal que anabolizou o circuito, o pessoal do Loaded E-Zine cometeu a irresponsabilidade de levar ao ar, na edição 234 do podcast mais prestigiado do independente brasileiro, um bate-papo por telefone onde eu dou uns pitacos sobre o Bananada, festival que começa hoje, logo mais à noite.
E foi lá que, perguntado pelos chapas Alexandre Moreira e Valter Resende – os loaders, gastei uns minutos do interurbano para bazofiar sobre a maior "novidade" desse Bananada, um grupo que nasceu há mais de 20 anos.
Curioso? Just Push Play (ou vá direto à fonte)!
Mas além do entrevistado suspeito, o Loaded Especial Bananada 2010 também desfila uma dúzia de bandas que farão parte do line-up do festival, enumerando como atração até o Burro Morto (até então o mais nobre nome da lista desse ano), que infelizmente foi desconfirmado de última hora.
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Na semana em que a pauta dos cadernos culturais dos principais jornais do País girou seu foco para o indie nacional, numa discussão acalorada (que vai da invídia ao ciúme, de ambos os lados, com incursões arrogantes pela autopromoção) sobre a autonomia de seus festivais sem o patrocínio estatal que anabolizou o circuito, o pessoal do Loaded E-Zine cometeu a irresponsabilidade de levar ao ar, na edição 234 do podcast mais prestigiado do independente brasileiro, um bate-papo por telefone onde eu dou uns pitacos sobre o Bananada, festival que começa hoje, logo mais à noite.
E foi lá que, perguntado pelos chapas Alexandre Moreira e Valter Resende – os loaders, gastei uns minutos do interurbano para bazofiar sobre a maior "novidade" desse Bananada, um grupo que nasceu há mais de 20 anos.
Curioso? Just Push Play (ou vá direto à fonte)!
Mas além do entrevistado suspeito, o Loaded Especial Bananada 2010 também desfila uma dúzia de bandas que farão parte do line-up do festival, enumerando como atração até o Burro Morto (até então o mais nobre nome da lista desse ano), que infelizmente foi desconfirmado de última hora.
terça-feira, maio 18, 2010
"68 Ainda Vive... Eu Prefiro 69"
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Como escrevi aqui nesta mesma tela há alguns dias, a última edição da revista +Soma traz uma matéria minha sobre o Diego de Moraes, e agora que o periódico já saiu e percorre as mãos de distintos leitores em todo o Brasil, reproduzo a íntegra do texto também para a ilustre audiência do goiânia rock news. Siga a letra:
Pelos versos de Camões
Pelo traço de Robert Crumb
Pra quem já leu Grandes Sertões
Pra Bob Marley e pra quem quer que fume
Pelas barbas do profeta
Cada um que trace sua meta
“Pelas Barbas” – Diego de Moraes
Em 2007 lança Reticências..., o EP-prêmio, primeiro registro com guitarra, baixo e bateria, que escancara a provocação, ironizando a preferência do rock local pelo idioma dos Beatles:
Vou começar pedindo desculpa / Peço desculpa, não é sua culpa /
Sei que não é a preferência de vocês / Estou aqui com a minha deficiência outra vez / Mas infelizmente eu ainda não sei falar inglês/ I don’t know / Então o jeito vai ser cantar assim mesmo em português / Sim senhor!
De lá pra cá Diego de Moraes foi reclassificado, e vestido de neotropicalista percorreu o circuito de festivais independentes, ganhando lastro fora de casa com apresentações cuja intensidade e franqueza cênica parecem ter a mesma importância do repertório.
Sentado à mesa do boteco, atrás de um copo de cerveja pela metade, sua fala parece custar a acompanhar seu raciocínio, que dando voltas atávicas na própria biografia revela uma personalidade bem mais complexa do que sua figura franzina sugere. Quando pergunto qual a importância da política em sua obra, Diego mistura Maiakovski com Roberto Campos para explicar que “Sem forma revolucionária não há arte revolucionária.”, e em seguida ironizar até as próprias convicções, citando o economista conservador: “O esquerdista é um capitalista canhoto”!
Mas apesar da autoironia que disfarça a homilia esquerdista com um véu de sarcasmo, nesse terreno arenoso Diego escapou por pouco ao clichê. No começo de sua carreira não era difícil enxergar certa carga ideológica, traduzida em lembretes insistentes de sua condição de proletário (nessa época, o músico amargava oito horas diárias num call center), e de que antes de ser aclamado como revelação local, não tinha dinheiro sequer para pagar os ingressos dos festivais que logo passaria a freqüentar como atração, em horário nobre.
Porém, aparentemente ainda envolvido pelo mesmo ideário, Diego soube resistir ao discurso pronto e às palavras de ordem, substituindo slogans vencidos por uma visão tão desconfiada quanto crítica, desprezando sectarismos e renovando suas convicções políticas num filtro tão cáustico quanto incomodado.
Também pudera. Depois de se associar ao que, em Goiânia, foi batizado de hard-rock-setor-Bueno (em referência à enormidade de bandas de rock nas regiões mais nobres da capital), um novo horizonte se abriu e aparentemente convenceu o rapaz de que as coisas nunca haviam sido tão pretas ou brancas: a predominância de tons de cinza provou que, pelo menos na música, seu talento valia muito mais que seu salário.
E ao descobrir que seu ímpeto artístico ultrapassava a parceria com O Sindicato, estabelecida logo depois do festival Tacabocanocd, Diego desdobrou-se em uma série de projetos paralelos, cuja única semelhança era sua declarada efemeridade: regeu a meteórica carreira do Filhos de Maria, enfrentou narizes torcidos como metade da dupla caipira Waldi & Redson, e agora (ou pelo menos até o fechamento da edição) desliza uma espécie de psicodelia agreste com o Pó de Ser, endereçando alusões abstratas ao clássico Paebirú, de Zé Ramalho e Lula Cortês.
Mas a despeito das atividades “extracurriculares”, Diego nunca se desviou do foco. E hoje, depois de pedir mais uma cerveja ao garçom, segue falando de seu primeiro disco com a sofreguidão de quem aguarda, de charuto na mão, notícias do nascimento de um filho. Já admite certa inclinação folk (ainda que a diluição dos elementos não permita uma identificação tão objetiva), e aproveita a deixa para estabelecer conexões entre o blues, o folk e o country norte-americanos e a tradição sertaneja brasileira, manifestada nos ritmos nordestinos e nas modas de viola: “Imagina que loucura se o Tião Carreiro se encontrasse com o Johnny Cash, cara!”.
Ao mesmo tempo, se distancia da estética punk óbvia, relegando essa função à postura e ao discurso: em “Animal”, que conta com participação do tecladista Astronauta Pinguim, chega a citar textualmente “I Wanna Be Your Dog”, dos Stooges.
E apesar de tudo, Diego e Gabiras também recusam o selo “MPB”, descartando a chancela em nome da liberdade estilística, e para manter uma distância segura de uma turma que parece perdida no tempo:
O lance é que o pessoal da mpb em Goiânia quer fazer... mpb. Mas isso aí acaba soando como o pior disco do Ivan Lins nos anos 80. Pegam os piores timbres, tentam fazer uma coisa altamente formalizada... e nunca dá certo! (risos)
E enquanto ouve que parte do público insiste em associá-lo a Raul Seixas, e a imprensa persevera em lhe atribuir influências tropicalistas, Diego de Moraes seca o último gole de cerveja no copo americano antes de cravar, encerrando o papo:
Dá pra dizer que as minhas fontes de inspiração de hoje, são
Walter Franco, The Who e Bob Dylan. Mas como diz uma música
do disco: Eu me enganei quando pensei que eu era eu / Eu sou parte de nós!
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Como escrevi aqui nesta mesma tela há alguns dias, a última edição da revista +Soma traz uma matéria minha sobre o Diego de Moraes, e agora que o periódico já saiu e percorre as mãos de distintos leitores em todo o Brasil, reproduzo a íntegra do texto também para a ilustre audiência do goiânia rock news. Siga a letra:
Diego de Moraes
"Anjo Exterminado"
"Anjo Exterminado"
Pelos versos de Camões
Pelo traço de Robert Crumb
Pra quem já leu Grandes Sertões
Pra Bob Marley e pra quem quer que fume
Pelas barbas do profeta
Cada um que trace sua meta
“Pelas Barbas” – Diego de Moraes
Prestes a lançar seu primeiro disco, Parte de Nós,
Diego de Moraes ainda atropela as palavras para
dissertar sobre sua curta carreira, num discurso tão
urgente quanto articulado. A seu lado, numa das mesas
do bar recentemente adotado pela nova boemia cultural
de Goiânia, está Gabiras, percussionista d’O Sindicato –
sua banda de apoio, que pontua a verborragia frenética do
colega com fôlegos explicativos que escapam calmamente
entre bafejos de fumaça e goles de cerveja.
Diego de Moraes ainda atropela as palavras para
dissertar sobre sua curta carreira, num discurso tão
urgente quanto articulado. A seu lado, numa das mesas
do bar recentemente adotado pela nova boemia cultural
de Goiânia, está Gabiras, percussionista d’O Sindicato –
sua banda de apoio, que pontua a verborragia frenética do
colega com fôlegos explicativos que escapam calmamente
entre bafejos de fumaça e goles de cerveja.
Diego de Moraes nasceu em Cuiabá, mas a cidade que acolheu as primeiras manifestações de sua inquietude musical foi Senador Canedo, distante cerca de 20 km da capital de Goiás. Começou tocando bateria em bandas de orientação punk-rock, cujos nomes – The Cretinos e Leigos, já sugeriam os rudimentos da futura mordacidade lírica. Depois de cumprir os protocolos de principiante (o que, é claro, incluiu covers de Nirvana e Ramones), Diego descobriu que sua ambição artística ia muito além, e decidiu assumi-la sozinho e em cadência nacional.
Os primeiros shows em Goiânia foram acompanhados tão somente por um violão e, vez ou outra, pela irmã (então com 13 anos) na bateria. E foi assim, numa espécie de versão cínica, acústica e bronzeada do White Stripes, que Diego chamou a atenção da cidade para sua música aflita, ao mesmo tempo conectada à iconoclastia pré-punk dos Stooges e à tradição torta dos gênios malditos da mpb: sem guitarra nem distorção, em 2006 Diego vence o Tacabocanocd, festival competitivo majoritariamente de rock, e leva como prêmio a gravação de seu primeiro EP.
Ainda em 2006 foi destaque em festivais de música popular, estabelecendo uma tímida e ainda involuntária ponte entre dois mundos vizinhos, mas praticamente isolados um do outro. Nesse ínterim, talvez vítima da simplificação preguiçosa que enxerga folk em qualquer violão metido no rock, parte da imprensa se apressou em atribuir a etiqueta às canções do então bardo punk, o que rendeu uma resposta tão lacônica e precisa quanto haviam sido rasas as primeiras análises de sua música: “Não é folk, é fuck you!”
Os primeiros shows em Goiânia foram acompanhados tão somente por um violão e, vez ou outra, pela irmã (então com 13 anos) na bateria. E foi assim, numa espécie de versão cínica, acústica e bronzeada do White Stripes, que Diego chamou a atenção da cidade para sua música aflita, ao mesmo tempo conectada à iconoclastia pré-punk dos Stooges e à tradição torta dos gênios malditos da mpb: sem guitarra nem distorção, em 2006 Diego vence o Tacabocanocd, festival competitivo majoritariamente de rock, e leva como prêmio a gravação de seu primeiro EP.
Ainda em 2006 foi destaque em festivais de música popular, estabelecendo uma tímida e ainda involuntária ponte entre dois mundos vizinhos, mas praticamente isolados um do outro. Nesse ínterim, talvez vítima da simplificação preguiçosa que enxerga folk em qualquer violão metido no rock, parte da imprensa se apressou em atribuir a etiqueta às canções do então bardo punk, o que rendeu uma resposta tão lacônica e precisa quanto haviam sido rasas as primeiras análises de sua música: “Não é folk, é fuck you!”
Em 2007 lança Reticências..., o EP-prêmio, primeiro registro com guitarra, baixo e bateria, que escancara a provocação, ironizando a preferência do rock local pelo idioma dos Beatles:
Vou começar pedindo desculpa / Peço desculpa, não é sua culpa /
Sei que não é a preferência de vocês / Estou aqui com a minha deficiência outra vez / Mas infelizmente eu ainda não sei falar inglês/ I don’t know / Então o jeito vai ser cantar assim mesmo em português / Sim senhor!
De lá pra cá Diego de Moraes foi reclassificado, e vestido de neotropicalista percorreu o circuito de festivais independentes, ganhando lastro fora de casa com apresentações cuja intensidade e franqueza cênica parecem ter a mesma importância do repertório.
Sentado à mesa do boteco, atrás de um copo de cerveja pela metade, sua fala parece custar a acompanhar seu raciocínio, que dando voltas atávicas na própria biografia revela uma personalidade bem mais complexa do que sua figura franzina sugere. Quando pergunto qual a importância da política em sua obra, Diego mistura Maiakovski com Roberto Campos para explicar que “Sem forma revolucionária não há arte revolucionária.”, e em seguida ironizar até as próprias convicções, citando o economista conservador: “O esquerdista é um capitalista canhoto”!
Mas apesar da autoironia que disfarça a homilia esquerdista com um véu de sarcasmo, nesse terreno arenoso Diego escapou por pouco ao clichê. No começo de sua carreira não era difícil enxergar certa carga ideológica, traduzida em lembretes insistentes de sua condição de proletário (nessa época, o músico amargava oito horas diárias num call center), e de que antes de ser aclamado como revelação local, não tinha dinheiro sequer para pagar os ingressos dos festivais que logo passaria a freqüentar como atração, em horário nobre.
Porém, aparentemente ainda envolvido pelo mesmo ideário, Diego soube resistir ao discurso pronto e às palavras de ordem, substituindo slogans vencidos por uma visão tão desconfiada quanto crítica, desprezando sectarismos e renovando suas convicções políticas num filtro tão cáustico quanto incomodado.
Também pudera. Depois de se associar ao que, em Goiânia, foi batizado de hard-rock-setor-Bueno (em referência à enormidade de bandas de rock nas regiões mais nobres da capital), um novo horizonte se abriu e aparentemente convenceu o rapaz de que as coisas nunca haviam sido tão pretas ou brancas: a predominância de tons de cinza provou que, pelo menos na música, seu talento valia muito mais que seu salário.
E ao descobrir que seu ímpeto artístico ultrapassava a parceria com O Sindicato, estabelecida logo depois do festival Tacabocanocd, Diego desdobrou-se em uma série de projetos paralelos, cuja única semelhança era sua declarada efemeridade: regeu a meteórica carreira do Filhos de Maria, enfrentou narizes torcidos como metade da dupla caipira Waldi & Redson, e agora (ou pelo menos até o fechamento da edição) desliza uma espécie de psicodelia agreste com o Pó de Ser, endereçando alusões abstratas ao clássico Paebirú, de Zé Ramalho e Lula Cortês.
Mas a despeito das atividades “extracurriculares”, Diego nunca se desviou do foco. E hoje, depois de pedir mais uma cerveja ao garçom, segue falando de seu primeiro disco com a sofreguidão de quem aguarda, de charuto na mão, notícias do nascimento de um filho. Já admite certa inclinação folk (ainda que a diluição dos elementos não permita uma identificação tão objetiva), e aproveita a deixa para estabelecer conexões entre o blues, o folk e o country norte-americanos e a tradição sertaneja brasileira, manifestada nos ritmos nordestinos e nas modas de viola: “Imagina que loucura se o Tião Carreiro se encontrasse com o Johnny Cash, cara!”.
Ao mesmo tempo, se distancia da estética punk óbvia, relegando essa função à postura e ao discurso: em “Animal”, que conta com participação do tecladista Astronauta Pinguim, chega a citar textualmente “I Wanna Be Your Dog”, dos Stooges.
E apesar de tudo, Diego e Gabiras também recusam o selo “MPB”, descartando a chancela em nome da liberdade estilística, e para manter uma distância segura de uma turma que parece perdida no tempo:
O lance é que o pessoal da mpb em Goiânia quer fazer... mpb. Mas isso aí acaba soando como o pior disco do Ivan Lins nos anos 80. Pegam os piores timbres, tentam fazer uma coisa altamente formalizada... e nunca dá certo! (risos)
E enquanto ouve que parte do público insiste em associá-lo a Raul Seixas, e a imprensa persevera em lhe atribuir influências tropicalistas, Diego de Moraes seca o último gole de cerveja no copo americano antes de cravar, encerrando o papo:
Dá pra dizer que as minhas fontes de inspiração de hoje, são
Walter Franco, The Who e Bob Dylan. Mas como diz uma música
do disco: Eu me enganei quando pensei que eu era eu / Eu sou parte de nós!
segunda-feira, maio 17, 2010
The Way You Move
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Via
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Strokes - Is This It
Nirvana - In Utero
Blur - The Best Of
Christina Aguilera - Stripped
Missy Elliot - Under Construction
The Kills - No Wow
PJ Harvey - Stories From the City, Stories From the Sea
Gorillaz - Demon Days
Morrissey - Ringleader Of the Tormentors
David Bowie - Heroes
Julliette and the Licks - Four On the Floor
Moby - Play
Sonic Youth - Goo
The Clash - London Calling
Beatles - A Hard Days Night
Rolling Stones - Voodoo Lounge
Kraftwerk - Computers World
Beck - Odelay
Beatles - Twist and Shout
Via
Unglamorous Boys
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Lá no começo dos anos 90, o Living Colour coadjuvava alegremente com o primeiro escalão do pop mundial, acumulando alguns milhões de discos vendidos, dois Grammys, o nobre apadrinhamento de Mick Jagger (que contratou a banda para abrir os shows dos Stones na turnê de Steel Wheels, de 1989) e a reputação de ter uma das melhores apresentações de uma época de transição, que desviava um zeitgeist dividido entre os estertores da tristeza ensaiada do pós-punk e a mordacidade multicolorida do funk-o-metal, para a urgência nublada de um florescente movimento grunge. Esses foram os anos dourados da carreira do quarteto, que pouco depois acertaria um óbito para o grupo, por ocasião da saída de Vernom Reid, o guitarrista-fundador.
Ressurgido no ano 2000, o Living Colour já não gozava da mesma popularidade de outrora, e a despeito da remasterização de Vivid (o disco de estreia, originalmente lançado em 88) e do lançamento dos inéditos Colliedoscope, de 2003, e The Chair in the Doorway, do ano passado, o glamour coruscante dos holofotes já não era mais apontado no seu rumo.
Mas alheios às especulações sobre a hierarquia midiática do rock, os quatro músicos ocuparam o palanque montado no autódromo Nelson Piquet em Brasília, na última sexta feira, diante de pouco mais de mil pessoas, e desfilaram o melhor de seu repertório em cerca de duas horas de pura festa.
É bem verdade que faltou “Solace Of You” (aquela que traz uma semelhança constrangedora com “Alagados” do Paralamas do Sucesso), mas a abertura estrepitosa com “Type”, a sequência envolvente com “Memories Can’t Wait” e “Pride”, a depravação indecisa de “Bi”, o suingue ensolarado de “Glamour Boys” (quando o vocalista Corey Glover atendeu aos apelos dançarinos de uma garota que se insinuava em cima de uma das caixas de som, convidando-a ao palco), até chegar à apoteose com “Love Rears Its Ugly Head”, “Time’s Up”, “Cult of Personality”,”Elvis is Dead” e “I can´t help falling in Love”, em sequência.
E mesmo figurando somente nos rodapés da imprensa mainstream nacional, desprovido de recursos cênicos e truques espetaculosos, do alto da crueza desglamourizada de um palquinho de quermesse na capital do terceiro mundo, o Living Colour deixou claro que em sua “decadência” ainda tem muito mais a oferecer que uma dúzia e meia de next big things.
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Lá no começo dos anos 90, o Living Colour coadjuvava alegremente com o primeiro escalão do pop mundial, acumulando alguns milhões de discos vendidos, dois Grammys, o nobre apadrinhamento de Mick Jagger (que contratou a banda para abrir os shows dos Stones na turnê de Steel Wheels, de 1989) e a reputação de ter uma das melhores apresentações de uma época de transição, que desviava um zeitgeist dividido entre os estertores da tristeza ensaiada do pós-punk e a mordacidade multicolorida do funk-o-metal, para a urgência nublada de um florescente movimento grunge. Esses foram os anos dourados da carreira do quarteto, que pouco depois acertaria um óbito para o grupo, por ocasião da saída de Vernom Reid, o guitarrista-fundador.
Ressurgido no ano 2000, o Living Colour já não gozava da mesma popularidade de outrora, e a despeito da remasterização de Vivid (o disco de estreia, originalmente lançado em 88) e do lançamento dos inéditos Colliedoscope, de 2003, e The Chair in the Doorway, do ano passado, o glamour coruscante dos holofotes já não era mais apontado no seu rumo.
Mas alheios às especulações sobre a hierarquia midiática do rock, os quatro músicos ocuparam o palanque montado no autódromo Nelson Piquet em Brasília, na última sexta feira, diante de pouco mais de mil pessoas, e desfilaram o melhor de seu repertório em cerca de duas horas de pura festa.
É bem verdade que faltou “Solace Of You” (aquela que traz uma semelhança constrangedora com “Alagados” do Paralamas do Sucesso), mas a abertura estrepitosa com “Type”, a sequência envolvente com “Memories Can’t Wait” e “Pride”, a depravação indecisa de “Bi”, o suingue ensolarado de “Glamour Boys” (quando o vocalista Corey Glover atendeu aos apelos dançarinos de uma garota que se insinuava em cima de uma das caixas de som, convidando-a ao palco), até chegar à apoteose com “Love Rears Its Ugly Head”, “Time’s Up”, “Cult of Personality”,”Elvis is Dead” e “I can´t help falling in Love”, em sequência.
E mesmo figurando somente nos rodapés da imprensa mainstream nacional, desprovido de recursos cênicos e truques espetaculosos, do alto da crueza desglamourizada de um palquinho de quermesse na capital do terceiro mundo, o Living Colour deixou claro que em sua “decadência” ainda tem muito mais a oferecer que uma dúzia e meia de next big things.
sexta-feira, maio 14, 2010
Noite Preta
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Menina linda só de meia!?
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rock+funk+samba+pop+jazz+eletrônica
+indie+soul+noise+menina linda só de meia
+indie+soul+noise+menina linda só de meia
Menina linda só de meia!?
quinta-feira, maio 13, 2010
Very Short?!
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Não é que até o Google acordou de bom humor hoje?
E a piada é tão boa que não dá nem para o guitarrista mais requisitado da nova música brasileira se indignar e vociferar um "very short é o caralho!", sem cair na armadilha e desprestigiar seus próprios dotes.
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Não é que até o Google acordou de bom humor hoje?
E a piada é tão boa que não dá nem para o guitarrista mais requisitado da nova música brasileira se indignar e vociferar um "very short é o caralho!", sem cair na armadilha e desprestigiar seus próprios dotes.
"Não é Folk, É Fuck You!"
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Saiu o número 17 da revista +SOMA, recentemente lançado em noite comandada pelo jornalista Daniel Tamenpi, com show do Fernando Catatau e O Instrumental, e apresentações do dj Trusty e do Akira Presidente.
E além da matéria de capa, em que o jornalista Mateus Potumati desvela a complexa fragilidade do mítico ex-líder d'Os Mutantes, e da elegante biodiversidade pop que sempre recheou o magazine, lá na página 88 eu assino uma matéria que nasceu num bate-papo de boteco com o Diego de Moraes (e com o Gabiras), completado depois com uma sessão de fotos ali na Praça Cívica, num domingo pitoresco.
Pra baixar A íntegra da versão web do periódico, clique aqui.
A redação da +Soma é em São Paulo, mas com tiragem de 10.000 exemplares impressos por edição, a distribuição é nacional e gratuita. Em Goiânia, o número 17 pode ser retirado lá na Ambient Skate Shop, em frente ao colégio Delta, próximo ao parque Vaca Brava.
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Saiu o número 17 da revista +SOMA, recentemente lançado em noite comandada pelo jornalista Daniel Tamenpi, com show do Fernando Catatau e O Instrumental, e apresentações do dj Trusty e do Akira Presidente.
E além da matéria de capa, em que o jornalista Mateus Potumati desvela a complexa fragilidade do mítico ex-líder d'Os Mutantes, e da elegante biodiversidade pop que sempre recheou o magazine, lá na página 88 eu assino uma matéria que nasceu num bate-papo de boteco com o Diego de Moraes (e com o Gabiras), completado depois com uma sessão de fotos ali na Praça Cívica, num domingo pitoresco.
Pra baixar A íntegra da versão web do periódico, clique aqui.
A redação da +Soma é em São Paulo, mas com tiragem de 10.000 exemplares impressos por edição, a distribuição é nacional e gratuita. Em Goiânia, o número 17 pode ser retirado lá na Ambient Skate Shop, em frente ao colégio Delta, próximo ao parque Vaca Brava.
quarta-feira, maio 12, 2010
Impressões Seresteiras
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Estrelando o horário nobre de quarta feira da semana passada, o Vitor Araújo desembarcou novamente seu piano de cauda em Goiânia, e ocupou o palco do Bolshoi Pub em mais uma noite inspirada.
Extraída da rejeição acadêmica, a virtude tortuosa do pianista-prodígio parece ter sido assentada sobre uma autoconfiança obsessiva, e talvez sua música seja assim tão arejada precisamente por ter sido preservada da corrupção formal dos conservatórios, que em parte considerável das vezes decepa o ímpeto do improviso.
Estreando concerto novo em Goiânia, o músico pernambucano não teve casa cheia neste que é o primeiro ato de sua prometida trilogia sobre a Paixão, mas as cerca de cem pessoas que se deixaram envolver pelo poderoso lirismo melódico, pontuado por declamações passionais, souberam aproveitar também a atmosfera de apresentação exclusiva, que dava tons ainda mais nobres à noite.
Abrindo o show com “Paranoid Android”, versão personalizada para o clássico do Radiohead, mas priorizando o repertório novo, que além de composições próprias inclui peças de Villa Lobos (“Impressões Seresteiras”) e Lorenzo Fernandez (“Jongo”), a maior novidade ficou por conta das interpretações apaixonadas de textos de Zé da Luz, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Arnaldo Antunes e Aldir Blanc, além de alguns versos autorais, proclamados entre uma música e outra.
E foi assim que durante cerca de uma hora Vitor e seu piano mantiveram cativa a atenção hipnotizada da turma, e só depois de voltar ao palco para atender aos pedidos de bis, disparando sua variante cheia de tensão para “Asa Branca”, do Luiz Gonzaga, é que o transe começou a se dissipar, e todo mundo pôde voltar a reclamar que ainda era quarta feira.
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Estrelando o horário nobre de quarta feira da semana passada, o Vitor Araújo desembarcou novamente seu piano de cauda em Goiânia, e ocupou o palco do Bolshoi Pub em mais uma noite inspirada.
Extraída da rejeição acadêmica, a virtude tortuosa do pianista-prodígio parece ter sido assentada sobre uma autoconfiança obsessiva, e talvez sua música seja assim tão arejada precisamente por ter sido preservada da corrupção formal dos conservatórios, que em parte considerável das vezes decepa o ímpeto do improviso.
Estreando concerto novo em Goiânia, o músico pernambucano não teve casa cheia neste que é o primeiro ato de sua prometida trilogia sobre a Paixão, mas as cerca de cem pessoas que se deixaram envolver pelo poderoso lirismo melódico, pontuado por declamações passionais, souberam aproveitar também a atmosfera de apresentação exclusiva, que dava tons ainda mais nobres à noite.
Abrindo o show com “Paranoid Android”, versão personalizada para o clássico do Radiohead, mas priorizando o repertório novo, que além de composições próprias inclui peças de Villa Lobos (“Impressões Seresteiras”) e Lorenzo Fernandez (“Jongo”), a maior novidade ficou por conta das interpretações apaixonadas de textos de Zé da Luz, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Arnaldo Antunes e Aldir Blanc, além de alguns versos autorais, proclamados entre uma música e outra.
E foi assim que durante cerca de uma hora Vitor e seu piano mantiveram cativa a atenção hipnotizada da turma, e só depois de voltar ao palco para atender aos pedidos de bis, disparando sua variante cheia de tensão para “Asa Branca”, do Luiz Gonzaga, é que o transe começou a se dissipar, e todo mundo pôde voltar a reclamar que ainda era quarta feira.
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